(Publicado originalmente no blog Diário do Poder, (Brasília), em 12/09/2015.)
Pretendo abordar um assunto prioritário que precisa ser resolvido nestes próximos dias, sob pena da história do Brasil ficar de tal forma maculada que as possíveis ações políticas futuras, redentoras da atual anarquia, serão comprometidas. Trata-se de homenagear uma virtude: a honra de um povo. Tal constatação é fato determinante para a vida de cada um em particular e para a sociedade brasileira como um todo, a não ser que aceitemos a possibilidade de viver numa sociedade de canalhas, amoral por definição.
A constância do deboche e da ofensa ética perversa não podem mais continuar a passar despercebidas da população sem que surjam gestos legais, efetivos e radicais, de repudio à atual conjuntura.
Não podemos aceitar cidadãos e cidadãs, com problemas a serem resolvidos pela justiça, já indiciados e denunciados, na direção do país à frente dos poderes da Republica. É impensável e inaceitável. Não há como ser condescendente com estes fatos. Acredito que o que nos resta, como um farol indicando o rumo a ser seguido para a preservação da democracia, é o Poder Judiciário.
Não há mais duvidas de que a Presidente vai ter de deixar o cargo em breve: ou pela ação do Superior Tribunal Eleitoral, ou pelo esperado parecer do TCU a ser apreciado pela Câmara Federal.
No entanto, o que não pode acontecer é que o processo legal, na Câmara dos Deputados, seja conduzido pelo Deputado Cunha, Presidente da Casa, já denunciado pelo Poder Judiciário. Seria um escárnio para com a nação: – um suspeito de corrupção presidir o julgamento de outra pessoa também suspeita de corrupção administrativa e de ter faltado com a verdade para com o povo que a elegeu. Isto não existe, é demais, não pode acontecer – e os parlamentares, irresponsáveis e incompetentes na sua maioria, não se movimentam sequer para protegerem a honra e a dignidade da Pátria, constantemente ultrajada, impedindo este inaceitável procedimento.
Todos os denunciados que ocupam cargos como o de Presidente da Câmara de Deputados e do Senado Federal, Deputados e Senadores, Ministros, por uma questão de simples decência, de dignidade, devem, (já deviam ter feito), se licenciar até que sejam julgados. Se forem absolvidos voltam.
Não é possível aceitar que a atual dramática crise política, seja conduzida por conchavos, compromissos de apoio futuros, numa nojenta articulação de mentes canalhas e amorais, se sobrepondo aos interesses da pátria que exige que a honra seja a primeira virtude a ser cortejada por todos, em quaisquer situações. A grave e complicada crise econômica e social não encontrará solução com a participação deste bando de suspeitos, de denunciados, de idiotas e irresponsáveis.
Nós, cidadãos e cidadãs, honrados, pacientes e ordeiros, exigimos que isto aconteça já. As próximas eleições estão muito distantes no tempo - não há como esperar em face da gravidade da crise que nos assola. Esperamos que os parlamentares providenciem, de imediato, o que for necessário para que as leis e os valores morais da nação prevaleçam.
Nós, o povo, não agüentamos mais tanto desrespeito e deboche. Basta. Parem de nos ofender e provocar.
Eurico de Andrade Neves Borba, 75, aposentado, escritor, ex professor e ex Vice Reitor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE, um dos fundadores do PSDB em 1988, mora em Ana Rech, Caxias do Sul.
Dentre as propostas que o governo Dilma listou para aumentar as receitas do governo no contexto da crise fiscal em que meteu o país está uma que possibilitaria a brasileiros que tenham remetido capitais ao exterior irregularmente, repatriar esses valores mediante pagamento de tributos em troca da anistia pela evasão de divisas e sonegação fiscal.
A proposta teria nascido na CPI do HSBC e sido convertida em projeto de lei. A ideia consiste de extinguir a punibilidade dos crimes contra a ordem tributária e contra o sistema financeiro associados a ativos ilegalmente remetidos ao exterior. Para isso, os interessados em repatriar valores teriam que pagar à Receita Federal a alíquota de 17,5% e uma multa de mais 17,5%. O resultado da arrecadação da multa seria destinado a um fundo para compensar perdas de Estados em consequência da redução das alíquotas interestaduais do ICMS decorrente da virtual aprovação da equalização desse imposto entre todos os estados da federação.
