• Dartagnan da Silva Zanela
  • 05 Junho 2025

 

Dartagnan da Silva Zanela

         Nós não somos apenas os caminhos que percorremos, os tropeços que damos, as circunstâncias que vivemos. Somos também e, principalmente, o modo como encaramos os nossos descaminhos, a forma como enfrentamos nossas desventuras, a maneira como abraçamos o conjunto desconjuntado da nossa vida. Como nos ensina Ortega y Gasset, é isso que somos; e se não salvamos as nossas circunstâncias, estamos condenando a nós mesmos.

Dito de outro modo, podemos olhar para nossa sombra e lamentar a nossa diminuta condição ou, em vez disso, podemos nos perguntar, de forma resoluta, o que podemos fazer de significativo com o pouco que temos e com o nada que somos.

Para responder a essa espinhosa pergunta, mais do que inteligência e sagacidade, é preciso que tenhamos uma profícua imaginação, tendo em vista que pouco poderá ser compreendido se nossa imaginação for anêmica.

Lembremos: nada pode ser acessado pela nossa compreensão sem que antes tenha sido devidamente formulado pela nossa imaginação, porque aquilo que não pode ser imaginado não pode ser pensado.

Por essa razão, é de fundamental importância que dediquemos uma atenção especial à educação do nosso imaginário, bem como que nos dediquemos a enriquecer nossa leitura de obras de caráter histórico e literário.

Dando uma injeção vitamínica dessa monta em nossa imaginação, seremos capazes de desenhar diferentes cenários políticos e sociais que, até então, não seríamos capazes de conjecturar; poderemos vislumbrar possibilidades de vidas humanas que, antes, seríamos incapazes de conceber e, consequentemente, poderemos refletir de forma mais profunda a respeito da nossa vida e de matutar de modo mais claro sobre os caminhos possíveis que a sociedade atual poderá trilhar num futuro não tão distante.

Qualquer um que, por exemplo, deite suas vistas nas páginas de "Admirável Mundo Novo", de A. Huxley; "1984", de G. Orwell; na biografia de Lira Neto sobre Getúlio; e em "Os Donos do Poder", de R. Faoro, terá sua imaginação fertilizada com uma gama de elementos que, sem dúvida alguma, possibilitará ver a vida com outros olhos, com outros parâmetros.

Enfim, Bernard de Chartres nos diz que somos apenas anões nos ombros de gigantes. Agora, se não voltamos nossa atenção e nosso coração para as páginas titânicas, seremos apenas e tão somente o que somos.

*      O autor Dartagnan da Silva Zanela, é professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de "A QUADRATURA DO CÍRCULO VICIOSO", entre outros livros.

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  • Luiz Guedes, adv.
  • 30 Maio 2025

 

Luiz Guedes, adv.

           O presidente da República assinou a medida provisória da reforma do setor elétrico (MP 1.300/2025), que prevê a criação de uma nova tarifa social. De acordo com as notícias publicadas pelo site do Ministério de Minas e Energia, o novo benefício prevê a gratuidade da conta de energia elétrica para famílias inscritas no CadÚnico com renda mensal de até meio salário-mínimo por pessoa e que consomem até 80kWh/mês. Estima-se beneficiar 17 milhões de famílias com a gratuidade.

Inicialmente, o tema não deveria ser tratado em medida provisória, pois tal instrumento legal, previsto na Constituição Federal de 1988, no art. 62, caput, prevê que deve ser utilizada apenas para questões de relevância e urgência. A reforma do setor elétrico pode até ser relevante, porém carece de urgência. Além disso, tal matéria deveria ter sido objeto de debates no Congresso Nacional, com a participação de pessoas e entidades que atuam no setor e que poderiam contribuir para o aperfeiçoamento do texto legal.

Um outro ponto que parece saltar aos olhos é o caráter populista da medida provisória, sendo assinada e publicada em um momento de baixa da popularidade do presidente da República. Como frisado no site do Ministério de Minas e Energia, haverá isenção da conta de luz de pelo menos 17 milhões de famílias, ou seja, algo em torno de 60 milhões de pessoas serão beneficiadas com a nova tarifa social de energia elétrica.

