• Augusto de Franco
  • 03 Junho 2015

( www.alertatotal.net)

O que está acontecendo com o PT não é um fenômeno isolado. Aconteceu com vários grupos da esquerda autocrática depois da queda do muro de Berlim. Sobretudo na América Latina, em que muitos dirigentes de organizações ditas revolucionárias enveredaram para o crime.

Conheci vários desses militantes que viraram bandidos. Daniel Ortega, da Frente Sandinista, hoje presidente da Nicarágua, foi um deles. Me lembro como se fosse hoje. Ele foi convidado de honra no I Congresso do PT (que coordenei), no final de 1991. Chegando lá, no Hotel Pampa, em São Bernardo, Daniel pediu logo ao tesoureiro do PT à época, se não podia arranjar umas prostitutas.

Esse Daniel e seu irmão Humberto, eram teleguiados de Fidel, que lhes passava pitos, aos berros. Reuniões decisivas para o futuro da chamada revolução sandinista foram realizadas em Havana, sob o comando de Fidel. E enquanto as bases petistas da Igreja idolatravam por aqui os sandinistas como expoentes de uma nova espiritualidade dos pobres, esses bandidos assaltavam patrimônio público (inclusive passavam para seus nomes propriedades imóveis) do Estado nicaraguense.

O mesmo ocorreu com gente da Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional de El Salvador, que também está no governo. Aconteceu com o Mir chileno (e com o Mir Militar) com alguns Tupamaros. com as FARC colombianas e, é claro, com a nova leva de bolivarianos, que não tinham tanta tradição de esquerda, como Chávez, Maduro e Cabello (mas aí já estamos falando de delinquentes da pior espécie, que inclusive chefiam o narcotráfico na região) e como Rafael Correa e Evo Morales. Bem, para resumir, aconteceu com boa parte das organizações e pessoas que frequentam as reuniões do Foro de São Paulo (fundado, não por acaso, um ano depois da queda do muro - e eu estava presente na reunião de fundação, no Hotel Danúbio).

Não dando certo a revolução pela insurreição, pelo foquismo ou pela guerra popular prolongada, essa galera chegou à conclusão de que seria preciso fazer a revolução pela corrupção. Bastaria adotar a via eleitoral contra a democracia e depois assaltar o Estado para financiar um esquema de poder de longo prazo. O plano era simples: conquistar hegemonia sobre a sociedade a partir do Estado aparelhado pelo partido. O objetivo era claro: chegar ao governo pela via eleitoral, tomar o poder e nunca mais sair do governo. Para isso, entretanto, era necessário, além do tradicional caixa 2, fazer um caixa 3, encarregado de custear ações legais e ilegais, ostensivas e clandestinas, para controlar as instituições, comprar aliados, remover ou neutralizar obstáculos...

Afinal, pensaram eles: as elites não fizeram sempre assim? Para jogar o jogo duro do poder não se pode ter escrúpulos. Foi essa a conclusão de Lula, Dirceu e dos dirigentes petistas que tomaram o mesmo caminho. É claro que, como ninguém é de ferro e como não se pode amarrar a boca do boi que debulha, alguma compensação em vida esses bravos revolucionários mereciam ter. E foi assim que enriqueceram, abriram contas secretas no exterior para guardar os frutos dos seus crimes, adquiriram bens móveis e imóveis em nome próprio ou de terceiros e foram levando a vida numa boa enquanto o paraíso comunista não chegasse.

O ano de 1989 foi decisivo para essa degeneração política e moral da esquerda. Mas o que aconteceu não foi um resultado do somatório de desvios individuais. Não! Eles viram que seria muito difícil conquistar o mundo e assumir o comando de seus próprios países, contrapondo um bloco a outro bloco. O bloco dito comunista se desfez. A União Soviética derreteu em 1991. Ruiu tudo. E agora? Bem, agora - pensaram eles - seria necessário ter uma nova estratégia. E eis que surgiu uma ideologia pervertida, baseada numa fusão escrota de maquiavelismo (realpolitik exacerbada) com gramscismo. Eles, como operadores políticos, conduziriam a realpolitik sem o menor pudor, enquanto que pediriam ajuda aos universitários para dar tratos à bola do gramscismo (e reproduzir mais militantes nas madrassas em que se transformaram as universidades).

No Brasil, porém, parece que erraram no timing. Precisariam de mais uns três ou quatro anos para ter tudo dominado, dos tribunais superiores, passando pelo Congresso, pelo movimento sindical e pelos fundos de pensão, pelos (falsos) movimentos sociais que atuam como correias de transmissão do partido, pela academia colonizada, pelas ONGs que se transformaram em organizações neo-governamentais, por uma blogosfera suja financiada com dinheiro de estatais e por grandes empresas (com destaque para as empreiteiras, atraídas pela promessa de lucros incessantes quase eternos se estivessem aliadas a um sólido projeto de poder de longo prazo).

