• José Gobbo Ferreira
  • 19 Abril 2015

 

Para nossa alegria, o Partido dos Trabalhadores deu à luz sua versão dos Cadernos do Cárcere de Antonio Gramsci: são os “Cadernos de Teses para o 5º Congresso Nacional do PT”. É um calhamaço que poderia ter sido assinado por Hitler, Göbbels, Mussolini ou, naturalmente, Stalin. A primeira parte do documento, que discutiremos brevemente, tem o sugestivo título de “Um Partido para Tempos de Guerra”.Os recentes sucessos dos Movimentos Sociais Liberais - MSL e da Operação Lava-Jato alertaram o partido que ele caminha para o abismo. Conforme nós dos MSL já acusamos (e o Deputado José Carlos Aleluia operacionalizou), a queda do PT arrastará consigo o foro de São Paulo - fSP e livrará nosso país da mais grave ameaça que pairava sobre nossas cabeças. Como o Brasil é a maior fonte de recursos desse grupo criminoso, sua destruição aqui se refletirá certamente por toda a América Latina.

Aquele bando de apátridas criou antolhos de realidade virtual que lhes permite achar progresso onde houve retrocesso, verdade onde existe a calúnia, conseguir defender ao mesmo tempo o fSP e a Soberania Nacional e ainda ver um Brasil que só existe no software por eles desenvolvido.

Em nenhum momento admitem que o caos econômico-social em que se debate o País foi obra deles mesmos. Malgrado exaustivos alertas e continuadas recomendações, o governo do PT conduziu sistematicamente o país à falência, por incompetência, por submissão ao fSP e pela paranoia da permanência no poder a qualquer custo, gastando para isso o suado dinheiro cuja guarda o povo brasileiro lhes tinha confiado. “Faremos o diabo para vencer essas eleições”. E fizeram. Mas o diabo não é um parceiro confiável. Depois de divertir-se com o espetáculo deprimente do mês de outubro, ele tinha outras tarefas mais fáceis para cumprir e foi-se embora.

Agora, se esforçam para colocar em terceiros a conta dos descalabros, que lhes cabe integralmente. Os bodes expiatórios são os de sempre: as zelites, a direita, a burguesia, o grande capital transnacional financeiro, a crise (que só existe para o Brasil) etc.

As manifestações alegres, pacíficas, democráticas e abrangentes do 15/03 e do 12/04 são descritas como manifestações de ódio contra as classes trabalhadoras.

Nesse documento, elegeram seus inimigos materiais: os militares da ativa e da reserva, juntamente com os meios de comunicação e defendem tolerância zero com aquilo que chamam de “facção golpista da direita”: “As articulações golpistas, especialmente as vindas de militares da ativa ou da reserva e de meios de comunicação, devem ser tratadas como determina a Constituição e a legislação nacional". E deixam implícito que os vandalismos das chamadas organizações sociais, invadindo, saqueando, queimando, destruindo, bloqueando estradas e ruas e semeando a baderna e a insegurança devem ser considerados como manifestações justas, legais e democráticas, com o direito de receber um tratamento paternalista e cooperativo das autoridades.

O PT reconhece que está perdendo espaço na vida política nacional. Reconhece as derrotas ideológicas que os MSL vem lhe impondo e reage, deixando bem clara sua intenção de intervir cada vez mais sobre a formação de nossos estudantes, adequando as políticas de cultura e de educação com o objetivo de mudar o senso comum de nossa população transmitindo-lhe ideias socialistas como forma de transição rumo ao comunismo.

Prega a utilização com ênfase crescente do dinheiro público para pagar mecanismos de propaganda tais como os denunciados no relatório interno em que o então ministro da Comunicação Social Thomas Traumann recomendava a retomada do pagamento da rede suja do partido na internet (“Os robôs foram desligados”).

Deseja impor o controle da mídia e sua versão de reforma política, insistindo ainda na convocação de um plebiscito que possa decidir sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte, recurso padrão de ditadores bolivarianos.
Convoca a uma autocrítica “...que recoloque o socialismo como objetivo estratégico. Que constate que o grande capital é nosso inimigo estratégico. Que não acredite nos partidos de centro-direita como aliados. Que seja baseada na articulação entre luta social, luta institucional, luta cultural e organização partidária. Que retome a necessidade do partido dirigente e da organização do campo democrático-popular". E que lute pela (já desgastada ideia) das “reformas de base”.

O desespero levou os petistas a abandonar a dissimulação característica da esquerda. Deixaram bem claro sua intenção de ir à guerra e identificaram muito bem seus alvos prioritários. Sun Tzu agradece.
Os MSL devem perceber que a hora é grave e não comporta vaidades pessoais ou egos inflados. É imperioso que se unam, coesos em torno do objetivo principal que é a construção de um novo Brasil, onde partidos criminosos, submetidos a organizações que contam entre seus membros grupos terroristas e narcotraficantes, não tenham mais espaço, nem para difundir suas ideias alienígenas nem para roubar desbragadamente em todos os sítios onde houver algo a ser subtraído.

