• Paulo Briguet
  • 18 Junho 2015

A blasfêmia é tão antiga quanto a religião; na verdade, tão antiga quanto a criação. A serpente do Paraíso é o primeiro blasfemador da história – e obteve êxito. Na segunda criação do homem, a ofensa a Deus também estava presente. Além de ter sido acusado de blasfemar pelas autoridades religiosas de sua época, Jesus Cristo foi vítima de blasfêmias no momento em que estava pregado à cruz, sofrendo dores lancinantes: “Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e nós creremos nele!” (Mt, 27,42) Por isso, não me escandalizo com as blasfêmias contemporâneas. Só sinto uma profunda pena, uma invencível vontade de rezar pelos blasfemadores. Acham-se ousados, não sabem como são típicos. Um dia terão consciência do erro que cometeram.

A mais antiga imagem pictórica do cristianismo é um ato de blasfêmia. Trata-se do grafite de Alexamenos, encontrado durante escavações no Monte Palatino, em Roma, no ano de 1875. Calcula-se que o grafite seja do século III da era cristã. O desenho em gesso mostra a crucificação de um burro, tendo a seus pés um fiel em atitude de adoração. A legenda, em grego, diz: “Alexamenos adora seu deus”. Imagine-se que Alexamenos seja um cristão dos primeiros tempos, ridicularizado por seus colegas.

Nos tempos modernos, um dos maiores alvos dos blasfemadores é a família. Os novos colegas de Alexamenos fazem isso porque sabem que o núcleo familiar sempre foi a maior força de resistência contra as arbitrariedades do Estado e da ideologia. Marx, Trotski, Stalin, Mao e Fidel estavam conscientes dessa força. Tanto é que fizeram tudo para destruir as famílias de seus contemporâneos – e acabaram destruindo as suas próprias.

Um dos truques da blasfêmia moderna é esconder-se sob as palavras. Os ideólogos querem agora promover a sexualização das crianças disfarçada com o nome “ideologia de gênero”. De minha parte, acho um milhão de vezes pior a blasfêmia que pode atingir nossos filhos na escola do que aquela feita meramente para atrair manchetes na mídia. A serpente que se esconde é mais perigosa do que a serpente que se mostra. Vigiai e orai!

http://www.jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra/blasfemia/

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  • José Antônio Giusti Tavares
  • 18 Junho 2015


(Publicado originalmente em www.polibiobraga.com.br)

O Professor Luis Milman, conhecido pela propriedade e pelo rigor de suas atitudes quanto às questões políticas, denunciou o grave documento no qual o Pró-Reitor de Posgraduação da Universidade Federal de Santa Maria instou a comunidade acadêmica a identificar nomear os israelitas que em qualquer condição exerciam atividade do campus daquela instituição, invocando tratar-se de uma solicitação que respondia a requerimento de duas ou três entidades locais, entre as quais o Comitê Santamariense de Solidariedade ao Povo Palestino, buscando desagravar as ofensas físicas e morais infligidas àquele povo pelo Estado de Israel. Segundo o documento do Pró-Reitor, o atendimento ao pedido respondia a um imperativo da lei do acesso à informação. Ulteriormente o Reitor e outros membros da alta administração da Universidade simplesmente confirmaram o ato do Pró-Reitor.

A partir da denúncia do Professor Paulo Milmanl, três judiciosos jornalistas, Políbio Braga, Reinaldo Azevedo e Vitor Veira, dedicaram largos e continuados espaços editoriais à condenação veemente desse insólito crime de racismo, que lembra os primórdios da propaganda nazista.

Há pelo menos dois conjuntos de motivos que impõem ao autor deste breve artigo o dever de somar-se, embora um pouco tardiamente, ao clamor dos três magníficos analistas políticos ora mencionados diante daquele nojento absurdo moral.