Apesar de óbvio, parece ser importante lembrar que não se desparece o custo da produção e da distribuição da energia elétrica com uma simples assinatura em um diploma legal. O referido custo permanece e será pago por alguém, isto é, pelos demais usuários do sistema elétrico, quer pessoas físicas, quer pessoas jurídicas.

Isso significará o encarecimento da conta de energia elétrica das pessoas não abrangidas pela mencionada medida provisória. Conta essa já bastante cara, que inibe o aumento da produção de pequenos negócios e acarreta a diminuição no consumo das famílias da classe média, já extremamente sobrecarregadas, para não dizer sufocadas, pela carga tributária brasileira. O impacto financeiro na sua conta de luz ainda será divulgado e provavelmente não será pouco. Basta lembrar o passivo de R$ 62,2 bilhões gerado no governo Dilma quando baixou à base da canetada a tarifa de energia elétrica.

Se realmente o governo federal quisesse promover políticas sociais de impacto positivo em toda a sociedade, deveria diminuir o tamanho do Estado, melhorar a eficiência da máquina estatal, eliminar desperdícios e combater a corrupção dos agentes estatais. Com isso, poderia reduzir a carga tributária, o que beneficiaria a todos, permitindo que mais dinheiro permanecesse com as pessoas e empresas, o que incentivaria novos investimentos na produção e no aperfeiçoamento profissional, resultando em mais geração de renda e na criação de novos postos de trabalho.

Porém, não se faz isso no Brasil. Constata-se o aumento na arrecadação a cada ano, ao custo do sufocamento do setor produtivo e das pessoas trabalhadoras que são escorchadas diariamente através dos tributos. E o pouco dinheiro que resta no bolso dos brasileiros, é consumido pelo imposto silencioso chamado inflação, com o poder de compra dos brasileiros diminuindo consideravelmente ao longo dos últimos anos. É necessário trabalhar mais para tentar comprar o básico, em uma espiral desalentadora, sem a previsão de uma melhora no horizonte próximo.

Será necessário chegar a que ponto de sufocamento da população e do setor produtivo para que o Estado brasileiro seja compelido a fazer uma reforma ampla na tributação e na regulação econômica que vise o alívio dos contribuintes e que crie um ambiente menos hostil à população e às empresas?

Para acessar o texto da MP 1.300, de 21 de maio de 2025. clique aqui.

 

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  • Dartagnan da Silva Zanela
  • 30 Maio 2025

 

 Dartagnan da Silva Zanela

             Dia desses, eu estava folheando um velho caderno de anotações, relendo alguns apontamentos feitos há muito tempo, e entre uns rabiscos aqui e uns borrões acolá, eis que me deparo com algumas observações sobre o ensaio "La misión pedagógica de José Ortega y Gasset", de Robert Corrigan.

Corrigan faz algumas considerações não a respeito da obra do grande filósofo espanhol, mas sim sobre o professor Ortega y Gasset e sua forma de encarar a vocação professoral.

O autor de "La rebelión de las masas" via sua atuação junto à imprensa como uma continuação de suas atividades educacionais, onde apresentava suas ideias, marcava posição frente a temas contemporâneos e, é claro, embrenhava-se em inúmeros entreveros.

Ele afirmava que, para realizarmos com maestria a vocação professoral, é necessário que tenhamos nosso coração inclinado para um certo sacrifício heroico, para que se possa realizar algo maior do que nós mesmos: o ato de levar a luz do saber para os corações que se veem enredados nas sombras do desconhecimento ou que estejam subjugados pelas trevas da ignorância presunçosa.

E todo aquele que, hoje, se dedica de corpo e alma ao magistério sabe muito bem que tudo à nossa volta conspira contra essa hercúlea tarefa, tendo em vista que muitíssimos jovens e adultos encontram-se ébrios deste licor que é a onisciência virtual que, a cada dia que passa, é mais e mais consumida de forma indiscriminada por todos, independentemente da faixa etária.

Sobre esse ponto, lembro-me de que Ortega dizia que a grande missão da educação é levar os indivíduos a deixarem de ficar gravitando em torno daquilo que lhes parece meramente agradável, para passar a orbitar junto à realidade. E, se o mestre espanhol está certo — e creio piamente que está —, algo me diz que estamos, a cada dia que passa, reduzindo severamente as perspectivas da educação em nosso país, infelizmente.