Os militares devem ouvir os tambores de guerra soando ao longe e devem se preparar para o combate. Mais do que nunca, a união entre o pessoal da Ativa e o da Reserva deve prevalecer sobre qualquer outro argumento. Insisto que cada um deles tem sua missão específica. A Ativa, presa a seus compromissos e deveres constitucionais, não pode se dar à futilidade de tomar posições públicas ou revelar as táticas que tem preparadas para a eventualidade do combate. A Reserva deve confiar em que os Chefes passaram toda uma existência se preparando para o exercício do Alto Comando, que estarão prontos para a atitude adequada no momento adequado e que devem oferecer-lhes todo o apoio e suporte que estiver ao alcance dela.

A mídia constitui os olhos e os ouvidos da Nação. É a fiadora dos direitos republicanos. A ela cabe estar alerta para denunciar toda infração às normas legais e morais que constituem o repositório das tradições e do senso comum de um povo. Atacar essas regras é premissa básica do Gramscismo a que o ideário do PT desgraçadamente nos submete. A luta dela nesse instante é a da defesa da liberdade e de sua própria sobrevivência.
 

* Coronel

 





 

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  • Roberto Rachewsky
  • 18 Abril 2015

(O autor escreveu este artigo no início do ano passado, mas seu conteúdo permanece atual e importante)

O Fórum Social Temático que se realiza em Porto Alegre, tem um painel que trata de um assunto recorrente: "a crise do Capitalismo".

É interessante que apenas quem discute e vê o Capitalismo em crise são os seus opositores.

Mas afinal, o que pretende esse pessoal, que se reúne em local público, às custas dos pagadores de impostos, para debater a crise de um sistema político, econômico e social que detesta, vilipendia e pior, nem sabe do que trata?

Simples, fazer jogo de cena, criando um bode expiatório, numa ação diversionista, para transferir a responsabilidade pelas mazelas que nosso país vem atravessando desde sempre, por conta do estatismo galopante que sempre prevaleceu por estas bandas, para aquele sistema que nunca deu as caras por aqui.

Agora vocês devem estar esboçando aquele sorriso tímido, de canto de boca, ou coçando atrás da orelha, a se perguntar, mas como assim? O Brasil não é um país capitalista? Eu respondo, não é, nunca foi e a chance de se tornar um está cada vez mais distante.

Pensem comigo.

Um sistema capitalista caracteriza-se por alguns princípios, os quais listarei, para verificarmos se é o que vemos ocorrer na realidade do nosso dia a dia.

Direitos individuais protegidos

Em uma sociedade verdadeiramente capitalista, o papel do governo é pequeno, limitado, porém fundamental. Inibir que alguém se utilize de coerção, de fraude, do rompimento unilateral de contratos ou estabeleça injustificadas desavenças que ameacem ou violem o direito à vida e seus corolários, os direitos à liberdade, à propriedade e à busca da felicidade dos demais.

O que ocorre no Brasil? O governo não apenas não protege tais direitos, como é o mais contumaz violador de direitos individuais que se conhece. O governo brasileiro, minuciosamente, impede que os cidadãos ajam com liberdade. Ele confisca, tributa e limita o uso de rendas e propriedades. Se arroga o direito de prover felicidade, mas dissemina a infelicidade para todos, principalmente para os mais pobres. Usa de coerção, obrigando que se vote, que se aliste, que se estude, que se trabalhe e que se empreenda, apenas da forma que ele, o governo, determina.

Estado de Direito vigente

Em uma sociedade verdadeiramente capitalista, a Lei observa características indiscutíveis. Deve ser objetiva, não pode estar sujeita a interpretações subjetivas eivadas de relativismos discutíveis. Deve ser igual para todos, sem nenhuma exceção. Deve ser prospectiva, sendo aplicada apenas a casos futuros desconhecidos, não podendo portanto, retroagir a casos passados conhecidos. Deve ser de conhecimento e entendimento de todos. Deve ser estabelecida através de um processo legítimo de representação da sociedade. Deve ser negativa, dizendo o que não pode ser feito, resguardando os direitos individuais para o bem de cada um na sociedade. E acima de tudo, deve restringir o poder do governo, reservando aos indivíduos o direito de decidirem sobre os seus próprios desígnios, exigindo que assumam a responsabilidade por seus atos.

O que ocorre no Brasil? As leis são eivadas de subjetivismo, tratam grupos sociais de forma privilegiada, não tratam os indivíduos de forma igual, retroagem sistematicamente, contradizendo ou suspendendo contratos estabelecidos ou normas anteriores implementadas. As leis são confusas, herméticas, surgem em abundância incalculável e são estabelecidas sem que seja respeitada a representatividade legítima da sociedade. Não há justiça, não há polícia e o direito de legítima defesa é reprimido. Qualquer órgão do governo, decreta, normatiza, burocratiza, legisla, muitas vezes julga, taxa, tributa e até prende, sem constrangimentos morais ou embasamento legítimo.

