• Rodrigo Constantino
  • 22 Julho 2015

O Globo - 21/07/2015


Uma das formas de se analisar uma sociedade é ver quem são seus heróis. Os americanos, por exemplo, têm nos “pais fundadores” grandes ícones, gente como Benjamin Franklin, Thomas Jefferson, John Adams e George Washington. Já o Brasil encontrou em Paulo Freire uma grande inspiração, a ponto de transformá-lo no “patrono” de nossa educação. Cada povo tem o herói que merece.

Pergunto ao leitor: já leu algum livro de Freire? É um exercício e tanto de paciência. Seu linguajar é enfadonho, diz algumas coisas um tanto óbvias de forma aparentemente profunda, que revela apenas uma mente confusa, e usa a “pedagogia” para, no fundo, pregar o marxismo radical. Foi seu grande “mérito”: levar Marx para dentro das salas de aula.
Seu ponto de vista é o dos “excluídos”, diz ele, monopolizando as virtudes e os fins nobres. Somente quem endossa seu viés “progressista” quer o bem dos mais pobres. O restante, os “neoliberais”, esses querem apenas manter o status quo, preservar um sistema opressor. São pessoas ruins. E contra eles, os “oprimidos” devem se rebelar, lutar pela utopia igualitária.

Era dada a justificativa para que professores se transformassem em militantes ideológicos, usando as salas de aula não mais para ensinar conteúdo de forma minimamente objetiva, mas para “transformar a sociedade”, para “formar novos cidadãos”, naturalmente marxistas empenhados na causa utópica, como o próprio Freire. A doutrinação ideológica ganhava ares de justiça, graças ao pedagogo marxista.

Contra o “fatalismo pragmático” dos “neoliberais”, Freire oferecia a “conscientização”, ou seja, os professores deveriam mostrar as “injustiças” do sistema capitalista, da globalização, conscientizando os alunos da necessidade de luta, de revolta contra os ricos, já que, para ele, a riqueza era fruto da exploração da pobreza, era uma “agressão” contra os desvalidos.

Postura minimamente neutra do professor, que oferece ao aluno diferentes pontos de vista, dá espaço ao contraditório, deixa o próprio jovem desenvolver um pensamento crítico e tirar suas conclusões por conta própria? Isso é uma ilusão que atende somente às elites opressoras. A prática educativa, diz Freire, é política por definição, não pode ser neutra, e por isso o professor “progressista” pode, deve levar todo seu viés para dentro de sala de aula.

Era a desculpa perfeita para militantes medíocres se tornarem “professores” e encherem a cabeça de nossa juventude com porcaria revolucionária. Hoje, os sindicatos dos professores, ligados aos partidos de extrema-esquerda, dominam o ensino público, todos inspirados em Freire. Nas aulas, o assassino Che Guevara é tratado como herói idealista, os invasores do MST como instrumentos de “justiça social”, e o lucro capitalista como exploração injusta.

“Nunca me foi possível separar em dois momentos o ensino dos conteúdos da formação ética dos educandos”, escreve ele em “Pedagogia da autonomia” (tem ainda a do oprimido, a da solidariedade, a da esperança...). O pequeno “detalhe” é o que ele entendia como “formação ética”, claro. No caso, era “formar” novos seres “conscientes” de sua situação de oprimidos, para que reagissem contra as “injustiças do sistema”. Ou seja, criar soldados comunistas!

Caso alguém ainda tenha dúvidas acerca de seus objetivos, ou pense que exagero na interpretação, deixemos o próprio explicar melhor: “Quando falo em educação como intervenção me refiro tanto à que aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto à que, pelo contrário, reacionariamente pretende imobilizar e manter a ordem injusta”.

Ou seja, de um lado temos os “progressistas” como ele, que querem salvar a humanidade das garras capitalistas e levar prosperidade aos mais pobres; do outro temos os “reacionários” e “neoliberais”, que pretendem apenas manter o quadro de exploração da miséria alheia. E esse “educador” virou o patrono da educação brasileira!

