"O mundo estaria a salvo se os homens de bem tivessem a mesma ousadia dos canalhas"! Rômulo Nogueira
O pobre não entrava na faculdade. O que o PT fez? Investiu na Educação? Não, tornou a prova mais fácil.
Mesmo assim, os negros continuaram a não conseguir entrar na faculdade. O que o PT fez? Melhorou a qualidade do ensino médio? Não, destinou 30% das vagas nas universidades públicas aos negros que entram sem fazer as provas.
O analfabetismo era grande. O que o PT fez? Incentivou a leitura? Não, passou a considerar como alfabetizado quem sabe escrever o próprio Nome.
A pobreza era Grande. O que o PT fez? Investiu em empregos e incentivos à produção e ao empreendedorismo? Não. Baixou a linha DA pobreza e passou a considerar classe média quem ganha R$300,00.
O desemprego era pleno. O que o PT fez? Deu emprego? Não. Passou a considerar como empregado quem recebe o bolsa família ou não procura emprego.
A saúde estava muito ruim. O que o PT fez? Investiu em hospitais e em infraestrutura de saúde, criou mais cursos na área de medicina? Não. Importou um Monte de cubanos que sequer fizeram a prova para comprovar sua eficiência e que aparentemente nem médicos são. (Um já foi identificado como capitão do exército cubano)
Alguém ainda duvida que esse governo é uma tremenda mentira?
Editorial no site www.midiasemmascara.org
O Brasil é o único país da galáxia no qual apuração secreta é coisa democrática e exigir recontagem de votos é antidemocrático. O tom de aparente sinceridade, até de inocência, com que tantas pessoas aparentemente cultas enunciam esses julgamentos mostra que os últimos vestígios de educação política desapareceram do cérebro nacional. Só a educação política? Não. A racionalidade em geral. A total insensatez tornou-se critério de normalidade.
Carl Schmitt, o desafortunado filósofo que meio involuntariamente ajudou a formular os planos do Estado nazista, definia a política como aquele campo da atividade humana no qual nenhuma resposta racional às dúvidas é possível e onde, portanto, só o que resta é reunir os "amigos" contra os "inimigos".
Há muitas situações que são incontornavelmente políticas, nesse sentido. Uma eleição é o exemplo mais típico. É impossível provar racionalmente que X será melhor ou pior governante que Y. Pode-se conjeturar o futuro em termos de probabilidade razoável, mas nem todos os melhores cálculos probabilísticos do mundo, somados, poderão jamais eliminar a sua própria margem de erro e provar racionalmente que ninguém deve apostar nela. A decisão, portanto, é política em sentido estrito.
Apuração de votos, no entanto, não é uma questão política de maneira alguma. É uma questão de aritmética e de verificação idônea.
Também não é de maneira alguma uma tomada de posição política afirmar que uma apuração secreta, inacessível a qualquer averiguação popular ou recontagem de votos, é uma aberração autoritária incompatível com a idéia de “democracia”, mesmo tomada na sua acepção mais elástica. É uma questão de lógica, de pura comparação de conceitos.
E não é uma questão política saber o sentido da palavra “democracia”. É uma questão de consulta ao dicionário. Democracia sem transparência, democracia onde todo mundo é obrigado a aceitar, sem questionamentos, a palavra de um funcionário estatal altamente suspeito de parcialidade e o parecer técnico de uma empresa já mil vezes acusada de fraude, não é democracia em nenhum sentido identificável da palavra. No entanto, todo o establishment político e midiático deste país, todas as mentes iluminadas e pessoas maravilhosas repetem que é, e chamam de “extremista de direita” quem insista em exigir eleições limpas, com apuração controlada pelo povo. Quem é extremista, nós ou o beautiful people que quer nos fazer engolir essa politização forçada, esse schmittianismo psicótico?
O simples fato de que respondam com uma rotulação ideológica pejorativa a uma afirmação auto-evidente já mostra que querem transferir a discussão do campo da razão para o da guerra política nua e crua. Não querem saber se você diz a verdade. Só o que lhes interessa é se você está no grupo dos “amigos” ou dos “inimigos”. E no mesmo instante em que fazem isso têm ainda a cara de pau de discursar contra o “fanatismo” e a “radicalização”.
Apuração secreta é fraude. É fraude em si mesma, independentemente de pequenas fraudes pontuais que possam ocorrer também. É fraude e é a negação ostensiva de todo princípio democrático.
Não podemos aceitar essa imposição de maneira alguma, quer venha do governo, da mídia chique ou de uma oposição vendida, frouxa e cúmplice.