Livre mercado estabelecido

Em uma sociedade verdadeiramente capitalista, há a absoluta separação entre o governo e a economia. O governo não empreende, não espolia, não sufoca, não redistribui, não privilegia. Em uma sociedade verdadeiramente capitalista, as pessoas interagem livremente, criando, investindo, produzindo, trocando por sua própria conta, de forma voluntária, em cooperação espontânea para benefício mútuo. O governo não se intromete na vida das pessoas, não regula preços, salários, contratos, projetos de uso, projetos de negócio, nem projetos de vida. O livre mercado é exatamente isto, o mercado livre da coerção, da violência.

O que ocorre no Brasil? Somente é permitido aquilo que o governo concede. Estudar, trabalhar, produzir, comerciar, financiar, investir e consumir só é possível com autorização do governo. Todos os aspectos importantes da nossa vida, e os banais também, estão subordinados à vontade do governo.

Ora, se isso aí é o Capitalismo e essa aí é a realidade do Brasil, fica claro que o Brasil e o Capitalismo ainda não foram apresentados um ao outro.

Então, se o Capitalismo não existe no Brasil, como poderia estar em crise? Não só não pode, como não está.

O sistema político econômico e social que existe no Brasil, e nos mantém em crise permanente, é uma socialdemocracia com fortes traços do coletivismo estatocrata identificados nos regimes totalitários de corte fascista e socialista.

Então, querer atribuir a crise que vivemos ao Capitalismo, é um engodo, uma farsa.

O grande problema do Capitalismo no Brasil, é a sua ausência.

Políticos, corporativistas empresariais e sindicais, entre outros beneficiados do gigantismo estatal, preferem impor à sociedade o socialismo e o fascismo, estes sim em crise eterna, do que jogar a toalha, dando vez ao único sistema político, econômico e social que tirou bilhões de seres humanos da miséria, apenas permitindo que cada homem na Terra fosse um fim em si mesmo.

http://robertorachewsky.blogspot.com.br/

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  • Ricardo Moriya Soares
  • 16 Abril 2015


Recentemente me lembrei de uma frase de Dean Acheson, que fora Secretário de Estado de Harry Truman (1949-53), quando chamado por JFK para auxiliar os Joint Chiefs (o comando militar dos Estados Unidos) acerca de estratégias a serem adotadas para impedir que os mísseis soviéticos, já bem instalados em solo cubano, se tornassem 100% operacionais. Ele disse em bom tom: 'os soviéticos (comunistas) entendem apenas uma razão, a força bruta! De nada adiantarão debates na ONU, ou mesmo um mero bloqueio-quarentena ao redor daquela ilha em troca da suposta retirada dos mísseis, quando em alguns meses estaremos novamente lutando contra comunistas em outro canto do globo...'.

O raciocínio está corretíssimo (embora seja justo admitir que a opção pela 'quarentena' da ilha tenha sido uma solução diplomática inteligente, pois incapacitava qualquer Armagedom Nuclear!), e não há maneira melhor de se enfrentar um vírus tão persistente - e vírus certamente é a melhor definição para esse distúrbio mental chamado comunismo, que infecta um sistema plenamente saudável e o destrói aos poucos, deixando uma falsa ilusão que na superfície tudo está na mais pura ordem! E depois que ele começar a se reproduzir exponencialmente, pode ser tarde demais para qualquer tratamento; no caso específico do Brasil, é ainda mais sério, pois inclusive nossas escolas particulares estão impregnadas de professores marxistas - até professor de Química Orgânica é comunista convicto!

O nosso adulto de classe média foi um estudante que sofreu diversos bombardeios ideológicos desde a tenra idade, e hoje, no primor de sua maturidade física, acha perfeitamente normal pertencer a uma sociedade dominada por sindicatos e tecnocratas incrivelmente variados - ele vive, respira e navega um autêntico pesadelo Orwelliano! O jovem aluno, maltratado por tantas porcarias relativistas já não mais existe, pois agora lidamos com zumbis de 40 e poucos anos, programados para pagar todos os tipos de impostos – são zumbis totalmente desarmados, vivendo em condomínios fechados e com medo das inúmeras ameaças do mundo externo (algumas bem reais!). E para piorar o cenário, ainda são manipulados e humilhados por tecnocratas corruptos - os reais membros do Politburo! Vou dar um exemplo bem flagrante: se algum Projeto de Lei que extinguisse a CLT fosse à Plenário, ele seria engavetado imediatamente, inclusive contando com gigantesco apoio populacional (os zumbis!); e mesmo aqueles que se dizem democratas e antagonistas declarados do Foro de São Paulo, estariam gritando pelos quatro cantos contra o fim da CLT! A sociedade em geral já foi contaminada além da dosagem segura, e talvez precisemos até de um novo Êxodo Bíblico, no qual toda essa geração vagasse 40 anos no deserto, para que depois uma nova, não comprometida pelo marxismo-sindicalismo, possa adentrar de peito aberto a Terra Prometida!
 

