(Publicado originalmente em O Globo de 31/08)
A atual epidemia de consumo de drogas já é a maior causa de morte entre os jovens brasileiros. Ela está atrás dos recordes mundiais, que batemos, de homicídios, acidentes de automóvel e suicídios, além das mortes por doenças infecciosas e crônicas que ressurgem nas cracolândias de todo o país. Entretanto, a Defensoria Pública de São Paulo, com apoio de ONGs que pregam a liberação das drogas, entrou com uma ação de inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei Antidrogas ( 11.343), que está sendo julgada no STF.
Este artigo criminaliza o uso das drogas, mas não pune o consumo com prisão, e sim com penas alternativas.
Prisão é só para os traficantes. Estatísticas mostram que 60% dos abordados portando drogas são considerados usuários e não são presos. Os liberacionistas, porém, querem o fim a qualquer restrição ao uso, como o primeiro passo para a liberação geral.
Na prática, a descriminalização do uso significará a livre circulação das drogas, o aumento da dependência química e de vítimas da violência. Será liberada a compra, mas quem venderá? O tráfico clandestino que se fortalecerá em tamanho e poder de fogo!
Também estabelecer uma quantidade mínima de drogas ilícitas portadas para separar o uso do tráfico trará maus resultados. Colocará em dúvida a capacidade da autoridade policial e judicial de avaliar as circunstâncias em que acontecem. Desautorizará seu trabalho, diminuindo o rigor do controle. E as circunstâncias são decisivas nesses casos. Assim, qual o traficante que andará com mais drogas que o permitido por lei? Nem eles serão mais punidos! A criminalização do uso de drogas no Brasil, mesmo sem a prisão do usuário, é fator de freio e inibe sua propagação indiscriminada nas escolas, locais públicos e eventos.
O que falta são políticas governamentais de segurança e saúde, que garantam resultados melhores. Os liberacionistas dizem ser impossível controlar as drogas (“a guerra está perdida”), que “os presídios estão cheios” e que “o melhor é liberar”. Confundem, propositalmente, omissão governamental com impossibilidade de agir. Escondem o fato de que o aumento de prisões de traficantes é causado pela epidemia do crack. Se essa epidemia for enfrentada e controlada, diminuirá o número de doentes e de presos. Os países que agiram com mais rigor tiveram sucesso na diminuição do consumo e da violência.
A descriminalização do uso também passará a mensagem de que não há problema no uso de drogas, propiciando que os jovens, iludidos, as experimentem sem receio. São eles as maiores vítimas da dependência química e da violência.
O transtorno mental que as drogas causam também está na raiz da devastação familiar e da violência doméstica. Por isso a sociedade, conhecendo o drama, se manifesta, em repetidas pesquisas, radicalmente contra a liberação.
*Dep. Federal, médico e ex-secretário da Saude do RS.
http://igoracmorais.com.br/brasil
Ainda estamos descobrindo os números do primeiro semestre de 2015 e já é o suficiente para apontar recorde de resultados negativos para o segmento metal-mecânico no Rio Grande do Sul. A impressão só não é pior porque tivemos, recentemente, a crise de 2009. Mas há diferenças importantes entre aquela crise e a atual. A primeira atingiu o mundo, e essa tem como protagonista o Brasil e, de tabela, a economia gaúcha. Naquele momento a situação fiscal no Brasil permitia ao Governo adotar uma política anti-cíclica para abreviar a crise, o que realmente aconteceu. Atualmente estamos no pior momento fiscal da história do país, o que também não é diferente no Rio Grande do Sul. Por fim, ainda em 2009 o Governo Federal tinha capital político para enfrentar a crise, atualmente não há Governo no Brasil. Ao menos nisso o Estado se diferencia.
Isso posto, é possível afirmar que os números ruins no segmento podem piorar ainda um pouco mais. Ou seja, a crise, iniciada em 2014, deverá ser longa, podendo adentrar em 2016. Mas, há diferenças entre o cenário no segmento metal-mecânico no Brasil com o do Rio Grande do Sul. A produção industrial, por exemplo, cai de forma significativa no Brasil (-16%), enquanto que no Rio Grande do Sul a queda é bem maior, de 24%. O que explica esse resultado é a piora das relações comerciais com a Argentina, um parceiro muito mais importante para a economia gaúcha do que para o Brasil, além de dificuldades, em especial, na indústria de máquinas e equipamentos e de veículos automotores. Na medida em que verificamos a piora nas expectativas de empresários, os investimentos se retraíram e, com ele, as encomendas de máquinas, produto importante para a economia do Rio Grande do Sul e também na venda de caminhões, ônibus e reboques. Isso sem falar no fato de que a retração da demanda interna, principalmente nas faixas de renda menores, afetou a produção de automóveis do Estado.