Muito menos é uma questão política saber se o Foro de São Paulo é ou não é a maior e mais poderosa organização política que já existiu no continente, se nele se irmanam ou não se irmanam partidos legais com organizações criminosas, se nele os destinos das nações são ou não são decididos em segredo, pelas costas dos povos. Tudo isso é fato tão bem documentado que até os mais fiéis e destacados membros dessa organização o confessam. O sr. Lula em primeiro lugar.
Mas, para os nossos políticos que se dizem “de oposição”, falar disso é “extremismo de direita”. São eles que politizam tudo, são eles que fogem do campo dos fatos verificáveis para o dos carimbos ideológicos. E, no entanto, os extremistas somos nós.
Continua vigorando, com total e unânime aprovação da classe política, o acordo que segundo o sr. Fernando Henrique Cardoso existe entre o seu partido e o PT: Nada de divergências ideológicas ou estratégicas, apenas disputa de cargos, donde a redução do confronto partidário a dois itens : corrupção e má administração. Isso é disputa de prefeitura do interior. É rebaixamento da República brasileira à condição de papagaio amestrado, que só diz o que o dono manda.
Por mais "dura" que seja a oposição prometida por quem se autonomeia opositor no Congresso Nacional, enquanto ela se limitar a questões de incompetência administrativa e roubo, sem mencionar o maior dos crimes, que é o Foro de São Paulo, continuará subserviente ao pacto de contornar divergências ideológicas.
É esse tipo de mordaça anestésica que o povo não suporta mais. É por isso que, saltando por cima dos representantes que se recusam a representá-lo, hoje ele sai às ruas para dizer o que eles não querem que ninguém diga.
Pois agora não ter de ouvi-lo e segui-lo, ou ficar para trás e ser jogados na lata de lixo do esquecimento.
*Filósofo
SÁBADO 15/11
Ao longo dos últimos dias entraram dezenas de mensagens, vindas de todos os cantos do país, contendo informações e pedidos para que todos aqueles que se sentem indignados com os rumos de nosso país, que não deixem de sair às ruas, neste sábado, 15 de novembro, data em que o país comemora (?) a Proclamação da República, para protestar contra o péssimo governo Dilma-petista.
1º GOLPE MILITAR
Antes de tudo, porém, é preciso esclarecer que, independente da data escolhida para ir às ruas e protestar, a Proclamação da República foi o primeiro Golpe Militar que o país sofreu desde o ano de 1500, quando foi descoberto (ou invadido) pelos portugueses.
Vale dizer que a Proclamação da República, que derrubou o Regime da Monarquia, foi urdida, exclusivamente, dentro dos quartéis. Não contou, portanto, com o apoio popular, que resultou surpreso com a decisão dos militares.
INTERVENÇÃO MILITAR
O curioso é que a grande maioria dos brasileiros só lembra do Golpe Militar de 31 de março de 1964, o qual, a bem da verdade, gostem ou não, naquele momento não passou de uma INTERVENÇÃO MILITAR, urdida e deflagrada a pedido do povo, que lotava as ruas com insistentes manifestações contra o Comunismo.
ATO INSTITUCIONAL 5
O Golpe, propriamente dito, vale frisar, só veio a acontecer no Brasil em 13/12/1968, quando o general Costa e Silva baixou o Ato Institucional número 5 (AI-5), o qual conferia poderes extraordinários ao Presidente da República e suspendia várias garantias constitucionais.
EXTENSA LISTA DE MOTIVOS
Bem, voltando ao tema -Manifestações de Rua-, prometidas para o dia 15/11, onde a lista de motivos para tal mobilização, como bem escreveu recentemente o pensador (Pensar+) Rodrigo Constantino, além de necessária e muito bem-vinda, é bem extensa: vai desde a roubalheira impune, o abuso de poder, o autoritarismo, ao desejo de controlar a imprensa e muitas outras.
TODO CUIDADO É POUCO
Todo cuidado, portanto, é pouco. Sabemos, conclui Rodrigo Constantino, do que essa turma é capaz. Podem até mesmo infiltrar seus agentes nas passeatas para destruí-las de dentro, acusando-as de demandar golpe militar ou algo do tipo. Não! As manifestações devem clamar pelo respeito aos valores republicanos e democráticos, pelo fortalecimento de nossas instituições, e não sua substituição.
Que todos lotem as ruas nesse feriado de nossa República, de forma ordeira e pacífica, com uma mensagem de resgate de uma democracia sólida. Que protestem contra essa “República de Bananas” que o PT vem instalando em nosso amado Brasil!