Deixo o comentário final com Dom Lourenço de Almeida Prado, esse sim um grande educador que o país teve, reitor por anos do prestigiado Colégio São Bento: “É uma lástima que o meio católico se tenha deixado contagiar por esse mestre equívoco da pedagogia que é Paulo Freire e por essa falsa elaboração que chama educação libertadora. Na verdade, ela nada tem de libertadora, como nada tem de pedagogia. É uma campanha política, de fundo marxista, isto é, fundada no dogma da luta de classes e na divisão da humanidade entre opressores e oprimidos”.
Rodrigo Constantino é economista

* Economista


 

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  • Gilberto Simões Pires
  • 21 Julho 2015


MAROLINHA
Os leitores do Ponto Critico devem estar lembrados quando o ex-presidente Lula, em 4/10/2008, no alto de sua sabedoria, fez a seguinte apreciação sobre a crise financeira mundial: - Lá (nos EUA), a crise é um TSUNAMI ; aqui, se ela chegar, vai chegar uma MAROLINHA que não dá nem para esquiar.

DECLARAÇÃO SÁBIA
Por óbvio, e também por ter sido muito sábia, a declaração do Enlameado Lula da Silva foi muito comemorada: em forma de aplausos intermináveis, os entusiasmados puxa-sacos de plantão, que acreditam piamente em tudo que os petistas dizem foram à loucura.CRISEZINHA

Pois, ontem, como que querendo também entrar para a história das imbecilidades, foi a vez do atual vice-presidente Michel Temer se pronunciar. Diante da decisão tomada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de se tornar oposição ao governo da presidente Dilma, o vice também foi ímpar: - Na oposição ao governo Dilma, Cunha provoca apenas uma CRISEZINHA. Que tal?VÁRIAS FORÇAS

Hoje, como estamos assistindo, o Brasil vive um interminável TSUNAMI iniciado no governo Lula e aprofundado, de forma impressionante, no governo Dilma. Só que a devastação que atinge o nosso pobre país é movida por várias forças, todas com a mesma intensidade: CORRUPÇÃO, INCOMPETÊNCIA E MUITO PRAZER.

TAXA DE RETORNO
Pelos tamanho da safra que começa a ser colhida já é possível atestar que a nossa CRISE é, simplesmente, -hors concours-. Coisa assim só pode existir desde que projetada por arquitetos muito capacitados e construída por engenheiros -experts- em CAOS. Não há a menor dúvida de que a nossa CRISE é o investimento que conferiu a melhor taxa de retorno para o PT.

INVEJA DA GRÉCIA
Confesso que já estou com uma ponta de inveja da Grécia. Enquanto o parlamento grego dá demonstrações de vontade e algum interesse em tomar medidas que produzam efeitos para tornar aquele país mais viável economicamente, o Brasil, sob o comando do PT, faz o contrário: aposta tudo no crescimento da CRISE.
Assim, definitivamente, vamos entrar para história como CAMPEÃO MUNDIAL DE CONVIVÊNCIA EM CRISES PROFUNDAS. Que tal?

 www.pontocritico.com

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  • Maria Lucia Victor Barbosa
  • 20 Julho 2015



Enquanto no País escândalos, prisões, delações, embates de Poderes sacodem a vida nacional e concentram atenções e notícias, a vida no planeta continua girando e produzir alterações no modo de viver e pensar da humanidade. De algum modo essas mudanças nos atingem e, por isso, é bom prestar atenção nelas.
Saindo um pouco do Brasil veremos que fatos mundiais relevantes estão em curso e citemos apenas alguns poucos para não alongar demais o artigo:

1º - Os problemas econômicos da China, à qual nos atrelamos preferencialmente por obra e graça de Lula da Silva. 2º - O acordo nuclear do presidente Obama, apoiado por potências mundiais, com o Irã, algo perigosíssimo que pode futuramente destruir primeiro Israel, depois os Estados Unidos e, finalmente, não sobrara nada. 3º - A visita do Papa Francisco a países latino-americanos. Em todos esses fatos prepondera o fator político.

Como tenho formação católica vou me deter no Papa e seus discursos. E que tenho me perguntado: por que foi eleito pela primeira vez um Papa jesuíta e latino-americano? Comecei agora a decifrar o enigma que merecia um texto de pelo menos cinquenta páginas, mas que vou resumir ao máximo. Essa breve análise nada tem a ver com fé, mas sim com o poder temporal da Igreja Católica.

