• Roberto Rachewsky
  • 16 Dezembro 2022

Roberto Rachewsky

        Viver sob o jugo de uma tirania é uma experiência intelectual extenuante. É como viver baseado em mentiras. A mente precisa a todo momento processar o que é fato e o que foi inventado para não se cair em contradição. Antes de cada coisa que vai se dizer, é preciso revisar tudo o que havia sido dito. É como um castelo de cartas, no qual cada uma delas precisa ser reajustada para receber a próxima.

Numa tirania, você acorda e vê alguém ser desprovido de seus direitos por algo que não há previsão legal para que a autoridade faça. É de súbito, é inédito, é arbitrário. Imediatamente você pensa, será que eu não fiz isso também? Então tenta vasculhar a mente para saber se aquilo que você fez que antes era legal, agora, pela vontade do tirano, não te tornou um fora-da-lei. Como no caso da mentira, cada ação, cada passo dado, cada carta posta, exige muita reflexão e muito cuidado para não ser pego na contramão.

O resultado disso é a imobilização crescente porque assim como nossa mente não foi feita para viver mentiras, ela também não foi feita viver no caos. Precisamos para viver, de regras previsíveis sobre as quais planejamos como agir no futuro remoto e imediato. As regras são para nosso futuro o que a realidade é para o nosso passado. Imaginem a angústia de se mover em um quarto escuro cheio de buracos no chão e pilares espalhados a esmo, não se sabe onde pisar e nem contra o que vamos bater a qualquer momento.

Hoje você diz ou faz algo que uma autoridade não gosta, sem lei alguma, pode vir uma retaliação inesperada, injusta, desproporcional. E pior, sem ter a quem recorrer porque a ação retaliatória foi tomada de pronto por aquele que deveria te defender se algo deste tipo acontecesse com você. Você pode pensar que isso não acontece com gente normal, com quem se comporta de forma comedida. Como você vai saber? Como você vai agir quando o governo ao qual o tirano é associado começar não a retaliar contra suas ações mas ele próprio começar a agir fazendo coisas inesperadas, injustas, legais ou ilegais?

Eu vivi dos 9 aos 30 anos durante a ditadura militar. Confesso que não foi nada confortável para quem acredita na liberdade, mas há um porém. Aquele estado de exceção, ou seja, o regime que usava excepcionalmente medidas arbitrárias, estava combatendo outro cujo arbítrio excepcional se tornava regra, se torna constante.

Quem não gostava da ditadura militar vai ver daqui para a frente o que o golpe de 1964 queria evitar, que se vivesse uma vida de mentiras, onde o passado é incerto e o futuro é obscuro. Sem a possibilidade de memorizar e planejar, nos tornamos animais irracionais, bichos de estimação vivendo sob as ordens dos nossos donos. Acham que estou exagerando? Já perderam a memória? Esqueceram o que viveram os chineses, os russos, os alemães, os checos, os chilenos, os cubanos, os cambojanos, os venezuelanos? Então só falta perder o futuro.

 

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  • Adriano Alves-Marreiros
  • 16 Dezembro 2022

Adriano Alves-Marreiros

O bom cabrito não berra... (Ditado impopular)

         Hoje li um artigo do Paulo Briguet sobre o Muro da Vergonha, digo,  sobre o indefectível MURO DE PROTEÇÃO ANTIFASCISTA.  Falava de uma foto em que aparecia seu nome em alemão e em que comemoravam seu jubileu 3  anos antes de sua queda.  Hoje vivemos sob as mesmas definições de democracia e fascismo defendidas pelos mesmos criadores da República Democrática  Alemã, a chamada Alemanha Oriental: de  onde tantos tentavam fugir pulando o muro e eram... protegidos  por guardas que os matavam, se preciso, só para não caírem nos intensos sofrimentos causados pelo... fascismo do lado ocidental do muro.  E acreditam que os ingratos  que ainda estavam vivos correram justo para o lado ocidental quando o muro caiu?!

Mais tarde, um novo  Muro de Proteção  antifascista se  ergueu, por meio de editores e profissionais ideológicos de revistas, jornais e programas de rádio e TV.  Mantendo a Sociedade protegida de qualquer  idéia não “progressista”.  E mais uma vez ele veio abaixo com as redes sociais e, em nova ingratidão, demonstrando a necessidade de tutela constante, a Sociedade criticou muito o... salvador “progressismo”.