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  • Leonardo Faccioni
  • 16 Abril 2015

No princípio, havia a negação. Pairava então o PT, límpido espírito sobre as águas. Era o “partido diferente — e de 'gente diferenciada'” (o que, à época, escrevia-se como elogio), a “opção politizada” da “elite pensante”, universitária, intelectual; partido ético. Tão ético que votava contra a promulgação da Constituição democrática, exigindo-lhe menos “inflexões pequeno-burguesas” e mais “direitos progressistas”, como aqueles do Leste Europeude então (e ai de quem, internamente, contestasse a sabedoria de símile atitude, única dissensão à conciliação nacional: sumia dos anais, como a orgulhar a herança stalinista). Sim, o mesmo PT montava esquemas de gangrena protomensaleira nas prefeituras do ABC paulista, aparelhava a administração municipal de Porto Alegre com as últimas tecnologias de manipulação de massas e consolidava intercâmbios internacionais com a paleotirania cubana e com as Farc, o mais abrangente cartel do narcotráfico continental. Fariam qualquer coisa pelo poder – mostravam-no documentalmente. E diziam a seus próceres, com o poder, o que fariam. Jamais publicamente.

Não obstante, o chiqueiro eram os outros. Para o grande público, a estrela petista simbolizava faro de esperança, o limiar das mudanças, o empoderamento popular. Com esse frontão, a bandeira vermelha posicionou seus quadros em todo o funcionalismo de Estado, nas redações dos jornais, nos movimentos estudantis, no clero e nos movimentos católicos de base — até mesmo no Judiciário, donde importar qualquer doutrina apta a remodelar a legalidade para algo à sua semelhança, mandando às favas a legitimidade do arcabouço jurídico: hipergarantismo, jusalternativismo, marcuseanismo, pseudo-neoconstitucionalismo, marxismo prêt-à-porter. Duas décadasde infiltração, logo se vê, oferecem pretextos para mil talheres.

Leitores de Gramsci, os dirigentes partidários entendiam a sociedade como um tabuleiro de xadrez onde distribuir suas peças, ocupando posições-chave que não permitissem escapatória a seus esquemas, sequer em pensamento.

Quando os meios materiais de poder estavam todos a seu serviço, ou assim pareciam, veio a tomada formal: dois mil e três era o ano, na contagem dos cristãos. Entre os petistas, ano um. Começava a nova era. Reinaugurava-se o Brasil, e “nunca antes na história...”

Ocorre que o Brasil é país complexo, bem mais do que supunha a vã ambição dos tiranetes. Vinte anos de regime constitucional — aquela mesma Constituição que amargara a antipatia da Estrela desde a gênese — consolidaram núcleos de consciência institucional em ambientes como o Poder Judiciário, o Ministério Público e as polícias, cujas autonomias nem o poder central da Presidência, nem a guerra de guerrilha gramscista puderam aniquilar. Como mentira alguma é capaz de vida eterna, e como a sociedade respirasse, os métodos e os fins do Partido, paulatinamente, transpassaram os poros da institucionalidade sitiada.

Vieram os dias do Mensalão. Bastou o rompante de figura histriônica — a mais canastrona possível —, e um mar de lama rompeu o dique da cooptação, deixando entrever, do outro lado, as largas praias deSuborno e Chicana. Roberto Jefferson foi desses acidentes históricos que atestam a imprevisibilidade do humano, a fragilidade daqueles que tentam estabelecer seus domínios com base em maquiavelismos mirabolantes.

O discurso do “partido diferente” desmoronava a cada revelação,fraturado sob o peso das evidências. Da burocracia partidária, o núcleo central rumava abraçado para a penitenciária, e a Presidência da República nada podia fazer para livrar-lhe a cara. Nada, isso é, além daquilo que tentou: escutas ilegais, pressão sobre os julgadores, campanhas nas mídias pagas com verba publicitária oriunda de impostos, sabotagem contra os inquéritos parlamentares, engenharia de desinformação. Para salvar a indispensável figura de Lula, sacrificou-se a de José Dirceu — aquele que, segundo muitos, seria seu natural sucessor, com direito a curso de capacitação em Cuba nos tempos rubros do financiamento soviético e da cooperação com a KGB.

Cumpria a Lula, uma vez em segurança, encontrar substituto a Dirceu. Alguém que houvesse escapado ileso aos tremores de 2005, e cuja liderança não ofuscasse a sua própria, mas com know-how suficiente das necessidades e dos meandros partidários para que as fontes do poder petista não secassem em seu interlúdio — Lula, afinal, voltaria em seguida (2014 ou 2018, no mais tardar), e a perpetuidade do paraíso, para a falsa classe operária, estaria assegurada. Esse alguém viria a ser uma mulher enérgica, potente, agressiva e impiedosa, cuja competência Lula comprovara in loco, vendo-a manejar um fabulosolaptop com toda a perícia de uma grande executiva (foi-lhe, asseguram os cronistas, prova o bastante). Alguém que, afinal, chefiara aCasa Civil, encomendara dossiês contra adversários sem corar, impusera aos brados férreos sua vontade ao Ministério de Minas e Energia epresidirao conselho da pujante Petrobrás, respondendo pessoalmente — garantiam — por todos os méritos de cada setor, atenta a tudo o que neles se passava. A sucessora de Lula, decidia o próprio, seria a ex-guerrilheira, ex-ladra, ex-terrorista, ex-brizolista e então petroleira Dilma Vana Rousseff.