Além da produção, há diversos indicadores relacionados ao segmento metal-mecânico que também apresentaram performance pior no Estado relativamente a média do Brasil, como é o caso do faturamento, emprego, horas trabalhadas, salário real, exportações e importações.
O que explica o fato dessa crise ser tão mais intensa aqui do que na média do Brasil? Há dois importantes polos metal-mecânico no país, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Claro, há produção de veículos em outros estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Paraná, mas esses não contam com a presença de uma cadeia produtiva diversificada como aqui, e que contempla também a indústria metalúrgica, produtos de metal, material elétrico e eletrônico e máquinas e equipamentos. Como essa é uma crise de confiança e de demanda, as encomendas de máquinas e de produtos de bens de consumo duráveis são fortemente atingidas. Além disso, a retração em outros segmentos industriais que demandam aço, afeta diretamente o segmento de metalurgia, que também tem forte presença no Rio Grande do Sul. A queda na produção aqui chega a ser duas vezes maior que a média nacional, como reflexo do perfil do produto que é feito aqui.
Por fim o segmento metal-mecânico gaúcho tem uma forte relação com a Argentina e as dificuldades políticas e econômicas no país vizinho foram determinantes para a piora do cenário nos últimos meses. Essa será, sem dúvida, a pior crise pelo qual irá passar o segmento no Estado, tanto em termos de magnitude quanto de duração. A sua reversão ainda não é visível no horizonte e são esperados novos ajustes, em especial nas variáveis relacionadas ao mercado de trabalho. Já foram mais de 10 mil postos de trabalho fechados no Rio Grande do Sul nos primeiros seis meses do ano somente no metal-mecânico. É bem verdade que uma taxa de câmbio mais desvalorizada pode resultar em retomada das encomendas, mas não se esqueça de que esse processo de substituição de importações é inflacionário e não irá ocorrer de forma generalizada, uma vez que muitos elos dessa cadeia produtiva foram destruídos nos anos de câmbio valorizado.
Por hora resta esperar pelo processo de ajuste macroeconômico, mas que os gestores de política aprendam com os erros do passado, pois o custo desse ciclo de recessão será elevado.
Neste país que parece de um planeta a gravitar fora do sistema solar, talvez seja de bom alvitre que esqueçamos de escrutinar o lado transparente do seu satélite natural. Afinal, a política não pode sobreviver sem o mistério, que está na raiz de toda arte. Minha proposta é que olhemos para o outro lado da lua, invisível, que ela esconde. Pois me parece que este é o lado verdadeiro da política. Sua coroa, não essa cara que estampa a figura de São Jorge montando um cavalo para matar o dragão. Mas a coroa, símbolo do poder. Poder que o PT já perdeu, mas ainda detém. Por quê?
Que perdeu é óbvio. O dinheiro - que nunca aceita desaforo - nomeou um banqueiro para tratar das finanças antes que não restasse mais nem uma moedinha de centavo no cofrinho. E o político? Aí já é preciso separar o joio do trigo. Numa democracia, esse poder pertence ao povo, vale dizer, ao conjunto dos cidadãos que elegem seus governantes. Este poder, ou melhor, a legitimidade desse poder, o PT governo perdeu em seu quarto mandato consecutivo. E perdeu por um placar igual ao da vitória do Alemanha sobre a seleção brasileira. Até pior: por 9 a 1.
Por que ainda estamos torcendo para o juiz apitar o final do jogo? É aí que entra o mistério. O outro lado da lua. Onde a democracia não é o governo do que promete ser do povo. É dos políticos e de seus patrocinadores. E sócios. Que tiram de sua misteriosa cartola ora um excêntrico Jânio Quadros, ora um desatinado Fernando Collor, e até um Fernando Henrique, o precursor de Luís Inácio Lula da Silva, o messias prometido por Fidel Castro para tirar Cuba da orfandade da União Soviética.