A nova lei permitiria sanear os ativos irregularmente remetidos ao exterior e, em tese, geraria receita fiscal, hoje escassa em função da crise, sem criar privilégios em relação à situação vigente e sem extinguir eventuais punições aos crimes antecedentes à evasão.
Depois de desaparecer por um certo tempo, a proposta voltou à pauta, defendida pelo governo como medida necessária para responder ao rebaixamento da nota do Brasil pela agência Standard & Poor’s e evitar novos rebaixamentos pelas demais agências.
Segundo especialistas a evasão ilegal de capitais tem como principais origens a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas, a corrupção, o contrabando, a extorsão e crimes conexos. Em todos esses casos, dizem os especialistas, a repatriação é improvável dado que os praticantes desse tipo de crimes não precisam, necessariamente, repatriar os capitais. Reza a lógica que, se já conseguiram lavar o dinheiro na transferência ao exterior, de modo a poder usá-lo em operações lícitas em outros países não teriam motivos para repatriá-lo.
Tendo isso em conta, e considerando a realidade brasileira presente, quem poderia se interessar, ou necessitar repatriar capitais hoje depositados no exterior?
Dado o cenário de recessão profunda e prolongada que se insinua, e a escassez de dinheiro, desvalorização do real e encarecimento do crédito em função da elevação da taxa de juros e perda do grau de investimento do país, é razoável supor que grandes empresas possam avaliar como interessante a possibilidade de pagar 35% (imposto de renda mais multa) ao leão para capitalizarem seus negócios com recursos próprios sem ter que recorrer a bancos.
Recorrendo à lógica apenas, tenho sérias dúvidas quanto à eficácia dessa medida. Afinal, se empresários desse quilate tem meios de evadir capitais do país sem pagar impostos e dispor desse dinheiro “limpinho” para investimentos no exterior, nada faz supor que, se assim o quiserem, não possam fazer o caminho inverso sem precisar arcar com a mordida de 35% do leão.
Sendo assim, quem mais poderia ter interesse na aprovação dessa lei?
Conforme os estudos antes referidos, recursos oriundos de corrupção estariam fora do espectro de possibilidades de repatriação de capitais. Mas, esses estudos, quero crer, dizem respeito a casos cujo objetivo seria o enriquecimento ilícito de quem pode se beneficiar da lavagem de dinheiro e sua aplicação no exterior sem a necessidade de sua repatriação.
Imaginemos, no entanto, o caso de um partido político envolvido num gigantesco esquema de corrupção, cuja máquina partidária, seus dirigentes e organizações satélites estejam viciadas no farto e prolongado financiamento ilícito com recursos roubados dos cofres públicos e que, flagrado com a mão na cumbuca vê secarem repentinamente as torneiras que irrigavam seus cofres.
Consideremos, além disso, que esse partido e seus dirigentes tenham estendido essa gigantesca teia de corrupção pelo exterior, através do desvio de dinheiro de um certo banco público de fomento; que tenha financiado obras públicas em países governados por ditadores amigos na África, América Central e Caribe, o que teria proporcionado o recebimento de pixulecos bem longe dos olhos e das garras do leão brasileiro.
Não seria essa nova lei uma excelente oportunidade de repatriar pixulecos “lavadinhos” para garantir o financiamento político de um partido-máfia em vias de extinção e desesperado pela sobrevivência? Ou então, de garantir a aposentadoria de seus dirigentes políticos decadentes, em vias de serem presos e precisando pagar caras bancas de advogados?
Os senhores governadores, senadores e deputados acreditam mesmo que a aprovação dessa lei vai compensar suas perdas com a equalização do ICMS?
Os senhores senadores e deputados estão dispostos a aprovar uma lei cuja finalidade real seria alimentar a sobrevivência de uma organização criminosa cujo único objetivo é eliminar todos os demais partidos para reinar sozinho?
(Membro do grupo Pensar+)
http://professorpaulomoura.com.br/
Mais uma vez, uma medida do atual (des)governo federal marcou a história do país. Lamentavelmente, mas é fato. Fruto de um atavismo intelectual e moral sem precedentes foi determinada a (re)construção dos “muros” da vergonha, nas imediações do Palácio do Planalto, para separar o povo, de sua principal mandatária, a Presidenta da República.Com isso, desfez-se, por si só, um autofágico discurso de que era possível reunificar o Brasil e haver uma reunificação. O (des)governo que tanto se dizia popular expôs a céu aberto sua total impopularidade.