Exerci ao longo de mais de três décadas a docência de ciência política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e por períodos alternados atuei como convidado, em pesquisa e em ensino, na Fondation Nationale des Sciences Politiques, de Paris, e da Notre Dame University, de Indiana/US; enfim, cerca do ano 2000, perturbado menos pelos totalitarismos clássicos – o comunismo russo, o fascismo italiano e o nacional-socialismo alemão – do que pela rápida expansão do PT, o ovo da serpente que já ameaçava o país, distanciei-me da minha área de concentração – o estudo da representação política e dos sistemas eleitorais – passando a dedicar-me a investigar o tema tenebroso e complexo do petismo, que denominei totalitarismo tardio. Aposentado da UFRGS, tive o privilégio de ensinar ciência política em posgraduação na Universidade Federal de Santa Maria, a convite do Professor Selvino Malfati, em período de dois anos, durante o qual nunca tive o dissabor de presenciar tamanha barbárie como a que ora me produz indignação e tristeza. Uma visita cordial aos dirigente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, que aliás havia silenciado e tentar silenciar o Professor Milman sobre a grave ofensa não pode repará-la, simplesmente porque esse dirigente não é o povo ou Estado de Israel nem seu embaixador.

O argumento dos reitores da UFSM ultrapassa a idiotia porque a lei do acesso à informação não pode dar mais legitimidade ao crime que a informação serve do que o porte legal de arma ao assassino.

Por fim, o Comitê Santamariense de Solidariedade ao Povo Palestino, a organização mais ativa na produção do evento que manchou a imagem da UFSM tem como membro o deputado petista Paulo Pimenta, que publicou em seu espaço midiático um artigo tendencioso sobre a questão palestina, evadindo-se da responsabilidade com a evasiva de que não fora de sua autoria. Nos últimos tempos de seu governo, Tarso Genro simplesmente revogou um acordo de investimento com uma empresa israelita de tecnologia avançada, que beneficiaria consideravelmente o Rio Grande do Sul, com fundamento ano bloqueio da esquerda internacional contra Israel ao qual certamente o ultracomunismo petista deveria marcar presença.

Líderes judeus construíram o primeiro Estado comunista do mundo e foram destruídos pelo seu segundo ditador: entre eles a mão assasssina daquele Estado estendeu-se até o México para eliminá-lo insidiosa e cruelmente.

Concluída a segunda guerra mundial, a nação judaica, emergindo da tragédia do Holocausto, mas dispersa e sem pátria, edificou-se como Estado, Israel, habitando o Oriente Médio por consenso humanitário das nações. Mas, ao fazê-lo, cometeu dois graves erros, ambos não voluntários mas inerentes à grandeza de sua cultura: instalou nos limites do mundo eslavo e árabe a cultura e os valores do Ocidente – de origem civilização heleno-judaico-cristã, que desafiava o sonho czarista imorredouro da Terceira Roma, que sobreviveu mais vigoroso com o comunismo e sobrevive ainda mais forte sob Putin. Por esse motivo o namoro inicial de Stálin com Israel durou muito pouco.

Israel é a trincheira avançada da cultura ocidental e agredi-la define os inimigos do Ocidente ou, o que é o mesmo, de toda a verdadeira cultura e espiritualidade.

Por esse motivo, Professor Luis Milman, te saúdo, saúdo a tua coragem e o teu desassombro diante dos fantasmas que cercam a civilização.    

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  • Entrevista de Zenit com o Pe. Étienne Roze
  • 16 Junho 2015

Por Federico Cenci
Roma, 11 de Junho de 2015 (ZENIT.org)


"A complementaridade entre o homem e a mulher, ápice da criação divina, está hoje sendo contestada pela chamada ideologia de gênero", voltou a dizer o papa Francisco, na última segunda-feira, durante um encontro com os bispos de Porto Rico em sua visita ad limina. A preocupação do papa reflete a de toda a Igreja, chamada a testemunhar a beleza da diferença sexual diante da proliferação de uma ideologia que tenta corroer a milenar herança biológica e antropológica da humanidade.

O padre Étienne Roze, pároco de origem francesa na diocese italiana de Albano Laziale, doutor em ciências do matrimônio e da família e autor do ensaio “Verdade e esplendor da diferença sexual”, aborda nesta entrevista as origens da teoria do gênero, as implicações que dela decorrem e o caminho para vencermos esta batalha contra um pensamento único disposto a destruir as diferenças.