Não deu tempo. O plano foi descoberto antes que as instituições fossem completamente degeneradas. E chegamos então a este agosto de 2015, ano em que alguns desses dirigentes vão começar a assistir, de seus camarotes na prisão, o desmoronamento do esquema maléfico que urdiram.

Augusto de Franco é escritor, palestrante e consultor. É o criador e um dos netweavers da Escola-de-Redes - uma rede de pessoas dedicadas à investigação sobre redes sociais e à criação e transferência de tecnologias de netweaving. É autor de várias dezenas de livros e textos sobre desenvolvimento local, capital social, democracia e redes sociais.
http://www.alertatotal.net/2015/08/por-que-esquerda-enveredou-para-o-crime.html

 

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  • Nivaldo Cordeiro
  • 03 Junho 2015

É notório que o Brasil vem num processo de transformação rápido, que tem sido produzido pela revolução socialista que está em curso. Esta revolução quer ser silenciosa e tem passado desapercebida para a maioria dos brasileiros. Poucas vozes se levantaram para denunciar e falar sobre o assunto. Quero aqui explicitar como esse movimento revolucionário tem sido implantado em nosso país.

São três eixos revolucionários que caminham em paralelo, mas mantendo os mesmos objetivos estratégicos e frequentemente se intercruzando. O primeiro deles é a chamada revolução gramsciana, que entrou em pauta com o maior dos seus estrategistas,Fernando Henrique Cardoso, quando da fundação do Cebrap, no final dos anos sessenta. O Cebrap virou um think thank e logo foi imitado por outros, basicamente para realizar a formação de quadros e a produção de ciências sociais comprometidas com a revolução. É claro que o Cebrap levou FHC à presidência da República, três décadas depois. A revolução gramsciana se consolidou com a posse de Lula e do PT na Presidência da República.

Basta ver uma breve lista de pesquisadores que passaram pelo Cebrap para se perceber como o organismo espalhou esporos por toda parte: Boris Fausto, Cândido Procópio Ferreira de Camargo, Carlos Estevam Martins, Elza Berquó, Fernando Henrique Cardoso,Francisco Weffort, Francisco de Oliveira, José Arthur Giannotti, José Reginaldo Prandi,1 Juarez Rubens Brandão Lopes, Leôncio Martins Rodrigues, Luciano Martins, Octavio Ianni, Paul Singer e Roberto Schwarz. Muitas das cabeças coroadas da academia e da imprensa nunca deixaram de ser agentes propagadores da revolução gramsciana, como se vê. Foram produtores de falsa ciência, a serviço da transformação social. Se você, leitor, fez algum curso universitário provavelmente saiu dele intoxicado com o veneno ideológico produzido por essa gente, que é autora da maior parte da literatura recomendada.

Os agentes formados por esses falsos gurus pouco a pouco foram tomando conta do Estado, de modo a transformar seus organismos em "aparelhos ideológicos", a serviço da causa revolucionária. Tomaram conta primeiro da Educação e da Saúde. Depois de todo o resto.

Essa revolução ganhou força quando dominou do pensamento universitário brasileiro, ao longo dos anos setenta e oitenta (e depois, já que nunca parou). Os professores e alunos passaram a ser divulgadores e doutrinadores das ideias revolucionárias e também cabos eleitorais quando as eleições aconteciam. A eficácia política foi total, a ponto de a direita ter desaparecido da cena política, só retornando agora, de forma embrionária e dispersa, com as eleições de 2014. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, será talvez a maior expressão política dessa nova direita. O Brasil está ainda hemiplégico, voado politicamente apenas com seu lado sinistro.

O segundo eixo da revolução é a cultural, que recebeu grande impulso depois da posse de FHC como presidente e ainda maior quando o PT o sucedeu. Políticas de cotas, de aborto, pró movimento gay, causa ambientalista, a busca obsessiva pela igualdade de gêneros no limite do ridículo, liberação do uso de estupefacientes, tudo tem sido feito nessa direção, naturalmente inspirado da Escola de Frankfurt. O objetivo derradeiro é destruir a família cristã e o Brasil como unidade, fragmentado em múltiplos "movimentos sociais". Essa perna da revolução sofreu agora profundo revés porque Eduardo Cunha assumiu a presidência da Câmara de Deputados e, como primeira medida, decidiu retirar de pauta os pontos da agenda revolucionária.

O terceiro eixo é mais antigo e é caudatários de intelectuais que produziram ficção e não ficção desde o século XIX. A literatura e a filosofia foram postas a serviço da transformação. A Semana de Arte Moderna é expressão maior dessa tentativa revolucionária. Nossos grandes escritores, em alguma medida, fizeram da sua obra um veículo de propaganda da revolução.