É uma constatação: o nível deste atavismo intelectual e moral desafia senão a história do Brasil, a história de um dos países mais civilizados do primeiro mundo. Se em 1789 a França derrubou os muros da Bastilha do Ancien Régime, através do que representou (e ainda representa) o movimento intelectual da Revolução Francesa, o (des)governo federal do Brasil, na contramão da história e da evolução, determinou a (re)construção destes“muros”, de modo a transformaro habitatdo Palácio do Planalto, numa verdadeira Bastilha.Uma espécie de ode intempestivo ao absolutismo. Algumas diferenças são visíveis neste retrocesso,com mais de 225 anos, é claro. A primeira é que naBastilha brasileiranão se encontram intelectuais aprisionados para serem salvos, tal como havia na Bastilha francesa. Pelo contrário, os intelectuais brasileiros estão, aos milhões, do lado de fora, e clamam pela salvação, mesmo queem liberdade. Um paradoxo. A segunda é que as armas existentes dentro da Bastilha brasileirasão, consideravelmente, mais levese mais letais que as encontradas na Bastilha francesa do século XVIII. Vai ver são os sinais dos tempos. Em vez de pólvora, fuzise canhões, simplesmente as armas brasileiras são canetas utilizadas para “dar canetaços”, por dezenas de mãos que detém o poder e que estão manchadas de tinta,pelaprática reiterada, ao longo de 12 anos, de toda espécie de crimes, seja por ação, seja por omissão, seja com intenção ou culpa, destaco, contra asoberania do país, contra o povo brasileiro ou contra a Administração Pública.
No papel, consta que somos uma república federativa e que vivemos em uma democracia, “só que não”. Isso foi tornado visível com claridade solar, através da maior estrela, a Soberana Dilma Rousseff, a qual fez questão de registrar na íris dos cidadãos brasileiros a existência de um gigantesco hiato entre o discurso e a prática.Hiato este bem traduzido pela distância imposta acada brasileiro,do Rolls-Royce presidencial,do qual aSoberana acenava, não se sabe para quem, como se nada estivesse acontecendo ou por acontecer.Eis o retrato do desfile da Independência: um (des)governo manifesto, isolado, distante, incapaz,apático, esfacelado,sitiadodentro de si mesmo e completamente dependente de tudo que engendrou. A(re)construção dos“muros”da vergonha é o símbolo desta ideologia.Sobrou até para os militares, que no dia seguinte, tiveram de engolirum “canetaçoDilmático”, qual seja, o Decreto nº. 8.515/15. Em síntese, com tal ordem,as Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica)foram tratadas como aspirantes aescoteirosdo Ministro da Defesa. Sim, pasmem,este mesmo que usa boné vermelho do MST.
São milhares de outros “muros” já instalados pelo (des)governo federal.“Muros” que representam a existência de uma verdadeira fábricafederalpara instalaçãoem série,de tudo que se tenha por inefetivo,em termos de gestão. Contanto que na gestão ocorra o locupletamento ilícito de verbas públicas, a fábrica federal de “muros” não apenas possuiexpertise, como é horsconcurs.“Muros” simbolizados pelo tamanho de tantas mentiras contadas e concretizadas pelas autoridades, das quais se infere que informações oficiais, hoje, se tornaramapenas a acepção do que se concebe como pífio. “Muros” de uma organização criminosa travestida de ParTidoPolíTico.“Muros” de corrupção, de improbidades, de imoralidades, de fraudes, de ilegalidades das mais diversas. “Muros” que ao serem instalados em série afetaram a geografia do território brasileiro, ensejando em um passe de mágica, a construção de mansões ou de castelos e de novos xeiques. A altura e extensão destes “muros” faz a muralha da China passar vergonha, quando vista do espaço sideral. “Muros” para delimitar as plantações de “laranjas” que frutificaram de norte a sul, como seus “empresários bem sucedidos”, ou “doutores com trânsito político”;ilustres desconhecidos que viraram celebridades, do dia para a noite, ostentandopatrimônios completamente incompatíveis com seus vencimentos. Ummisancene dailicitude ou da volatilidade de suas vidas, uma e outra dissolvidas logo na próxima investigação policial ou no próximo processo, tal como se dissolve um monte de açúcar,com oprimeiro jarro de água. Milhares de famílias se beneficiaram (e ainda se beneficiam) direta ou indiretamente deste “negócio” imoral e criminoso, às custas de milhões de brasileiros, através de um engodo apresentado ao mundo, com ares de nobreza ou como produto de um exemplar processo democrático, como se todos fossemos milhões de Cândidos. Só o Brasil mesmopara se tornar uma universidade de autoridades Panglossianas.Autoridades estas, das mais diversas, agraciadas como as respectivas moedas de trocas, de modo que cada uma, tal como quem se vende, certamente, recebeu mais do que realmente vale. Ministros se reunindo a portas fechadas com lobistas e empreiteiros que eram investigados e réus em processos. Quanta deferência para alguns, não é Excelências!
