Alex Pipkin, PhD
Nunca tivemos tanto e fomos tão incapazes de ser. A modernidade nos deu conforto, tecnologia e abundância, mas arrancou-nos a virtude e a razão. Cada avanço material parece acompanhado de uma regressão ética: aquilo que deveria elevar a alma tornou-nos frágeis, autocentrados e complacentes. O conforto substituiu o dever, o prazer confundiu-se com sentido, e o que outrora era sagrado tornou-se supérfluo. A ausência de moralidade não é detalhe; é o terreno em que germinam o caos, a fragmentação social e a erosão do bem comum.
O sintoma mais evidente dessa decadência é a supremacia das emoções sobre a razão. Hoje, sentir basta para legitimar qualquer ato, qualquer fantasia, qualquer devaneio. O sentimentalismo tóxico alimenta ideologias utópicas e a cultura Woke, que prometem paraísos imediatos sem esforço, mérito ou responsabilidade. “Você pode ser quem quiser” não significa preparo ou aperfeiçoamento; significa autoafirmação instantânea, reconhecimento imediato e vitimização elevada à condição de virtude. O indivíduo não constrói caráter; reivindica privilégios simbólicos e emocionais.
Essa abdicação moral não se limita ao indivíduo. Sob o pretexto de ideologias, muitos se autolocupletam, buscando interesses próprios ou de grupos à custa do bem comum. O que deveria ser guiado pela virtude coletiva se transformou em disputa por privilégios, reconhecimento emocional e poder simbólico. A sociedade fragmentou-se em tribos de ressentimento, cada qual regida por emoções, não por princípios universais.
Sócrates, o maior filósofo moral, advertiu que “a vida sem exame não merece ser vivida”. Foi condenado à morte por se recusar a submeter a verdade às conveniências do momento. Morreu em nome da razão, da virtude e de princípios que transcendem interesses individuais ou coletivos. Hoje, sacrificamos a moral em nome do conforto, da ilusão e de ganhos efêmeros, esquecendo que a virtude é pré-requisito da vida coletiva e da dignidade humana.
Talvez seja hora de reencontrar aquilo que transcende interesses imediatos: o vínculo com o sagrado. Não necessariamente a religião formal, mas a reverência pelo que é eterno, imutável e superior à conveniência humana. Só a reconexão com essa dimensão pode oferecer resistência à incivilização e à corrosão da moral. Sócrates morreu pela virtude; nós precisamos viver por ela, cultivando disciplina, responsabilidade e propósito, individual e coletivo. Assim, não apenas sobreviveremos, mas resgataremos a grandeza que nos falta, e a vida, enfim, terá verdadeiro sentido.
Dagoberto Lima Godoy
Há bastante tempo cogito que a crise brasileira não se deve apenas à incompetência do governo Lula na condução da economia. A sucessão de erros, abusos e decisões controversas parece seguir uma lógica mais profunda. Lembro-me do que fizeram os bolcheviques em 1917: sem maioria popular ou força institucional aparente, assumiram o poder explorando o caos econômico, político e social, valendo-se de disciplina partidária férrea e de cálculo tático implacável. Não será exagero perguntar se o petismo — em aliança com setores da esquerda e grupos oportunistas — não estaria, à sua maneira, tentando algo semelhante.
A analogia pode soar ousada, mas os elementos que a sustentam estão à vista. O Brasil atravessa retrocesso econômico e instabilidade institucional e, longe de se empenhar em corrigir rumos, o governo parece tirar proveito da confusão. Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal, outrora guardião da Constituição, converteu-se em protagonista de um ativismo sem freios, restringindo liberdades e perseguindo opositores. O discurso oficial insiste na defesa da democracia, mas o que se observa é um cerco crescente à liberdade de expressão e a criminalização da dissidência política.
A situação brasileira não replica a Rússia de 1917. O roteiro é mais próximo do chavismo na Venezuela: tribunais cooptados, opositores judicializados, economia conduzida ao colapso até que a sociedade aceite uma solução autoritária como mal menor.