O cenário, ainda assim, havia mudado. Desde baixo do tapete, a sujeira transbordava — e era muito claro que o fazia à revelia daqueles que, por vinte anos, lá a acumularam. Investigavam-na, unicamente, aqueles a quem a Presidência e seus milhares de apaniguados não eram capazes de calar. Por sua natureza, o PT pretendera um dia substituir-se à sociedade. Agora, era a sociedade — como força da natureza — a impor sua própria dinâmica ao PT: agentes fora de seu controle persistiam a seguir uma agenda republicana, e esta onda poderia levar toda a agremiação de volta à estaca zero.

Ao “partido da ética na política” cumpria reinventar-se, até por carência dequadros no gozo de seus direitos políticos. Sem mais poder se dizer diferente e negar a lama onde nadava, o petismo entrava em nova fase: a fase do “tu quoque”.

“Tuquoque” é falácia catalogada, de cepa notória na dialética herística. “Apelo à hipocrisia”, constante em qualquer alfarrábio. Acompanha os primórdios da ars retórica, sendo pouco mais que gênero do “argumentum ad hominem”. Consiste em admitir o próprio pecado, mas, imediatamente, apontar pecado igual, senão maior, na pessoa do interlocutor. A falácia lógica decorre de não se atacar a posição em debate (qual seja, a corrupção flagrante do sistema petista), atacando-se, em vez, o suposto comprometimento daquele que a denuncia: “quem resiste ao projeto petista”, inferem eles, “é tucano por associação; militarista; udenista, e ao tempo de todos estes existiu corrupção – ergo, não se levante a voz contra o ladrão da ocasião; ninguém pode fazê-lo com coerência”.

Por óbvio, não se recorre ao “tu quoque” com o propósito de emendar-se, mas de se escusar. “Eu o fiz, não o posso negar; mas ele o fez também! Fizemo-lo todos, e, portanto, ninguém nos há de condenar”.

O partido diferente, doravante, esforçar-se-ia dia a dia a afirmar a igualdade universal entre os animais da fazenda Brasília, e a si mesmo, o porco-em-chefe, como o mais igual entre os iguais.Nítida camuflagem. Nem menos, nem mais.

A crise do mensalão foi superada, perdidos uns poucos anéis e, noves fora, salvos todos os nove dedos. A falácia da igualdade, repetida à exaustão, desnorteou a imprensa e amedrontou os meios políticos. Poupado de críticas mais pertinentes à essência do projeto petista, o Partido logrou sobrevida e, em seguida, pleno restabelecimento de seu vigor pregresso.

Quando tudo parecia assentar, e o avanço petista, inebriado pelo bolivarianismo de países vizinhos, insinuava um renascimento invencível do populismo e da subversão ideológica a níveis continentais, a imprevisibilidade das coisas humanas interpôs-se, outra vez, à perfeição do planejamento. Naqueles espaços deconsciência deontológica que o PT não logrou sufocar jazia uma seção judicial da Justiça Federal, sita na cidade de Curitiba, guarnecidapor juiz de nome Sérgio Fernando Moro.A ele o Ministério Público, cumprindo seu dever com autonomia funcional (para a fúria do Partido que, desde o berço, odiara na Constituição, precipuamente, ditos vestígios de “direito liberal”),deu a conhecer certa investigação apelidada “Lava Jato”. Versava ela, a princípio, sobre a utilização de uma rede de postos de combustível e de lavagens de automóveis para a limpa de bens um tanto diferentes do objeto social: recursos financeiros de origem ilícita. Seguindo o dinheiro, juiz, policiais e procuradores desvelariam um esquema de corrupção indissociável do instrumental petista de exercício do poder.

O relato alcançou a imprensa— a independente de ingerências estatais —, queo aportou ao público. Ganhou repercussão mundial. O volume de recursos envolvido tornou patente, de imediato, que se falava no maior escândalo de corrupção governamental da história moderna — do Brasil e do mundo. Com o tramitar dos autos, já é admitido que o caso supera qualquer outro conhecido à humanidade, desde os primeiros registros escritos. Nem nos tempos dos césares. Dos faraós. De Hamurabi! Jamais um outro entede razãoarrogou para si, contra a lei e os costumes de seu tempo, tantos recursos de uma sociedade.

Ironicamente, a Lava Jato devolve o “mais igual” dos partidos à condição original, da qual tanto se gabava outrora: é agrupamento realmente único, diverso de tudo o quanto conhecíamos até então. Não pela lisura, é verdade, senão pela ganância, ambição e potência destrutivas. Caso persista a defender-se mediante o estratagema acima, seu discurso, de tão inverossímil, acabará por acelerar o naufrágio dele próprio.