Dos três eixos, o mais pernicioso e o mais profundamente arraigado é o terceiro. Contra ele só pode agir um processo de produção cultural em volume equivalente àqueles produzido pelas esquerdas, convencendo a inteligência brasileira, sua elite cultural bem como econômica, do erro que é abraçar a revolução. É um processo que levará décadas, por isso um partido político ou alguma liderança contrarrevolucionária não pode fazer muito, exceto aquilo que Eduardo Cunha fez. É preciso reescrever os livros didáticos, que surjam novos escritores comprometidos com a causa da verdade, que os jornais saiam das mãos dos comunistas, que os professores deixem de ser agentes da transformação para serem os portadores da moralidade. Um movimento assim nem começa e nem acaba em partidos políticos, pois exige o engajamento de uma elite pensante que ainda não existe.

Eu vejo aqui e ali sintomas de vitalidade. É preciso fazer germinar um novo tipo de homem, comprometido com a verdade e o Bem. Vai demorar, mas, se serve de consolo, penso que essa reação está em curso, de forma espontânea. A esquerda deixou de ter o monopólio da mídia e da produção de ideias. A internet deu voz àqueles que, isolados, nada podiam fazer para interferir no processo. O simples fato de se discutir o assunto é já trabalhar para a sua superação.
Quem viver verá.

 www.nivaldocordeiro.com
 

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  • Ruy Fabiano
  • 03 Junho 2015

A construção de uma unidade geopolítica latino-americana – ou ao menos sul-americana – não surge com o PT. É ideia antiga, que, há três décadas, inspirou o Mercosul e alterou, para o mal e para o bem, a diplomacia e o comércio continentais.

O fato de ser desejável e necessária, numa época em que as nações se organizam em blocos, para melhor figurar no cenário geopolítico mundial, não a torna menos complexa. A unidade europeia, ideal antigo de séculos, começou a ser implementada após a Segunda Guerra. Passou por diversos estágios e ainda está em curso, cada etapa sendo publicamente discutida.

Não é fácil unir coisas distintas e assimétricas, respeitando-se os espaços de soberania.

O problema da união latino-americana cogitada pelo PT, e pelas organizações da esquerda continental, reunidas no Foro de São Paulo, é tentar impô-la sem debates e sob o tacão ideológico.

A Pátria Grande terá que ser socialista – ou bolivariana - e seu projeto objetiva, com a urgência possível,unificar forças armadas, moeda e territórios. Nada menos.

Para definir sua institucionalização, criou-se a Unasul, cuja última reunião de cúpula, no Equador, em dezembro, aprovou três propostas complicadíssimas: uma Escola Sul-Americana de Defesa – "um centro articulado de altos estudos para formação de civis e militares" -, abertura do espaço aéreo dentro da Unasul, além de passaporte comum, sem distinguir nacionalidades.

São questões que tangenciam a soberania e pressupõem longas e complexas tratativas, acompanhadas de perto pelas sociedades dos países abrangidos. Nada disso, porém, ocorreu: nem na sociedade, nem no Congresso, nem em parte alguma.

Quem assiste os vídeos do PT tratando do assunto – e há vários na internet (deve ser isso que o partido entende como "debate"), constata que se parte de um pressuposto falso: de que a sociedade brasileira está não só ciente desse projeto, mas de pleno acordo – sobretudo quanto a seu teor ideológico.

Num deles, fala-se de "uma América do Sul vermelha". Em outro, Lula fala da importância de o Brasil investir na infraestrutura de Cuba, sem explicar o porquê. O debate deu-se sempre intramuros, com a militância do partido e do Foro.

Os reflexos dessa manobra são evidentes. Mudou a diplomacia brasileira, trocando parceiros e prioridades. O Brasil é o único país a dispor de duas chancelarias: a oficial, o Itamaraty; e a real, a cargo do chanceler Marco Aurélio Garcia.
As antigas alianças ocidentais foram trocadas por outras, de teor oposto, que em vez de lucro dão prejuízo.Serve-se ao país a política do fato consumado, na base da terapia do susto.

A figura de Simon Bolívar tem peso simbólico nos países hispano-americanos, como libertador do colonizador europeu, mas nenhum no Brasil, que viveu processo de independência diverso.

Impingi-la como elo comum é uma arbitrariedade. Os nossos "pais fundadores" – e os há – são civis. Os mentores de nossa independência não eram militares, que só passaram a ter presença exponencial na política brasileira a partir da República, por eles proclamada. Nosso Bolívar é José Bonifácio.

O problema, portanto, começa na falsificação dos símbolos. A grande figura militar brasileira, o Duque de Caxias, firmou-se menos como guerreiro e mais como pacificador, arquiteto da unidade nacional, ao longo do Segundo Reinado.

Nem ele, no entanto, desfruta mais desse prestígio, tal a eficácia do processo iconoclasta a que foram submetidas as figuras históricas do país de algumas décadas para cá. Sem heróis, não há nação – e por isso as grandes nações sempre cultivaram os seus.

A Pátria Grande não inova nesse ponto: vê em Bolívar um herói comum, ainda que o perfil histórico que esculpiu esteja bem longe da figura real que ele encarnou. O Brasil, e esse é o absurdo maior, mesmo sem ter nada a ver com Bolívar, cumpre o papel de promover e patrocinar esse projeto, sem que sua população saiba de seus objetivos e, sobretudo, do seu custo.