O fundador da Companhia de Jesus foi o temperamental fidalgo espanhol basco Inácio de Loyola. A Companhia foi moldada pelo padrão militar. A disciplina era férrea. Toda individualidade era suprimida e de cada um e de todos exigia-se uma obediência de soldado ao general.

As atividades dos jesuítas foram como ainda são variadíssimas. Eles trabalharam sem trégua na Inquisição, espalharam-se pelos quatro cantos do planeta, estiveram em todos os centros de decisões, fizeram da educação sua atividade mais importante, funcionaram desde o início como uma multinacional da fé. Georges Bernanos disse que “o velho sonho dos jesuítas era o de organizar a cristandade segundo o método da ditadura totalitária e da razão de Estado”. Será que eles mudaram?

Ainda no âmbito da história recordemos que foi no Novo Mundo americano que a Igreja alcançou seu maior sucesso numa época em que o Velho Mundo europeu enfrentava a Reforma. Portanto, há tempos a Igreja considera a América Latina como sua filha preferida. Nesse sentido tem toda razão Carlos Rangel quando apontou em sua obra, Do Bom Selvagem ao Bom Revolucionário, que “A Igreja Católica é mais responsável do que qualquer outro fator pelo que é e o que não é a América Latina”.

Quanto às nossas origens coloniais pode-se dizer usando uma expressão de Ortega y Gasset, que tivemos uma “embriogenia defeituosa”, por sua vez geradora de sociedades desiguais. Nestas, até hoje não foi, conforme Rangel, o marxismo, mas sim a teoria leninista do imperialismo e da dependência que falsamente propôs uma resposta consoladora e esquerdizante ao complexo de inferioridade crônico que a América Latina sofre em relação aos Estados Unidos. Paradoxalmente, continua grande a imigração de latino-americanos para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor.

 No momento, segundo o Instituto Pew Researh, com sede nos Estados Unidos e citado pelo The Economist, “o Paraguai (onde 89% da população é católica), o Equador (79%) e a Bolívia (77%) continuam sendo os bastiões da fé, juntamente com Colômbia e México”.

Note-se que a recente visita do Papa se deu justamente no Paraguai, no Equador e na Bolívia, sendo que neste último o Papa recebeu de Evo Morales uma cruz formada pela foice e o martelo, símbolo do comunismo, com um cristo pregado. Esdrúxula adaptação do materialismo de Marx com a espiritualidade de Cristo.

Nesta viagem, onde ficou claramente definida a política do papado, o Papa fez sua mais veemente condenação ao capitalismo. Em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, o Pontífice foi saudado por João Pedro Stédile, mentor dos sem-terra que tem visitado o Vaticano juntamente com líderes dos chamados movimentos sociais e da Teologia da Libertação. Disse Stédile diante de centenas de militantes de movimentos sociais: “Assim como o capitalismo tem Obama, nós temos o Papa Francisco”.

Mas será que essa ecclesia pauperum ou igreja dos pobres que o Papa Francisco prega, mesmo que seja em nome de um pós-marxismo, não manterá os pobres da América Latina, sempre pobres? Afinal, o socialismo, aonde quer que fosse implantado levou ao cerceamento da liberdade, à violência contra a população, à escravização completa do indivíduo, ao nivelamento por baixo na miséria enquanto a classe dirigente gozava das delícias da riqueza. Enfim, o paraíso prometido na terra tornou-se o inferno. Talvez, uma pregação mais espiritual e menos política enseje um proselitismo mais exitoso da Igreja na América Latina.

* Socióloga.

 

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  • Guilherme Fiuza
  • 19 Julho 2015

(Publicado originalmente n revista Época) 


Do alto de seus 9% de aprovação, Dilma Rousseff abriu as janelas do palácio e bradou ao povo: “Eu não vou cair”. A presidente afirmou que a Operação Lava Jato nunca vai provar que ela roubou. E que “todo mundo neste país sabe” que ela não roubou. É um pouco constrangedor quando a argumentação chega a esse ponto. Lembra aquele político de Brasília que, apanhado fraudando o painel de votação do Senado, reagiu: “Eu não matei! Eu não roubei!”. Acabou preso.