Não podia ficar assim, era necessário não só dar uma lição aos ingratos, mas que houvesse “Editores da Sociedade” para que esta fosse protegida dos perigos da Verdade e da Liberdade, evitando a desordem... a “desordem informacional”.  Um novo muro precisava ser levantado...

Deixe-me  mudar de assunto, ou não...

Depois que constatei que quase ninguém liga pro que escrevo, tinha decidido parar, mas resolvi escrever ao menos mais esta crônica em homenagem aos meus 17 leitores que, talvez sejam os mesmos do Agamenon, talvez não sejam tantos. Se você não é originalmente um deles, talvez agora eu tenha 18 como na dedicatória do tal livro, cujas palavras faço minhas[1].

E quanto menos leitores eu tiver, melhor... Ontem eu soube que quanto mais leitores eu  tiver, mais provável é que me prendam por um crime(?!) cujos autores são escolhidos, digo, definidos, depois  de cometerem o crime: sim, segundo critérios pós-definidos.  Depois que eu publicar é que algum julgador ou left-checker vai decidir se ele acha que tenho leitores o bastante, se o que eu disse deve ser considerado sério ou mero recurso retórico ou se é  feiquinius ou verdade  inconveniente.  Até mesmo o que eu quis dizer será decidido depois.  Aí vão decidir se o que foi dito atinge algum grupo protegível ou não.  Na prática, decidirão se eu também faço parte dos protegedores ou protegíveis: se eu fizer, independente dos critérios, eu terei meio que um salvo conduto enquanto mantiver fidelidade ideológica.  E deixarei de ser preso e cancelado por condutas que gerariam prisões e cancelamentos dos improtegíveis e dos protegíveis infiéis (que deixam de ser do grupo dos protegíveis).  Assim, sempre se poderá ponderar que cada caso é um caso e que, por  isso, é sempre justo o duplipensar.  Viu?  Um método perfeito, bem científico e que não tira sua Liberdade de Expressão: basta não falar o que for anteriormente ou posteriormente proibido.  Na dúvida: cale-se.  Afinal, você tem liberdade: MAS.  Nunca esqueça que sempre pode haver mais (com i) mas (sem i). 

Voltando  ao assunto (ou seria prosseguindo?), e em resumo: um muro!  Um novo muro que protegerá as pessoas das opiniões nocivas  e mais: protegê-las-á de emitirem  opiniões  que depois sejam consideradas retroativamente nocivas.  É perfeito!  E a um preço irrisório: custará apenas  as suas Liberdades...

É mais eficiente que o ferro e concreto dividindo Berlim, mais eficiente que fronteiras, mais eficiente que o Oceano que nos separa dos outros continentes e mais: em breve cercará o mundo todo, cercará cada um de nós, protegendo-nos, para sempre, de nós mesmos: afinal de contas, se não pudermos nos expressar, não poderemos cometer condutas que nos levem à prisão e seremos LIVRES!!!

Eu sou free

Sempre free

E sofri demais

(Banda Sempre Livre)

 

(...) a  chegada  dos  “fascistas”  abriria caminho  para  a  libertação  dos  presos  comuns  (o  que  incluía estupradores,  assaltantes  e  traficantes  e  até  mesmo  desertores), anistiados por Stalin.

Mas  quem  eram  os  fascistas,  afinal?  Eram  os  presos políticos  enquadrados  no  artigo  58  do  Código  Penal  de  1926.

Segundo  observou  Soljenítsin,  não  havia  debaixo  da  cúpula celeste  conduta,  desígnio,  ação  ou  inação  que  não  pudesse  ser punido  pela  mão  pesada  do  art.  58.  De  seus  catorze  parágrafos nenhum  era  interpretado  “de  maneira  tão  ampla  e  com  tão ardente   consciência   revolucionária   como   o   décimo

– A propaganda    ou    agitação    que    contenham    um    apelo ao derrubamento  ou  enfraquecimento  do  Poder  Soviético...

Diego Pessi

 

Adriano Alves-Marreiros

Que também correria pro Ocidente... 