Não é por outro motivo que o governo reage ferozmente à ideia de abrir a caixa preta do BNDES, que revelará parte dos custos da construção da Pátria Grande. Ela também é destinatária de parte do saque à Petrobrás e aos fundos de pensão.

O Foro de São Paulo promove a eleição dos bolivarianos e sustenta a construção (que não é barata) dos alicerces dessa "nação comum". O dinheiro vem daqui. E Joaquim Levy, antípoda ideológico do pessoal do Foro, foi chamado a administrar o troco que restou ao Tesouro Nacional nessa aventura em pleno curso.

(O Globo)

http://brasilsoberanoelivre.blogspot.com.br/2015/05/a-patria-grande.html
 

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  • Hermes Rodrigues Nery
  • 03 Junho 2015

Pronunciamento do Prof. Hermes Rodrigues Nery, diretor da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família e coordenador do Movimento Legislação e Vida, no Senado Federal, sobre a questão do aborto, em audiência pública, realizada na Comissão de Direitos Humanos, em 28 de maio de 2015.

Exmo. Sr. Senador Paulo Paim, Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, Profª. Fernanda Takitani, Dr. Gollop, Dra. Lenise Garcia, membros da mesa, e demais presentes.

            Estando de volta a esta Casa Legislativa, novamente no Senado, para, mais uma vez, fazer a defesa da vida, desde a concepção, que é o propósito do Movimento Legislação e Vida1, da Diocese de Taubaté, fundado por nosso Bispo Dom Carmo João Rhoden, e que há dez anos2, junto com outras entidades e grupos, especialmente a Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, que aqui representamos nesta audiência pública, inúmeras vezes vindo ao Congresso Nacional para trazer informações aos parlamentares, exortando-os a decidirem em favor da vida e da família3, cujo combate pela vida tem se intensificado a cada dia, conforme S. João Paulo II expos na sua memorável encíclica Evangelium Vitae, dizendo que há um combate de mentalidades, cujo drama tem se agudizado em nossos dias, um conflito entre a cultura da morte e a cultura da vida. "Existe uma crise profunda da cultura"4, uma "conjura contra a vida"5, com circunstâncias dramáticas e terrificantes, que "tornam por vezes exigentes até o heroísmo as opções de defesa e promoção da vida"6. A vida humana tem um valor sagrado, que deve ser respeitado e salvaguardado, em todas as circunstâncias, desde a concepção até a morte natural. A questão do aborto é a ponta do iceberg. Sabemos que há um holocausto silencioso, vitimando milhares de seres humanos, a cada dia, em todas as partes do planeta, vidas ceifadas ainda no ventre materno, do modo mais cruento e doloroso, pois o inimigo de Deus tem sede do sangue inocente.

"Estamos todos na realidade presos pelas potências que de um modo anônimo nos manipulam"7, afirmou Bento XVI. Estas potências que atuam "de modo anônimo"8 tem expressão nos centros privados do poder e em grandes fundações internacionais9, na vasta rede de OnG's feministas que defendem os direitos sexuais e reprodutivos, em agências da ONU, e em tantos governos locais, como aqui, o governo brasileiro, cumprindo a agenda desses organismos, a agenda antinatalista e antifamília do Foro de São Paulo, dos partidos políticos de esquerda, especialmente o PT, que expulsou dois parlamentares deste Congresso Nacional, Luiz Bassuma10 e Henrique Afonso, por não aceitarem essa ideologia inumada e terem sido a voz dos nascituros indefesos, nesta Casa de Leis.

            Sr. Presidente,

Na Câmara dos Deputados, quando aqui estive, em dezembro de 201311, disse que as Fundações internacionais usam as ONGs para seus fins, da forma mais pragmática. Fazem isso aqui no Brasil: agências da ONU, a Fundação MacArthur, a Fundação Ford, a lista é enorme, fazem ingerência em nosso País, e o governo brasileiro apoia e repassa recursos para essas Ongs, sob a orientação da Secretaria de Políticas para as Mulheres, recursos para os fins de aborto e tudo mais. E mais uma vez afirmamos que isso deve ser motivo de se abrir a CPI do Aborto, para ver quem estão sendo beneficiados, quem estão recebendo para trabalhar contra a população brasileira.

Tudo isso tem uma história bem documentada, mas ainda conhecida por poucos. Trata-se de um processo por etapas. Primeiramente, desde os anos 50, o período do chamado "planejamento familiar", "um eufemismo de anticoncepcionismo"12, com programas gestados em países desenvolvidos, nos centros privados de estudo e pesquisa sobre demografia e população. Depois, essa fase foi superada para introduzir uma nova estratégia que chegou aos dias de hoje, com a chamada ideologia de gênero, o "conceito-chave da reengenharia social e anti-cristã para subverter o conceito de família"13.