Agora,mais uma vez nós não sabemos que coelho vai sair dessa cartola. Como espectadores, nem sempre atentos na plateia desse teatro, chegamos a apostar: seria Michel Temer, o "articulador"? Ou seria Eduardo Cunha, o "insurgente"? Quem vai sair com mais uns trocados no bolso, dessa fila do "gargarejo"? Eu não me arrisco a apostar em ninguém. Porque o outro lado da lua é capaz de coisas que até o demônio duvida. Só sei que é impossível levar o andor de uma procissão com um santo em quem ninguém mais acredita. O PT virou Judas. E ninguém leva esse traidor para louvar no altar.
Então o que espera o circo para anuncia a nova atração do picadeiro?
Ora, espera aprontar nos bastidores, o outro lado da lua, um artista que não deixe o circo pegar fogo. Que mostre à plateia que a companhia tem nova direção. E se todos se unirem, o espetáculo vai continuar. Porque ele não pode parar. The show must go on.
Até lá, relaxem. Comam pipoca, tomem refrigerante, torçam pelo seu time no campeonato nacional. Ou saiam de casa, mostrem que não são palhaços, reclamem do preço do ingresso. Exijam o devido respeito.
A democracia precisa da nossa atitude para se iluminar.
O repórter, antes de escrever essa coisa, me enviou sete perguntas, de cujas respostas, num total de três páginas, ele aproveitou exatamente duas linhas, tendo-me feito trabalhar para o sr. Frias não somente de graça, mas em vão.
Reproduzo aqui essas respostas, na íntegra.
Sempre que aparece algum intelectual conservador ou liberal, a Folha de S. Paulo se apressa a infundir nos seus leitores a impressão de que se trata de fenômeno inusitado, anormal, necessitado de explicação. Nisso consiste uma das principais missões das suas páginas ditas “culturais”: alimentar a crença de que as pessoas inteligentes e cultas são normalmente de esquerda. A premissa subjacente, sem a qual essa idiotice não teria a menor credibilidade, é que os diretores e redatores da porcaria são, eles próprios, não apenas inteligentes e cultos, mas o padrão e medida da cultura e inteligência alheias.
Só que para acreditar nessa premissa é preciso ser inculto e burro.
Numa era que produziu Chesterton e Yeats, Bernanos e Mauriac, Eliot e Hopkins, Borges e Lawrence, Papini e D’Annunzio, Faulkner e Céline, Broch, Hofmannsthal, George, Soljenítsin e uma infinidade de outros gênios reacionários, acreditar que a alta cultura vem predominantemente da esquerda só pode ser coisa de consumidores de literatura lowbrow – exatamente como a platéia de estudantes e professores universitários brasileiros a que se dirige a Folha de S. Paulo.
A Folha não é um caso isolado: praticamente toda a “grande mídia” brasileira é cúmplice dessa palhaçada. O jornal do sr. Frias apenas capricha mais na performance.
Mas, quando a superioridade intelectual de um autor direitista é visível demais, ou quando ele faz mais sucesso do que o padrão da decência esquerdista pode admitir, então é preciso apelar a um de dois remédios desesperados. O primeiro é suprimir totalmente o nome da criatura, na esperança de que desapareça da memória popular. Adotaram esse tratamento com pelo menos quatro dos maiores escritores brasileiros: Gustavo Corção, Antônio Olinto, João Camilo de Oliveira Torres e o embaixador J. O. de Meira Penna. Quando o procedimento falha, não logrando fazer com que ao sumiço do nome se siga a desaparição das obras nas prateleiras das livrarias, então a única saída é o gerenciamento de danos: proclamar que o cidadão, sendo tão manifestamente genial, não podia ser, no fundo, bem no fundo, tão reacionário quanto parecia. Talvez fosse até um pouquinho esquerdista.
O caso mais extremo e mais significativo é José Guilherme Merquior. Decorrido quase um quarto de século da sua morte, ainda é preciso recorrer a esse expediente para atenuar o desconforto sem fim que sua existência provoca nas almas sensíveis da esquerda chique.
