• Econ. Pedro H.M. de Azevedo
  • 27/12/2015
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O DR. FRANKENSTEIN BRASILEIRO

O DR. FRANKENSTEIN BRASILEIRO
Econ. Pedro H.M. de Azevedo


"Ninguém gasta o dinheiro dos outros com tanto cuidado como gasta o seu próprio. Se quisermos eficiência e eficácia, se quisermos que o conhecimento seja bem usado, isso precisa ser feito por meio da iniciativa privada." (Milton Friedman)

Em um país recheado de cadeiras cativas, onde importa mais quem você conhece do que o que você conhece, é sempre bom desconstruir algumas figuras que são tidas como intocáveis. É o caso do economista Luiz Gonzaga Belluzzo.

Apesar de não ser formado em Economia, Belluzzo iniciou sua carreira na área ingressando no curso de pós-graduação em Desenvolvimento Econômico na Unicamp. O nome desse curso é bem sugestivo, pois mostra qual é a linha de raciocínio que a Unicamp utiliza para formar seus economistas. Em termos bem resumidos, os desenvolvimentistas pregam que o Estado deve realizar massivos investimentos públicos para que o país possa se desenvolver socialmente. Para eles, o Estado deve continuamente aumentar os seus gastos ofertando créditos subsidiados para grandes empresas nacionais via bancos públicos, além de criar empresas estatais com papel "estratégico". Essas empresas escolhidas, que muitos chamam que campeãs nacionais, seriam responsáveis pelo progresso do país.

Na teoria tudo é lindo, mas há um problema: não existe no mundo nenhum caso de sucesso. O desenvolvimentismo da Unicamp nada mais é do que uma cópia (mal feita) da teoria elaborada pelo economista John Keynes. Todos os países que fizeram essa aposta – mesmo que mal interpretando Keynes em alguns pontos - tiveram um ótimo início fantasioso, mas acabaram enfrentando uma alta inflação e uma recessão profunda em um médio e longo prazo. Para mostrar os desastres dessa ideologia não precisamos buscar experiências estrangeiras, o Brasil pode nos servir de exemplo.

Os governos militares, principalmente os de Médici e Geisel, que tinham Delfim Netto e Mario Henrique Simonsen como Ministros da Fazenda respectivamente, seguiram essa linha desenvolvimentista. No começo, tivemos o milagre econômico, e na década seguinte a década perdida. Uma pessoa sensata questionaria essa ideologia desenvolvimentista nesse momento. Mas quem disse que pessoas como Belluzzo são sensatas?

Já na década de 1980, tivemos diversos planos elaborados por grupos de economistas para tentar salvar o Brasil da recessão. Nessa época, no governo Sarney, mesmo não sendo o Ministro da Fazenda, Belluzzo estava lá propondo as mesmas ideias desenvolvimentistas para salvar o país da crise. Não deu certo novamente. Mas é aí que começa a história do nosso personagem.

No final da década de 1980, já nas eleições presidenciais de 1989, um grupo de economistas chegou a um consenso que a solução para o Brasil conter a hiperinflação era o confisco. É isso mesmo que você leu. Aquele confisco que Fernando Collor implementou, seria feito se Lula ou Mário Covas fossem eleitos. Aquilo não tinha sido uma ideia isolada da distorcida cabeça de Zelia Cardoso de Melo. E quem estava nesse grupo de economistas? Belluzo! E lá se foi mais uma tentativa desenvolvimentista que não deu certo. Na época, Roberto Campos, um dos poucos economistas liberais da época, soltou a seguinte frase: "Ou o Brasil acaba com os economistas da Unicamp, ou eles acabam com o Brasil". Dito e feito - eles acabaram com o Brasil.

Precisou de toda essa lambança desenvolvimentista durante quase 20 anos para que na década de 1990 um grupo de economistas da PUC idealizasse o Plano Real, finalmente abandonando as ideias dos malucos da Unicamp. O resultado foi que tivemos a moeda mais longa da nossa história. O Plano Real deveria ter colocado um fim nos desenvolvimentistas. Deveria, mas aí veio o PT.

Dilma e Mantega - também discípulos do desenvolvimentismo da Unicamp -, trouxeram de volta as mesmas receitas desenvolvimentistas já no segundo mandato do governo Lula. Quando Dilma assumiu, ela adicionou a cereja do bolo. Como seu consultor pessoal, adivinhem quem a estocadora de ventos chamou. Quem? Quem? Belluzzo, de novo! Não é impressionante? O Dr Frankenstein que participou das piores experiências econômicas que o Brasil já teve resolveu tentar a mesma receita que nos levou a ruína. E o resultado...Bem, o resultado eu não preciso nem explicitar, pois todos nós estamos vendo – inflação alta, recessão profunda, dólar disparado, déficit público exorbitante, NOVAMENTE.

Com todos esses erros grotescos, Beluzzo deveria estar trancado dentro de casa (ou seria um manicômio?) com vergonha de sair. Mas o que acontece é o contrário. Belluzzo, e outros inflacionistas que quebraram o Brasil, como Delfim Netto e Bresser-Pereira, gozam de um alto prestígio na mídia. Recentemente, Belluzo deu uma entrevista ao Valor Econômico acusando que a crise atual foi devido ao ajuste fiscal inexistente! Ou seja, a culpa não foi dos gastos desenfreados que ele e Dilma propuseram, foi do ajuste fiscal fictício. É uma piada! E cabe ressaltar que nem vou me dar o trabalho de relatar a experiência desenvolvimentista que Belluzzo fez com o meu querido Palmeiras, pois já deu para perceber qual foi o resultado. Quebrou o Palmeiras também.

Sendo assim, a imprensa precisa ter mais coerência a quem ela dá ouvidos, pois uma pessoa como Belluzzo presta um desserviço ao país. Já vi pessoas da imprensa "especializada" falando que o PT fez o que Armínio Fraga – que seria Ministro da Fazenda de Aécio – faria se Aécio fosse eleito. Nada mais falso! O ajuste fiscal proposto por Armínio era diametralmente oposto ao que Joaquim Levy e o PT fizeram. Armínio propunha um ajuste pelo lado da despesa, ou seja, cortando gastos. Já Levy e o PT, querem fazer o ajuste pelo lado da receita, ou seja, aumentando impostos e até reinventando o nefasto CPMF.

Então meus caros, já que imprensa dita especializada não faz, eu farei. Toda vez que virem uma entrevista de pessoas como Belluzzo, Delfim Netto, Bresser-Pereira, Maria da Conceição Tavares, enfim, todos aqueles que propõem aumento de gastos públicos como solução para o nosso país, lembrem-se: vocês estão diante de verdadeiros charlatões. O que precisamos é de menos Estado e mais mercado. Quando ouvirem um economista falando isso, aí sim, podem ficar tranquilos. Esses são verdadeiros economistas.

Pedro Henrique Mancini de Azevedo é economista, MBA, PMP.