Em momentos de crise, a sensação de insegurança se espalha com muita rapidez. E estamos vivendo um momento de crise: não somente de crise econômica, embora esta também se faça evidente, mas principalmente de crise ética, religiosa e, porque não dizer, civilizacional.
Em situações assim, não é incomum que aqueles que estão no poder procurem razões – fora de si mesmos – as quais imputar a responsabilidade pelo fato de que as coisas não estão indo bem. Uma estratégia muito comum de governantes que desacreditam na alternância de poder como princípio democrático é a de afirmar que as atuais estruturas políticas e sociais não são suficientes para que ele possa exercer o poder necessário para levar o povo para fora da crise. O governante grita por mais poder; presume-se legítimo não apenas para conduzir o povo para a prosperidade, mas ao paraíso na terra, o que só não aconteceria, alegam, porque sua capacidade de fazer o necessário para isto está atada por princípios e estruturas que o restringem, e o impedem de redimir o povo da crise.
Este é um fenômeno que parece estar se desenhando no Brasil: vê-se o partido do governo propondo uma reforma política logo após quase sofrer uma grande derrota eleitoral, e defendendo a extinção de estruturas políticas multicentenárias como o Senado da República, ou tentando bloquear o que vê como canais de possíveis derrotas para si em votações no congresso e em futuras eleições, que são a imprensa livre e a possibilidade de financiamento privado (aberto e contabilizado) de campanhas.
Ora, os princípios são criados e mantidos exatamente para nos guiar nas crises. Na prosperidade, ninguém discute princípios. No entanto, a ideia de que são os princípios, as estruturas democráticas, a liberdade de expressão ou a participação de agentes privados em campanhas eleitorais os verdadeiros responsáveis pela crise escamoteia o fato principal: isto não é verdade. As crises nascem e algum outro lugar, não das estruturas democráticas e sociais, e desconstruir estruturas democráticas e sociais nunca foi caminho para solução de crise, senão para, como parece óbvio, criar um governo autoritário e acabar com a democracia.
É por isso que a própria Igreja construiu um sistema sólido de Doutrina Social, firmemente ancorado numa ética cristã que, se de um lado possui uma sustentação de razoabilidade firme como rocha, por outro lado respeita a interpelação de Deus no dado revelado. Por essa mesma doutrina social, o Estado – e seus eventuais ocupantes – não são a panaceia geral, mas servidores da sociedade, e não têm a legitimidade para pleitear mais poder, desconsiderando o princípio da subsidiariedade, mesmo a pretexto de soluções “sociais” para crises. Há problemas que não cabe mesmo ao Estado resolver, mas apenas reforçar as demais estruturas sociais para que estejam capacitadas a fazê-lo.
Não faz parte da doutrina social da Igreja acreditar que os cristãos somente ajudam os mais pobres de verdade quando votam num governo que alegadamente faça isso por eles. De fato, sabe-se que Jesus nunca ensinou que os cristãos deveriam simplesmente delegar ao governo o dever de ajudar os mais pobres. A doutrina social da Igreja sempre ensinou que se deve fazer uma “opção preferencial pelos pobres”, mas jamais que o Estado, de algum modo, devesse receber mais poderes, mais delegações, devesse desconstruir estruturas familiares, restringir meios de comunicação social, impedir a plena participação do setor privado no processo eleitoral, desfazer estruturas republicanas, de modo a exercer uma suposta benignidade para com os mais pobres em nome e por delegação dos cristãos.
A Doutrina Social da Igreja, na verdade, sempre instruiu que lutar pelos mais pobres era um dever de todos, não um monopólio de um governo “social”. Mesmo porque, a julgar pelo que se vê na rua todos os dias, a estratégia do governo não está adiantando. E não por culpa da “falta de uma reforma política”. Mas por políticas econômicas desastradas, falência ética, excesso de drogas e incapacidade de lidar com elas, falta de perspectiva, falta de segurança e massiva partidarização das escolas que escolhem não ensinar, mas doutrinar, apenas para citar alguns problemas.
Há muitos debates a serem feitos, com toda a franqueza e honestidade, sobre quais os meios mais adequados para resgatar os mais pobres; dentre eles, é claro, a compreensão e prática mais firme da doutrina social da Igreja, por todos e cada um de nós, cristãos.