Importante lembrar aqui uma publicação na revista Science14, em novembro de 1967, de Kingsley Davis, [diretor do Centro Internacional de Pesquisas Populacionais e Urbanas, da Universidade da Califórnia, em Berkeley], que chamou a atenção para uma nova estratégia muito mais sutil e sofisticada, para a eficácia da cultura da morte e para que o aborto acabasse sendo aceito com menos resistência como o meio mais eficaz de controle populacional. E para isso, seria preciso "descontruir a linguagem, os relacionamentos familiares, a reprodução, a sexualidade, a educação, a religião e a cultura, entre outros"15. Para ele, "a técnica de limitação demográfica concentrada no fornecimento de anticoncepcionais com programas patrocinados pelos organismos de saúde pública"16, não seria eficiente, para "influir na maioria dos determinantes da reprodução humana"17. O neomalthusianismo, que está aí até hoje na agenda de gênero e do ecologismo da ONU, aparece também em Davis, quando se refere às metas de "crescimento zero como objetivo final"18 com a ideia de que "qualquer ritmo de crescimento, se contínuo, acabará por esgotar a terra"19. Isso é uma falácia. Para Davis, naquela época, o controle demográfico era ainda "inaceitável para a maioria das nações a para a maioria das comunidades religiosas e atinentes."20 Então, como fazer para viabilizar o controle no "tamanho da família", para que os "casais em seu próprio interesse controlem automaticamente a população em benefício da sociedade"21, na ótica da referida agenda? O insight de Davis então foi captado, e a partir dos anos 70-80, mais ainda nos anos 90, depois das grandes conferências internacionais da ONU, se tornou esse movimento cultural e político global, com força econômica e tecnológica, para pressionar governos e instituições, pelo desmonte da família. As ideias de Davis foram operacionalizadas pela Fundação Ford, a partir do documento "Saúde Reprodutiva: Uma Estratégia para os anos 90"22. A própria IPPF acatou "as ideias básicas contidas no trabalho de Kingsley Davis23, e depois, "a orientação geral de todas as agências envolvidas com planejamento familiar, demografia e aborto passaram a seguir cada vez mais ostensivamente as linhas gerais das recomendações"24 de Kingsley Davis.

Seria preciso - para ele - então influir na consciência, manipular as consciências, colonizá-las ideologicamente, neutralizando as resistências a esta agenda, que insiste no "aborto provocado"25 como "um dos meios mais seguros de controlar a reprodução"26 e garantir não apenas a redução dos índices de natalidade, como também a pulverização e atomização da própria estrutura familiar. Foi então preciso responder à questão: "porque as mulheres desejam tantos filhos e como se pode influir sobre este desejo?"27 Isso não era só "uma questão tecnológica. A tarefa do controle populacional então se torna simplesmente a invenção de um instrumento que seja aceitável"28.

 

Então, sr. Presidente, a cultura da morte passou a ser também uma política de educação. Foi a partir de Davis, que Adrianne Germain, sua aluna, percebeu que era preciso uma estratégia de longo prazo, a partir da educação: "Nenhuma compulsão poderá ser usada, porque o movimento está comprometido com a livre escolha, porém filmes sobre sexo, posters, histórias em quadrinhos, conferências públicas, entrevistas e discussões são permitidos. Estes proporcionam informações e supostamente modificam os valores"29. Aí está a crise profunda da cultura, o combate de mentalidades, que a questão do aborto está inserida. "Considera-se que o esforço foi coroado de êxito quando a mulher decide que deseja apenas um determinado número de filhos e emprega um anticonceptivo efetivo"30. Por isso os meios de comunicação de massa, as escolas [não só públicas] fazem todo um trabalho de colonização das consciências [é a doutrinação ideológica] para que haja uma aceitação da cultura da morte, sem que as pessoas se dêem conta de que estão sendo manipuladas e agindo contra o que naturalmente elas jamais fariam se não estivessem sendo condicionadas culturalmente a isso. E para tais objetivos, tais ideologias visam mesmo "controle de seres humanos"31, daí a nova forma de totalitarismo. Foi o que sugeriu Kingsley Davis: "Mudanças suficientemente básicas para afetar a motivação de ter filhos seriam mudanças na estrutura da família, no papel das mulheres e nas normas sexuais"32. É preciso o "controle da motivação pela sociedade"33, para que o aborto pudesse ser praticado sem remorsos de consciência. E fazem tudo isso também com várias retóricas, que fazem parte dessa agenda, por exemplo, também a da defesa ambiental, da paz e dos diretos humanos, pois "o mandamento ecologista de controlar a natalidade para salvar o planeta"34 é "próprio do paradigma do desenvolvimento sustentável"35. Ora, "não é o assassinato de milhões de inocentes o maior ataque à paz e aos direitos humanos?"36 Esta cultura da morte é a perversão dos próprios direitos humanos, pois o primeiro e principal de todos os direitos humanos é o direito à vida, desde a concepção.