Se Dilma chega ao ponto de declarar que não é ladra, o brejo está mesmo se aproximando da vaca. Até aqui, a presidente tem contado com a formidável blindagem do STF, coalhado de companheiros que chegaram lá graças a décadas de bajulação ao PT. A dobradinha com o procurador-geral da República, de fazer inveja à dupla Messi-Neymar, impediu até agora que Dilma fosse sequer investigada. E, se não for investigada, realmente jamais será provado que ela roubou.

Vamos economizar trabalho aos investigadores: Dilma não roubou. É apenas a representante legal de um grupo político que depenou o país. Que, entre outras façanhas, estuprou a maior empresa nacional – naquele que foi possivelmente o maior roubo da história, chegando pelas últimas estimativas à casa dos R$ 20 bilhões. Com um currículo desses, que inclui o assalto cinematográfico do mensalão, muitos petistas não se sentem ladrões. E estão sendo sinceros. Eles acham que expropriar recursos do Estado em benefício do partido governante é uma espécie de mal necessário – um meio não muito nobre que justifica o mais nobre dos fins: manter a esquerda no poder, em nome do povo.

Ninguém jamais localizará essa procuração dada pelo povo aos iluminados do PT, autorizando-os a sugar a economia popular para montar uma casta governante com estrelinha no peito e figurino revolucionário. Há quem diga que o falsário mais perigoso é o que acredita na própria falsidade. A impostura involuntária é contagiosa. Basta ver quantas personalidades respeitáveis mantêm o apoio ao governo delinquente, de peito estufado e latejante orgulho cidadão. Um país está em maus lençóis quando perde a capacidade de distinguir os inocentes úteis dos parasitas convictos.

A crise na Grécia veio mostrar que a demagogia do oprimido está longe de ser desmascarada. Na apoteose da mistificação populista, boa parte do mundo culto resolveu se convencer de que os gregos são vítimas da austeridade – o palavrão da moda. Como disse Mario Vargas Llosa: a Grécia deve € 26 milhões à Espanha, e a culpa é dos espanhóis. A receita é genial: você gasta mais do que tem, pede emprestado para cobrir o rombo, faz um plebiscito para oficializar o calote e, quando lhe cobram a dívida, você alega desrespeito à soberania.

E eis a bancada do PT querendo enquadrar a Polícia Federal. A Lava Jato é realmente um flagrante desrespeito da soberania petista, ferindo seu direito de ir e vir entre os cofres públicos e o caixa do partido. A PF tem de se submeter a quem tem voto, argumentou um deputado do PT. É uma espécie de tráfico de democracia – o criminoso com voto vira vítima.

E aí, embebido da inocência aguda que o eleitor lhe concedeu, o Partido dos Trabalhadores decide atacar a política de juros altos praticada pelo governo do Partido dos Trabalhadores. Basta de austeridade, vociferam os mandatários oprimidos. Tudo sob as bênçãos de Caloteus, o deus grego do almoço grátis. A sobremesa de demagogia caramelada é por fora – tratar com o tesoureiro.

O problema é que o tesoureiro está preso. Entre outras acusações, responde pela suspeita de roubar a Petrobras para financiar a eleição da presidente – que jura não ter roubado um tostão. Mandato roubado não tem problema. O PT montou uma casta de nababos, nadando em verbas piratas, propinas oficiais, altos cargos e altíssimos subsídios partidários, mas ninguém roubou um tostão. É tudo dinheiro da revolução – a tal procuração popular para essa gente sofrida desfalcar o contribuinte e padecer no paraíso.

O site Sensacionalista revelou por que Dilma disse que não vai cair: “As pedaladas foram dadas com rodinhas”. E acrescentou que ela não sabia quem estava pedalando sua bicicleta. É isso aí. O jeito é continuar falando grego, língua oficial dos caloteiros do bem.
 

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  • Olavo de Carvalho
  • 19 Julho 2015

Nas discussões públicas, com milhões de assuntos entrecruzados e novos fatos sucedendo-se a cada instante, o número de indivíduos com capacidade e tempo para averiguar pessoalmente a veracidade ou falsidade últimas do que se diz é ínfimo ou nulo. Para a massa dos observadores, a noção de “verdade” está indissoluvelmente fundida com a de “confiabilidade”, portanto com a de “autoridade”: o argumentum auctoritatis – o mais fraco dos argumentos, segundo Sto. Tomás de Aquino – acaba sendo não apenas o mais usado, mas o único pelo qual a população se deixa guiar.

