Ney Lopes
Absolutamente inexplicável a posição do Brasil em não condenar abertamente o atual regime despótico de Daniel Ortega, na Nicarágua.
A realidade internacional mostra a Nicarágua como uma ditadura sangrenta.
Daniel Ortega foi líder do movimento sandinista, que lutou contra a ditadura Somoza, e se tornou um ditador igual aos que combatia.
No fim das contas, no DNA do Daniel Ortega há um stalinista.
Ele quer imitar o que Fidel Castro representou em Cuba, no sentido de uma liderança individualizada, personalista.
Daniel Ortega voltou ao poder em 2007, após ter presidido o país pela primeira vez entre 1985 e 1990.
No ano passado, ele conquistou seu quinto mandato e o quarto consecutivo.
Ele era um conhecido guerrilheiro, preso repetidas vezes por crimes que incluem um assalto à mão armada a uma filial de um banco norte-americano em solo nicaraguense.
Absolutamente estranho que, em tais circunstancias, o Brasil não assinou a declaração na ONU com acusações ao governo da Nicarágua, que foi subscrita por 55 países.
Observe-se que o texto tem como signatários governos de esquerda como Chile, Colômbia, Peru, Paraguai e Equador. Mas o Brasil negou-se a condenar.
O regime Ortega se caracteriza por avançar contra os católicos
O bispo dom Rolando Álvarez segue preso.
O regime considera o prelado de 55 anos como uma das principais figuras da Igreja Católica a serem silenciadas, já que dom Rolando foi um dos mais enfáticos críticos dos atos ditatoriais de Daniel Ortega.
Dois sacerdotes foram presos em Madriz e Nueva Segovia por terem mencionado ou orado pelo bispo durante suas celebrações de domingo.
Recentemente, foram proibidas as procissões e a Via Sacra ao ar livre em todo o país, sem exceção sequer para a Sexta-Feira Santa.
Repetem-se ações violentas contra o clero, que Somoza considerava “uma máfia”.
O núncio apostólico dom Waldemar Stanislaw Sommeretag foi expulso do país, em março de 2022.
Várias emissoras católicas de rádio foram fechadas ao longo dos últimos meses.
O governo ditatorial determinou o fechamento de duas universidades católicas, da Fundação Mariana de Luta contra o Câncer (Fumalccan) e até mesmo da Cáritas, que é um mundialmente respeitado braço católico de ação social e caridade cristã.
Neste contexto de cerceamento da liberdade e tirania, realmente não se justifica a posição do governo brasileiro de manter-se distante, a pretexto de desejar ser um mediador.
Até porque, um mediador omisso e amigo da ditadura não conseguiria a paz desejada.
Ademais, o presidente Lula já se mostrou amigo íntimo de Somoza, quando declarou no passado: “Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Por que Felipe González pode ficar 14 anos no poder? Qual a lógica? ”
A ONU vai ainda manifestar-se oficialmente.
Aguardemos a posição final brasileira.
* Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino Americano (PARLATINO); e- Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara; procurador federal; professor de Direito Constitucional da UFRN – nl@neylopes.com.br – blogdoneylopes.com.br
** Publicado originamente no Diário do Poder.
Gilberto Simões Pires
NARRATIVAS
Exemplos não faltam, por este Brasil, para mostrar a enorme quantidade de NARRATIVAS construídas com base em -princípios ideológicos- com o claro objetivo de -ALTERAR A VERDADE DOS FATOS-. Para que as MENTIRAS sejam vistas, tratadas e/ou confundidas como se VERDADES fossem, as equipes dos NARRADORES usam as velhas, porém eficientes, ferramentas -repetição, encenação e dramatização-, as quais, juntas ou separadas, garantem alto grau de sucesso -doutrinário- nas pobres cabeças daqueles que acreditam em tudo que sai nos noticiários.
ATAQUE AOS EFEITOS
Um dos maiores motivos que leva muita gente a ACEITAR como sérias e procedentes grande parte das NARRATIVAS está na crucial dificuldade que a maioria do povo mostra no sentido de identificar as CAUSAS dos problemas e situações. Muitos por preguiça e outro tanto por pura falta de discernimento, a maioria do povo e os profissionais da mídia, notadamente, preferem deixar as CAUSAS intactas e em paz e, com muita veemência, cuidam de atacar os EFEITOS, que por sua vez se encadeiam no processo da falsa cura.