O “tu quoque”, como qualquer falácia, persuade por conter em si algo de verossímil. Com efeito, a corrupção precede o PT — está aí desde Eva, Adão e Caim. As ruas lotam-se de quem, um dia, furou fila ou cruzou sinal vermelho. Todavia, sem noção de proporção, a Justiça se transmuta em virtude impossível. É exatamente este o fulcro de quem invoca o apelo à hiprocrisia, sem defender-se contra o fato e limitando-se a apontar “você também”: conduzir a audiência à imobilidade, por sensação de absoluta impotência. “Uma vez que não se possa apagar todo o pecado do mundo”, conclui o argumento enganador, “absolvamos sem penitência todos os pecadores — a começar por este que vos fala, e que acaba de ser pego em flagrante”.

Falácias devem ser denunciadas, devolvendo o debate aos trilhos. Quem responde ao corrupto hodierno com elucubrações sobre o corrupto de 1500, virado em pó em seu caixão, qual interesse terá em mente: oferecer justiça a ambos os casos, ou deixa-los, por igual, impunes? Que não caiamos, pois, em manobras diversionistas. Há que ter foco e consciência daquilo com que lidamos: desvios de uma tal monta que apenas se explicam como meios de quem sonha controlar a sociedade por inteiro. A Lava Jato expôs engrenagens e óleo de um esquema único – o financiamento de uma agremiação em busca de poder totalitário e perpétuo, além do horizonte abrangível por qualquer indivíduo.

Claro está que corrupção como a petista nunca se viu, com fartura de evidências—algo que o “partido ético” de antanho, testemunha de acusação contra todos os diabos e todos os santos, não oferecia jamais durante seus vinte anos de gritas de “lobo!”.

Que se vejam seus frutos assombrosos: quebrou empresa de petróleo com monopólio legal, esvaziou banco de fomento com garantia estatal, arrasou o setor energético, converteu marola internacional em tsunami interno perene; deixou um país inteiro, repleto de potencial, isolado no mundo sob a condição única de estagflação e, agora, desespera-se em busca da desinstitucionalização, última tábua ao alcance para seu próprio salvamento. Os feitos do projeto petista não têm pares na Terra, embora sigam exemplos — dos infernos. Não se importam por destruir um país, desde que garantam sobre ele o seu controle.

O Partido do Tu Quoque acabou. Insistir em sua defesa é insanidade — tarefa inglória de militância histérica, à qual apelam os psicopatas no poder. Persistirão em tal loucura até quando? Quanto tempo passarão a abusar de nossa paciência? Terão vigor as instituições para vencerem, ao final, aqueles que as vilanizam desde o princípio? A sociedade nas ruas, reivindicando liberdade, aponta que restaurar o Brasill é, em verdade, possível.

Em verdade, em verdade, a mentira tem pernas curtas. A falácia, também.

www.leonardofaccioni.org
 

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  • Armando Valadares
  • 15 Abril 2015

 