De mais a mais, para que, de fato, algo possa ser feito, antes de qualquer coisa, temos de reconhecer o quão maculados fomos em nossa formação, pouco importa a idade que tenhamos, porque esse mal, em alguma medida, habita em nós.

Por isso, o remédio é amargo e não será fornecido nem pela iniciativa privada, nem pelo Estado, porque não há solução em massa para essa encrenca.

Em resumo, o abacaxi é esse e está em nossas mãos.

*        O autor, Dartagnan da Silva Zanela, é professor, escrevinhador e bebedor de café. Autor de "A QUADRATURA DO CÍRCULO VICIOSO", entre outros livros.

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 29 Maio 2025


Alex Pipkin, PhD

O Brasil assiste, mais uma vez, a um espetáculo político em que a irresponsabilidade se disfarça de virtude. Sob o comando do lulopetismo, o país caminha a passos largos rumo ao abismo fiscal, embalado por promessas que encantam, mas arruinam. A trupe no poder mente com naturalidade e governa com incompetência.

A tão propagandeada reforma fiscal, por exemplo, é vendida como um avanço. Na prática, trata-se de mais um pacote ideológico travestido de política pública. É a típica solução da esquerda: mais gastos, mais obrigações para o Estado, mais rombo nas contas, mais ilusões para o povo. O compromisso histórico de distribuir benesses sem lastro financeiro, especialmente sob o pretexto de “corrigir desigualdades”, continua sendo o combustível de uma máquina que só sabe queimar recursos - e expectativas.

O Estado, como se sabe - ou se deveria saber -, não gera riqueza. Ele arrecada. E quando essa arrecadação passa a ser um fim em si mesma, quem sangra é o setor produtivo: empresários, trabalhadores, consumidores. O que o lulopetismo chama de justiça social, na prática, é espoliação disfarçada. Especialmente dos mais pobres, que pagam a conta em forma de inflação, desemprego, serviços públicos precários e oportunidades que evaporam.

O setor privado, sufocado, reage como qualquer organismo agredido, recuando. Emprega menos, investe menos, inova menos. A máquina pública, por sua vez, continua inchando, exigindo mais tributos, mais regulamentações, mais controle. O que falar da “Justiça de Nárnia” verde-amarela?!

A verdadeira reforma que o país precisa ou seja, cortes graduais de impostos, desburocratização, estímulo ao investimento produtivo, não é sequer considerada.

A insistência do lulopetismo em políticas fracassadas lembra um médico que, diante de um tratamento que adoece o paciente, aumenta a dose. Se o remédio mata, a ideologia exige dobrar a receita. O paciente que aguente. Isso não é política pública. É fé cega em dogmas estatistas, já testados e reprovados mundo afora.

Enquanto isso, a elite do funcionalismo segue intocada. Os benefícios estatais continuam crescendo. A conta não fecha, mas a propaganda, essa nunca falha. O desgoverno prefere manter sua narrativa viva a encarar a realidade. Quando os resultados gritam o fracasso, eles não recuam. Triplicam a aposta!

Resultado previsível: estagnação e pobreza. A conta sobra para quem trabalha, produz e acredita. Está na hora de parar de aplaudir o ilusionismo e começar a exigir seriedade. O cadáver político do lulopetismo já está no caixão, só falta enterrar.

Com isso, surge a oportunidade histórica de enterrar, junto, o velho populismo estatista e abrir espaço para um novo ciclo liberal.

Um projeto em que o setor privado volte a ser protagonista, a produção seja incentivada e o mérito, não o compadrio político, guie o crescimento. Antes que restem apenas as cinzas.

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  • Eguinaldo Hélio de Souza 
  • 29 Maio 2025

 

Eguinaldo Hélio de Souza 

Todos os regimes que descaem para o absolutismo vão entrando logo

a contrair amizades suspeitas entre os jornais.

Rui Barbosa

            Jornalistas do fã clube do Lula, que o ajudaram a sair da cela e chegar ao planalto, que colocaram o dedo sobre o dedo do STF para influenciar a balança, que passaram um pano insuficiente para tantos absurdos do governo, agora se mostram indignados como se não fossem os pais da criança.

Tinham lado e isso estava muito claro. Perseguiram Bolsonaro e todos e seus aliados e isso estava muito claro. Não cumpriram o seu papel e isso estava muito claro. Ao invés de fazer jornalismo, mostrando o erro, lamentam a “munição para a extrema-direita” e ficam dando conselhos sobre o que o governo deveria fazer, como se esse fosse seu papel.