ZENIT: Pe. Roze, como é que se chegou a questionar um dado que sempre foi óbvio para os homens de todas as épocas e culturas, como é o caso da diferença sexual?

Pe. Étienne Roze: Para responder a esta pergunta, eu tenho que voltar às fontes da teoria de gênero. Ela tem a ver com um desvio da inteligência cujo cume é o niilismo. A natureza se torna sem sentido, o homem vira Deus e molda a realidade e a verdade a seu gosto. Então, na medida em que a realidade à nossa volta não é mais um dado original que nos precede e que nos dá significados, nós pretendemos redefinir também a diferença sexual. Este retrocesso cultural se corrobora com as aplicações modernas do niilismo, como, por exemplo, o existencialismo, o construtivismo e o estruturalismo, que foram estudados, absorvidos e reinterpretados pelas feministas ativas nas universidades norte-americanas dos anos 70 e 80. É desta síntese que nasce a teoria de gênero, que dá as caras publicamente em 1995, em Pequim, durante a Conferência Mundial sobre as Mulheres. Na ocasião, a feminista Judith Butler teoriza, pela primeira vez num contexto tão importante, um dualismo entre gênero e sexo.

ZENIT: A teoria de gênero é brandida pelos seus proponentes como uma arma contra a discriminação...

Pe. Étienne Roze: Exatamente. Faz parte de uma dialética de ódio e de antagonismo entre dois elementos, de modo que um possa derrotar o outro. É o passo que leva do niilismo ao marxismo, que tenta traduzir a filosofia em história. Karl Marx é o mestre dessas feministas. O comunismo criou um conflito para suprimir a discriminação entre o proletariado e o capital, mas sabemos como foi que isso acabou... Hoje, na reinterpretação feminista do método de Marx, o capital é representado pela heterossexualidade e o proletariado por todos os gêneros fluidos e em contínua mutação, que, em inglês, são indicados pelo termo “queer”. São mais de cinquenta, além das identidades agrupadas na sigla LGBT. De acordo com especulações dessas feministas, a história foi dominada durante séculos pela opressão da heterossexualidade como condição para a reprodução dos seres humanos, mas finalmente chegou a hora em que as correntes da escravidão serão quebradas. De que forma? Com a ectogênese, ou seja, a possibilidade de ter filhos fora de um corpo feminino. Assim, ser mulher não terá mais nada a ver com o fato real da maternidade, que seria completamente absorvida pela biotecnologia.

ZENIT: Essa ideologia está infiltrada em edifícios institucionais, locais de cultura, escolas... Quem se beneficia com isso?

Pe. Étienne Roze: Isso é útil para quem está no poder, para quem tem interesse no pensamento único, porque isso deixa a humanidade dócil a qualquer imposição. A história mostra que afirmar um pensamento único deixa as coisas mais fáceis para as classes dominantes. Há exemplos recentes e atrozes, como a pretensão de Hitler de impor o domínio da raça ariana, ou a do comunismo de massificar as pessoas e privá-las da sua dignidade. A teoria de gênero certamente não interessa à humanidade, porque a diferença é a condição do nascimento. Se a diferença for eliminada, teremos uma lacuna que vai nos destruir. É um cenário que lembra o que lemos na Bíblia.

ZENIT: Em que passagens?

Pe. Étienne Roze: Por exemplo, no capítulo 7 de Jeremias, versículo 34, encontramos: "Eu farei cessar nas cidades de Judá e nas vias de Jerusalém os gritos de alegria e a voz do regozijo, a voz do esposo e da esposa, porque o país será reduzido a um deserto". E no Apocalipse, capítulo 18, versículos 21 a 23, lemos: "... e a voz do esposo e da esposa não será mais ouvida em ti". Bom, eu não gostaria de passar por profeta de catástrofes, mas a sociedade concebida pelos defensores da teoria de gênero, privada da diferença entre homens e mulheres que possam se unir e procriar, se tornaria um deserto...

ZENIT: Como evitar este cenário? O cardeal Elio Sgreccia escreve na introdução do seu livro: "A melhor refutação da filosofia desconstrutivista de gênero está na apresentação da positividade da antropologia cristã"... Pode nos falar mais sobre isto?