O agravante está na dimensão internacional. As sanções já impostas pelos Estados Unidos — sob a justificativa de violações à liberdade de expressão e perseguições políticas —, somadas ao desgaste da imagem brasileira perante a comunidade internacional, não apenas marginalizam o país diplomaticamente, mas também impõem custos concretos à economia. E, ainda assim, o governo instrumentaliza esse desgaste, apresentando-o como ataque à soberania nacional e insistindo — sobretudo nas falas do presidente — em realimentar a desavença, como quem “cutuca onça com vara curta”.
A essa atitude belicosa soma-se o descaso de ministros do STF diante das desastrosas consequências do eventual descumprimento da Lei Magnitsky, reforçando a impressão de que há, de fato, um propósito estratégico de construção do caos.
O risco é claro: a ordem democrática brasileira pode ser corroída por dentro, num processo intencional de destruição econômica e erosão institucional.
A pergunta que se impõe é se a sociedade brasileira terá lucidez e força para resistir antes que seja tarde — ou se repetirá, em nova roupagem, a velha história de um país conduzido ao autoritarismo em nome da própria democracia.
Stephen Kanitz
Os Estados Unidos são o país com o maior mercado consumidor logo ao nosso lado.
Os americanos são um povo meio ingênuo, vivi com uma família por ano, e dois anos com meus colegas de Harvard. Não se interessam nem um pouco pelo Brasil, acham corretamente que temos pouco a oferecer além do samba.
São comunitaristas, do tipo que começam cooperando, acreditam num ganha-ganha para ambos os lados, jamais um soma zero como acham quem nunca negociou com eles.
Os super-ricos são de esquerda, Bill Gates, Elon Musk irão doar tudo para os pobres, algo que ninguém da esquerda brasileira pretende fazer.
Contudo o antiamericanismo no Brasil é mais do que uma opinião política: é um traço cultural, um mito nacional, um reflexo do nosso complexo de inferioridade travestido de soberania e não consequências de maus tratos ou guerras.
Cultivado por gerações de intelectuais, reforçado por militares, encenado por diplomatas e idolatrado por estudantes, esse sentimento tem custado caro ao país em termos de desenvolvimento, inserção internacional e até mesmo governança interna.
Em vez de exportar para o mercado americano como fizeram o Japão, Coreia do Sul e China, nossos economistas fizeram o contrário, pois insistem na política de substituição das importações americanas, por produtos nacionais fabricados aqui.
China, Coreia e Japão estão agora na frente, e o Brasil nunca mais conseguirá alcançar. Nesse período, estes países administrados por administradores e não por economistas criaram marcas poderosíssimas com Sony, Yamaha, Samsung, BYD, que americanos jamais permitiriam serem taxados.
Em suma, a única marca internacional que possuímos, a Varig, faliu.
Vargas usou a rivalidade entre americanos e alemães para barganhar investimentos, como a CSN. Recebeu ajuda, mas manteve um projeto nacionalista e autárquico.
Nos anos 50 a 70, a esquerda brasileira transformou os EUA no grande vilão do capitalismo internacional.
Curiosamente, mesmo durante a ditadura militar alinhada geopoliticamente aos EUA persistia um discurso nacionalista na economia e na cultura, desconfiando de multinacionais e resistindo à “entrega” de setores estratégicos.
Decretamos a “Moratória da Dívida Externa” bestamente em praça pública, assustando todos os depositantes dos bancos, em vez de ligar as 16 horas dizendo que não poderíamos pagar, e ninguém precisava ficar sabendo.
Durante os governos do PT, especialmente sob Lula e Dilma, o antiamericanismo ganhou status oficial.
O Brasil se aproximou dos BRICS, sabotou a Alca, criticou guerras americanas no Oriente Médio e buscou protagonismo no Sul Global.
Nas universidades e na cultura, o antiamericanismo é praticamente hegemônico. Livros, teses, filmes e músicas retratam os EUA como corruptores, violentos, racistas, imperialistas.
A elite cultural brasileira se define, muitas vezes, mais por aquilo que rejeita (EUA, liberalismo, capitalismo) do que por aquilo que propõe.
Enquanto isso, modelos administrativos, técnicos e educacionais americanos focados em eficiência, mérito e responsabilidade são descartados como “neoliberais” ou “coloniais”. Minha luta pró administrador nem obteve apoio das escolas de administração.