Até percentuais foram fixados, conforme o vulto de cada “negócio”, nos contratos da Petrobrás, para este ou para aquele partido, como propina.E quando tudo veio à tona, fomos “bombardeados” com propagandas em horário nobre, tentando nos fazer crer, que o sentimento que embalou os sonhos de gerações de umpaís, quando a referida Estatal foi fundada, nas promessas de uma nação com futuro próspero, é o mesmo que está nos corações de todos que agora. Uma manobra midiática, a duros golpes televisivos, tentando causar nos brasileiros um ufanismo, do inufanável, como se não soubéssemosdiscernir a mentira, da verdade. Os coraçõessabem ter pagado tributos por muito tempo, mais do que podiam e, por nada, porque os gestores do (des)governo foram os próprios usurpadoresdo poder. Não fosse isso, por que se cogita ainda novos tributos? Por que (re)implementar a CPMF? Por que aumentar a carga tributária? E por que não reduzir a carga atual?E os “muros” seguiram sendo construídos e sustentados não por nós brasileiros, porque nós jamais saberemos,com exatidão, as cifras do que revelou seja o mensalão ou a operação lava-jato. Não porque elas são imensuráveis, mas porque em se tratando de absolutismo, ou seja, de Brasil, somos inigualáveis na aplicação da Lei... a Lei do laissezfaire, laissezaller, laissezpasser (deixar fazer, deixar ir, deixar passar). Uma panaceia da irresponsabilidade das autoridades constituídas.
Se nos reportarmos ao período eleitoral, quando a Soberana postulava a reeleição, o povo já tinha ficadoatônito ao assistir o conselho dado a uma economista (com MBA)que para se recolocar no mercado de trabalho e ter um emprego deveria fazer os cursos do Senai ou do Pronatec. Não bastasse isso, o povo sabe e sente na carne imperara falta de empregos no Brasil, a despeito da Soberana ter afirmado não existir desemprego no país, em plena campanha de reeleição.O povo já sentia náuseas da Soberana ter posado com ares de indiferença, quando soube do agradecimento pelos “relevantes serviços prestados à nação”, a quem estava no Conselho de Administração da Hidrelétrica de Itaipú, sendo que este cidadão ao deixar o cargo,o fez sob as mais pesadas investigações da operação lava-jato. Que serviços foram estes eque nação foi esta é que gostaríamos de saber. Certo que não eram serviços recomendáveis. Mais certo ainda que a nação não pode tersidoo Brasil. Aliás, também é certo que este “companheiro de alguns” foi reconhecidopor muitos dos investigados na referida operação, como “Moch”, dada a perfeita identidade com os traços e as funções do carregador de... tcham, tcham, tcham...mochilas de dinheiro ilícito, para todos os cantos do país. Como se se já não bastasse seu antecessor na tesouraria do ParTidoter sido condenado, pelos mesmos crimes em que é investigado. O povo,até hoje não entende como ficava sabendo de tudo pelos meios de comunicação de massae a Soberana, mesmo sendo detentora do poder e de todas informações da Administração Pública, inclusive as reservadas, as restritas, as confidenciais, as sigilosas, e as de segredos de estado,alegavalevianamente, ou melhor, de forma trêfega, que não sabia de nada, seguindo a descompostura exemplar deseu antecessor, com “auréola de santo”, em outros tempos. O povo não tem mais condicionamento físico, para suportar as tantas “pedaladas fiscais”. Sente-se traído, quando dia a dia, desembrulha o pacote das promessas de campanha, todas sem exceção, reveladas como mentiras eprovas cabais da violação axiológica do teor de cada voto computado. Se é que houve lisura no processo eleitoral, pois o sistema adotado pelo Brasil foi rejeitado pelo Paraguai, pasmem, por falta de segurança e credibilidade. Pelo Paraguai! É dose! O povo foi subestimado com as tentativas do (des)governode tentar proibir a CPI do BNDES, para que não viessem à tonanegócios escusos, a exemplo dos feitos com o governo de Cuba, bem como diante da prevaricação e da omissão daSoberana,dado o “êxito dos negócios” de um comerciante que,em um ano, não passava de alguém que atuava no ramo de fechamento de varandas e, do dia para noite, apareceu com duas empresas de engenharia (mesmo sem ser engenheiro)estabelecidas em Angola, só que agora,seusnegócios eram enlaçados com a Odebrecht, via BNDES, simplesmente,por ser conhecido na Corte, como “sobrinho de Lula”. Não cabe mais a Soberana culpar o tomate da sexta básica pela inflação, nem saudar a mandioca, como uma das maiores conquistas do Brasil. Verdade seja dita, não cabe mais muita coisa.E o que principalmente não cabe mais é esperar, porque se tudo continuar como está, não restará mas Brasil dentro de poucos meses.