JUROS É EFEITO
Observem, por exemplo, o caso dos JUROS definidos pelo COPOM. O governo, lulistas em geral e boa parte da mídia, estão bombardeando a TAXA SELIC afirmando que ali reside a CAUSA do nosso baixo crescimento/desenvolvimento. Ora, a TAXA SELIC, quando é elevada ou reduzida pelo COPOM, é mero EFEITO do comportamento da INLFAÇÃO, que por sua vez é CONSEQUÊNCIA do aumento da BASE MONETÁRIA. A verdadeira CAUSA, gostem ou não, está no fantástico -DÉFCIT PÚBLICO- que por sua vez impõe constante emissão de MOEDA À VISTA OU A PRAZO (TÍTULOS PÚBLICOS) para fechar as contas previstas ou não pelo Orçamento Público.
GASOLINA
Outro exemplo é o caso dos preços da GASOLINA que são cobrados nos postos de abastecimento. Há quem esteja convencido, muito por influência da mídia, que os VILÕES são os donos dos estabelecimentos, quando, na mais pura verdade, os GRANDES VILÕES são o GOVERNO -FEDERAL e/ou ESTADUAIS que taxam absurdamente os combustíveis e, pior do que isso, promovem grande e impiedosa desorganização no mercado.
PROCON
Vejam que antes da decisão de -reonerar- os combustíveis, o preço da gasolina estava tranquilo. Bastou que Lula decidisse impor a criminosa reoneração para o mercado ser atingido por grande desconfiança o que promoveu elevação anormal dos preços. O curioso é que a mídia achou por bem orientar os -consumidores- a procurar o PROCON como tábua de salvação dos aumentos -abusivos- cobrados pelos postos. Em nenhum momento orientaram a população para exigir que o PROCON fosse bater na porta do GOVERNO LULA - VERDADEIRO VILÃO da alta dos preços de tudo.
Roberto Schwartz
" Eu quero lembrar do seu rosto para que quando eu te encontrar no céu, eu possa te reconhecer e te agradecer mais uma vez. "
Quando o bilionário nigeriano Femi Otedeola, em uma entrevista por telefone, foi perguntado pelo apresentador de rádio: "Senhor, o que você se lembra que fez de você o homem mais feliz da vida?"
Femi disse:
"Passei por quatro estágios de felicidade na vida e finalmente entendi o significado da verdadeira felicidade.
A primeira etapa era acumular riqueza e meios. Mas nesta fase eu não consegui a felicidade que eu queria.
Então veio a segunda etapa de coleta de objetos de valor e itens. Mas percebi que o efeito dessa coisa também é temporário e o brilho das coisas valiosas não dura muito.
Então veio a terceira etapa de conseguir grandes projetos. Foi quando eu detinha 95% do suprimento de diesel na Nigéria e na África. Eu também era o maior proprietário de navios na África e na Ásia. Mas mesmo aqui não consegui a felicidade que imaginava.
A quarta etapa foi quando um amigo meu me pediu para comprar cadeiras de rodas para algumas crianças deficientes. Apenas cerca de 200 crianças.
A pedido do amigo, comprei imediatamente as cadeiras de rodas.
Mas o amigo insistiu que eu fosse com ele e entregasse as cadeiras de rodas para as crianças. Eu me preparei e fui com ele.
Lá eu dei essas cadeiras de rodas para essas crianças com minhas próprias mãos. Eu vi o estranho brilho de felicidade nos rostos dessas crianças. Eu os vi todos sentados nas cadeiras de rodas, se movimentando e se divertindo.
Foi como se eles tivessem chegado a um local de piquenique onde estão compartilhando um prêmio acumulado.
Senti uma alegria REAL dentro de mim. Quando decidi sair, uma das crianças agarrou minhas pernas. Tentei soltar minhas pernas suavemente, mas a criança olhou para meu rosto e segurou minhas pernas com força.
Abaixei-me e perguntei à criança: Precisa de mais alguma coisa?
A resposta que essa criança me deu não apenas me deixou feliz, mas também mudou completamente minha atitude em relação à vida. Esta criança disse:
"Quero lembrar do seu rosto, para que, quando eu o encontrar no céu, possa reconhecê-lo e agradecê-lo mais uma vez."
Pergunto:
Pelo que você será lembrado depois de deixar essa vida?
