Alex Pipkin, PhD
O auto-engano é cruel e destruidor.
Ele pode ser inconsciente - o pior - ou deliberado.
Faz com que as pessoas se julguem certas, especialmente em nível moral, impulsionando-as à guerrear - e matar - por causas absurdas e equivocadas.
Os enganados deliberadamente são perversos e maldosos que, por dentro, riem dos resultados nefastos de suas próprias maldades. Ah, como eles andam livres e soltos por aí.
história dos ditadores dos piores regimes da humanidade, e de seus intelectuais encorajadores, como também a vida real recente na Republiqueta das Bananas, comprova cabalmente o ilusionismo da integridade como também o da farsa.
Líderes que se dizem “salvadores” dos pobres e humildes, por aqui, genuinamente, são implacáveis com as pessoas comuns.
Afirmam defender o povo, usam e abusam da narrativa da justiça social, mas muito dificilmente eles serão vistos com o povo e/ou assumindo um comportamento popular.
Eles expressam desprezo pelos homens comuns e suas ideias, embora jurem até na igreja que seus corações bondosos somente se preocupam com os mais necessitados.
Eu conheço muitos assim… nada está perto do coração, exceto suas carteiras e o desejo de fruição de benesses mil.
Uma “elite podre” de terras verde-amarelas, o famoso estande do eterno “rent seeking”, veste-se da mentira, simulando a verdade, para manipular e transformar, de forma lesiva, o errado no certo.
Evidente, a mentira é ladina e sedutora, já a verdade, nua e crua, é direta e severa, constituindo-se, muitas vezes, em um rotundo inconveniente.
O problema é que a seita do fanatismo ideológico charlatão flechou os corações e as mentes de iletrados, daqueles que estão à espera de milagres, e de parte de uma elite “culpada”. Todos praticam intensamente o auto-engano.
Sendo assim, a razão, o conhecimento, a ciência, e definitivamente, os fatos e dados, são desimportantes.
Frente ao real, sobrepõem-se, bizarramente, a mentira e a fé na seita ideológica do fracasso.
É simples assim.
Stephen Kanitz
Não me conformo que a elite brasileira, os intelectuais brasileiros, os economistas, os jornalistas brasileiros e a classe média tenham destruído a última chance do Brasil dar certo.
Existe um limite de problemas sem solução que uma economia consegue suportar.
Estamos acumulando problemas há 50 anos, sem sequer discuti-los nas eleições.
Já estávamos no limite do suportável, e por causa de um punhado de pessoas vamos para o precipício.
Do qual talvez jamais retornaremos. Vide Cuba.
O gráfico mostra que surfamos uma onda que termina em 2022.
FHC, Lula e Dilma, fizeram péssimos governos, simplesmente surfaram o aumento de produtividade demográfica, que acabou.
Agora teremos o inverso, uma queda de produtividade e aumento de impostos à medida que vamos envelhecendo.
O gráfico vermelho mostra a proporção da população economicamente ativa, versus a população dependente do que nós ativos produzimos.
Em 2060 entraremos em colapso, mais pessoas aposentadas do que trabalhando.
Ou seja, muito antes de 2060 nossos filhos serão taxados em quase 100%, para que seus pais irresponsáveis possam viver.
Obviamente entraremos numa guerra civil ou mais provavelmente nossos jovens vão mudar de país, Estados Unidos ou Canadá, e os velhos morrerão de fome cantando Lula Lá.
Existiria outra saída, a de criarmos empresários e engenheiros criativos que consigam triplicar nossa produtividade.
Mas elegemos um sindicalista e um bando de professores que odeiam metas de produtividade.
Estou arrasado porque gastei metade da minha vida alertando sobre esse dia, e esse dia chegou.
30 de Outubro de 2022, entrará na história como o dia em que rejeitamos a esperança de dar uma virada no curso da nossa história.
Aos jovens como Felipe Neto, aos jornalistas como William Bonner, aos economistas como Pérsio Arida, aos empresários como Guilherme Leal, que irresponsabilidade social vocês cometeram.