“Muros” que pareciam muralhas. Aos olhos de quem os construiu e de quem os permitiu construir, pareciam intransponíveis. Aos olhos de quem sentiu na carne, realmente, o impacto da construção de cada um, seus construtores sempre foram pequenos, muito pequenos.“Muros” que não servem para edificar um país. Estes “muros” nos separam e nos destroem e não podem ser tratados como uma empreitada que nos enriquece.
Impõe-se cassar as canetas deste absolutismo e defenestrar, pelas vias constitucionais, democráticas e republicanas, estas autoridades da vida pública brasileira.
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Dr. Pedro Lagomarcino
OAB/RS 63.784
* Especialista em Direito da Propriedade Intelectual - FADERGS
* Especialista em Gestão Estratégica de Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual - AVM/Cândido Mendes
* Especialista em Gestão Estratégica, Inovação e Conhecimento - ESAB
O “Caso Fábio Júnior” resume a política brasileira .
Note : Fábio Júnior é um artista que nunca tinha sido ativo politicamente .
Manifestou-se no domingo , enrolado numa bandeira nacional , durante um show .
Deu sua opinião , de conteúdo mais ou menos consensual entre os brasileiros , e se excedeu na forma , ao criticar Lula e Dilma . Certo .
Na mesma noite , poucas horas depois de sua manifestação , as redes sociais já estavam abastecidas com reproduções do seu discurso , festejando-o , sim , mas também atacando-o através de variados tópicos , matérias , notas e artigos .
Levantou-se até o hipotético número de cirurgias plásticas a que ele se submeteu e de shows em que supostamente se apresentou bêbado ou drogado , entre outras insinuações acerca de sua conduta pessoal e competência profissional .
É a fórmula que os governistas consagraram neste século , sempre que identificam um inimigo . Idéias não são debatidas ; o autor das idéias , sim .
A reputação é vilipendiada , e para isso os governistas se valem de uma rede formada por guerrilheiros virtuais e intelectuais cooptados , todos eles recebendo vantagens diretas ou indiretas do dinheiro público manuseado pelo governo .
É uma manobra profissional .
Defendeu o governo ? Dê uma pesquisada . Em algum momento , ganhou um mimo pago com dinheiro público .
Mas quero voltar a Fábio Júnior .
Quem é Fábio Júnior ? Ele é a representação perfeita do brasileiro que não tinha paciência com política e que , agora , decidiu atuar .
Essa massa de brasileiros , em geral pertencente à classe média , estava ocupada com seus afazeres . As cabeças das pessoas andavam ocupadas com o chefe chato , com as agruras do seu time de futebol , com as artes dos filhos e com eventuais cônjuges ou candidatos a .
Política ? Só na véspera da eleição . Enquanto isso , as instâncias do Estado foram sendo preenchidas pelo partido dono do poder .
O PT encaminhou os recursos públicos para atendimento de seus interesses .Criou uma casta de beneficiários . Não tome o mau exemplo ; tome o bom : os aparentemente positivos investimentos na educação de nível superior . Universidades e faculdades foram criadas graças a programas federais . Essas faculdades estão tomadas de alunos mal formados por um ensino básico e fundamental deficiente . Importa ao governo que as escolas públicas que esses alunos freqüentaram sejam ruins ? Não . Importa que as faculdades para onde eles foram empurrados sirvam como ótimo negócio para seus proprietários e como bolsões de apoio ao partido .