A isso dedicou-se o repórter Marco Antônio Almeida na edição do último dia 23, concedendo ao escritor, com generosidade olímpica, o estatuto de “conservador civilizado”, e separando-o, mediante essa idiossincrasia sublime, da horda de bárbaros e trogloditas onde avultam os nomes de Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Oliveira Lima, Ruy Barbosa, Eduardo Prado, Gilberto Freyre, Guimarães Rosa, Nelson Rodrigues, João Camilo, Gustavo Corção e tantos outros, dos quais o autor destas linhas é com certeza o menor e o mais canibal.
Por desencargo de consciência, o repórter, antes de escrever essa coisa, me enviou sete perguntas, de cujas respostas, num total de três páginas, ele aproveitou exatamente duas linhas, tendo-me feito trabalhar para o sr. Frias não somente de graça, mas em vão.
Reproduzo aqui essas respostas, na íntegra, para que o leitor confirme por si mesmo que elas já neutralizavam antecipadamente a trapaça autolisonjeira do esquerdismo folhístico, motivo aliás perfeitamente razoável para que não fossem publicadas.
1) Como o senhor avalia o legado da obra de Merquior hoje? É um nome importante na história do pensamento liberal brasileiro?
-- Fundamental sob todos os aspectos. Ninguém no Brasil sintetizou melhor a essência do “argumento liberal” -- como ele mesmo intitulou um dos seus livros -- nem mostrou mais claramente o antagonismo que existe entre os ideais liberais e as modas intelectuais “pós-modernas”.
2) Merquior escreveu no prefácio de um de “As Ideias e as Formas”: “é possível atacar o marxismo, a psicanálise e a arte de vanguarda sem ser reacionário em política, ciências humanas e estética?”. Você acha que ele conseguiu equilibrar esses fatores?
-- Críticas ao marxismo, à psicanálise e à arte de vanguarda são, quase que por definição, independentes de qualquer tomada de posição ante as correntes políticas do dia. Não vejo a menor necessidade de “equilibrar” uma coisa com a outra.
Por outro lado, é certo que, na sua fase “liberal” ele não escreveu nada de tão bom quanto Saudades do Carnaval, produto ainda da sua formação esquerdista.
3) Podemos, talvez com alguma simplificação, dividir a obra de Merquior em dois grupos – os livros de crítica literária e os livros de crítica cultural/filosofia/política. Hoje, qual desses grupos teria mais relevância?
-- Os dois. Tudo o que o Merquior escreveu é indispensável à formação de um brasileiro que se pretenda letrado.
4) Como você situa “De Anchieta a Euclides” em relação a outras histórias clássicas de nossa literatura (Candido, Bosi, Wilson Martins, por exemplo)?
-- É, de longe, a melhor de todas. Foi uma desgraça que o Merquior não tivesse concluído o segundo volume.
5) Merquior recebeu muitas críticas também. Alguns acusações feitas a ele por alguns críticos e acadêmicos, em uma breve pesquisa que fiz:
– excesso de citações (para alguns ele seria autor não de ensaios, mais de notas de leitura, tamanha a quantidade de notas em seus textos);
- ausência de ideias originais;
- estilo burocrático e árido, vulgar em certos aspectos (como ao usar o termo "lacanagem").
O que acha disso?
-- A primeira dessas três críticas é coisa de caipira. O quadro de referências do Merquior é o universo da erudição acadêmica, onde a citação meticulosa de fontes é obrigação elementar. Ademais, quando um escritor cita autores e livros que desconheço, agradeço-lhe a gentileza e imediatamente vou comprar os livros. Os que, em vez disso, o criticam pelo benefício que receberam, são ingratos, preguiçosos e invejosos. Non raggionam di lor...
A ausência de idéias originais é um fato, mas não vale como crítica. Não se critica um autor por não ser algo que ele nunca quis ser. O Merquior nunca foi um filósofo. Foi um historiador, crítico, erudito e ensaísta. Sua esfera preferencial de ação era a interpretação das obras alheias, do pensamento alheio. Que é que há de errado nisso? Além do mais, que idéias seus críticos produziram, além de idéias de jerico?
O terceiro ponto é interessante. O estilo do Merquior era eminentemente acadêmico, e ele procurava aliviá-lo introduzindo aqui e ali alguns arranjos do sermo vulgaris, mas são elementos soltos, que não se integram no todo por um esforço de síntese estilística. É só por isso que dão má impressão, embora alguns sejam de uma comicidade notável. O melhor, no meu entender, é “derrida ou desce”.