Mas imaginar que a única maneira de ser cristão é dar mais poder a “partidos populares”, ou que a Doutrina Social da Igreja de algum modo nos obriga a dar irrestrito apoio a programas sociais estatais assistenciais e massivos, ou a quem propõe alinhar o país a blocos internacionais socialistas em nome do combate ao “capitalismo internacional”, e que a Igreja deveria, portanto, estar ao lado da desconstrução das estruturas democráticas, familiares e sociais como única maneira de tornar mais forte um governo “social” que promete tornar “efetiva' sua opção preferencial pelo pobre é uma tentação, mas, como toda tentação, deve ser fortemente resistida.
Os mais pobres precisam de educação, saúde e emprego, de estabilidade econômica e de solidariedade entre si e com os demais. Dar mais poder ao Estado, ao contrário, é torná-lo mais paternalista, mais centralizador da economia, mais gerador de dependências. Os mais pobres precisam de famílias bem estruturadas, estáveis e fecundas, para serem apoios recíprocos e fortalecer a sociedade. Não se obtém este objetivo apoiando o aumento de poder político de um grupo cuja ideologia proclamada é a “desconstrução da heteronormatividade”, a “destruição do modelo (segundo eles) patriarcal e dominador de família em que o homem provê e a mulher reproduz”, por um modelo em que ambos trabalhem duramente e o dia todo, suas ligações afetivas sejam circunstanciais e facilmente substituíveis e o Estado se ocupe plenamente da atenção e dos cuidados com as crianças que sobreviverem às políticas públicas de contracepção artificial, esterilização em massa e aborto irrestrito. Os mais pobres precisam de apoio na velhice e na doença, e não de um governo que se veja cada vez mais capaz de promover a legalização e adoção da eutanásia e do suicídio assistido, e cuja política de saúde mais propagandeada seja a importação de médicos estrangeiros de habilitação duvidosa mediante o pagamento da maior parte do respectivo salário aos governantes daquele país.
A crise é forte, e não há horizonte de melhoras. Está havendo uma radicalização inegável no discurso do governo. O apelo governamental a uma suposta “política pelos pobres” não pode silenciar o profetismo cristão, nem em nome de uma leitura simplista da doutrina social católica. Que em nenhum lugar estabelece que é dever cristão ampliar o domínio do Estado em mãos da esquerda socializante. Que, aliás, onde se instalou, passou a combater a Igreja e a própria liberdade religiosa.
Muito já se falou e escreveu sobre a subversão continental patrocinada por Cuba, desde os primeiros anos da década de 60 até os dias atuais. Todavia, até hoje a verdade ainda permanece obscura. O artigo abaixo é uma contribuição à busca dessa verdade, baseado no livro “La Subversion”, Montevidéu, com 1.522 páginas, em dois tomos, editado pelas Forças Armadas do Uruguai em 1977.
A introdução do “La Subversion” assinala que a documentação em que se baseia foi obtida pelo esforço feito muito além do cumprimento do dever, e em muitas páginas existem as impressões digitais do sangue derramado por oficiais, soldados e policiais que caíram defendendo os postulados e valores sobre os quais descansa o sistema jurídico-político do mundo ocidental.
A principal fonte de informação foi constituída pelos próprios guerrilheiros, baseada em seus documentos, apreendidos em inumeráveis procedimentos, bem como em suas idéias, suas opiniões, suas apreciações que, em forma objetiva, permitiram conhecer a natureza das organizações desde o ponto de vista teórico, pois a prática, a realidade se encarregou de mostrar.
Duas circunstâncias tiveram uma incidência decisiva sobre a subversão na América Latina: o êxito da ação guerrilheira iniciada em Cuba em 1953, com o ataque ao Quartel Moncada e o conflito sino-soviético nos anos 60.
O triunfo da revolução em Cuba marcou o início de uma etapa revolucionária na América Latina, pois demonstrou – como disse Che Guevara – que não seria necessário esperar que se apresentem, juntas, as condições objetivas e subjetivas. O dinamismo da luta faria com elas amadurecessem. Até então, a possível tomada do Poder nunca se havia apresentado como uma possibilidade imediata, mas a revolução cubana deu fim a todo um conjunto de velhas concepções dos partidos marxistas tradicionais e inaugurou o início de uma nova etapa.
Por outro lado, a querela sino-soviética viria agregar-se à tomada de consciência dos setores revolucionários do continente. Opostos à ortodoxia tradicional dos partidos comunistas, os chineses estabeleceram uma posição frente ao “sistema imperialista mundial”, que teve um impacto sobre numerosos setores revolucionários e contribuiu com a tomada de consciência da necessidade de colocar em ação a “luta popular”, buscando novos métodos e formas de trabalho, a partir do cerco das cidades pelos campos.