O governo do PT não trabalhou para o país ; trabalhou para se eternizar no poder .
Foi precisamente a constatação do uso desvirtuado da coisa pública que arrastou para a política um oceano de gente que não se interessava por esse tipo de assunto pastoso .
Gente como Fábio Júnior , que fez uma manifestação singela , porque partiu de um homem singelo . Em certo momento , empolgado com a vibração da platéia com seu discurso , Fábio Júnior passou dos limites da boa educação .
Mas até aí ele foi o que é : um homem simples , sem sofisticação ideológica . São essas pessoas simples e sem sofisticação ideológica que dizem algumas bobagens quando se manifestam contra o que acham errado , como aquelas que identificam na volta da ditadura a oposição ao governo do PT .
É uma besteira : o PT não é o oposto da ditadura .
São excessos naturais de pessoas que começaram agora a fazer política . Pessoas que , como Fábio Júnior , estavam quietas e que se viram impelidas a fazer política devido às ações do governo . Foi o PT quem pariu milhões de Fábios Júniors .
Quem os pariu que os embale .
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(PJ Media em Mundo - Internacional - Este artigo foi publicado originalmente em 13/11/2013, mas permanece atual e de leitura necessária)
Estive ausente destas páginas por um tempo. O meu novo livro Disinformation, escrito em coautoria com o professor Ronald Rychlak, e o documentário nele baseado monopolizaram o meu tempo. Mas, uma nauseante operação estiloglasnost em andamento nos Estados Unidos me faz sentir como se estivesse assistindo a uma reencenação da imensa glasnost que eu costumava conduzir durante a minha época como conselheiro do presidente da Romênia comunista, Nicolae Ceausescu.
Não, glasnost não é um erro de impressão ou digitação. Durante os meus anos no topo da comunidade KGB, glasnost era o codinome de uma ferramenta de inteligência ultrassecreta da ultrassecreta “ciência” negra de desinformação da KGB. A sua missão era transformar o país num monumento a seu líder e retratá-lo como o próprio Deus. Isto me trouxe de volta ao JP Media e aos seus leitores, pois a glasnost só funciona para quem não sabe o que ela realmente significa.
Se você pensa que Gorbachev inventou a palavra glasnost para descrever os seus esforços na condução da União Soviética “para longe do estado totalitário e na direção da democracia, liberdade e abertura”, você não está sozinho. Toda a mídia ocidental e a maioria dos especialistas ocidentais, até mesmo os de órgãos de inteligência e defesa, acreditam nisto também – como o comitê que deu a Gorbachev o Prêmio Nobel da Paz. A venerável Enciclopédia Britânica defineglasnost como “Política soviética de discussão aberta sobre questões políticas e sociais. Foi instituída por Mikhail Gorbachev no fim da década de 1980 e deu início à democratização da União Soviética” (1). E o American Heritage Dictionary define glasnost como uma política oficial do antigo governo soviético enfatizando a sinceridade na discussão de problemas e fraquezas sociais (2).
Mas glasnost é, na verdade, um velho termo russo cujo significado é dar brilho à imagem do ditador. Em meados da década de 1930 – meio século antes daglasnost de Gorbachev – a enciclopédia oficial soviética definiu a palavra glasnostcomo uma interpretação particular nas notícias liberadas para o público: “Dostupnost obshchestvennomy obsuzhdeniyu, kontrolyu; publichnost“, significando a qualidade da informação disponibilizada para o controle ou para a discussão pública (3). Em outras palavras, glasnost significa, literalmente, fazer propaganda, ou seja, autopromoção. Desde o século XVI, desde Ivan, o Terrível, o primeiro ditador a se tornar o czar de todos os russos, todos os líderes daquela nação têm usado a glasnost para se promover dentro e fora do país. Os czares comunistas adaptaram aos nossos dias a longa tradição da glasnost. A cidade de Tsaritsyn foi renomeada para Stalingrado – como São Petersburgo, assim chamada para homenagear Pedro, o Grande, foi renomeada para Leningrado para glorificar Lenin. O corpo embalsamado do mais novo santo da Rússia, Lenin, foi colocado em exibição em Moscou como uma relíquia sagrada para a adoração pública.