Pe. Étienne Roze: O cardeal Sgreccia captou a intuição por trás do meu livro, que flui das palavras de Fiodor Dostoiévsky: "A beleza salvará o mundo". No texto, depois de apresentar a teoria de gênero no primeiro capítulo, eu tentei destacar a verdade e a beleza da diferença sexual, considerando-a em nível filosófico, exegético, antropológico, biológico e psicológico. Ao longo dos séculos, as várias heresias permitiram que a Igreja realizasse um trabalho profundo para refutá-las. Hoje, embora não seja uma heresia, mas uma ideologia, a teoria de gênero está nos dando a oportunidade de aprofundar na dimensão criatural da diferença sexual. Por isso, é importante agir em dois níveis: no setor público, por meio de manifestações, e também no setor intelectual. É questão de captar, encarar e lutar positivamente essa nova batalha.

 

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  • Luis Milman
  • 16 Junho 2015

Sabemos que dos anos 60 para cá, a mentalidade confessional-esquerdista no Brasil só se faz consolidar. Uma das suas consequências destacadas, ainda que indireta, é a formação de um consenso sobre a idiotia do pensamento de direita, seja ele conservador ou liberal. Na mesma proporção em que vem se propagando pelos meios cultural e político, o confessionalismo esquerdista faz crer que as alternativas a ele são meramente reacionárias, ou - o que é pior- mesmo fascistas; e, por isso, não devem sequer ser estudadas ou debatidas, pelo seu primitivismo.

A mentalidade confessional conseguiu injetar, desde o meio escolar até o meio culto, a noção segundo a qual estar ao lado da direita é defender posições torpes, como a desigualdade social, a exploração dos pobres, a discriminação dos negros e a manutenção de posições de poder econômico e político, para ficar nisso. Logo, não pode existir, neste ambiente degradado, um pensamento sofisticado e antagônico ao pensamento de esquerda. Somente este deve ser discutido, estudado e praticado. A pregação da linha justa inicia-se nas escolas, por meio de professores de história e ciências sociais; e são raríssimos os casos em que se oferece, a estudantes universitários, informação básica sobre pensadores não-marxistas, todos eles taxados de irrelevantes, menores e indecorosos.

O resultado deste fenômeno é a colonização das consciências por um esquematismo marxista, a todo momento e de todas as formas, reproduzido nos meios de comunicação e na Universidade. Você deve cultuar Marx, Lênin e Trotski, admirar Rosa de Luxemburgo, Luckás, Gramsci e Sartre. Foucault e Althusser são inexcedíveis. Adorno, Marcuse e Habermas, incontestavelmente profundos. Chomsky é inigualável. Até mesmo Tarso Genro,Frei Beto e Leonardo Boff são considerados intelectuais de respeito.

E quanto ao outro campo? Não há nada de inteligente nele e, por isso, é sequer mencionado. Ou quem discute, no ambiente culto brasileiro, Leo Strauss, Isaiah Berlin, Eric Voegelin, Raimond Aron, Roger Scruton, Fernand Broudel, Paul Johnson, Russel Kirk ou Jean Fraçois Revel, para ficar apenas em alguns nomes contemporâneos do pensamento "de direita?" Se são de direita, são certamente reprováveis in limine pelo subconsciente coletivo, abduzido por décadas de militância confessional-esquerdista, sem oposição e com a consequente imbecilização do país.

 

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  • Guilherme Fiuza
  • 15 Junho 2015


Publicado originalmente na Revista Época

Enquanto a Polícia Federal descobre R$ 4,5 milhões pagos por uma empreiteira a Lula, o PT lança a candidatura presidencial do filho do Brasil com uma "guinada à esquerda". Coerência total: o dinheiro da empreite ira; segundo o Instituto Lula, era para "erradicar a pobreza e a fome no mundo". É um projeto ambicioso, mas pode-se dizer que já está dando resultado, com a erradicação da fome da esquerda por verbas e cargos. Uma fome de cada vez.