Portanto, para saber quais idéias serão aceitas pela população, basta averiguar o que dizem as “autoridades”. Em geral, as fontes de autoridade são duas e apenas duas:
(1)O Estado.
(2)O beautiful people: As pessoas famosas e a mídia que lhes dá a fama. Inclui-se aí a classe acadêmica.

Uma certa margem para a discussão objetiva só aparece quando essas duas fontes entram em conflito. Quando elas estão de acordo, a opinião divergente, por mais fundamentada que seja, desaparece no oceano da indiferença ou é francamente estigmatizada como sintoma de doença mental.

No Brasil, onde a mídia e a classe acadêmica dependem quase que inteiramente do Estado, este se torna a fonte única da autoridade, sua palavra o fundamento inabalável de todas as crenças. Quando a opinião pública se volta contra o governo existente, é porque este, por inabilidade ou por qualquer outra razão, relaxou o controle sobre a fonte secundária. Isso aconteceu no regime militar, na gestão Collor de Mello e agora neste final melancólico do império comunopetista.
Mesmo na vigência do conflito, no entanto, a mídia, o show business e a classe acadêmica sabem que, a longo prazo, continuam dependentes do Estado. Por isso, quando se opõem a um governo, lutam apenas por mudanças superficiais que preservam intactas as estruturas fundamentais do poder. A classe governante absorve todos os impactos e sempre encontra um modo de revertê-los em seu benefício.

Por isso é que, mesmo não sendo tão grande em termos absolutos – imaginem, somente, uma comparação com a burocracia chinesa ou cubana --, o Estado brasileiro tem um poder avassalador face à sociedade civil inerme, incapaz de organizar-se, a qual, mesmo sabendo-se roubada, ludibriada e humilhada só consegue mobilizar-se quando chamada a isso pelo beautiful people, que invariavelmente tira vantagem da situação e acaba recompondo suas boas relações com o Estado na primeira oportunidade.

Com toda a evidência, o problema do Brasil não é o tamanho do Estado, mas a fraqueza da sociedade civil, isto é, da massa que trabalha e produz. Querem maior prova disso do que o fenômeno escandaloso de um partido governante que, rejeitado e abominado por noventa e dois por cento da população, continua inabalável no seu posto e ainda se permite falar em tom ameaçador e arrogante?

É uma triste ironia que, nessa hora, mesmo os que odeiam esse partido com todas as suas forças tomem a precaução de não combatê-lo senão “pelas vias institucionais e normais”, como se as instituições, uma vez consagradas no papel, tivessem o direito de revogar a vontade popular que um dia as criou e legitimou e agora se vê esmagada sob a máquina infernal da cleptoburocracia.

O cúmulo da demência aparece quando o grito de “respeitar as instituições” vem das mesmas bocas que acabam de dizer: “As instituições estão todas aparelhadas”. É um lindo raciocínio: As instituições não são confiáveis, portanto confiemos nelas.

Fortalecer e organizar a sociedade, apelar à desobediência civil, incentivar a iniciativa extra-oficial, “ignorar o Estado” como recomendava Herbert Spencer, são ideias ante as quais essas pessoas recuam horrorizadas, preferindo antes suportar o descalabro petista por mais não sei quantas décadas do que admitir que a autoridade legítima não está em Brasília, e sim nas ruas e nas praças de todo o país.

O sistema comunolarápio não ruirá enquanto o beautiful people – no qual nós, jornalistas, nos incluímos -- não aceitar que, acima dele e acima do Estado, existe uma terceira e mais legítima fonte de autoridade: a opinião de todos, a vox populi.

Enquanto isso não acontece, o povo continua sendo sacrificado no altar do oficialismo, onde sacerdotes da infâmia repetem dia e noite o mantra sinistro: “Viva a normalidade institucional! Abaixo o povo brasileiro!” 

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  • Robson Merola de Campos
  • 19 Julho 2015

Publicado originalmente em http://www.olavodecarvalho.org/semana/150717dc.html


    Só mesmo a tacanha cabeça esquerdista de algumas pessoas para polemizar o gesto patriótico dos atletas brasileiros, que sendo militares, prestaram continência ao Hino Nacional e/ou à Bandeira Nacional nas cerimônias de entrega de medalhas durante os Jogos Pan-Americanos que estão acontecendo em Toronto, Canadá.