P.S.1: Compre o livro de crônicas aqui: < https://editoraarmada.com.br/produto/2020-d-c-esquerdistas-culposos-e-outras-assombracoes-colecao-tribuna-diaria-vol-iii/ >

P.S.2:  Agora o livro 2020 D.C. Esquerdistas Culposos e outras assombrações tem uma trilha sonora com canções e músicas de filmes citados: < https://open.spotify.com/playlist/49FDRIqsJdf4oxjnM2cpc3?si=SSCu339_T5afOSWjMkk9wA&utm_source=whatsapp >

 

 

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  • Sílvio Lopes
  • 14 Dezembro 2022

 

 

Sílvio Lopes, jornalista e economista

           Na Paris do começo do século XIX, com sua população superando ligeiramente cem mil almas, assolava a sociedade o número de ladrões que surgiam e prosperavam. Criavam-se formas de golpes e mutretas que despertaram a atenção de Honoré de Balzac, aos 25 anos, jovem editor de si mesmo e voraz escritor.

A fim de contribuir com os desarmados parisienses para fazer frente ao flagelo da ladroagem, lançou, então, e com oportunismo, o " Código dos Homens Honestos", ou, como sugeriu de subtítulo – A arte de não se deixar enganar pelos larápios". Pouco adiantou. O próprio Balzac reconheceu sua derrota, a ponto de declarar, com certo espanto e surpresa, que "os ladrões representam a parte mais inteligente da sociedade".

Assim como para os conterrâneos de Balzac, para nós, brasileiros, esse tipo de manual não tem utilidade alguma. Da mesma forma como as leis são até desnecessárias para o ente ético, e mostram-se inúteis para o ente corrupto, o mesmo se dá com nosso povo – a ser comprovada a expressão numérica da recente eleição presidencial.

Tal qual os parisienses do alvorecer do século XIX, nem estamos aí para o culto a certas virtudes como, por exemplo, honestidade e o caráter de nossos ungidos. Afrontamos as melhores das virtudes que para homens honestos (eles ainda existem) são como o ouro de Ofir, e sequer nutrimos o menor constrangimento ao entregar as riquezas de nosso país – e o destino de nossa nação, de nossas vidas e de gerações de almas – ao mais inepto e corrupto ser produzido nestas terras desde a era cabralina.

Como alertava, lá atrás, não muito distante, Norberto Bobbio, ou decidimos pela própria vontade fazer desta uma grande nação, ou então, pela decisão do voto, vamos transformar o Brasil num triste, vasto e desprezível albergue. A decisão é estritamente nossa.

*          O autor é jornalista, economista e, como ele mesmo diz, “patriota acima de tudo”.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 14 Dezembro 2022

 

LEI DAS ESTATAIS

Para quem ainda não sabe, ontem, 13, em votação relâmpago, a Câmara dos Deputados aprovou, por 314 votos favoráveis e somente 66 contrários, o Projeto de Lei que permite uma criminosa mudança da LEI DAS ESTATAIS. Os mais apressados entenderam, de imediato, que a mudança se deu para que o petista Aloisio Mercadante possa ser empossado como presidente do BNDES a partir de janeiro de 2023.

A VOLTA DA CORRUPÇÃO NAS ESTATAIS

 

Por partes, para que fique bem claro: 1- a primeira parte do texto que -flexibiliza- a LEI DAS ESTATAIS, aprovada na Câmara ( certamente também será aprovada no Senado por grande margem de votos favoráveis) tem como propósito a eliminação do obstáculo (quarentena, que era de 36 meses passa a ser de apenas 30 dias) que dificultava a indicação de políticos para cargos do alto escalão em EMPRESAS PÚBLICAS E AGÊNCIAS REGULADORAS. Isto, mais do que sabido, enseja a volta imediata da CORRUPÇÃO NAS ESTATAIS, que marcou época ao longo dos governos petistas com Lula e Dilma a frente.

AGRADECIMENTO -BEM REMUNERADO-

 

A segunda parte do trecho, para quem não percebeu, nada mais é do que um AGRADECIMENTO FORMAL -MUITO BEM REMUNERADO- pelo trabalho desempenhado pelos maiores meios de comunicação do Brasil, que tanto se esforçaram, nos últimos quatro anos, para coroar o LulaLadrão como presidente. A rigor, a MÍDIA ABUTRE começou a agir a partir do dia 15 de março de 2016, quando a LEI DAS ESTATAIS foi aprovada, ainda no governo Temer.