O discurso preparado pelo PT para seu Congresso em Salvador inicia a arrancada para dar ao Brasil o que ele merece: a volta de Lula da Silva em 2018. Com sua consciência social e convicção progressista, o Partido dos Trabalhadores salta na trincheira contra o neoliberalismo, assumindo sua vocação de governo de oposição - o único no mundo. O truque é simples, e vai colar de novo: a vida piorou e o desemprego voltou por causa "da crise global do capitalismo", esse monstro que infiltrou Joaquim Levy no governo popular. Lula voltará à Presidência para enxotar novamente essa maldição capitalista (bancado pelo socialismo das empreiteiras amigas).

O gigante se remexe na cama, mas a armação dos companheiros definitivamente não atrapalha seu sono. ÉPOCA mostrou o ex-operário trabalhando duro pelo sucesso internacional da Odebrecht, a campeã de financiamentos externos do BNDES.Revelou que o Ministério Público investiga o ex-presidente por tráfico de influência. Vem a Polícia Federal e flagra as planilhas da Camargo Corrêa, investigada na Operação Lava Jato, com uma média anual superior a R$ 1 milhão em transferências para Lula (Instituto e empresa de palestras) desde que ele deixou.a Presidência. E o gigante ronca.

O Brasil não se incomoda com a dinheirama entregue a Lula. É uma ajudinha ao grande líder para que ele combata a pobreza no planeta,' qual o problema? Nenhum. A não ser para essa elite branca invejosa, que acha estranho - o dinheiro vir .de empreiteiras que têm como cliente o governo no qual Lula manda.

Os petistas, como se sabe, são exímios palestrantes e consultores. Destacam-se nessa arte estrelas como o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e o ex-ministro Antonio Palocci, ambos consagrados por suas consultorias mediúnicas milionárias. Lula deve ter passado seus oito anos no Palácio do Planalto treinando duro, porque saiu de lá em ponto de bala. Não é qualquer um que chega a Moçambique, faz uma palestra e embolsa R$ 815 mil- pagos à vista por uma empreiteira brasileira. Deve ser isso o paraíso socialista: empresários pagando fortunas a iluminados por palestras em outro continente, para a construção de um mundo melhor.

Assim fica fácil salvar o Brasil da crise global do capitalismo, conforme a plataforma do PT no seu 5º Congresso Nacional. Com a assinatura da delação premiada de Júlio Faerman, ex-representante da empresa holandesa SBM, os brasileiros entenderão ainda melhor como o capital internacional elitista e malvado escorre docemente para o bolso dos defensores do povo - através das fantásticas operações socialistas envolvendo a maior estatal do país. A Petrobras é uma mãe - e se você não está na ninhada é porque não se filiou ao partido certo.

A inflação bate 8,5%, e o milagre brasileiro (da miopia) permite que a presidente da República assegure, tranquilamente, o respeito à meta - que é de 4,5%. Quem quiser chamá-Ia de mentirosa assegurando o respeito ao que ela diz, portanto, estará dentro da margem de erro. Mas ninguém fará isso, porque o Brasil adormeceu de novo, em bloco. A recessão iminente, a escalada do desemprego e o consequente aumento da violência urbana - com tiros e facadas democraticamente distribuídos nas capitais do país - são problemas que a nova Frente Popular vai resolver em 2018,com Lula lá. Duvida? Então procure saber o tamanho do caixa que a frente de palestrantes e consultores formou nos últimos 12 anos, com o mais sórdido dos cúmplices: a opinião pública brasileira.

A reeleição de Lula após o mensalão permitiu a ascensão de Dilma. A reeleição de Dilma após o petrolão permitirá a volta de Lula. A divertida gangorra prova que o crime compensa. A não ser que... Melhor não falar, para não perturbar o sono do gigante.
 

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  • Marcel Van Hattem
  • 15 Junho 2015


Marcus Meneghetti, jornalista


O deputado estadual Marcel Van Hattem (PP) - o parlamentar mais jovem da Assembleia Legislativa, com 29 anos - acredita que o contingenciamento orçamentário promovido pelo governo de José Ivo Sartori (PMDB) deve preservar três secretarias: educação, segurança e saúde. Para Van Hattem, é possível economizar mais em outras áreas para preservar as três que, na sua opinião, são as prioritárias. O parlamentar defende que é preciso "eliminar gastos supérfluos, vender empresas estatais que não têm mais sentido".