Eram suas a responsabilidade de olhar para o futuro, eram vocês que deveriam ter alertado da nossa dívida previdenciária de 45 trilhões, que seus próprios netos terão de pagar.
Eram vocês que deveriam ter apoiado quem escolheu técnicos e não políticos para cargos no Executivo.
Eram vocês que deveriam ter apoiado o louco que estava reduzindo o tamanho do Estado, reduzindo impostos, e financiando startups.
Não é o povo facilmente enganado por políticos populistas que prometem picanha que são os culpados desse desastre eleitoral.
Foram vocês, os mais esclarecidos e bem informados, que destruíram o futuro do país pensando em interesses de curto prazo.
Que decepção!
* Reproduzido da Gazeta do Povo, onde foi publicado em 4 de novembro de 2022
Maurício Nunes
Nota do editor do site Conservadores & Liberais: Eu não conhecia a página A toca do Lobo nem o autor Maurício Nunes, até encontrar ambos numa nessas esquinas do Facebook (que de vez em quando faz alguma coisa boa). Estou recomendando a página e o livro A toca do Lobo, de onde o autor extraiu esta crônica e a transcreveu em sua página, com um convite aos leitores para conhecer a obra. Vejam que delícia!
Christopher Reeve, o nosso eterno Super Man, e Robin Williams, que dispensa apresentações, tornaram-se colegas de classe, ainda muito jovens, enquanto estudavam na Julliard, uma escola localizada em NY, especializada no ensino das artes.
Os atores que dividiam o mesmo quarto na época das “vacas magras” prometeram que um ajudaria o outro quando obtivesse sucesso.
Anos mais tarde, por sorte, talento e vocação, ambos tornaram-se astros do cinema, com carreiras muito bem sucedidas.
Em 1978, Christopher Reeve, um ator ainda desconhecido, caia nas graças do diretor Richard Donner, que seria o responsável pelo filme que praticamente deu ínicio à onda de versões cinematográficas de HQs: Superman.
Com um elenco que incluía Marlon Brando e Gene Hackman, nascia ali a chance de Reeve se tornar uma estrela do dia pra noite e voar alto, tão alto quanto seu personagem, o valente e justo filho de Krypton.
Dois anos depois, ironicamente também dando vida a um herói de HQ, Robin Willians interpretava Popeye em um filme musical, dirigido por Robert Altman, sobre o simpático marinheiro.
As coincidências entre os dois amigos não paravam por aí, já que a primeira aparição de Superman nos quadrinhos foi na edição de estreia da revista Action Comics, publicada em 1938, e que apresentava em sua capa a imagem do Super Homem levantando um carro com as próprias mãos. O trabalho é considerado o marco zero das histórias em quadrinhos com super heróis e que depois, décadas a frente, foi recriada com Popeye no lugar do homem de aço.
Podemos dizer então que Robin e Chris, seja a base de espinafre ou se mantendo longe da kryptonita, formavam uma dupla de homens de aço e também super amigos, no sentido mais absoluto da expressão.
Os anos se passaram e Williams voou mais longe que o amigo, já que em meados de 1995 já havia protagonizado grandes filmes como “Good Morning, Vietnam”, “A Sociedade dos Poetas Mortos”, “Uma Babá Quase Perfeita”, “Jumanji”, “Alladin”, entre muitos outros.
Porém no dia 27 de maio deste ano foi nocauteado pela notícia de que seu amigo Reeve havia sofrido um grave acidente enquanto andava a cavalo. O ator, que deu vida nas telas ao “Homem de Aço” e imortalizou a figura do super herói, ficou tetraplégico.
Em junho do mesmo ano ele foi submetido a uma cirurgia, do qual só tinha 50% de chance em sobreviver, mas antes de entrar na sala cirúrgica, um médico com forte sotaque russo entrou em seu quarto dizendo que iria fazer um exame retal no ator.
Era Robin Williams, disfarçado de médico, quase já prevendo seu sucesso três anos depois interpretando o criador do Doutores da Alegria, “Patch Adams”, numa tentativa de animar o amigo que, em sua biografia, declarou ter sido esta a primeira vez que conseguiu gargalhar após o acidente.