Ninguém sabe se por ideologia ou pix, ou ambos, o fato é que há muito tempo Jornal Nacional e Fantástico, com seus parceiros ou cúmplices, tornaram-se piores que o Pravda soviético e o Gramma cubano. Além de falar para encobrir e anunciar para desinformar, atacam as redes sociais por fazerem muito melhor, com mais fidelidade e de graça, o que eles deveriam estar fazendo.

Agora que já está muito difícil negar o elefante cor-de-rosa na sala das porcelanas, aqui e acolá, algumas das principais vedetes do circo lulista dão ares de indignação. Comprometeram sua credibilidade em seu pacto com o diabo e agora, talvez por abstinência de verba pública ou para tentar salvar o que restou de sua imagem desfigurada, fazem tímidas críticas.

Se a imprensa for mesmo o quarto poder, então estamos experimentando há um bom tempo os podres poderes do quarto poder, que podendo ser instrumento para equilibrar a balança, escolheu ajudar com dois pesos e doze medidas.

Desde o “candidato, o senhor não deve nada à justiça” do Bonner, até o “você vai voltar a comer picanha” da Daniela Lima, emblemas de um jornalismo prostituído, tudo o mais sempre fedeu a puxa-saquismo do mais infame.

Mas eles não pagarão a conta, não a conta integral. A parte maior cabe aos cidadãos comuns, até mesmo aos idosos aposentados e os vulneráveis.

Sim, a imprensa tem grande poder. E com grandes poderes, vem grandes responsabilidades. Ou grandes irresponsabilidades.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 27 Maio 2025

Gilberto Simões Pires

ÓPIO DO POVO

Por mais que KARL MARX, considerado -PAI DO MANIFESTO COMUNISTA, considerasse a RELIGIÃO como O ÓPIO DO POVO -. e como tal, funcionava como -ANESTÉSICO- para diminuir o sofrimento enfrentado pelos trabalhadores, hoje, esta ideia MARXISTA se mostra muito mais apropriada ao FUTEBOL. Se ainda havia alguma dúvida a respeito, a histeria que tomou conta da MÍDIA ESPORTIVA, com a chegada triunfal do novo técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, coloca a religião no final da lista e garante que o FUTEBOL É O VERDADEIRO -ÓPIO DO POVO-.

TORCEDOR

Partindo do claro pressuposto, o que realmente resta, na prática, a todos aqueles que gostam e/ou acompanham o futebol e qualquer outra modalidade esportiva, é FICAR NA TORCIDA, quer seja ela ORGANIZADA OU NÃO. Entretanto, como o TORCEDOR exerce um papel PASSIVO, enquanto o ATLETA, como executor do jogo, exerce um papel ATIVO, o TORCEDOR nada mais é do que um ESPECTADOR. Como tal celebra a PAIXÃO PELO SEU CLUBE DO CORAÇÃO através de muita FÉ, enorme CRENÇA e total DESEJO DE QUE SEU TIME OU SELEÇÃO SEMPRE SAIA COM A VITÓRIA.

FICAR NA TORCIDA

Embora a expressão TORCEDOR esteja muito ligada ao FUTEBOL -ÓPIO DO POVO-, o fato é que diante de qualquer disputa onde não há a possibilidade de intervir substancialmente, o que nos resta é apenas FICAR NA TORCIDA, destilando ENERGIA POSITIVA, na expectativa de sairmos VENCEDORES. 

LIBERDADE JAZ MORTA

Pois para nossa total desgraça, todos os casos, ou disputas, apreciados pelos ministros do STF, as nossas CHANCES DE VITÓRIA têm se mostrado IGUAL A ZERO. Com isso, a maioria do povo brasileiro já percebeu, claramente, que todo TORCEDOR, infelizmente, não passa de PERDEDOR. Detalhe importante: alguns tontos por conta das pancadas recebidas, ainda creem, inexplicadamente, que a LIBERDADE ESTÁ AMEAÇADA, quando, na real, por força das sucessivas decisões tomadas pela TIRÂNICA Suprema Corte, a LIBERDADE JAZ MORTA E ENTERRADA.

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