O regime castrista se propôs, desde os primeiros dias, a exportar sua revolução a toda a América Latina, segundo o figurino de sua própria experiência, baseada em focos guerrilheiros nas áreas rurais, independentes dos tradicionais partidos marxistas-leninistas ortodoxos, como posteriormente escreveu Regis Debray, em seu livro “Revolução na Revolução”.
Segundo essa idéia, qualquer grupo organizado e suficientemente audaz teria possibilidade de derrubar um governo, vencer sua polícia e seu Exército e instaurar a “nova sociedade socialista”, que os partidos comunistas tradicionais anunciavam desde o início dos anos 20 do século passado.
Na viagem que, como chefe da revolução triunfante, realizou a Caracas em fins de janeiro de 1959, Fidel Castro propôs a criação de um organismo para impulsionar a subversão a toda a América Latina (esse organismo só seria constituído em 1967: a Organização Latino-Americana de Solidariedade - OLAS).
Tal atitude, que teve enorme repercussão e despertou grande expectativa, transformou Havana na Meca aonde seriam formados milhares de revolucionários latino-americanos e da África. A essa insólita proposição seguiram-se, quase de imediato, os desembarques de cubanos armados no Panamá, Nicarágua, República Dominicana e Haiti, que se constituíram em um estrepitoso fracasso. Foi essa a razão que levou Fidel a projetar e planificar um vasto programa de subversão continental de doutrinamento político e treinamento militar de guerrilheiros latino-americanos nas técnicas da guerra de guerrilhas, espionagem, sabotagem e terrorismo em escolas e centros estabelecidos na Ilha.
É comum que se diga até hoje que fulano ou beltrano recebeu treinamento em Cuba, sem deixar claro, todavia, onde teria sido realizado tal treinamento, dando a impressão de que eram realizados em um único local, especialmente capacitado para isso.
Mas não foi assim. Mais de vinte estabelecimentos destinados a adestrar e instruir os agentes revolucionários da América Latina e da África foram instalados em Cuba desde o primeiro momento da revolução. Esses estabelecimentos, verdadeiras academias de subversão, reproduziam no continente americano técnicas da guerra revolucionária utilizadas anteriormente na URSS e China na preparação de experts em conspiração, insurreição e conflitos sociais.
As escolas soviéticas de subversão – como a de Kuchino, instalada no bairro de mesmo nome, em Moscou -, em cujos programas de estudos se incluem cursos de judô, seqüestros, uso de armas especiais para assassinatos, manejo da propaganda, táticas de insurreição armada, fabricação de armas e explosivos, derrubada de pontes, apoderamento de centrais elétricas e estações de rádio, falsificação de documentos oficiais e penetração ideológica nas Forças Armadas, tiveram uma rápida réplica nas escolas e centros cubanos destinados a ministrar treinamento aos países da América Latina e da África.
Recorde-se que foi em 1911, na escola clandestina do Partido Bolchevique, em Longjumeau, França, que Lênin traçou o desenho de tais centros de subversão, destinados, segundo dizia, a preparar “corpos de trabalhadores revolucionários especialmente adestrados durante um longo período de treinamento”.
Nas Escolas Especiais cubanas, dependentes da Direción General de Informaciones (DGI), receberam treinamento milhares de militantes dos países latino-americanos. Entre tais centros de “ensino” podem ser mencionados os seguintes:
- Escola El Cortijo, para pessoal militar, na cidade de Pinar Del Rio;
- Escola Ciudad Libertad, em Marianao, cidade de Havana, a cargo de instrutores soviéticos;
- Escola Blas Roca, em Los Pinos, cidade de Havana;
- Escola Marcelo Salado, em Luyanó, Havana;
- Centro de Capacitación Juvenil, na Fortaleza Militar de La Cabaña, cidade de Havana;
- Escola Boca Chica, na Praia de Tarará, município de Guanabacoa, cidade de Havana, que funcionou sob a chefia do general comunista espanhol Alberto Bayo Gosgaya, com instrutores russos e checos, segundo narração do militante de esquerda venezuelano Juan de Dios Marin; o texto principal de estudo consistia no livro do próprio Bayo, intitulado “150 Pontos que uma Guerrilha deve saber”;
-Campo de treinamento para Haitianos, centro-americanos e guyaneses, nas proximidades da cidade de Trinidad, ao sul da cidade de Las Villas;