Reeve sobreviveu à arriscada cirurgia, mas seu patrimônio não. As altas despesas com seu tratamento deixaram o ator numa situação financeira muito difícil, a ponto de Williams cobrir todos os gastos hospitalares do amigo e também garantir que nem Christopher e nem sua família jamais ficariam desamparados. Robin jurou que cumpriria sua promessa até o fim e assim o fez.
Infelizmente em 10 de outubro de 2004, o mundo perderia seu "Super Homem", vítima de um infarto causado por uma infecção. Dois anos depois, a esposa do ator, a atriz Dana Reeve, com quem ele se casara em 1987, acabou falecendo vítima de um câncer.
Will Reeve, filho do casal, ficou orfão em 2006, com apenas 14 anos, mas foi legalmente adotado por Robin Williams.
Num daqueles mistérios da vida, em 11 de agosto de 2014, Williams, sujeito tão generoso e notoriamente divertido, sucumbiu à uma forte depressão, somada a alguns problemas de saúde, e cometeu suicídio.
Will tornou-se herdeiro do rico patrimônio do comediante, dividido igualmente entre ele e os dois filhos sanguíneos de Williams, que também deixou em testamento um valor significativo para a Fundação “Christopher Reeve Paralysis”.
Um exemplo de amizade, de amor e da mais total fidelidade. Pena que ironicamente enquanto um amigo lutou bravamente para se manter vivo, o outro, movido por forças ainda desconhecidas pela ciência, entregou sua própria vida antes do prazo de validade.
Que todo o talento e história destes dois grandes nomes do cinema mundial, possam refletir nas presentes e futuras gerações o valor incalculável de uma relação tão intensa e tão significativa de amor ao próximo.
Talvez o mundo, cada vez mais superficial, nem precise de novos astros, mas sim de grandes amigos notáveis e inspiradores de tão pura e sincera lição sobre o real significado de uma verdadeira amizade.
Há tantas canções sobre amigos, mas “With Little Help From My Friends”, canção dos Beatles, imortalizada na versão de Joe Cocker, talvez defina o real significado desta inspiradora história de amizade entre dois grandes heróis:
“Você sempre pode voar alto com a ajuda de seus amigos.”
Texto original do livro A Toca do Lobo
Giuseppe Caonetto
Eu parei de atormentar os passarinhos no final de minha adolescência. Perseguia-os com estilingues e arapucas. A decisão foi tomada no dia que a arapuca caiu sobre a asa direita do pombo, causando-lhe fratura. A minha dor foi imensurável. Eu sempre libertava os aprisionados, após a minha molecagem. Naquele dia, isto não foi possível. Levei-o para casa e dei-lhe todos os cuidados, mas ele, fiel à causa, não quis se alimentar e, depois de alguns dias, fez seu último voo para o céu da passarinheza, em forma de pluma. Ao seu corpinho dei dignidade, sob a sombra de um pé de cedro.
A arapuca é uma espécie de armadilha cuja estrutura se assemelha a uma gaiola, fabricada com varetas ou gravetos de madeira, ou talas de bambu, colocadas em sobreposição, com as superiores em tamanho menor que as inferiores, em forma de uma pirâmide sustentada por amarração feita com fibras vegetais ou arame. Sua finalidade: aprisionar animais, principalmente pássaros, atraídos pelos alimentos colocados como isca.
Imprescindível, para seu bom funcionamento, que o disparador não falhe. Por isso, precisa ser bem construído, com a escolha certa dos gravetos, preferencialmente leves, que irão servir de base, e do ramo que servirá para a sustentação da arapuca, ligada à base. Este deve ser resistente e flexível.
Na minha atividade artesanal, consumia parte de meu tempo preparando as tiras de madeira, cortadas no tamanho ideal. Para a construção do disparador eu utilizava ramos dos cafezais. O alvo: as pombas e outros pássaros que frequentavam as roças de meu pai e de vizinhos, principalmente na época da colheita de grãos (amendoim, milho, feijão, arroz).