O verdadeiro ponto fraco do Merquior, do ponto de vista político, foi que, rompendo ideologicamente com a esquerda, ele continuou psicologicamente dependente de seus antigos companheiros de esquerdismo, aos quais cortejava com delicadezas de namorado enquanto eles o achincalhavam e difamavam. Ele queria convencê-los, não vencê-los, enquanto eles só queriam destrui-lo. Ele nunca percebeu a diferença.
?6) Outra crítica contundente diz que a visão de Merquior tendia ao conformismo, ao reacionário. Isso por conta da defesa que ele fazia da sociedade moderna. De acordo com essa visão, Merquior, em sua defesa da sociedade racional, capitalista, liberal e cientificista, não via razão para repulsa ou condenação diante do mundo atual. Ou seja, Merquior contesta a arte modernista, de vanguarda, mas não a sociedade que a produz. Indo até mesmo contra seus preceitos de interação entre arte e contexto histórico, ele dissociava a estética e produção vanguardista do meio que a produziu. O que você acha desta crítica feita a ele?
-- Em primeiro lugar, quem disse que o reacionarismo é um defeito? Os críticos do Merquior partem dessa premissa como se fosse uma verdade auto-evidente, o que só mostra que são bocós deslumbrados, “verdadeiros crentes” desprovidos de espírito crítico. Quase todos os grandes escritores e pensadores, de Homero a Shakespeare, Goethe e Dostoievski, de Platão e Aristóteles a Leibniz e Schelling, foram reacionários. Devemos jogar tudo isso fora só para agradar a algum semi-analfabeto esquerdista que se acha intelectual?
É verdade que a argumentação do Merquior em defesa do liberal-cientificismo está cheia de erros, eu mesmo já assinalei alguns, mas aqui não é o lugar de discutir isso.
Em segundo lugar, associar os desvarios da vanguarda ao “capitalismo tardio” é uma bobagem descomunal inventada por Gyorgy Lukacs só para bajular o governo soviético. “A sociedade”, como tal, não produz arte nenhuma. Quem a produz são indivíduos autônomos, no mais das vezes pensando contra a sociedade. Só os medíocres e conformistas são “filhos do seu tempo”. Os gênios criadores são pais dele.
7) A identificação de Merquior como um liberal, um intelectual de direita, e a participação no governo Figueiredo prejudicaram a recepção da obra dele?
-- Certamente. O Merquior tinha essa fraqueza de querer subir na hierarquia do funcionalismo público, e com freqüência era um pouco puxa-saco de seus superiores. Isso pode ter queimado a sua reputação e até feito mal à sua saúde, mas não prejudicou em nada a sua produção intelectual. E não creio que aparatchniks, servidores profissionais de totalitarismos sangrentos, tenham a menor autoridade moral para criticar o Merquior nesse ponto.
Paulo Briguet em www.jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra/
Há dois grupos em conflito: os filhos da CUT e os filhos do Brasil. Eles podem ser facilmente reconhecidos pelas cores que usam nas manifestações: os filhos do Brasil vão de verde-amarelo; os filhos da CUT preferem vermelho.
Os filhos do Brasil, mais numerosos, fazem seus protestos no domingo, porque precisam trabalhar na segunda-feira. Os filhos da CUT, em menor número, fazem seus protestos no meio da semana, porque têm estabilidade no emprego ou foram liberados pelos chefes. Sem contar o pão com mortadela, é claro.
Os filhos da CUT invadem propriedades (como fizeram com a Fazenda Figueira, em Londrina, uma das mais produtivas do Brasil). Os filhos do Brasil garantem uma safra recorde e carregam a economia do País nas costas. Mesmo assim, os filhos do Brasil são chamados de capitalistas, burgueses, exploradores e escravocratas. Enquanto isso, os filhos da CUT recebem polpudas verbas federais para continuar realizando suas marchas e invasões.