E agora, essas agências da ONU, com estas ideologias, estão, fazendo pressão, cada vez mais, promovendo eventos, a própria UNESCO, a Religions for Peace, a Aliança de Civilizações, todos juntos fazendo pressão, também junto à Igreja, intensificando os esforços por esta agenda. O Al Gore, por exemplo, "propôs um rigoroso controle de natalidade em nível mundial, sob o pretexto de preservar os recursos do planeta"37. A Organização inglesa Optimum Population Trust propôs "universalizar o controle obrigatório da população, dizendo: 'a cada sete dólares em anticoncepcional evita-se a emissão de uma tonelada de CO2."38 Outra grande falácia! E tudo isso com a retórica de combater a pobreza, quando, na realidade, sr. Presidente, querem é combater os pobres, especialmente dos países subdesenvolvidos e condená-los ao subdesenvolvimento. Pois essas agencias da ONU estão, de todas as formas, em todas as partes, até aonde não deviam estar, investindo pesado e pressionando para que a moral cristã seja flexibilizada, para não haver mais nenhuma resistência a este projeto de "reengenharia anti-cristã da sociedade"39.

E aí, para concluir esta minha colocação, sr. Presidente, demais membros da mesa, quero lembrar também da situação dos países desenvolvidos que adotaram essa agenda, e que hoje o movimento lá fora é muito grande por buscar reverter as legislações abortistas, pelos efeitos perversos [desumanos e de desagregação social], de uma agenda que comprovadamente não garante desenvolvimento [humano e social], pelo contrário, a crise atual dos Estados Unidos (que legalizou o aborto em 1973) e da Europa, e mesmo do Japão (em que o aborto é legalizado desde 1949) e de tantos outros países desenvolvidos, mostra o equívoco desta agenda que aceita o aborto como estratégia de controle populacional [o aborto químico, a pílula abortiva, tudo isso que é terrível, por cometer o assassinato de seres humanos inocentes e indefesos, e também de causar danos à saúde da mulher, principalmente pobre e negra, de violentá-la enquanto pessoa humana], estratégia essa de liquidação da família, e que nós temos o dever de rechaçar, pois a família é a primeira e principal instituição humana. 

E mais: a ideologia laicista, que visa minar a moral cristã, está impregnada na agenda das agências da ONU, das Fundações internacionais e das forças políticas do internacionalismo de esquerda. E tais organismos e grupos sabem da força civilizatória do cristianismo, do cristianismo como promotor da liberdade, da liberdade com responsabilidade e compromisso com a vida, do cristianismo como força promotora do verdadeiro desenvolvimento humano e social, que começa na estrutura natural da família, constituída por homem e mulher, aberta à fecundidade. É o que reconhece os mais sérios especialistas da atualidade, que dizem: "é na erosão do casamento e da família, afirma o Dr. Mitch Peralstein, que está a raiz do declínio do desempenho educacional e econômico das crianças norte-americanas criadas em famílias desestruturadas"40, principalmente nas famílias monoparentais. "Pearlstein argumenta que a fragmentação da família não só inibe o crescimento normal e a educação das crianças, mas também tem um efeito deletério sobre a economia em geral"41. Ou ainda em "Family Structure and Income Inequality in Families with Children: 1976 to 2000", publicada na revista "Demography", em 2006, Molly A. Martin "estima que 41% da desigualdade econômica entre 1976-2000 foi decorrente da alteração da estrutura familiar"42. Portanto esta agenda antinatalista e antifamília não são promotoras do desenvolvimento humano e social. 

O que fazer diante disso?

Há muitas iniciativas que podem e devem ser feitas, principalmente no campo da educação, em todos os níveis, para vencermos a batalha em favor da vida e da família; mas no campo legislativo, temos o Estatuto do Nascituro em tramitação, e outros projetos de lei nesse sentido, estivemos aqui e apresentamos ao senador Magno Malta, que através da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família, possa encaminhar a PEC pela Vida, para que nós possamos resistir à cultura da morte, afirmando a cultura da vida, explicitando no texto constitucional, no art. 5º da Constituição Federal, a inviolabilidade da vida humana, desde a concepção. A exemplo do que já fez a Hungria43, e vários estados do México, alguns até dos EUA e outros, temos esperança de ver aprovada a PEC pela VIDA em nossa Carta Magna, porque o ser humano já é pessoa e já possui dignidade, desde o primeiro instante, com a concepção. Podemos vencer a cultura da morte e afirmar a cultura da vida, a partir dessa decisão, nesta Casa de Leis. Por isso, caro Senador, pode ter a certeza de que "uma das tarefas mais nobres"44, em meio aos tantos desafios de hoje, "consiste em permanecer firmemente ao lado da vida, encorajando aqueles que a defendem e edificando com eles uma verdadeira cultura da vida"45. 

Muito obrigado!