Alguém desejará ver seu rosto novamente onde tudo importa?
Esta é uma peça de leitura obrigatória e por isso estou compartilhando com meus amigos.
Faça o mesmo!
Tente tocar vidas!
Alex Pipkin, PhD
O ex-presidente Bolsonaro, não há um fiapo de dúvida, é imprudente com as palavras.
Muitas vezes, parecia-me que sua intenção era mesmo positiva, mas sua retórica deixava muito a desejar.
Muitos o classificavam como fanfarrão. Eu, porém, o apelidei de “rei do tropeço nas palavras”. Tá certo que, segundo sua estratégia, ele jogava para a turma bolsonarista-raiz.
Deve-se considerar que a grande pequena mídia, quase na totalidade, omitia e transformava notícias a fim de prejudicá-lo. Inegável. No entanto, ele falava mesmo em demasia e de forma não raras vezes inoportuna.
Contudo, não deverá existir na história desse país um presidente tão fanfarrão, populista, incompetente com o português e com as ideias, nem mentiroso, como esse tal de Lula da Silva.
A propósito, assisti a um vídeo em que o “pai dos pobres” chamava Bolsonaro de “fafarrão”, cruzes!
O show presidencial de horrores de verborragia, de bravatas, de mentiras e de projetos estapafúrdios, é diário.
É surreal o que esse ser incivilizado e tosco é capaz de produzir em suas falas. E há quem o considere um grande orador! Só se eu estiver ouvindo o que ele diz quando embriagado.
Não é por acaso que esse sujeito quer regular a mídia! Dessa forma, só poderá ser notícia a “verdade rubra” e o que lhe convém.
Esse sujeito, dotado de um vocabulário em que inexiste plural, afirmou agora que há pessoas que são pagas para criticá-lo. Bem, eu não tenho recebido um centavo sequer.
Com sua boca que equivale a uma metralhadora de disparos automáticos de asneiras e de erros a cada momento em que a abre, é tarefa singela criticá-lo.
É surreal o que esse cidadão fala - e pensa!
Faz pouco, o ex-presidiário afirmou que os aplicativos exploram os trabalhadores. Exploração + trabalhadores, palavras-mágicas da seita ideológica.
Fanfarrão é café pequeno para esse sujeito. O negócio inovador de aplicativos funciona melhor exatamente pela não interferência da mão pesada e equivocada do Estado.
Há uma relação voluntária entre empregados e empregadores. Nela, caso os empregados não estejam satisfeitos com a relação, podem abdicar das respectivas atividades. Os próprios motoristas de aplicativos, por exemplo, estão repudiando os eventuais “projetos” desse (des)governo.
Toda vez que Ofélio abre a boca, a chance de prejudicar os trabalhadores e as indústrias envolvidas, é abissal.
O desastre é que não há luz no fundo do túnel, e a metralhadora giratória de asneiras, de ignorância econômica e de mentiras não tem previsão de encerramento.
Homens públicos, a meu juízo, deveriam ter rigoroso cuidado com as palavras e com as ideias. Aqui, porém, quase tudo se dá de maneira invertida.
Aliás, juízes da suprema pequena corte se comportam aqui como verdadeiros superstars, que tristeza.
Aprontemo-nos, pois mais e mais pérolas virão da boca do grande “pai dos pobres”. A única semelhança, tristemente, é a incorreção no uso do idioma pátrio…
Edésio Reichert
Há cerca de 35 anos estava em uma festa e após o almoço, duas senhoras, uma lavando a louça e outra secando, conversavam animadamente.
A que estava lavando começou falar de sua viagem de férias com a família, que havia ocorrido há pouco tempo. Tinha sido uma semana maravilhosa, com muito sol, com passeios, com mergulho, etc. A outra senhora que secava a louça, assim que a primeira deu uma “parada pra respirar”, começou falar da sua viagem de férias, também para a praia. Porém ao contrário da anterior, tinha sido uma semana muito ruim, com muita chuva, com vômitos, com queimaduras de água viva, etc. Deu uma “parada pra respirar”, a que estava lavando continuou falando de sua semana, que foram para um parque de diversões, que foram em restaurantes ótimos, etc. A senhora que estava secando, retorna falar outros relatos ruins de sua viagem.
O tempo que fiquei observando, em nenhum momento uma fez perguntas sobre a viagem da outra; ambas apenas falaram, cada uma de sua viagem.