- Escola Julio Antonio Mella, na praia de Marbella, município de Guanabacoa, cidade de Havana;
- Campo de treinamento em problemas agrários e sabotagem rural, em San Pedro, cidade de Camaguey, para bolivianos, peruanos e colombianos;
- Campo de treinamento para equatorianos e bolivianos, nas cercanias da cidade de Nuevitas, ao norte da cidade de Camaguey;
- Campo de treinamento para 300 homens, para venezuelanos, no município de Victoria de las Tunas, cidade de Oriente;
- Centro Especial para Venezuelanos, de adestramento em agitação e luta guerrilheira, no município de Mayari, ao norte da cidade de Oriente;
- Centro Minas de Frio, o mais avançado e o de maior importância na preparação de guerrilheiros, em Sierra Maestra, ao sul da cidade de Oriente;
- Centro Lumumba, para treinamento em luta guerrilheira, na Sierra de Siguanea, na Isla de Pinos;
- Centro de treinamento para Peruanos, incluindo o ensino do idioma quéchua, em 17 y L, bairro de Vedado, cidade de Havana;
- Escola para Bolsistas Latino-americanos, com capacidade para 800 bolsistas, onde era ministrado ensino político e militar em Santa Maria Del Mar, município de Guanabacoa, cidade de Havana;
- Centro de treinamento para nativos do Congo, no quilômetro 7 da estrada a Bejucal, cidade de Havana;
- Centro de treinamento para Africanos, na fazenda La Unión, em Bahia Blanca, município de Cabañas, cidade de Pinar Del Rio;
- Centro de treinamento para Ghaneses, na fazenda Villalba, bairro de El Cano, município de Marianao, cidade de Havana;
- Acampamento do Serviço Militar Obrigatório, para treinamento de jovens cubanos a serem enviados ao então Vietnã do Norte, a cargo de instrutores soviéticos, a 2 quilômetros da povoação Santiago de Las Vegas, cidade de Havana;
- Acampamento para Treinamento de Guerrilheiros, com capacidade para 200 homens, em Jardins de Hershey, município de Santa Cruz do Norte, cidade de Havana;
- Zona de Treinamento em Artilharia de Montanha, para bolivianos, guatemaltecos, peruanos e venezuelanos, na região montanhosa de San Cristóbal, cidade de Pinar Del Rio.
Além dessas Escolas e Centros, existem também os Institutos Tecnológicos Agropecuários, as Escolas do Instituto Nacional de Reforma Agrária, as Universidades e as Escolas de Pesca, onde, além do ensino ideológico, se ministra instrução política e militar.
Outros centros destinados especialmente à preparação subversiva são as Escolas de Instrução Revolucionária, nas quais, já em dezembro de 1966, funcionavam 244, de conformidade com as seguintes divisões: 2 Escolas Superiores de Instrução Revolucionária; 4 Escolas Nacionais de Instrução Revolucionária; 12 Escolas Provinciais de Instrução Revolucionária; 25 Escolas Básicas de Instrução Revolucionária e 201 Escolas Básicas de Instrução Revolucionária (noturnas).
Desde a fundação dessas Escolas de Instrução Revolucionária até dezembro de 1966, passaram por elas 145 mil estudantes. Regis Debray foi instrutor nessas escolas.
No período compreendido entre 1960 a dezembro de 1966, mais de 6 mil jovens latino-americanos receberam treinamento em Cuba, regressando a seus países de origem para atuar na guerra de guerrilhas. Cerca de 250 militantes brasileiros, até meados dos anos 70, receberam esse tipo de treinamento.
Um telegrama das agências internacionais de notícias difundiu mundialmente, em 18 de março de 1962, um informe sobre esses cursos nos seguintes termos: “Uma organização clandestina cubana contrária ao regime descobriu os planos de subversão comunista na América Latina e o intensivo adestramento militar e de doutrinamento a que são submetidos atualmente 1.500 latino-americanos que depois organizarão e dirigirão movimentos guerrilheiros. Cruzada Autêntica Revolucionária, em um informe enviado clandestinamente desde Cuba, assegura que os futuros guerrilheiros recebem o adestramento em vários estabelecimentos militares e que os instrutores são os comunistas espanhóis Enrique Lister, Alberto Bayo e Manuel Monreal, além de outros militares cubanos (...). Os alunos são recrutados em cada país pelos partidos comunistas ou por agrupamentos cripto-comunistas e são enviados a Cuba como convidados pelo Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP) (...)” (citado por Alejandro Rovira, Las Associaciones Ilícitas en la Legislación Uruguaya, Montevidéu, 1963, páginas 312 e seguintes).