Van Hattem pondera que ainda é cedo para fazer um juízo da gestão Sartori, mas acredita que o governador vai ter coragem para tomar as medidas necessárias para superar a crise financeira do Estado, que, na opinião do parlamentar, foi bastante agravada pelas gestões petistas dos ex-governadores Tarso Genro (2011-2014) e Olívio Dutra (1999-2002).
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, diz ainda que há uma "crise moral na política nacional", que, na sua avaliação, foi desencadeada pelos escândalos de corrupção nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT, 2003-2010) e da presidente Dilma Rousseff (PT).

Quanto à investigação de parlamentares do PP - inclusive gaúchos - envolvidos nesses escândalos, o deputado estadual se disse surpreso com a menção da bancada do Rio Grande do Sul, mas não com o envolvimento de membros do diretório nacional do seu partido. Van Hattem comenta ainda a reforma política em curso no Congresso Nacional e atribui ao "fisiologismo" a aproximação do PP nacional com o PT.

Jornal do Comércio - Alguns cortes de gastos promovidos pelo governador Sartori neste primeiro semestre de gestão foram bem polêmicos, como, por exemplo, o corte das horas extras na Brigada Militar. Como avalia essas medidas?
Marcel Van Hattem - Vejo como cortes feitos em uma situação emergencial, em um estado que realmente não tem dinheiro em caixa e que precisava achar uma forma de fechar as contas no final do mês. Eu faria toda a força necessária para preservar as principais áreas de atuação do Estado. A primeira delas é segurança. O cidadão não tem como resguardar seus direitos à vida, à propriedade e à liberdade se não houver segurança. As outras duas são educação e saúde. Acredito que o governador quer priorizar essas áreas, seja com os projetos que foram protocolados (na Assembleia) recentemente, seja com os que forem protocolados mais adiante, em uma tentativa de compensar (essas áreas) com algum investimento. Acho que vai priorizar essas áreas, cortando investimento de outras para compensar investir nessas. Mas, para isso, precisa eliminar gastos supérfluos, vender empresas estatais que não têm mais o menor sentido... Por exemplo, a Corag. Não faz sentido o Estado ter uma gráfica pública, ainda que diga que lucra. Bom, lucra, sim. Mas tem condição monopolística do mercado. Desvirtua o foco da ação estatal. Os órgãos públicos, a Assembleia Legislativa só imprimem na Corag. Não há uma livre concorrência.

JC - Há espaço suficiente para avançar em outras áreas do governo para preservar o orçamento da saúde, educação e segurança?
Van Hattem - Acredito que é possível reduzir mais em outras áreas para não precisar cortar nas essenciais. O governador está tendo que tomar medidas contingenciais. Ele assumiu faz pouco tempo. Têm áreas que podem ser melhoradas apenas com a gestão. Educação, por exemplo. Muitas coisas podem ser utilizadas nas áreas de educação inspiradas em sucessos de outros estados. Mais gestão, mais meritocracia fazem com que, mesmo que haja uma redução do orçamento, se ganha produtividade sem mexer em salários, por exemplo.

JC - Embora o governo Sartori não tenha nomeado todos os cargos em comissão (CCs) deixados pelo ex-governador, não excluiu os postos, o que gera a especulação de que podem ser ocupados ao longo da gestão. Qual a sua posição? Os cargos deveriam ser extintos?
Van Hattem - Acho que sim. Acho bom que extinga para não ter a tentação de colocar mais (nomeados nos postos). Depois, vai reduzindo mais. A única direção é para baixo. Reduzindo mais e mais (o número de CCs). O ideal seria a extinção total, ou praticamente total. A administração pública deveria ter caráter técnico. Talvez, uma ou outra diretoria com CC. E deu. De qualquer forma, é bom que o corte seja respeitado pelos secretários para que comecem a entender que a máquina pode andar com um número menor (de CCs). Essa é a pragmática da medida. E, nesse caso, a não nomeação de 30% de cargos em comissão, que foi a determinação do governador Sartori, é um bom número. Além disso, o mesmo problema que existe em Brasília se repete no âmbito estadual, que é o apoio a um governo, a formação de maioria, através da estrutura histórica, da participação no alto escalão, nomeação de CCs. Se desse para ser resolvido de uma vez, tenho certeza que o governador resolveria. Já enxugou o número de secretarias. E acho que dá para enxugar mais. Na visão de um liberal, poderia trabalhar com quatro ou cinco. Mas há de se fazer o possível para ter base dentro do Parlamento também. Então, são coisas gradativas.