En uno de los más significativos lances simbólicos de la “ostpolitik” vaticana a favor del comunismo cubano, el pontífice Francisco recibió al tirano Raúl Castro y, en medio de sonrisas y amabilidades mutuas, estrechó largamente sus manos ensangrentadas, llegando a pedir al líder comunista que rezara por él. Es una escena escalofriante y estremecedora que, delante de Dios y de la Historia, marcará de manera indeleble el actual pontificado.
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“Como ya les he dicho a los dirigentes cubanos, yo me leo todos los discursos del Papa y sobre todo los comentarios que él hace. Y si el Papa sigue hablando así, comenzaré a rezar y volveré a la Iglesia. Y no lo digo en broma” (Página 12, Buenos Aires, 11-05-2015). Fueron éstas las frases pronunciadas por el dictador, que más llamaron la atención. Para no dejar dudas sobre la continuidad de su real pensamiento, el tirano reafirmó su condición de “comunista, del Partido Comunista de Cuba” (Radio Habana Cuba,10-05-2015). Cínicamente recordó que los católicos cubanos pueden pertenecer al Partido Comunista de Cuba, como si en realidad no fueran posiciones doctrinales contradictorias y excluyentes. Y dejó escapar que había conversado recientemente con el tristemente célebre religioso brasileño Fray Betto, uno de los líderes de la teología de la liberación, amigo personal de Fidel Castro y autor del libro “Fidel y la Religión” (Vatican Insider,Roma, 10-05-2015) .
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La alusión a Fray Betto, hecha tal vez inadvertidamente por Raúl Castro, es importante para conocer el trasfondo de las declaraciones en Roma del actual tirano. Fray Betto explicó a Fidel Castro, según se narra en el mencionado libro-entrevista, que la mejor táctica con los católicos no era perseguirlos y hacerlos mártires, sino integrarlos a la revolución comunista en torno de metas supuestamente comunes entre católicos y comunistas. Fidel Castro ya lo intuía. En discurso en la Universidad de La Habana, ya había trazado esa maquiavélica rectificación: "No caeremos en el error histórico de sembrar el camino de mártires cristianos, pues bien sabemos que fue precisamente el martirio lo que dio fuerza a la Iglesia. Nosotros haremos apóstatas, miles de apóstatas" (cf. Juan Clark, "Cuba: mito y realidad", Ediciones Saeta, Miami-Caracas, 1a. ed., 1990, pp. 358 y 658). Para poner en práctica esa rectificación estratégica, con la finalidad de hacer apóstatas, se llegó a reformar la propia Constitución comunista para permitir el acceso de los católicos al Partido Comunista, a través tramposo artículo 54 que asegura el “derecho” de “profesar” y “practicar” “cualquier creencia religiosa” con tal de que se haga “dentro del respeto a la ley”… comunista. De esa manera, la Constitución abría las puertas del Partido a los católicos revolucionarios, que en Cuba llegaron a elaboraron una “teología de la colaboración”. El sacerdote René David, profesor de teología en el seminario de La Habana, en el documento “Por una teología y una pastoral de la reconciliación en Cuba”, hizo un llamado a “una reconciliación entre catolicismo y comunismo”, aclarando que éste último “debe ser considerado como una ideología en la cual el ateísmo de modo alguno es substancial, sino que constituye un accidente” (revista Chrétiens de l’Est, No. 51, 3er. Tr. 1986, supl. No. 11, p. 33).
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Es en la perspectiva de ese largo proceso de convergencia comuno-católica que se entiende que un líder comunista como Raúl Castro, sin dejar de ser comunista y perseguidor de los cristianos auténticos, pueda al mismo tiempo llegar a “profesar” una “creencia religiosa” que coincida con las metas del comunismo o, por lo menos, que no se oponga a esa ideología que es, a su modo, una religión satánica, de odio a Dios y a sus mandamientos.
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Entonces, la condición que está presente en las frases de Raúl Castro arriba citadas, para que se concrete su alegada “conversión” (“… si el Papa sigue hablando así…”), suscita el mayor estremecimiento. Implícitamente, Castro dice que afirmaciones de Francisco, que él se encarga de leer y de comentar con sus secuaces, estarían yendo al encuentro de los objetivos comunistas o, por lo menos, no entrarían en contradicción con ellos. Castro estaría eventualmente dispuesto a volver a una “Iglesia” que se presente delante de sus ojos, y según su entender, como diametralmente contraria a la doctrina de la Iglesia que llegó a declarar que el comunismo es “satánico” e “intrínsecamente perverso” (Pio XI, encíclica Divini Redemptoris).
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Sobre la real situación de opresión y miseria en Cuba, recuerdo aquí valientes declaraciones, “políticamente incorrectas”, del entonces nuncio en La Habana, monseñor Bruno Musarò, pronunciadas el año pasado en su región natal, Lecce y después de las cuales, por coincidencia o no, fue retirado de la nunciatura en Cuba y nombrado nuncio en Egipto: “El Estado lo controla todo”, y “la única esperanza de vida para la gente es huir de la isla”, explicó el nuncio Musarò, describiendo la situación de degradación, penuria y opresión de los cubanos; y concluyó diciendo que, inexplicablemente, “hasta hoy, transcurrido más de medio siglo, se continúa hablando de la Revolución y se la alaba, mientras las personas no tienen trabajo y no saben cómo hacer para dar de comer a sus propios hijos” (Lecce News, 25-08-2014).
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Todos estos escalofriantes y estremecedores hechos levantan las más graves preguntas, no solamente sobre el dictador Castro y sus secuaces, sino sobre las intenciones de fondo de la “ostpolitik” de la diplomacia vaticana con relación al comunismo cubano, a sus objetivos y a sus metas. ¿Qué se pretende? ¿Hacia dónde se va? ¿Hasta dónde se pretende llegar? ¿Y cuáles son las consecuencias, para la fe y para la integridad de la doctrina católica, de estas actitudes tan disímiles con la enseñanza tradicional de la Iglesia sobre el comunismo “satánico” e “intrínsecamente perverso”?
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No es por acaso que durante la realización del lamentable Encuentro Nacional Eclesial Cubano de 1986, en el cual el Episcopado cubano pasó del diálogo y la colaboración rumbo a una coincidencia con el comunismo en sus propias metas socioeconómicas, el entonces arzobispo de Santiago de Cuba, monseñor Pedro Meurice, llegó a reconocer: "Nos consideraban una Iglesia de mártires y ahora algunos dicen que somos una Iglesia de traidores" (cf. "La Voz Católica", arquidiócesis de Miami, 14 de marzo de 1986).
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Sobre la “ostpolitik” vaticana hacia el régimen castrista, en el destierro cubano se han escrito libros describiendo paso a paso ese lamentable proceso. Dos de esos libros, “Dos décadas de acercamiento comuno-católico en la isla-presidio del Caribe” y “Cuba comunista después de la visita papal” se pueden bajar gratuitamente en formato PDF, a partir de los links que se encuentran inmediatamente después de este artículo. Yo mismo he tenido la obligación de conciencia de escribir decenas de artículos sobre el tema, de una manera al mismo tiempo firme, pero documentada y respetuosa, ejerciendo un derecho que todo laico católico tiene, porque la Iglesia no es una cárcel para las conciencias de sus hijos. También después de este artículo incluyen algunos links para lectores interesados en profundizar el tema y se señala uno de los sitios web que han publicado buena parte de mis artículos sobre la lamentable “ostpolitik” vaticana hacia Cuba comunista.
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El balance del encuentro de Francisco con el tirano es dramático para los cubanos que, dentro y fuera de la isla, se oponen a la dictadura castrista y anhelan la libertad de Cuba. El tirano Raúl Castro prometió “convertirse” si continúa vislumbrando coincidencias, desde su punto de vista revolucionario, con discursos y comentarios del pontífice Francisco. Mientras tanto, en sentido diametralmente contrario, recuerdo con emoción que el motivo de conversión de centenas de presos políticos cubanos, entre los cuales me incluyo, fue oír en la siniestra prisión de La Cabaña, en los comienzos de la revolución comunista, las heroicas exclamaciones de jóvenes católicos que en el “paredón” morían gritando “¡Viva Cristo Rey! ¡Abajo el comunismo!” Eso ocurrió hasta que los comunistas, percibiendo que la sangre de mártires es semilla de nuevos cristianos, comenzaron a amordazar a los jóvenes que eran conducidos al “paredón”. Es lo que narro en mi libro de memorias de 22 años de cárcel. No fue en vano que lo titulé “Contra toda esperanza”, recordando la frase llena de fe de Abraham, citada por San Pablo, y que no podía ser más actual para los cubanos amantes de la libertad: “Abraham, habiendo esperado contra toda esperanza (…) no desfalleció en la Fe” (Epístola a los Romanos, 4-18 y 19).
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Armando Valladares, escritor, pintor y poeta, pasó 22 años en las cárceles políticas de Cuba. Es autor del best-seller "Contra toda esperanza", donde narra el horror de las prisiones castristas. Fue embajador de los Estados Unidos ante la Comisión de Derechos Humanos de la ONU bajo las administraciones Reagan y Bush. Recibió la Medalla Presidencial del Ciudadano y el Superior Award del Departamento de Estado. Ha escrito numerosos artículos sobre la colaboración eclesiástica con el comunismo cubano y sobre la "ostpolitik" vaticana hacia Cuba.