Para o êxito da armadilha, o segredo consistia em conhecer as preferências de cada tipo de pássaro e, assim, acertar a escolha da isca. Não adiantava, por exemplo, colocar grãos inteiros de milho para atrair pássaros pequenos. Era preferível o uso de quirera de milho ou de arroz. A preparação do ambiente também era importante, de forma que a arapuca deveria ser armada sem deixar vestígios no ambiente. Assim, após o engatilhamento, eu costumava utilizar folhas secas dos cafezais ou de outras árvores, recolhidas na mata, para camuflar as pegadas ou outras marcas que pudessem comunicar às aves os propósitos nada amigáveis da disponibilizada alimentação.
A rigor, eu travava com os pássaros uma guerra de informação e desinformação. Visando a sua captura, buscava conhecê-los e, para isso, os observava, vigiava, pesquisava, estudava. Por outro lado, quanto mais informações eu obtinha, agia de forma cada vez mais criativa e astuta, com a utilização estratégica de recursos voltados à ocultação das informações que revelassem o perigo.
Como exemplo, lembro-me que no início de minhas atividades terroristas (sim, eu era o terror dos pássaros) punha as armadilhas em lugares mais abertos, por acreditar que a ausência de obstáculos à visão dos voadores os atrairia. Com o tempo, dei-me conta de que, ao ver as horríveis cenas de aprisionamento de seus semelhantes, desesperados sob a arapuca e buscando inutilmente uma saída, a passarinhada passava a evitar aquele local, impondo-me seguidas derrotas, o que me fez mudar as estratégias, as quais não revelarei neste texto. Pode ser que algum menino o leia, e não quero contribuir para a formação dos black blocs do futuro.
O que me motivou a escrever este artigo foram os últimos acontecimentos nas terras tupiniquins, mais precisamente em Alexandrópolis, a nova capital da Banânia. Não me parece que as ocorrências resultaram de um grande plano de retomada dos poderes da república e blá blá blá, como repetidamente veiculado pelos velhos e corrompidos instrumentos do jornalismo, mas sim, de uma arapuca estrategicamente armada pelos inimigos do pombal. Os pombos, ingênuos, queriam apenas a vida em liberdade nas roças, onde encontram seu alimento, fazem suas festas, arranjam namorada, constroem ninhos.
Ao observar as imagens transmitidas por perfis nas redes sociais, principalmente aquelas que nunca serão veiculadas pelos órgãos da velha imprensa, lembrei-me de um artigo publicado pelo inigualável Percival Puggina, um dos mais lúcidos pensadores do nosso tempo, membro da Academia Rio-Grandense de Letras. No artigo publicado no dia 8 de junho de 2022 sob o título Cuidado, é arapuca!, disponível no sítio do autor na Internet, Puggina faz referência à ingênua crença (o autor a classifica acertadamente como tola) de que o Estado, por meio de suas instituições, é fonte de bondades, apenas. Nessa desinformação, diz o autor, “tantos se deixam manipular por certos detentores de poder, indivíduos que jamais seriam convidados para jantar com a família de quem os conhecesse”.
Na sequência, Puggina faz referência ao livro Pombas e Gaviões, lançado em 2010, em especial à advertência de capa: “Os ingênuos estão na cadeia alimentar dos mal-intencionados”. Aliás, a imagem da arapuca que enfeita este texto é a mesma utilizada pelo autor gaúcho para ilustrar seu belo artigo (endereço no final).
E o que liga os vícios brasileiros, em especial aquele de atacar os efeitos e não combater a causa, aos atos acontecidos no dia 8 de janeiro? As arapucas. Sim, o Brasil é o país das arapucas, uma nação onde os predadores são libertos de suas gaiolas e as pombas atraídas para armadilhas cada vez mais elaboradas, seja por meio de narrativas midiáticas, seja por meio de maquininhas mágicas feitas e mantidas em absoluto segredo.
Não adianta espancar os fatos com injúrias ou bofetadas, como escreveu Puggina em novo artigo, tratando do mesmo tema. Aliás, o novo texto, publicado neste 10 de janeiro, traz como título Os ingênuos e os mal-intencionados, em nova referência à advertência de 2010, com a qual concordo plenamente. Recomendo a leitura e indico, no final, os endereços.