Passados uns 20 anos daquela primeira observação, certo dia presenciei um senhor que chegou onde tinha mais pessoas e disse: esta noite dormi mal, muita dor de cabeça, que noite horrível. Imediatamente outra pessoa falou: eu também dormi mal, mas pra mim foi dor no estômago, nossa, passei muito mal.
Em 2012 após iniciar a divulgação do livro Professor não é Educador, as questões ligadas à educação das pessoas - não da instrução - cada vez mais entraram no meu radar de observações.
Em 2014, a partir de reflexões do livro acima, criamos o Movimento Pessoas Melhores - movimento que deixou de existir naquele formato, e de certo modo, transformou-se no Instituto Pessoas Melhores - que tinha entre seus objetivos, ajudar pais a educar melhor os filhos. Lembrando daqueles episódios descritos acima, incluímos entre as características de uma pessoa bem educada, o que na ocasião denominamos de “saber ouvir”.
Esta questão foi central: o que é recomendável para ouvir bem quem está falando? Prestar atenção no assunto que está sendo falado, olhar para a pessoa, observar sua expressão e fazer perguntas do mesmo assunto. Imagine aquelas senhoras perguntado uma à outra: em que praia foram? Conheceram outras praias? Foram só com a família ou mais alguém? Os problemas de saúde passaram logo ou duraram mais tempo? Etc. E o interlocutor poderia ter falado àquele senhor: de fato, é horrível quando não se dorme bem. Tem dor de cabeça com frequência? Desconfia do que pode ser a origem dela? Fez alguma coisa para amenizar? etc.
Passados mais alguns anos, li o livro do Bob Chapman, “Todos São Importantes”, e nele, Bob fala que “...a coisa mais poderosa que um líder pode fazer é escutar de forma profunda e verdadeira. Escutamos as palavras, mas raramente diminuímos a velocidade para escutar e sentir com nossos ouvidos para entender emoções, medos e preocupações ocultas....”
Tratando desse assunto com o amigo e Psicólogo Fabian Giordani, ele falou em ‘escuta ativa’, que da mesma forma, significa estar presente, prestar atenção, fazer perguntas para bem compreender a pessoa que está falando.
Por fim, a cereja do bolo, com os livros do Marshall Rosenberg, “Comunicação Não Violenta”, e “Vivendo a Comunicação não Violenta”, confesso, livros que deram um nó no cérebro levando-o a rever conceitos, hábitos, sobretudo ligados a muitos desnecessários julgamentos. O caminho para a verdadeira empatia passa por evitar juízos, evitar avaliações e apenas observar, a si próprio e ao outro, tentar captar os sentimentos e necessidades das pessoas envolvidas. “O primeiro passo da conexão empática é o que Martin Buber chamou de dádiva mais preciosa que um ser humano pode dar a outro: a presença”. E continua, “...receber a mensagem com empatia, conectando-se com o que está vivo na pessoa, sem fazer julgamentos”.
Esta comunicação proposta pelo Rosenberg, que já está produzindo efeitos positivos, dada a sua profundidade e sutileza, poderá, com o tempo, e muito, mas muito treino, em vários outros aspectos, ser incorporada na minha rotina diária.
Caro leitor, se ainda não havia feito reflexões a este respeito, experimente observar a si próprio e a outras pessoas. Muitos têm por hábito falar apenas de si, de seus projetos, de suas realizações, do que assistiram, do que conheceram, etc, muito à semelhança dos relatos acima.
Concentrar-me na pessoa que está falando, tentar captar o que verdadeiramente está tentando dizer, fazer perguntas para melhor compreendê-la, é uma prática que requer bastante atenção e colabora para fazer progressos na direção da escuta com empatia.
E certamente como resultado, a sua vida e da outra pessoa será enriquecida, tornando-as mais maravilhosas.
* O autor, Edésio Reichert, é pequeno empresário no Paraná.
Jeffrey Tucker
Passei os últimos dias profundamente mergulhado na teoria e na história do socialismo do século XX, a pedido da revista National Review. De um lado, foi fascinante revisitar todos os argumentos em defesa do sistema; de outro, foi aterrador ler relatos detalhados sobre a experiência em todos os países que adotaram tal regime.
Se você já fez isso, irá concordar comigo como é insanamente estranho que o termo e o ideal ainda usufruam alguma credibilidade, especialmente entre pessoas jovens nascidas após 1989. Exceto a falta de interesse em história, é muito difícil descobrir qual é o cerne do erro.