Íntegra do pronunciamento no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=CiBCrAMSDnk&feature=youtu.be

Notas:

http://fidespress.com/brasil/o-desafio-de-conjugar-legislacao-e-vida/

http://www.zenit.org/pt/articles/legislacao-e-vida-no-brasil
http://juliosevero.blogspot.com.br/2008/05/foi-uma-vitria-e-tanto-nunca-vi-isso.html
Evangelium Vitae, 11
Evangelium Vitae, 12
Evangelium Vitae, 11
Bento XVI, Jesus de Nazaré, v. 1, p. 35, 3ª reimpressão, Editora Planeta do Brasil, São Paulo, 2008
Ibidem.
http://www.amazon.com/Foundations-Influence-Rene-A-Wormser/dp/0925591289
http://jesus-logos.blogspot.com.br/2009/09/carta-ao-amigo-luiz-bassuma-de-hermes.html
https://www.youtube.com/watch?v=97EnsLrN64Q
Kingsley Davis, Política Populacional: os programas atuais terão sucesso?, publicado na revista Science, em 10 de novembro de 1967. http://www.aborto.com.br/historia/ha7-3.htm
Juan Cláudio Sanahuja, Poder Global e Religião Universal, p. 42, ed. Ecclesiae, Campinas, 2012.
http://www.sciencemag.org/content/158/3802/730.citation
Oscar Alzamora Revoredo, Ideologia de Gênero: Perigos e Alcance, Léxicon – termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas, Pontifício Conselho para a Família, p. 499; Edições CNBB, 2007
http://www.sciencemag.org/content/158/3802/730.citation
Ibidem.
Ibidem.
Ibidem.
Ibidem.
Ibidem.
http://www.votopelavida.com/fundacaoford1990.pdf
http://www.aborto.com.br/historia/ha7-1.htm
http://www.aborto.com.br/historia/ha7-1.htm
http://www.aborto.com.br/historia/ha7-4.htm
Ibidem
http://www.aborto.com.br/historia/ha7-5.htm
Ibidem.
Ibidem.
Ibidem.
Ibidem.
Ibidem.
Ibidem.
Juan Cláudio Sanahuja, Poder Global e Religião Universal, p. 57, ed. Ecclesiae, Campinas, 2012.
Ibidem.
Ib. p. 60.
Ib. p. 55.
Ib. pp. 55-56.
Ib. p. 57.
http://www.thedailybeast.com/articles/2012/04/11/book-review-mitch-pearlstein.html
Ibidem.
https://muse.jhu.edu/login?auth=0&type=summary&url=/journals/demography/v043/43.3martin.pdf
http://noticiasprofamilia.blogspot.com.br/2011/05/sancionada-nova-constituicao-da-hungria.html
L'Osservatore Romano, 24.10.1998, p. 6.
Ibidem.
 

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  • Carlos Newton
  • 02 Junho 2015


(Publicado originalmente na Tribuna da Internet)
Entre os vários desentendimentos que assolam o governo e o PT, o mais grave, sem qualquer dúvida, é o rompimento das relações entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro José Dirceu. Da antiga amizade, nada restou. Como ambos estão ameaçados, agora cada um deles cuida da própria sorte e, para se salvar, estão trilhando o caminho da autodestruição.

O rompimento ocorreu em janeiro, quando Dirceu sentiu que a situação se complicava e logo estaria envolvido na Operação Lava Jato. Como o PT e o governo se mostravam completamente desarticulados, resolveu procurar Lula para armar um plano conjunto de defesa, como sempre fizeram, inclusive no caso de Rosemary Noronha, em que Dirceu participou diretamente da montagem de blindagem da segunda-dama de Lula, ajudou a selecionar os quatro escritórios para defendê-la, depois contratou mais um, e acompanhava Lula e Rosemary em reuniões com esses advogados, todos caríssimos, a serem pagos pelo caixa 2 do PT.

Dirceu telefonou ao Instituto Lula e pediu a Paulo Okamotto que agendasse um encontro dele com o ex-presidente. Mas acontece que Lula não quis se reunir com ele, Okamotto começou a dar desculpas, até que Dirceu perdeu a cabeça a destratou o assessor. Isso aconteceu em janeiro. Desde então os dois ex-amigos estão rompidos.

SEGUNDO CAPÍTULO

Esta novela será demorada. Estamos apenas no segundo capítulo. A estratégia de Lula continua a mesma que usou no mensalão. Sua intenção é tirar o corpo fora e novamente culpar José Dirceu, para ter o mínimo de desgaste possível. Sonhar não é proibido. Mas as coisas mudaram do mensalão para cá, Dirceu não está disposto a pegar novamente cadeia. Seu objetivo é cumprir o resto da pena e se mudar para Portugal, tentar esquecer o que passou e curtir com a mulher e a filha o dinheiro que sobrou de suas "consultorias". O mais provável, porém, é que Dirceu seja novamente condenado.

Se a situação de agravar, ele vai fazer delação premiada e entregar todo mundo, particularmente Lula, que hoje é seu inimigo nº 1. Na entrevista que concedeu há duas semanas ao repórter Daniel Pereira, da Veja, Dirceu ameaça claramente entregar Lula, que não tem condições de demovê-lo, nada tem a oferecer, porque também está envolvido até a alma.