Os filhos da CUT chamam os filhos do Brasil de golpistas. E, no entanto, é o presidente da CUT que incita seus correligionários a pegar em armas para defender a “presidenta”. Os filhos da CUT chamam os filhos do Brasil de fascistas. E, no entanto, são os filhos de CUT que poderiam dizer, com Mussolini: “Tudo para o Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”. Os filhos da CUT chamam os filhos do Brasil de inimigos da democracia, mas quem defende a turma do mensalão e do petrolão são os filhos da CUT; e também são os filhos da CUT que querem censurar os filhos do Brasil nos jornais e nas redes sociais.
Os filhos do Brasil constituem a imensa maioria, algo como 91% da população. Mesmo em minoria, os filhos da CUT são muito perigosos, porque nada têm a perder, exceto o poder. E, vamos admitir, eles são muito mais experientes em estratégias e manipulações. Sem contar que os filhos do Brasil são amadores na política, não têm emprego estável nem ajuda oficial; precisam lutar pela sobrevivência, e isso consome tempo e energia. Só os filhos da CUT podem se dedicar à política em tempo integral.
Os filhos da CUT estão muito nervosos de um tempo para cá, principalmente depois de certas prisões efetuadas pela Operação Lava Jato. Ultimamente eles também não têm apreciado bonecos infláveis. Por falar em Lava Jato, há um teste infalível. Se você estiver em dúvida se alguém é filho da CUT ou filho do Brasil, pronuncie calmamente as palavras “Sérgio Moro”. Se o sujeito sorrir, é filho do Brasil. Se fizer careta ou sair correndo, é filho da CUT.
Os filhos da CUT também são filhos do Brasil, e merecem perdão. Mas ajudaria se eles parassem de mandar em nós. Misericórdia!
Sr. JANOT; Srs. DO TCU, DO STF E DO TSE: LULA, DILMA E O PT PASSARÃO. VOSSAS EXCELÊNCIAS PASSARINHO…
http://professorpaulomoura.com.br/
Se há uma qualidade admirável nos petistas essa é a capacidade de se agarrarem ao poder sem nunca jogar a toalha; sem nunca antes tentarem o diabo para preservarem seu acesso aos cofres públicos. Quando se trata de lutar pelo poder, seja para conquistá-lo, seja para preservá-lo, jamais estranhe se encontrar um petista de canivete em punho lutando contra mísseis nucleares.
Nenhum partido brasileiro sobreviveria tanto no poder, ainda mais com uma presidente com as “qualidades” de Dilma Rousseff, e no cenário que hoje ela enfrenta no quarto mandato petista na Presidência da República, sem essa garra. Se o PSDB tivesse 10% da fibra dos petistas o PT já estaria proscrito há muito tempo.
Mas, convenhamos, o PT forçou a mão. Do alto da sua arrogância, o petismo tentou tomar o Estado de assalto (no sentido literal e figurado) antes de completar a conquista dos corações e mentes da maioria dos brasileiros e antes de completar a conquista bolivariana (leia-se: usar a democracia para destruir a democracia) das instituições.
Mesmo assim, o petismo avançou, é preciso reconhecer. Quando vemos essa “juíza” do TSE (Luciana Lóssio); ex-advogada do PT, sentar-se em cima do processo de investigação das contas de campanha de 2014 de Dilma Rousseff para impedir sua condenação após seus pares votarem por maioria pela continuidade do processo, tem-se uma leve noção de até onde chegaram. E o quão urgente é retirá-los do poder. Mas, tudo indica, parece, não avançaram o insuficiente para impedir que o estouro da represa de escândalos de corrupção os leve ao colapso.
Há um “gap” entre as lideranças que mobilizam o povo nas ruas contra o petismo e seus cúmplices, e as lideranças políticas tradicionais que comandam os partidos e os poderes constituídos da República. Para o azar do PT, há hoje, entre as centenas de grupos autônomos que convocam as mobilizações de rua e disputam a opinião nas mídias sociais, milhões de brasileiros que têm a garra que falta ao PSDB para derrotar o PT.
Há uma conexão “espiritual” entre o povo que vai as ruas por um Brasil decente e o juiz Sérgio Moro, os procuradores e delegados da PF que investigam a Lava Jato. Eles não foram eleitos para nos representar, mas, pelos mecanismos republicanos que os colocaram nas posições que ocupam para exercer o dever que exercem com dignidade, eles nos representam mais do que nenhuma autoridade sufragada nas urnas.