É chegada a hora de a sociedade brasileira despertar e, talvez, os tempos difíceis que virão contribuam para afugentar a profunda sonolência que toma conta da consciência de significativa parcela dos brasileiros. E a reviravolta (não revolta nem revolução) dos manés somente ocorrerá com a atuação política, especialmente no ambiente em que cada um atua, com seus familiares, amigos, colegas, conhecidos. O momento é de firmar como principal estratégia política a identificação e o desarme das arapucas.
Esperemos que a nova composição do Congresso Nacional entenda o momento e dê ao povo brasileiro a oportunidade, talvez a última, de construir um futuro.
* Artigos de Percival Puggina mencionados:
1. Cuidado, é arapuca!, de 08/06/2022, no endereço:
https://www.puggina.org/artigo/cuidado,-e-arapuca!__17603
2. Os ingênuos e os mal-intencionados, de 10/01/2023, no endereço:
https://www.puggina.org/artigo/os-ingenuos-e-os-mal-intencionados__17724
** Nota do editor de Conservadores & Liberais: O autor, Giuseppe Caonetto, a quem agradeço o envio deste belo e criativo texto, é paranaense de Paranvaí, licenciado em Letras (Unespar, 1989), com Especialização em Língua Portuguesa (Unespar, 1992). Bacharel em Direito (UENP, 1997), poeta e escritor com várias obras publicadas.
Gilberto Simões Pires
NOTÍCIAS ECONÔMICAS
Diante de tantas, notórias e preocupantes turbulências políticas, onde a ideologia de esquerda louva freneticamente o REGIME COMUNISTA e combate com forças redobradas o LIVRE MERCADO assim como todos os tipos e formas de LIBERDADE, as notícias que dizem respeito ao BOM comportamento da economia brasileira referente ao ano de 2022, sob o comando de Paulo Guedes, quando ganham algum espaço para divulgação, não conseguem salientar e analisar o quanto o Brasil avançou positivamente nos últimos anos.
BALANÇA COMERCIAL 2022
Vejam, por exemplo, os números apresentados pela BALANÇA COMERCIAL brasileira de 2022, que fechou o ano com SALDO POSITIVO de US$ 62,3 bilhões (alta de 1,5% em relação ao ano anterior e MAIOR VALOR DA SÉRIE HISTÓRICA). Além do SALDO RECORDE, as importações e exportações somaram US$ 272 bilhões e US$ 335 bilhões, respectivamente. Consequentemente, chegamos conjuntamente na maior corrente comercial (exportações + importações) da história, superando 32% do PIB. Que tal?
MAIS ABERTO
O que muito chama a atenção, embora não tenha sido minimamente explorado pela mídia -socialista-, é que desde 2017 (quando o Brasil deixou de ser governado pelo PT), esse importante indicador, que mede o grau de ABERTURA COMERCIAL do nosso Brasil, cresceu 14 pontos percentuais do PIB, evidenciando, com todas as letras e números, que o Brasil se tornou, DE FATO, um país bem MAIS ABERTO.
ÚLTIMOS CINCO ANOS
Mais do que sabido, o Brasil é um grande exportador de -COMMODITIES- como soja, milho, petróleo e minério de ferro e alguns dos seus derivados. Pois essas EXPORTAÇÕES praticamente dobraram em relação ao PIB nos últimos cinco anos, crescendo de 7,7% para 14,4% e PODEM SER EXPLICADAS PRINCIPALMENTE PELO CRESCIMENTO ECONÔMICO POSITIVO, MAIORES INVESTIMENTOS E DIMINUIÇÃO DE BARREIRAS COMERCIAIS. Leve-se em conta que a desvalorização cambial, na ordem de 60% nos últimos cinco anos, prejudicou as nossas IMPORTAÇÕES face ao considerável aumento de custo decorrente da desvalorização do real frente ao dólar.
CAMINHO LIVRE PARA O PASSADO
O FATO, ainda que fortemente sonegado pela mídia, é que o PESO DA ECONOMIA GLOBAL, até o final de 2022, sob o comando de Paulo Guedes, se tornou relevante para o nosso país. Contudo, a partir deste fatídico 2023, sob o comando do incompetente Fernando Haddad, a ECONOMIA BRASILEIRA já tem CAMINHO LIVRE PARA VOLTAR AO PASSADO INGLÓRIO.