    Na opinião dessas pessoas, que há muito parecem ter abdicado da condição de patriotas, tudo que é relacionado às Forças Armadas brasileiras é ruim. Nada que os militares fazem ou fizeram é bom. Se sentem incomodados com manifestações públicas de patriotismo. Não é de se admirar. No ideário esquerdista, o Brasil deve perder a sua identidade nacional em prol de uma Pátria Grande composta por países latino-americanos. Quem conhece o Foro de São Paulo sabe exatamente sobre o que estou falando. Quem não conhece, sugiro que comece a pesquisar.

    Como muito bem lembrado pela Nota de Esclarecimento do Comitê Olímpico Brasileiro, os atletas que pertencem às Forças Armadas não deixam de ser militares porque não estão fardados. Da mesma forma, os sentimentos inerentes à profissão das armas não desaparecem pelo simples fato do militar estar fora do quartel. Patriotismo, respeito, camaradagem, amizade, honra, solidariedade são sentimentos que permeiam a alma do militar de todas as nações. Integra também a alma do verdadeiro patriota, independente de ser ele militar ou não. Por que no Brasil seria diferente?

    A origem da saudação militar remonta à Idade Média, quando um cavaleiro, ao passar por outro, levantava o visor do seu elmo em um gesto de reconhecimento, respeito e amizade. O ritual evoluiu para outro gesto: ao estar desmontado o cavaleiro ao saudar seu superior, segurava as rédeas do cavalo com a mão esquerda e erguia a mão direita em um gesto que significava estar pronto para o combate. Hoje, integrantes de forças armadas de todo o mundo prestam continência em sinal de respeito aos seus superiores, amizade aos colegas e veneração aos símbolos nacionais que representam a Pátria onde vive que jurou defender com o sacrifício da própria vida. É um gesto que também externa o seu sentimento de patriotismo.

    Nos dias atuais, a esquerda radical, corrompida e corruptora, na verdade, usa e abusa do seu “jus sperniandi”. É o que lhe resta. Seu tempo e sua influência na vida pública do Brasil estão se acabando. Soltam suas últimas bravatas, destilam insultos, mas não conseguem enxergar e admitir seu próprio fracasso. Já vão tarde. Em verdade, talvez a origem do fracasso da esquerda em gerir o Brasil resida justamente na sua falta de patriotismo. O PT jamais se preocupou de verdade e com sinceridade com o Brasil ou com os brasileiros. Tudo que fez foi alimentar à nossa custa, com o nosso suor e o nosso dinheiro o sonho da tal pátria grande. Fracassou na economia e agora está fracassando na política. Ser patriota vai muito além do simples, mas nobre gesto de prestar continência em respeito à Pátria, à instituição que pertence e aos camaradas que o apoiam, saudando a vitória merecida. Ser patriota é ter respeito pelas instituições. Ser patriota é ser cuidado com a coisa pública. Ser patriota é ser democrata, mas, não apenas falar que é: é preciso demonstrar com atos pretéritos e com as intenções para o futuro. Ser patriota é colocar sempre o futuro do país onde vive em primeiro lugar. Ser patriota é respeitar as diferenças regionais, compreendendo que não se pode colocar o norte contra o sul, o rico contra o pobre, o culto contra o analfabeto. Ser patriota é cuidar para que a criança tenha oportunidade de ser criança, respeitando a sua condição, protegendo-a e incentivando o seu desenvolvimento físico e emocional. Ser patriota também é ter amor imorredouro pela pátria onde nasceu e vive.

          O fracasso da esquerda delirante fica mais evidente ao ser confrontado com o sucesso dos brasileiros que foram vitoriosos no PAN 2015, e que não tem vergonha de mostrarem ao mundo a sua condição de militares e o seu patriotismo; antes, sentem orgulho de serem integrantes das Forças Armadas do Brasil, que foi, é, e sempre será um bastião de patriotismo, lealdade, força, honra, dignidade e ética.

          Aos atletas do Brasil, especialmente aos nossos atletas militares, os merecidos louros da vitória. O seu brado, quer seja no alto do pódio ou nos quartéis de todos os rincões do Brasil, continuam ecoando nos nossos ouvidos:

    Brasil! Acima de tudo!
 

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