JC - Como avalia o governo da presidente Dilma?
Van Hattem - Existe uma crise política evidente, acompanhada de uma crise moral. Fica cada vez mais evidente que o projeto do PT, que entra no 13º ano no governo federal, não é um projeto de governo, mas um projeto de poder. Os escândalos que surgiram nos últimos anos mostram que, para o PT, o importante é manter esses esquemas de corrupção para continuar no poder, mesmo que seja necessário comprar a base aliada. Além disso, o próprio governo Dilma tem uma administração fraca. Tanto que está tendo que fazer, mais uma vez, um ajuste fiscal e colocando, mais uma vez, os custos sob a sociedade que tem que pagar novos impostos. Nada ou muito pouco se faz para reduzir a burocracia que atravanca os empreendimentos. Para se arcar com o custo do governo, se aumenta impostos, aumenta a energia elétrica e não se cortam custos. Não se fala em cortar ministérios, nem em diminuir competências, nem em uma verdadeira reforma política.

JC - Também mencionou uma crise moral na política...
Van Hattem - Percebo dois problemas principais no que diz respeito à crise moral na política brasileira. O primeiro é o fato de que a política virou profissão. Se os políticos têm os seus próprios problemas como uma classe profissional, cada classe cuida dos seus interesses, enquanto eles cuidam dos dele. O problema desse raciocínio é que os políticos acabam se perpetuando no poder. O segundo ponto é o distanciamento dos partidos políticos da sociedade. E isso é culpa do próprio sistema partidário, com partidos de caráter nacional, dominados por caciques que estão ali para distribuir entre seus amigos os frutos obtidos tanto de empresas quanto do setor público. Os partidos não surgem no seio da sociedade civil, porque, para serem criados, são necessárias centenas de milhares de assinaturas. Ou seja, no momento que o cidadão quiser criar um partido, já precisa ter uma estrutura enorme, tanto de recursos financeiros quanto recursos humanos. Por isso, muitos desistem. Um dos motivos por trás disso é impedir que hajam mais partidos para dividir a verba do fundo partidário. Não se quer distribuir esse bolo com mais gente.

JC - É a favor da criação de novos partidos?
Van Hattem - Não defendo nem que haja mais, nem que haja menos. Defendo que cada pessoa possa ter a liberdade para criar o partido se quiser. Pode ser que surjam dois ou 10 mil. Mas o importante é que partido nenhum tenha acesso ao fundo partidário. Não sou favorável ao fundo partidário. Não sou favorável que o dinheiro dos meus impostos sirva para financiar uma ideologia com a qual eu não concordo. Fundo partidário é dinheiro de todo o cidadão brasileiro para financiar partidos brasileiros existentes. Então, se eu concordo com uma ideologia que não é representada em nenhum dos partidos existentes, o meu dinheiro está financiando outras ideologias e não está podendo financiar a minha própria. Acho que partidos políticos devem sobreviver de receitas da população diretamente envolvidas na criação desse partido.

JC - Então, defende que os partidos se autofinanciem...
Van Hattem - Como qualquer associação da sociedade civil. No Brasil, cria-se todos os tipos de subterfúgio para que mesmo as associações da sociedade civil recebam recursos do Estado. A própria discussão sobre financiamento exclusivamente público de campanha é uma cortina de fumaça, utilizada por aqueles que roubaram do patrimônio público para colocar sobre empresas privadas a culpa pelos fatos de eles mesmos serem ladrões.

JC - Então, defende o financiamento privado...
Van Hattem - Pessoa física. Preferencialmente, pessoa física.

JC - Mas não exclui o empresarial...
Van Hattem - Não excluo o empresarial. Prefiro o de pessoa física. E, entre empresarial e público, prefiro o empresarial. Mas, com limites, com regulação. O financiamento público privilegiaria o PT e o PMDB, que são as maiores bancadas, já que a divisão seria proporcional ao tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados. É uma discussão patife do início ao fim.