Emanuel Steffen
Essa é a consequência de se viver na abundância. Há um fenômeno ocorrendo em comum nos países mais ricos e prósperos do mundo: os jovens afirmam ter sentimentos positivos em relação ao socialismo. Em uma pesquisa de 2017, 51% dos millennials se identificavam como socialistas, com adicionais 7% dizendo que o comunismo era seu sistema favorito. Apenas 42% preferiam o capitalismo. Em alguns casos, a defesa do socialismo ocorre abertamente, como nos EUA, onde os jovens que apóiam o Partido Democrata — principalmente Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez — abertamente se auto-rotulam como socialistas. Em outros, a defesa é menos explícita, como nos recentes protestos do Chile. Em comum, vemos jovens de países prósperos, que vivem em meio a uma abundância nunca antes alcançada na história do mundo, exigindo mais poder estatal, mais intervenções e estatizações, e menos liberdade de mercado — o mesmo mercado que lhes forneceu toda esta abundância.
O que explica essa contradição?
É tentador dizer que todo o problema se resume a uma completa ignorância tanto sobre economia básica quanto sobre história. De um lado, tais pessoas não entendem como funciona uma economia de mercado (embora vivam em uma); de outro, aparentam desconhecer por completo o histórico do socialismo. De concreto, há uma total falta de apreço por quão rapidamente suas condições materiais melhoraram.
A armadilha nutricional
Em um passado não tão distante, as pessoas não "trabalhavam duro", no sentido de longas e cansativas horas de trabalho. De certa forma, elas trabalhavam menos do que nós atualmente. E era assim não pelos motivos que os socialistas de hoje imaginam. Não havia aquele cenário cor-de-rosa de "camponeses felizes trabalhando poucas horas por dia nos campos, e então passando o resto do dia no ócio e no lazer". Todos eles eram raquíticos, muito mal alimentados e simplesmente não tinham energia para trabalhar duro. Longe de levarem uma vida idílica, ver seus filhos sofrerem de desnutrição e estar fraco demais para ajudá-los deve ter sido uma experiência tenebrosa.
Em seu livro A Grande Saída, o vencedor do Nobel Angus Deaton explica a "armadilha nutricional" que a população da Grã-Bretanha vivenciou: A população da Grã-Bretanha, no século XVIII e início do século XIX, consumia menos calorias que o necessário para as crianças crescerem ao seu máximo potencial e para os adultos manterem seus organismos em níveis saudáveis de funcionamento, o que lhes impedia de efetuarem trabalho manual produtivo e remunerativo. As pessoas eram muito magras e muito pequenas, talvez tão pequenas quanto nos períodos de tempo anteriores. Deaton explica como a escassez de nutrição afetou o organismo da população.
Os trabalhadores dos séculos anteriores não eram robustos; um físico atrofiado era o que oferecia a melhor esperança de sobrevivência: Ao longo da história, as pessoas se adaptaram a uma escassez de calorias da seguinte maneira: elas não cresciam e não ficavam altas. A atrofia corporal não apenas é uma consequência de não ter muito o que comer, especialmente na infância, como também corpos menores requerem menos calorias para seu sustento básico, e eles possibilitam trabalhar com menos comida do que seria necessário para uma pessoa mais fisicamente avantajada.
Um trabalhador de 1,85m e com 90kg teria as mesmas chances de sobreviver no século XVIII quanto um homem na lua sem uma roupa espacial.Na média, simplesmente não havia comida o bastante para alimentar uma população de indivíduos com as dimensões físicas de hoje. O britânico médio do século XVIII ingeria menos calorias do que o indivíduo médio que vive hoje na África subsaariana. Como eles não tinham o que comer, estes pobres britânicos trabalhavam poucos. Deaton prossegue:
Os pequenos trabalhadores do século XVIII estavam efetivamente aprisionados em uma armadilha nutricional: eles não tinham como ser bem remunerados porque eram fisicamente fracos, e não tinham como comer porque, sem trabalhar e produzir, não tinham o dinheiro para comprar comida. Johan Norberg, em seu livro Progresso, relata as descobertas do historiador econômico e vencedor do Nobel Robert Fogel: Duzentos anos atrás, aproximadamente 20% dos habitantes da Inglaterra e da França simplesmente não conseguiam trabalhar. Na melhor das situações, eles tinham energia suficiente para apenas algumas horas de caminhada lenta por dia, o que condenava a maioria deles a uma vida de mendicância.