Para que a vontade legítima do povo de remover o petismo e seus cúmplices do poder (expressa nas pesquisas de opinião e nas ruas) seja correspondida pelas atitudes dos líderes da oposição, pelas autoridades do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, há obstáculos a transpor.
E os primeiros estão dentro da oposição. É inadmissível que o senhor Geraldo Alckmin, diante da falência do Estado brasileiro e do sacrifício cobrado das futuras gerações em função dos governos petistas, se dê ao luxo de impedir a unidade do PSDB com as oposições e com o PMDB, em torno do impeachment, movido apenas pelo calculismo desprezível de alguém que coloca suas ambições pessoais acima dos interesses de toda uma nação. Para quem já foi visto como uma liderança promissora; um eventual presidente mais qualificado que outros líderes do PSDB, Alckmin hoje é percebido como um TRAIDOR! Como um estadista para Pindamonhangaba, pois, para ser presidente dos brasileiros, não serve!
Felizmente, Alckmin sozinho não tem poder de impedir que deputados e senadores do PSDB se unam ao PMDB para selar o acordo capaz de abreviar, com a benção da cúpula das Forças Armadas, o mais rápido possível, dentro das regras da democracia, e passagem do petismo pelo poder. Mas, isso não basta.
Apesar do pessimismo de muitos diante das manobras desesperadas do petismo para sobreviver (mais um adiamento no TCU, mais um adiamento no TSE), o fato é que que a trajetória da cassação do mandado de Dilma, seja pelo TSE, seja pelo impeachment no Congresso, segue avançando.
A confirmação desses avanços está nas mãos dos ministros do Tribunal de Contas da União; do presidente da Câmara dos Deputados e seus liderados, do presidente do Senado e dos seus liderados, do Procurador Geral da República, dos ministros do TSE e dos ministros do STF.
Jogo duro? Sim, duríssimo. Sem pressão do povo nas ruas, não avançaremos.
Dispo-me, nesse momento, da minha condição de analista político e invisto-me da condição de cidadão e pai de um brasileiro de dezesseis anos de idade.
Há mais de trinta anos rompi com o Partido dos Trabalhadores e me converti em seu crítico contumaz ao descobrir em estado larvar o verme da corrupção e do autoritarismo que hoje ameaça nossas liberdades, nossa democracia e o futuro da nação.
Há muito perdi as ilusões ingênuas que nutrimos na juventude com relação à natureza humana nas relações de poder e interesse. Agradeço ao PT pela lição. Por isso, não vou apelar ao espírito altruísta e republicano de vossas excelências. Vou apelar aos interesses pessoais de cada um dos senhores e senhoras que, no TCU, no TSE, no STF e no Congresso Nacional, têm o poder de tomar decisões em consonância com a vontade do povo. Por instinto de sobrevivência.
Não nos façam perder a paciência (que já está no limite). Não nos façam perder a fé e a confiança numa solução democrática e institucional para a situação em que o petismo meteu o Brasil que vamos entregar aos nossos filhos. Os senhores estão abusando. Isso não é ameaça. É alerta!
Sim; sei, aprendi com Maquiavel e os pensadores liberais. O auto interesse é o motor do ser humano e a mola do progresso. Por isso, sei que os senhores não são capazes de ouvir a vontade das ruas. Sei que os gabinetes herméticos de Brasília, nos quais os senhores tramam as estratégias de suas carreiras movidos por ambições desmesuradas, os impedem de se conectarem aos sentimentos mais puros e profundos do povo que os colocou no topo das instituições desse arremedo de “república” que construímos.
Por isso, vou apelar ao sentimento mais nobre e autêntico que move o ser humano; o egoísmo, o auto interesse que, a despeito das vontades individuais, gera o interesse coletivo em colaborar para a estabilidade social.
Sem estabilidade social não há paz, não há bem-estar material, não há progresso. Sem esse equilíbrio gerado pelo interesse de todos na paz social e na segurança pública, não há civilização e nem autoridades constituídas. Há a guerra de todos contra todos.
Sr. PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA; Srs. MINISTROS DO TCU, DO STF E DO TSE: LULA, DILMA E O PT PASSARÃO. VOSSAS EXCELÊNCIAS PASSARINHO…
(Membro do Grupo Pensar+)