Se Dirceu contar o que sabe, destruirá Lula, o PT e o governo Dilma. Certamente é por isso que Lula já está até falando que não será candidato em 2018. Depois que a bomba explodir, é melhor fugir para a Itália, aproveitando a segunda cidadania que Dona Marisa Letícia oportunamente conseguiu, seguindo o belo exemplo de Henrique Pizzolato. E lá na terra de Fellini, a famiglia Silva então poderá dizer que la nave va...
 

* Jornalista

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  • Guilherme Fiuza
  • 01 Junho 2015

(Publicado na revista Época)

Lula ficou revoltado com Pixuleco, um boneco inflável de 12 metros de altura que apareceu em Brasília nas manifestações do dia 16. Pixuleco é uma caricatura de Lula com roupa de presidiário e a inscrição “13-171”. A sátira motivou uma nota oficial do Instituto Lula, afirmando que o ex-presidente nunca fez nada de errado e só foi preso na ditadura militar por defender as liberdades. Nunca antes um ex-presidente da República polemizou com um boneco inflável – que veio desinflar o mito de Lula. E, quando isso se consumar, acabará a bateria da marionete que governa o Brasil.

Lula está indignado, porque a indignação é seu disfarce perfeito. Um dia ele já se indignou de verdade, mas, quando notou que o figurino do injustiçado chorão lhe dava poderes mágicos, não vestiu mais outra roupa. Lula manda no Brasil há 12 anos e continua se queixando da opressão – fórmula perfeita para eleger uma oprimida profissional, que luta dia e noite contra uma ditadura encerrada 30 anos atrás. Hoje, há quem diga que essa ditadura foi profética ao prender Lula: atirou no que via e acertou no que ainda não existia. É evidentemente uma piada. O autoritarismo militar não tem graça, e Lula não estava destinado a ser o Pixuleco 171. Quem lhe reservou esse destino, quase sem querer, foi ele mesmo.

Lula não se enrolou por banditismo. Se enrolou por mediocridade. Foi muito pobre e, ao se aproximar do poder, mais forte do que o impulso de combater a pobreza foi o instinto de se vingar dela. Vingança pessoal, bem entendido. Não resistiu aos convites do poder como status, como ascensão social. Quem conviveu com ele nos primeiros anos de palácio se impressionou com os charutos, os vinhos caros e demais símbolos de riqueza. Um ex-operário fascinado pela opulência dos magnatas. Isso não costuma dar certo. Não para um político.

Luiz Inácio da Silva é um cara simpático, engraçado. Não tem o olhar demoníaco de um Collor, que exala prepotência e crueldade. Mas, assim como a imensa maioria dos companheiros petistas, tem uma noção visceral de sua mediocridade. Os companheiros morrem de medo de sua própria covardia. Daí o desespero com que se agarram às tetas do Estado, com a forte desconfiança de que não serão capazes de mamar em outra freguesia. Talvez até alguns fossem capazes – Lula muito mais do que Dilma, por exemplo –, mas eles mesmos não acreditam. E não pagam para ver. Ou melhor: pagam para não ver.

E pagam bem. A República do Pixuleco é possivelmente um dos mais formidáveis sistemas de corrupção da civilização moderna – se é que se pode chamar isso de civilização. Um sistema montado sobre um trunfo infalível em sociedades infantilizadas e sentimentaloides: a chantagem emocional. Lula da Silva chora, e os corações derretidos ficam cegos para tudo – inclusive para o saque a seus próprios bolsos. O Brasil está sendo roubado de forma obscena há 12 anos pelos coitados, e não se sabe mais quantos exemplares de Joaquim Barbosa e Sergio Moro serão necessários para o país enxotar o governo criminoso.
A Lava Jato já evidenciou: as campanhas presidenciais de Lula e Dilma foram abastecidas com dinheiro roubado da Petrobras. Enquanto Lula batia boca com o boneco inflável, explodia a confissão de Nestor Cerveró sobre o uso de propina do navio-sonda Vitória 10000 para a campanha de Lula em 2006. O próprio Instituto Lula que foi visto polemizando com o Pixuleco é uma central de arrecadação de cachês milionários do ex-presidente, oficialmente para palestras pagas por grandes empreiteiras – as mesmas que ganham obras no exterior graças ao lobby do palestrante.

Não é que o impeachment de Dilma seja uma saída legítima – ele é a única saída legítima, se os brasileiros ainda quiserem salvar suas instituições da pilhagem desenfreada. A legalidade no país leva todo dia um tapa na cara das trampolinagens companheiras sucessivamente reveladas e expostas, escatologicamente, à luz do sol. Dilma é a representante oficial da pilhagem – e só os covardes duvidam disso.

Se o Brasil tiver vergonha na cara, cercará o Congresso Nacional e o “encorajará” a fazer o que tem de ser feito. Se ficar em casa chupando o dedo, talvez o país tenha de ser libertado por um boneco inflável.
 

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