Além disso, o minucioso informe produzido em 1964 pela Comissão Investigadora designada pela OEA para apurar as denúncias formuladas pela Venezuela contra Cuba permitiu comprovar a intromissão deste país nos assuntos internos de outros através de atos tais como: introdução de propaganda subversiva e armamento em território venezuelano; treinamento de guerrilheiros e terroristas venezuelanos nas “academias” cubanas de subversão; financiamento e planejamento das atividades subversivas na Venezuela pelo governo cubano, etc.
Tais evidências permitiram à Comissão concluir que “o conjunto de atos resenhados e especialmente o envio de carregamentos de armas, configura uma política de agressão do atual governo de Cuba contra a integridade territorial, a soberania política e a estabilidade das instituições democráticas da Venezuela”. Três anos depois, e ante denúncias de igual natureza, outra Comissão similar produziu um informe semelhante, com declarações do ex-agente castrista e ex-integrante das milícias nacionais revolucionárias cubanas, de origem venezuelana, Manuel Celestino Marcano Carrasquel (“Subversão na América Latina”, 1967, Miami, publicado pela Federação Ibero-Americana de Editores).
Também funcionaram em Cuba institutos de doutrinamento e preparação subversiva para mulheres, como o Liceo Feminino, instalado nas imediações de Havana, a cargo exclusivamente de instrutores soviéticos, em cursos com duração de 6 a 8 meses, sobre espionagem, sabotagem, enfermaria, psicologia e investigação. Deve ser assinalado que diversas militantes de organizações revolucionárias brasileiras receberam esse tipo de treinamento.
Finalmente, observe-se que algumas dessas Escolas e Institutos, embora o comunismo realmente existente tenha naufragado em todo o mundo e em Cuba esteja em estado falimentar, ainda existem e funcionam.
* Historiador
Nous sommes en 50 avant Jésus-Christ ; toute la Gaule est occupée par les Romains… Toute ? Non ! Car un village peuplé d’irréductibles Gaulois résiste encore et toujours à l’envahisseur. Et la vie n’est pas facile pour les garnisons de légionnaires romains…
No prefácio com o qual distinguiu meu livro “Nunca Antes na Diplomacia…: a política externa brasileira em tempos não convencionais”, o embaixador Rubens Barbosa começa exatamente por essas palavras: “Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos… Toda? Não! Uma pequena aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste bravamente ao invasor. E a vida não é nada fácil para as guarnições de legionários romanos…”. Ele continua dizendo que eu não sou exatamente um “asterisco” na bibliografia brasileira de relações internacionais e de política externa, dado o acúmulo de obras já produzidas nessas áreas, e que tampouco me pareço com Obelix, embora eu costume arremessar menires intelectuais contra os acadêmicos ingênuos que interpretam o mundo através de seus livros.
O Brasil se encontra dividido em quase duas metades simétricas.
Com efeito, creio poder orgulhar-me de uma boa contribuição para a literatura especializada nesses campos que constituem minha especialidade de pesquisa e de produção de trabalhos acadêmicos, ademais de participar do debate intelectual nessas e em outras áreas de relevante interesse público para o Brasil. Mas o fato é que, nos últimos dois meses, pelo menos, eu tinha deixado de lado essa produção voltada para estudos mais estruturais, ou de natureza mais analítica, passando a ocupar-me de pequenos textos de intervenção na realidade política do país, em compasso com a conjuntura eleitoral. Até cheguei a inverter uma antiga resistência a certas ferramentas de comunicação social, como o Facebook, por exemplo – que considero, acertadamente, como um grande “perdedor de tempo”, o precioso e extremamente exíguo tempo de que disponho para ler e escrever – para participar mais ativamente do debate político que incendiou o país em torno de dois projetos de nação.
A questão agora não é tanto pessoal – embora eu tenha que confirmar um novo retraimento nos estudos de maior profundidade, em lugar da dispersão em textos curtos de intervenção no debate político – quanto ela é, justamente, de natureza social, mais especificamente, no caso presente, de ordem intelectual grupal. Aparentemente, o Brasil se encontra dividido em quase duas metades simétricas, não exatamente opostas no plano das políticas públicas – uma vez que ambos tendem a confirmar o papel bastante preponderante do Estado no encaminhamento dos principais problemas nacionais – quanto elas o são no que respeita as filosofias que subjazem aos programas de governo das duas coligações que se digladiaram nas eleições presidenciais de 2014. As pessoas, como eu, mais identificadas com a preeminência do indivíduo sobre o Estado, com os terrenos das liberdades individuais e das iniciativas privadas, como forma de superar os graves problemas de desenvolvimento econômico e social do país, podem estar se sentido órfãs no momento presente, quando triunfam – não de maneira acachapante, mas ainda assim de modo incisivo – os elementos mais negativos da institucionalidade política e da mobilização social, o que pode dar uma impressão de desesperança, ou de inutilidade, quanto à mensagem que elas gostariam que fosse, finalmente, incorporada ao ideário brasileiro do desenvolvimento nacional: o das liberdades econômicas, o da redução do papel do Estado e da promoção concomitante do papel da iniciativa privada, da concorrência sadia, da abertura econômica e da liberalização comercial, como as formas mais adequadas para justamente fazer o país avançar.