Ainda assim, vou tentar.
Meu principal palpite é que as pessoas que acreditam defender o socialismo (no caso, pessoas que se identificam com a esquerda política; a direita tem outros problemas) nunca abordaram o problema da escassez como sendo uma realidade econômica.
Por escassez, não me refiro a desabastecimentos ou racionamentos. Antes, refiro-me à ausência de uma abundância infinita de tudo o que as pessoas querem em um determinado momento. Isso se deve a uma característica intrínseca do mundo material que impede que você e eu possamos exercitar exatamente o mesmo controle sobre o mesmo bem material ao mesmo tempo.
Nós dois não podemos calçar os mesmos sapatos ou beber água da mesma garrafa ao mesmo tempo. Ou você come aquele pedaço de picanha, ou eu como. Ou então dividimos ao meio (e aí um de nós não ficará saciado). Não há uma máquina mágica de reprodução que faça com que a carne surja do nada.
Escassez também se refere àquela condição da vida que impede você de consumir tudo o que você deseja ao mesmo tempo. Cada escolha que você faz envolve um custo, que é aquilo que você deixou de fazer. Como muito bem diz o ditado, a cada escolha, uma renúncia. Você está lendo este texto agora em vez de estar fazendo outra coisa. O custo desta leitura é tudo aquilo de que você está abrindo mão neste momento. Igualmente, você não pode caminhar, pescar e nadar ao mesmo tempo. Tudo o que você compra requer o gasto de um dinheiro pelo qual você trabalhou, e que agora abriu mão de poupar.
É isso que os economistas rotulam de escassez, e é isso que gera a necessidade de economizar, isto é, escolher entre vários fins concorrentes. É parte irrevogável da realidade. Não importa qual seja a prosperidade que você esteja vivenciando, não interessa qual tipo de avanço tecnológico venha a surgir; a realidade da escassez sempre estará conosco. O mundo material dos seres humanos sempre irá exceder aquilo que está disponível, não importa quanta riqueza haja, simplesmente por causa da realidade da escassez.
Logo, é necessária uma maneira racional e pacífica para lidar com ela.
A solução
Foi a constatação desta realidade, ao longo da profunda história da experiência humana, que nos impeliu a uma solução melhor do que incessantes conflitos físicos para se conseguir algo para comer. Há aproximadamente 150 mil anos, gradualmente descobrimos os benefícios sociais da propriedade privada, do comércio, do cumprimento de contratos, da criação de complexas estruturas do capital, da liberdade de empreendimento, e da escolha do consumidor. Também descobrimos, muito gradualmente, que aderir a estas convenções sociais -- minhas e suas -- permitiu a divisão do trabalho, a acumulação de capital, a criação de complexas estruturas de produção, e, como consequência de tudo, aquele fenômeno incrivelmente mágico: a criação de mais riqueza.
Já os socialistas imaginam ter outra solução para o problema da escassez sem ter de recorrer à propriedade privada. Para eles, basta apenas dizer: "Que haja o socialismo!", e isso irá magicamente abolir o problema. No entanto, apenas isso pode não soar muito crível. Por que alguém aceitaria adotar tal arranjo sem uma explicação convincente sobre como ele funcionaria na prática?
Por isso, o truque utilizado no passado foi pegar todos os seu desejos por aquilo que lhe parecia impossível e adorná-los em uma pomposa teoria da história que misturava dialética e a inevitabilidade das forças sociais, a qual iria solucionar conflitos até então insolúveis que conduzem a meta-narrativa do progresso -- ou algo nessas linhas. Se você insistir bastante nessa ideia convoluta e souber falar bonito, as pessoas irão finalmente ceder: "Ok, ótimo, vamos tentar o socialismo".
Tão logo você acredita que isso é possível, então várias outras coisas também magicamente se tornam dignas de ser experimentadas: serviços de saúde gratuitos, educação gratuita, renda universal garantida, bens e serviços gerais gratuitos, e tudo isso em conjunto com uma redistribuição universal de renda sem que isso prejudique a criação de riqueza.
O fato de tais idéias serem levadas a sério sem nenhuma consideração quanto aos custos, e sem nenhuma consideração de que tais estruturas poderiam criar problemas para o exercício da liberdade humana, é uma daquelas atitudes que podem ser rastreada à negação da escassez.