JC - Como avalia o caso do PP, em que a instância gaúcha do partido é dissidente da nacional?
Van Hattem - O PP do Rio Grande do Sul talvez seja o mais ferrenho opositor (ao diretório nacional) dentro do partido. Sempre fomos oposição aos governos do PT. Quando se anunciou que a presidente Dilma buscaria o apoio do PP em sua reeleição, organizei um abaixo-assinado junto às bases. Enviamos ao presidente nacional, que, de forma autocrática e ditatorial, sequer deu conhecimento do abaixo-assinado. Aí, fez aquela negociação deplorável do tempo de TV para apoiar o PT. Enquanto isso, aqui, no Rio Grande do Sul, apoiamos Aécio Neves (PSDB). Quando me filiei ao PP, o partido não fazia parte do governo Lula. E, na verdade, a própria ideologia do partido não tem ponto de encontro com a ideologia do PT. Nunca fez sentido ideológico a participação do PP no governo (federal) do PT.

JC - Se não tem afinidade ideológica, por que aconteceu essa aproximação?
Van Hattem - Fisiologismo. No nosso presidencialismo de coalizão, o presidente precisa buscar apoio no Congresso Nacional depois da eleição. Por isso, a cada votação importante, o governo precisa negociar verbas, cargos e favores. E, para o PT, que tem 16% ou 17% das cadeiras na Câmara dos Deputados, é muito mais interessante conseguir o apoio de bancadas relativamente grandes, que garantam 40 ou 45 votos, do que buscar o apoio dos partidos menores, ainda que sejam ideologicamente mais alinhados com o PT. Esse é o primeiro motivo para o PP ir parar na base do PT. O segundo motivo é que o PP, assim como praticamente todos os partidos no Brasil, justamente pelo fato de o Estado ser tão grande e a sociedade esperar tanto dos políticos, precisa circundar o poder para obter benesses. A principal delas era a emenda parlamentar. Os parlamentares votavam com o governo para garantir a liberação das emendas para a sua região e, por consequência, angariar votos.

JC - Embora o PP gaúcho critique a postura do diretório nacional, todos os deputados federais do PP gaúcho da legislatura passada foram citados na lista de investigados pela Operação Lava Jato. Como recebeu essa notícia?
Van Hattem - Recebi com muita surpresa. As bases, os filiados, quem acompanha política, independentemente de qual partido seja, recebeu a notícia com muita surpresa. Eles foram citados, não são réus, estão agora dando seus depoimentos. Garantem que não têm a ver com o escândalo, e estamos aguardando os pronunciamentos das entidades federais para que essa página seja passada a limpo e virada. Depois da notícia, tive acesso à íntegra da delação premiada, e o que mais me surpreendeu foi que quase todos os deputados foram citados uma única vez, alguns foram citados mais vezes. Mas a presidente foi citada 11 vezes.


Perfil
Marcel Van Hattem nasceu em Dois Irmãos, em 8 de novembro de 1985. É filiado ao PP desde os 17 anos. Sua primeira participação na política aconteceu do Colégio Pio XII, de Novo Hamburgo, em 2002, quando foi eleito vice-presidente do grêmio estudantil. Em 2009, foi um dos líderes da chapa de direita que venceu as eleições para o Diretório Central de Estudantes, da Ufrgs, historicamente comandado por estudantes de esquerda. Em 2004, começou a faculdade de Relações Internacionais na Ufrgs, mas não veio morar na Capital, pois elegeu-se vereador na sua cidade natal. Depois de se formar e cumprir o mandato na Câmara Municipal de Dois Irmãos, concorreu a deputado estadual. Entretanto, não foi eleito e passou a se dedicar aos estudos. Concluiu, em 2008, a pós-graduação na Ufrgs em Economia, Direito e Democracia Constitucional. Em 2011 e 2012, fez o curso de mestrado em Ciência Política na Universidade de Leiden, na Holanda. Neste ano, assumiu como deputado estadual - fez 35.345 votos nas eleições de 2014.

 

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