BUTIM FANTÁSTICO

 

Vejam que pela -nova- LEI DAS ESTATAIS, aumenta de 0,5% para 2% da RECEITA OPERACIONAL BRUTA DO EXERCÍCIO ANTERIOR O LIMITE DAS DESPESAS COM PUBLICIDADE E PATROCÍNIO DE EMPRESA PÚBLICA E DE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. Que tal? Ou seja, através desta criminosa flexibilização, as empresas de comunicação, principalmente daquelas que mais se empenharam para a volta de LulaLadrão ao governo, vão receber o FANTÁSTICO BUTIM, como prova de gratidão e reconhecimento pelos serviços prestados.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 12 Dezembro 2022

Gilberto Simões Pires

AMIGOS DE FÉ

Desta vez, como se estivesse participando de uma corrida contra o tempo (perdido), o ex-condenado LulaLadrão, com o firme propósito de ATINGIR AS METAS anunciadas e/ou pretendidas, não deixou por menos: escolheu a dedo e cheio de confiança os -COMUNISTAS- mais capazes e especializados na ARTE DA DESTRUIÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL para ocupar os inúmeros ministérios que foram criados para atender seus AMIGOS DE FÉ, IRMÃOS CAMARADAS. 

DESPREZO PELA DEMOCRACIA

Ao contrário do que aconteceu em 2003, quando LulaLadrão surpreendeu os mais ingênuos usando o disfarce (falso) de presidente -PAZ E AMOR-, o novo mandato, que inicia (?) em 2023, já tem tudo e mais um pouco para ser marcado como um intenso período de muito DESPREZO PELA LIBERDADE, PELA LIVRE INICIATIVA, PELO ESTADO DE DIREITO e, resumindo tudo isso, PELA DECANTADA DEMOCRACIA. 

POSTE

No que diz respeito à ECONOMIA, ainda que nomes de -experts- na ARTE DE DESTRUIÇÃO já tenham deixado MARCAS INDELÉVEIS de grande incapacidade quando estiveram à frente do Ministério da Fazenda ou Economia, desta vez Lula foi muito além da conta. Na real, foi simplesmente audacioso ao anunciar o seu glorioso -POSTE-, Fernando Haddad, para chefiar a ECONOMIA DO BRASIL.

SELO DE QUALIDADE

A rigor, a escolha do POSTE para comandar o Ministério da Fazenda, deve ser visto como o SELO DE QUALIDADE no mais puro e autêntico sentido inverso do que determina o -CERTIFICADO ISO 9001-, norma de qualidade que foi criada pela Organização ISO, cuja sigla significa International Organization for Standardization. Como manda a Cartilha do Foro de São Paulo, Fernando Haddad será empossado com o propósito de impor um célere -DESMONTE- e/ou -DESTRUIÇÃO ECONÔMICA.

ENTRADA FRANCA

A DEMOLIÇÃO, para quem não sabe, será coroada com a PEC DA GASTANÇA e estará pronta para ser festejada, com ENTRADA FRANCA a partir de janeiro de 2023. Sejam todos, portanto, muito bem-vindos ao BRASIL COMUNISTA. Uhuuuu!

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  • Fernão Lara Mesquita, em O Vespeiro
  • 06 Dezembro 2022

 

Fernão Lara Mesquita

      Depois de tomar de 4 x 1 os jogadores da seleção coreana invadiram o vestiário do Brasil para homenagear os nossos jogadores.

Essa humildade, essa disposição de aprender com quem sabe que os brasileiros - que já "nascem sabendo tudo" - não têm, é que explica como a Coreia do Sul, que há apenas 80 anos atrás era um país politicamente selvagem - e portanto miserável - se dispôs a aprender com os americanos e, no espaço de apenas duas gerações, entrou na estrada que fez deles um dos países mais ricos e o pais mais bem educado do mundo, o que garante que vão voar cada vez mais alto.

Essa humildade, essa disposição de aprender - quem diria que os veríamos batendo essa bola! - é tudo que nos falta, especialmente a esse Brasil dessa falsa elite que sobe no tapetão e imediatamente passa a "se achar", para nos desatolarmos desse brejo em que chafurdamos eternamente.

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