E então, tudo começou a mudar. Deaton explica:
Com o início da revolução agrícola, a armadilha começou a se desintegrar. A renda per capita começou a crescer e, talvez pela primeira vez na história, passou a existir a possibilidade de uma melhora contínua na nutrição. Uma melhor nutrição permitiu às pessoas crescerem mais fortes e mais altas, o que, por sua vez, possibilitou aumentos na produtividade, criando uma sinergia positiva entre aumentos na renda e melhorias na saúde, com um se apoiando no outro. A partir do momento em que o capitalismo realmente se consolidou, as condições de vida não apenas melhoraram sensivelmente, como todo o progresso ocorreu de maneira acelerada. E isso, paradoxalmente, começou a gerar as sementes de sua própria destruição.
A ignorância da história
Ao fim de minha carreira de professor, estudantes universitários totalmente ignorantes sobre história já eram um fenômeno extremamente comum. Eles desconheciam totalmente a pobreza abjeta na qual viveu a vasta maioria da humanidade durante milênios. Eles simplesmente não acreditavam que o passado pudesse ter sido tão brutal, como foi vivamente descrito por Matt Ridley em seu livro O Otimista Racional.
Pior ainda, quando expostos a evidências concretas, alguns estudantes se recusam a questionar suas posições. Sobre isso, quem melhor explicou o fenômeno foi a sempre interessante crítica cultural Camille Paglia. Em uma entrevista ao The Wall Street Journal, ela afirmou que a atual juventude dos países mais ricos enxerga suas atuais liberdades de escolha (inéditas na história da humanidade) e a atual riqueza de bens de consumo à disposição (algo também inédito na história da humanidade) como um fato consumado, como algo que sempre foi assim e que jamais irá mudar. Consequentemente, eles estão desesperadoramente necessitados de um contexto mais rico e profundo para a própria era que eles estão denunciando.
Diz ela: Tudo é muito fácil hoje em dia. Todos os supermercados, lojas e shoppings estão sempre plenamente abastecidos. Você pode simplesmente ir a qualquer lugar e comprar frutas e vegetais oriundos de qualquer lugar do mundo. Jovens e universitários, que nunca estudaram nem economia e nem história, acreditam que a vida sempre foi fácil assim. Como eles nunca foram expostos à realidade da história, eles não têm idéia de que essa atual realidade de fartura é uma conquista muito recente, a qual foi possibilitada por um sistema econômico muito específico.
Foi o capitalismo quem produziu esta abundância ao redor de nós. Porém, os jovens parecem acreditar que o ideal é ter o governo gerenciando e ofertando tudo, e que as empresas privadas que estão fornecendo essas coisas em busca de lucro, fornecendo produtos e serviços para eles, irão de alguma forma existir para sempre, não importam as políticas adotadas. Em outras palavras, indivíduos ignorantes sobre história e economia acreditam que a abundância atual sempre existiu e sempre foi assim. Daí é compreensível que eles se sintam atraídos pela idéia de um socialismo idílico: eles genuinamente acreditam que, sob o socialismo, toda esta abundância será mantida, mas agora simplesmente será gratuita para todos. Haverá MacBooks, smartphones, roupas de grife, comida farta e serviços de saúde amplamente disponíveis a todos, e gratuitamente. Como resistir?