Uma sombra de desesperança, quando não de desespero, perpassa as mentes e as vontades mais engajadas nos combates dos dois ou três últimos meses: alguma intenção de abandonar o combate intelectual, projetos de abandonar o país, retraimento em áreas de exclusivo interesse pessoal, enfim, retirada do campo de batalha e abandono do terreno de lutas que sempre foi o nosso: não necessariamente a liça eleitoral, mas o esforço didático de educação política, de esclarecimento econômico, de defesa da lógica e da promoção do raciocínio inteligente na exposição, análise e divulgação de pontos de vista que se identificam com uma visão liberal, libertária, em todo caso de democracia avançada e de regimes de mercados como os mais consentâneos com a construção de um país progressista, avançado no plano das liberdades individuais e comprometido, tanto quanto outras correntes, com a redução de iniquidades sociais e de falta de oportunidades para os menos contemplados com riqueza pessoal ou familiar.
Não somos poucos, mas certamente somos minoria, pelos tempos que correm. Mas, se tivermos certeza da validade de nossas ideias, do acertado de nossas propostas, da adequação de nossos projetos aos ideais de um mundo livre e de um Brasil mais próspero, não podemos recuar no combate intelectual. Constituímos, no presente, uma espécie de quilombo de resistência intelectual contra ideias e propostas aparentemente dominantes, mas que sabemos contraditórias ou mesmo retrógradas em relação aos valores e princípios de organização social, econômica e do trabalho produtivo, que caberia imprimir a setores mais vastos da sociedade brasileira para retomar um curso mais virtuoso de desenvolvimento com plena defesa das liberdades individuais e coletivas no Brasil contemporâneo.
Não vamos nos desmobilizar: combateremos à sombra – no duplo sentido analógico e metafórico – mas combateremos, reorganizando nossas forças, examinando o panorama após a batalha, e traçando novas estratégias e novos princípios táticos para melhor posicionar nossas ideias – como diria um especialista em publicidade – com vistas a conquistar mais terreno nos espaços que são os nossos: estes são, basicamente, de inteligência, de trabalho analítico, de esforço didático e de continuidade no nosso próprio esforço de aprofundamento do estudo das questões teóricas, dos problemas do Brasil e da região, da discussão em torno de propostas factíveis de melhorias gradativas num país que escolheu, temporariamente pelo menos, mais distribuir do que produzir.
Esse esforço não é em vão, e não será inútil, pois ele corresponde exatamente às nossas vantagens comparativas, às nossas qualidades de pesquisadores, aos nossos projetos de vida e ao nosso engajamento no terreno do debate de ideias em prol de um país mais avançado. Momentaneamente, estamos submergidos pelas hordas de hunos e de visigodos, que destruirão um pouco mais dos valores acadêmicos que tanto prezamos e que tanto procuramos defender, contra o culto da ignorância e da crua prepotência antiliberal, mas a escuridão não é completa, nem está ela destinada a durar para sempre. Persistiremos em nosso quilombo, que aos poucos vai se alargar à medida em que consigamos propagar nossas luzes, com base unicamente na razão prática e na lógica bem fundamentada.
Este é justamente o momento de se fazer um balanço completo das razões e das causas do triunfo das nulidades, e da nossa própria derrota, para traçar um programa de trabalho, de estudos e de discussões, que focalize as questões mais relevantes da atualidade brasileira e internacional. Dispomos de ferramentas analíticas para tanto e de instrumentos operacionais para persistir nessa missão intelectual. Vou me dedicar a estudos de maior profundidade, a trabalhos de maior consistência empírica, mas não pretendo abandonar a arena do debate público e da apresentação de propostas, sempre quando minhas vantagens comparativas se revelarem úteis nesse tipo de trabalho. Não esmorecer é a palavra do momento; redobrar os esforços é um projeto decidido.
Allons, enfants, a aldeia continua resistindo…
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*Diplomata e professor universitário