Na forma mais extrema, a cegueira coletiva em relação à escassez pode levar um indivíduo a acreditar que criar o comunismo é apenas uma questão de apertar um interruptor na máquina da narrativa da história.
Comece pelo indivíduo
Façamos um experimento mental. Vamos tentar criar o socialismo sobre um único bem. Vamos tentar fazer isso com sapatos em uma economia formada por apenas três pessoas. Você e dois amigos. Cada um de vocês possui um par de sapatos e vocês calçam sapatos do mesmo tamanho.
E aí um de vocês estala o dedo e diz: "Que haja o socialismo!".
No início, nada parece mudar. Mas aí então você observa que seu amigo tem sapatos mais elegantes, os quais você agora quer calçar. Ato contínuo, você diz: "Agora eu é que vou usar os seus sapatos".
E ele responde: "Mas aí eu não poderei calçá-los também". E então você retruca: "Sim, mas agora vivemos sob o socialismo, o que significa que você tem de abrir mão deles."
Mas isso é confuso. É fato que, só porque agora há o socialismo, isso não significa que uma pessoa tem o direito de possuir os sapatos de outra. Verdade. Porém, no mínimo, isso também significa que nenhum indivíduo pode reivindicar propriedade exclusiva sobre seus próprios sapatos. Neste caso, surgirão vários tipos de novas dúvidas sobre como decidir quem irá calçar os sapatos de quem.
Como decidir? Bom, há a possibilidade de se buscar a unanimidade. Ou então você pode instituir o voto da maioria. Dois de três. Uma pessoa certamente irá odiar os resultados. A consequência é que você agora passou a incentivar a manipulação dos resultados por meio da organização de facções. Isso tende a gerar mais desconfiança, mais intriga, mais conflitos, mais ressentimentos e mais brigas. E tudo isso pode, por sua vez, levar a outra consequência: o mais forte entre vocês três assumirá o poder de decidir.
Agora, você tem uma ditadura.
E todo esse arranjo totalitário foi muito facilmente criado, com apenas três pessoas, tão logo você decidiu impor o socialismo sobre um único bem.
Já está claro que aquela tão desejada utopia dos sapatos não prosperou. Anunciar a existência do socialismo não produziu nenhum sapato novo. Não mudou absolutamente nada na natureza dos seres humanos naquele ambiente. Não alterou nada do mundo material. Tudo o que ela fez foi remodelar as regras. Antes, as pessoas estavam satisfeitas com suas posses; agora, elas fervem de ressentimento e inveja daquilo que as outras pessoas têm.
Agora, minha proposição é esta: se o socialismo não é capaz de funcionar em um caso tão simples e pequeno quanto este, como pode alguém acreditar que todos estes problemas irão desaparecer caso a ideia de propriedade comunal seja expandida para toda a sociedade e para todos os bens existentes?
A lógica mostra que é bastante provável que a tentativa irá apenas expandir este problema fundamental para toda a sociedade.
A questão é simples
O socialismo, no sentido moderno, surgiu no século XIX como parte de uma revolta anti-liberal. A nova doutrina se subdividiu em várias facções: religiosa, sindicalista, nacionalista, utópica, científica, moralista, nacionalista etc. Você escolhe. Mas todas elas têm em comum este mesmo e inacreditavelmente simples erro: elas foram incapazes de reconhecer a necessidade de se economizar. Como consequência, todas elas acabaram criando caos e conflito (e homicídios em massa).
A alternativa à fantasia socialista é a propriedade, o livre comércio, a concorrência e a produção -- e tudo por meios voluntários, sem usar de violência contra indivíduos pacíficos e suas respectivas propriedades. Se você deseja uma ordem social sensata e humana, realmente não há alternativa.
Que o socialismo como uma ideia tenha sobrevivido centenas de anos é um tributo à capacidade da mente humana de imaginar ser capaz de criar aquilo que a realidade sempre irá se recusar a tornar possível.
* Jeffrey Tucker é Diretor-Editorial do American Institute for Economic Research. Ele tambÉm gerencia a Vellum Capital, é Pesquisador Sênior do Austrian Economic Center in Viena, Áustria.
** Publicado originalmente em https://mises.org.br/artigos/2765/desafio-simples-faca-o-socialismo-funcionar-com-um-simples-produto-e-ai-vamos-dialogar