A insistência em ver os EUA como inimigo impediu o Brasil de fazer alianças estratégicas, como fizeram Coreia do Sul, Taiwan, Polônia ou Índia. Enquanto outros países usavam o capital, a tecnologia e o conhecimento americanos para se desenvolver, o Brasil preferia “resistir” e permaneceu estagnado.
Em nome da soberania, mantivemos estatais ineficientes, universidades ideologizadas e um setor público hostil à inovação.
Soberania volta às manchetes, reforçando mais 50 anos de substituição das importações, e ignorar o imenso mercado americano, bem como parcerias tecnológicas imprescindíveis pois nossas universidades nada pesquisam que seja útil para as empresas.
O Que Ganhamos com Isso?
Pouco. Um senso falso de independência, talvez. Um discurso soberano para consumo interno. Mas perdemos relevância internacional, acesso a mercados, investimentos em tecnologia e influência diplomática.
Portanto, está na hora do Brasil abandonar essa adolescência diplomática.
Os EUA não são um inimigo a ser odiado, nem um pai a ser bajulado.
São um parceiro estratégico, com o qual podemos e devemos ter relações pragmáticas, baseadas em interesses mútuos.
O antiamericanismo pode ser um excelente discurso para assembleias estudantis.
Mas é um péssimo alicerce para um projeto de país.
* Reproduzido do excelente Blog do Kanitz, em https://blog.kanitz.com.br/
Valdemar Munaro
Nenhuma atividade intelectual registrada na história, foi tão eficazmente perversa quanto a desenvolvida e arquitetada pelo prussiano Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 – 1831). Sua raiz e seu desfecho, regados de idealismo até os dentes, tornou-se o útero de todos os historicismos, culturalismos e marxismos contemporâneos.
O enredo racionalista que esse idealismo desenvolve, é sutil e malandro, fabricante de ruínas mentais incomensuráveis. Difícil rastrear alguma edificação científica positiva vinda da filosofia hegeliana. Se algum leitor, porventura, tiver acesso e coragem para manusear pacientemente a principal obra idealista, 'Fenomenologia do Espírito', terá oportunidade de experimentar quanto é possível se baratinar e se enlouquecer. A trama racional que dentro do idealismo se descortina é narcisista e megalomaníaca, um labirinto de raciocínios enleados nas teias do próprio pensamento e das ensimesmadas argumentações.
O ego dialético e político de Hegel é a fonte de onde vem a inspiração visceral que gerou o marxismo. KarL Marx (1818 – 1883), foi um fiel discípulo hegeliano, não negou a dificuldade para entender a 'Fenomenologia do Espírito', mas encontrou um jeito para encará-la: leu-a, estudou-a e meditou-a, pausadamente, diversas vezes (mais de nove) para torná-la bíblia de sua ideologia.
Surpreende observar estudiosos da envergadura de Xavier Zubiri, Charles Taylor e Jean Hyppolite ignorarem as consequências abusivas e alucinantes do hegelianismo. Ocorre que todo hegeliano, dificilmente se reconhecerá como tal e, achando-se no correto, só consegue ver o que quer. Etienne Gilson (1884 – 1978), com propriedade, advertiu aspirantes a filósofos para que se abstivessem de tais idealismos, pois eles jamais levam o protagonista ao encontro do mundo real. Todo filósofo que inicia seu caminho filosófico no e pelo pensamento e não no e pelo ser, não sairá jamais de dentro dele. Permanecerá para sempre idealista e hegeliano.
Hegel é um filósofo iluminista sedutor, um pensador que dividiu ao meio a história da filosofia e da política. Se sua doutrina, de fato, corresponder ao que é a vida real, então o saber humano já concluiu o seu ciclo. Mas, se sua doutrina for um amontoado de jargões e blá blá blás mentais, então, é preciso denunciar a loucura e malversação que essa filosofia causa à ordem intelectual.