 

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  • Jayme Eduardo Machado
  • 15 Abril 2015


Quando caiu a última ditadura, não imaginávamos que, passados alguns anos, estaríamos inaugurando um modelo surreal de Democracia. Jamais pensado ao longo de milênios, desde o berço grego em que nasceu. Como uma idéia fundada (1) na vontade da maioria, (2) na alternância do poder, (3) na soberania popular, (4) na liberdade eleitoral, (5)na divisão dos poderes e (6)no controle da autoridade.

(1) Nossa democracia engendrou o conceito de “minoria esmagadora”, tendo à frente um audacioso. O espertalhão iletrado busca justificar-se moralmente não só para constranger a maioria provocando as minorias à dissidência, mas mostrando que é injusto que haja minorias étnicas, raciais, sociais, de gênero, etc. porque maiorias não devem se prevalecer dessa vantagem numérica, mas sim submeter-se à vontade das minorias, ao contrário dos que pensam as democracias avançadas. Maiorias só prevalecem na soma de votos a favor.

(2) Nossa democracia não admite alternância no poder, porque seus líderes pregam que a idéia única é a base da estabilidade social. Nesse ponto, sua criatividade corrige a instabilidade que a discordância resultante da implantação de novas idéias provoca nas democracias tradicionais.

(3) Nossa democracia inovou o conceito de soberania popular e (4) de liberdade eleitoral, corrigindo a desvantagem de permitir a livre escolha dos governantes pelos governados, porque geradora de insegurança para ambos. Pois ao garantir uma quota de eleitores disposta a abrir mãos da liberdade de escolha, em troca está lhes garantindo a segurança de uma tranquila e permanente dependência do governo. E este, é claro, fortalece a certeza de permanência do poder.

(5) Nossa democracia também já superou o modelo tradicional de divisão dos poderes, porque a hegemonia deve pertencer ao Executivo, que, se necessário, será terceirizado a um partido. O Legislativo pode ser comprado para votar a seu favor, e a cúpula do Judiciário, pode ser montada para que em algum ponto fora da curva, um membro do colegiado possa externar a virtude da gratidão. Montesquieu, pensa nossa democracia, foi imprudente ao propor a independência dos poderes e ingênuo ao concebê-los harmônicos.

Por fim, nossa democracia, mais pragmática que suas congêneres, crê piamente no (6) princípio da autoridade, mas descobriu que controlar as que manuseiam dinheiro público seria reduzir-lhes o poder. Por isso a chefia decidiu loteá-lo a desonestos, para nele se garantir parecendo honesta.

* Jornalista, ex-subprocurador-geral da República
 

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