Acreditando que poderão seguir usufruindo toda esta fartura, eles sonham que irão conseguir ainda mais coisas caso haja um governo redistribuindo para eles a riqueza confiscada de terceiros. Paglia argumenta que a atual geração se esqueceu até mesmo do passado mais recente. Nossos pais foram da geração da Segunda Guerra Mundial. Eles tinham uma noção da realidade da vida. Já a juventude de hoje foi criada em um período muito mais afluente. Mesmo as pessoas pobres de hoje têm telefones celulares, televisores, meios de transporte e amplo acesso a alimentos diversificados. Similarmente, Schumpeter também se preocupava com a hipótese de que as pessoas vivendo sob a opulência passariam a ver sua situação como um fato consumado, e assim preparariam o terreno para sua própria destruição. Em seu livro Capitalismo, socialismo e democracia, ele prognosticou que as sociedades capitalistas seriam destruídas pelo seu próprio sucesso. Para Schumpeter, o capitalismo "inevitavelmente" se transforma em socialismo.
Seu argumento, de maneira resumida, é o seguinte: uma economia de mercado, com indivíduos fortemente empreendedores, gera um grande crescimento econômico e aumenta acentuadamente o padrão de vida das pessoas. Ironicamente, no entanto, a sociedade se torna tão próspera e tão inovadora, que passa a ignorar a fonte de toda a sua riqueza, dando-a como natural, corriqueira e automática. Pior ainda: torna-se abertamente hostil a ela. O empreendedorismo e o mercado enriquecem tanto a sociedade, que as pessoas se esquecem do quão necessária e do quão frágil a economia de mercado realmente é. Elas até mesmo começam a acreditar que os mercados — e a ordem social e cultural que mantém os mercados funcionando — são inferiores à burocracia estatal e ao planejamento centralizado. Com o tempo, a sociedade acaba abraçando idéias socialistas.
Nas palavras de Schumpeter:
Os padrões crescentes de vida e, sobretudo, o lazer que o capitalismo moderno põe à disposição das pessoas que têm emprego e renda. . . bem, não há necessidade de terminar esta sentença e nem de elaborar aquele que é um dos argumentos mais verdadeiros, antigos e enfadonhos. O progresso secular, o qual é visto como algo natural e automático, em conjunto com a insegurança individual, que alimenta a inveja, é naturalmente a melhor receita para alimentar a inquietação social. Entretanto, todo esse processo de transformação requer mais do que apenas a acumulação de riqueza: alguém tem de ativamente insuflar hostilidade às instituições da economia de mercado. Esse papel é desempenhado pelas classes intelectuais, que frequentemente abrigam um profundo ressentimento em relação às instituições empreendedoriais.
Os intelectuais incitam descontentamento entre um crescente número de pessoas cuja riqueza, em última instância, depende da produtividade do empreendedorismo, mas que, na prática, vivem majoritariamente fora da concorrência do mercado. Pessoas mais jovens são particularmente mais vulneráveis a esse preconceito anti-mercado, o qual é normalmente instilado por meio de escolas e faculdades.
Segundo Schumpeter, portanto, o capitalismo poderia se destruir a si próprio ao criar: a) uma classe de intelectuais que vituperam o progresso material e o individualismo e exaltam um eventual arranjo que seria baseado no "bem comum" (o qual seria, obviamente, definido e organizado pelos intelectuais), e b) pessoas que aceitam como fato consumado aquelas prateleiras de lojas e supermercados repletos da produtos de ampla variedade (como bem disse Paglia). Falando mais coloquialmente, nós nos tornamos gordos e preguiçosos, e passamos a ficar obcecados com a distribuição de riqueza, e não com os pilares sobre os quais sua criação é possibilitada. E é a partir daí que as tragédias começam a ocorrer. No caso do socialismo, elas tomam a forma de homicídios em massa.
Conclusão
No final, não importa se o tipo de socialismo defendido é idílico e bem-intencionado. Aquelas pessoas, normalmente adolescentes ricos, artistas e intelectuais acadêmicos, que professam idéias socialistas aparentemente não se lembram de como realmente era o mundo quando o socialismo era realmente aplicado. É fácil defender idéias socialistas quando se vive em um mundo opulento em que a comida é farta e barata. É fácil defender o regime venezuelano morando-se em um país rico.
* Publicado originalmente em Campo Grande News (18/11/2019)