O êxito de Hegel, disse o austríaco K. Popper, "marcou o começo da 'era da desonestidade' (como denomina Schopenhauer...), da 'era da irresponsabilidade' (como K. Heiden caracteriza a era do totalitarismo moderno); primeiramente, da irresponsabilidade intelectual, e mais tarde, como uma de suas consequências, da irresponsabilidade moral; o começo de uma nova era controlada pela magia das palavras altissonantes e pela força do jargão".
Hegel conseguiu, com sua retórica, embriagar as mentes de seus leitores com seu suposto 'saber absoluto' e sua divinização do Estado. Seus textos estão repletos de expressões tais como: "O Universal se encontra no Estado... O Estado é a ideia divina tal como existe na terra... Devemos, portanto, adorar o Estado como a manifestação do Divino sobre a terra, e considerar que, se é difícil compreender a Natureza, infinitamente mais árduo será apreender a Essência do Estado... O Estado é a marcha de Deus pelo mundo... O Estado deve ser compreendido como um organismo... Ao Estado completo pertencem, essencialmente, a consciência e o pensamento... O Estado sabe o que quer... O Estado é real; ... a verdadeira realidade é necessária. O que é real é eternamente necessário.... O Estado existe... em razão de si mesmo... O Estado é o que efetivamente existe, a vida moral realizada".
Enquanto ainda residia em Jena, no dia 13 de outubro de 1806, data em que terminou de escrever sua 'Fenomenologia do Espírito', Hegel viu de perto e fisicamente a figura de Napoleão Bonaparte, imponente e poderoso, rompendo as portas da cidade, recolhendo butins e declarando o fim do Sacro Império Germânico.
Hegel 'amava' os ideais da Revolução Francesa, muito embora não apreciasse o jeito de ser dos franceses. Ao ver, impressionado, o general revolucionário em pessoa, enxergou a encarnação histórica do espírito, a personificação do Estado. Na sua intimidade, projetou, simbolicamente, o mesmo ideal para sua Prússia então acuada e encolhida.
Com a publicação de textos teológicos e políticos, Hegel atraiu a atenção de Frederico Guilherme II, rei da Prússia. Recebeu dele o emprego para ser professor de filosofia na recém fundada Universidade de Berlim. Aqui, com solucionados problemas econômicos particulares, exerceu seu melhor ofício: eletrizar alunos e ouvintes com sua dialética e oratória. Até mesmo oficiais de governo acorriam para ouvi-lo.
Arthur Schopenhauer (1788 – 1860), contemporâneo e algoz opositor, referiu-se a Hegel como um inaugurador das desonestidades intelectuais, um charlatão, fomentador de verborreias e obscurantismos. Entre as auréolas professorais que se descortinavam, A. Schopenhauer afirma: "sub entraram-se na filosofia alemã, aos conceitos límpidos e às honestas pesquisas, a 'intuição intelectual' e 'o pensamento absoluto'; impressionar, estontear, mistificar, jogar, com mil truques, pó nos olhos do leitor, tornaram-se o método, e o discurso é guiado pela intenção mais que pela intuição. Por isso, a filosofia, se ainda se pode chamá-la assim, precisou descer e descerá ainda mais até chegar ao último degrau da humilhação com Hegel, criatura ministerial: este, para sufocar uma vez mais a liberdade de pensamento conquistada por Kant, fez da filosofia, filha da razão e futura mãe da verdade, um instrumento, para fins políticos...; mas, para velar a vergonha e atuar a um tempo a máxima estupidificação dos cérebros, estendeu o manto das conversas fiadas mais vazias e da mais absurda verbosidade que jamais se ouviu, ao menos fora do manicômio" (cfr. A liberdade do querer humano).
Como se vê, segundo Schopenhauer, Hegel ensinou a seus pósteros como fazer da ciência e da universidade, capachos de regimes políticos totalitários. A honestidade, virtude essencial da pesquisa e do estudo de quaisquer assuntos, foi jogada às traças para corromper descaradamente as ciências e as instituições.
Na galeria dos falsos profetas elencados por K. Popper, estão Platão, Hegel e Marx. Estes, corroborados por seus asseclas, são, segundo Popper, mentores intelectuais responsáveis pelos arquipélagos e campos de extermínio contemporâneos que mataram milhões de vidas humanas.
Também o dinamarquês, S. Kierkegaard (1813 – 1855), denunciou veementemente a doutrina de Hegel como uma das maiores inimigas do cristianismo. Ao se referir a Cristo, Hegel o considera apenas como uma feliz junção do divino com o humano na história e não como o Filho de Deus Encarnado.
Ainda, segundo Kierkegaard, Hegel se faz inimigo da subjetividade humana por promover uma filosofia que despreza tudo o que pertence à vida singular e particular das pessoas. No entanto, conforme Kierkegaard, a verdade se revela sempre essencialmente subjetiva e individual. Não são as multidões que sofrem ou morrem, mas os indivíduos singularmente existentes.
Antissemita e, por fim, eugenista e racista, Hegel tratou com cinismo e desdém a história judaica, um povo bíblico, segundo ele, trágico e espiritualmente arruinado por ter introjetado de Deus em suas almas. A experiência do dilúvio vivida por Noé, assustou o povo judeu que, ao invés de se dirigir na direção das águas, correu para o deserto a fim de buscar refúgio em montanhas rochosas.
Foi Frederico Hegel quem ensinou Karl Marx, um judeu, a desprezar seu próprio povo de origem. No texto 'A Questão Judaica', o autor do marxismo, sugere que o problema judaico deve ser solucionado pela dissolução do mesmo nas demais culturas.
Hegel, como se conclui, reina vigoroso em nossos dias, seja nas entranhas dos esquerdismos, eugenismos, antissemitismos, socialismos e neonazismos contemporâneos, seja nas teologias libertadoras, seja nas macabras e pervertidas intenções de nossos magistrados, sobretudo do STF, seja na testa de nossas lideranças políticas. Não há marxista que não seja hegeliano e não há hegeliano que não desembarque, cedo ou tarde, no marxismo.
A gravidade maior, porém, da perversidade hegeliana se encontra no interior de seus princípios metafísicos. Mas para não alongar este artigo, convém esperar por outro que a generosidade do Puggina mo permitirá publicar.
* Santa Maria, 14/08/2025
** O autor, Valdemar Munaro, é professor de Filosofia
Alex Pipkin, PhD
A virtude não se mede pelo aplauso da plateia nem pelo olhar vigilante de terceiros. Ela existe, ou não existe, na solidão das escolhas. O certo é o certo, mesmo quando ninguém está olhando. O errado é o errado, ainda que uma corte inteira, de capa preta, o aplauda de pé.
Nos salões acarpetados de Brasília, o STF sempre foi mestre no jogo de cena. Acostumado ao velho e surrado toma lá, dá cá, mantém um pacto tácito com grandes bancos e corporações: vocês obedecem às regras não escritas do poder, e nós garantimos que a engrenagem continue girando. Um teatro previsível, de papéis fixos, onde todos sabem suas falas e evitam improvisos perigosos.
Mas eis que surge Donald Trump, não como ator secundário, mas como aquele personagem incômodo que invade o palco e muda o rumo da peça. Com a caneta presidencial e a Lei Magnitsky na mão, primeiro, mira Alexandre, o Grande, e logo outros ministros, como Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso, podem ser atingidos pelas sanções americanas. A medida, ao punir violações de direitos humanos e perseguição política, não apenas lança sombra sobre a reputação dos togados, mas expõe uma vulnerabilidade que o STF sempre fingiu não ter.
Agora, os “guardiões da Constituição” estão esnucados. O roteiro não prevê saída elegante. Se os bancos brasileiros — aqueles mesmos que beijam a mão dos grandes ministros e circulam nos corredores do poder — forem atingidos, restará ao STF revidar. A reciprocidade deixa de ser mera opção: torna-se necessidade. Isso implica ameaçar, ou efetivamente retaliar, bancos e empresas americanas que operam no Brasil.
O paradoxo é evidente: o STF, que tantas vezes moldou o “certo” conforme a conveniência política ou corporativa, agora se vê forçado a agir segundo um princípio que deveria ser imutável — responder a ingerências externas para defender a soberania, não por virtude, mas por sobrevivência.
E aqui, um lembrete incômodo aos senhores de capa preta: vocês podem muito, mas não podem tudo. Há forças que escapam ao alcance de seus votos e liminares. A verdade é uma delas.
Quando a verdade aparece, ela desnuda a vaidade e revela limites. E o terreno sob os pés dos “legisladores” do STF começa a se transformar em areia movediça — instável, traiçoeira, pronta para engolir quem insiste em acreditar que está acima de tudo e de todos.
Como sempre, o tempo se encarrega de mostrar: no fim, não são as togas, nem os palácios, nem as alianças que prevalecem. É a realidade, inevitável e implacável, impondo-se sobre as pretensões humanas.
O certo é o certo. Sempre.
Gilberto Simões Pires
LEI MAGNITSKY
Antes de tudo é importante lembrar -notadamente aos -ANALFABETOS FUNCIONAIS, ou RUDIMENTARES, que a -LEI MAGNITSKY-, APROVADA EM 2012 pelo Congresso dos EUA e devidamente SANCIONADA pelo presidente Barack Obama - do partido DEMOCRATA, tinha como -PROPÓSITO -INICIAL- PUNIR AUTORIDADES RUSSAS responsáveis pela morte do advogado tributarista russo SERGEI MAGNITSKY. Quatro anos depois, em 2016, o Congresso dos EUA PROMULGOU o Global Magnitsky Human Rights Accountability Act, que deu PERMISSÃO AO GOVERNO DOS EUA de -SANCIONAR- FUNCIONÁRIOS DE GOVERNOS ESTRANGEIROS IMPLICADOS EM ABUSOS DE DIREITOS HUMANOS EM QUALQUER PARTE DO MUNDO. Mais: a PUNIÇÃO, de caráter imediato, se dá através do CONGELAMENTO DE ATIVOS e da PROIBIÇÃO DE ENTRAR NOS EUA.
LISTA DA OFAC
De novo: como a LEI MAGNITSKY AUTORIZA sanções contra estrangeiros acusados de graves violações de direitos humanos e corrupção, SEM A NECESSIDADE DE CONDENAÇÃO EM PROCESSO JUDICIAL, o ministro Alexandre de Moraes acabou, com sobradas razões, incluído na LISTA DA OFAC -Office of Foreign Assets Control- órgão do TESOURO DOS EUA, acusado de liderar uma INEGÁVEL -CAMPANHA OPRESSIVA DE CENSURA- E AUTORIZAR PRISÕES ABUSIVAS DE -RÉUS- DA INVASÃO DO CONGRESSO NACIONAL EM, 8 DE JANEIRO DE 2023.
DENTRO DO ESPERADO
Seguindo apenas e tão somente o que está escrito na LEI MAGNITSKY, o TESOURO AMERICANO -SANCIONOU- o superministro com a PROIBIÇÃO DE TRANSAÇÕES COM CIDADÃOS E EMPRESAS AMERICANAS E A EXCLUSÃO DE SISTEMA BANCÁRIO INTERNACIONAL VINCULADO AO DÓLAR. Pronto: dentro do esperado, levando em conta o seu inconfundível MAU CARÁTER, AM reagiu afirmando, com um ar de vitória, NÃO POSSUIR BENS OU INVESTIMENTOS NOS EUA. Ou seja, -cagou e andou- para seus apavorados colegas que, confessadamente, afirmam possuir investimentos em dólar, títulos mobiliários e/ou propriedades imobiliárias em território americano.
EFEITOS DA LEGISLAÇÃO
Altamente preocupados, principalmente porque sabem que estão sob mira do Tesouro dos EUA, e como tal sabem que de uma hora para outra podem figurar na LISTA DA OFAC, o esperneio é enorme. Alguns estão testando os bancos brasileiros para ver quais instituições estariam dispostos a DRIBLAR os efeitos da LEI MAGNISTSKY, alegando, para tanto, que nem mesmo juristas nos Estados Unidos têm clareza sobre todos os efeitos da legislação. Ou seja, os ministros do STF querem para eles tudo aquilo que NÃO PERMITEM -em hipótese alguma-, para todos os brasileiros que LUTAM PELA LIBERDADE.