Como era de se esperar nos Balcãs, a glasnost romena tomou uma coloração gloriosamente bizantina. Praticamente todas as cidades tinham o seu Boulevard Gheorghiu-Dej, a sua Praça Gheorghiu-Dej, o seu Largo Gheorghiu-Dej. O retrato do seu sucessor, Nicolae Ceausescu, estava pendurado nas paredes de todos os escritórios romenos – como o busto de Putin hoje ornamenta todos os prédios da imensa burocracia russa.
Durante as eleições de 2008, quando o Partido Democrata proclamou o senador Barack Obama como um messias americano, eu desconfiei que a glasnost havia começado a infectar os Estados Unidos. O senador concordou. Em 8 de junho de 2008, durante um discurso em New Hampshire, ele disse que o início do seu mandato presidencial seria “o momento em que a elevação dos oceanos começaria a diminuir e o nosso planeta começaria a ser curado” (4). Uma sequência indiscreta no YouTube exibida na Fox TV revelou a imagem do ídolo comunista Che Guevara pendurada na parede do escritório de campanha do senador Obama em Houston (5). Logo em seguida, as assembleias eleitorais do Partido Democrata começaram a se parecer com as reuniões de despertar religioso de Ceausescu – mais de oitenta mil pessoas reunidas em frente do agora famoso templo grego semelhante à Casa Branca erguido em Denver para a aclamação do novo messias americano.
Muitos poucos americanos consideraram esta retórica como uma nova expressão de democracia. Para mim, foi uma repetição da glasnost de Ceausescu, concebida para transformar a Romênia num monumento a ele. “Um homem como eu só nasce a cada quinhentos anos”, dizia ele sem cessar.
Estaria o senador Obama usando uma glasnost ao estilo Ceausescu? Bem, eu duvido que ele tivesse uma ideia do real significado da glasnost. Ele estava usando calças curtas – na Indonésia comunista – quando a glasnost estava na moda. Mas, quando comparo algumas das coisas que o senador, e mais tarde presidente, Obama fez, ao lado dos seus pronunciamentos públicos, com o modus operandi e a história da glasnost, eu me vejo terrivelmente perto de uma glasnost real.
Vamos fazer o exercício juntos para você julgar por si mesmo.
Em 2008, o agora falecido veterano jornalista David S. Broder comparou as táticas do senador Obama para esconder o seu passado socialista às táticas de proteção usadas pelos pilotos militares ao sobrevoar um alvo fortemente defendido por armas antiaéreas: “Eles liberam uma nuvem de fragmentos metálicos leves na esperança de confundir a mira dos projéteis ou mísseis lançados na sua direção” (6). Eis uma boa definição de glasnost.
Toda glasnost que eu conheci tinha como tarefa prioritária apagar o passado do ditador dando-lhe uma nova identidade política. A glasnost de Stalin apagou o seu horrível passado de assassino de cerca de 24 milhões de pessoas retratando-o como um deus na terra, com o seu ícone exibido proeminentemente por todo o país. A glasnost de Khruschev visava construir uma fachada internacional de paz para o homem responsável por trazer para o Ocidente os assassinatos políticos da KGB. Isto foi provado pela Suprema Corte da Alemanha Ocidental em outubro de 1962, durante o julgamento público de Bogdan Stashinsky, oficial da KGB condecorado pelo próprio Khrushchev por ter assassinado inimigos da Rússia residentes no Ocidente (7). Gorbachev, informante da KGB quando estudante da Moscow State University (8) incumbiu a sua glasnost de tirar a atenção do seu passado na KGB retratando-o como um prestidigitador que exibia uma galanteadora “Miss KGB” para os correspondentes ocidentais e era o responsável pela transformação da União Soviética numa “sociedade marxista de pessoas livres” (9).
Em 2008, quando o senador Obama concorria para presidente, as suas políticas de tributos e o seu histórico de votos mostravam-no como “o candidato mais à esquerda jamais nomeado para presidente dos Estados Unidos” (10). Você se lembra? Concorrer como socialista, entretanto, significava navegar por águas desconhecidas, e o senador decidiu dissimular a sua imagem socialista apresentando-se como um Reagan contemporâneo (11). Após ser eleito, o presidente Obama foi mais longe, exibindo-se como um Lincoln dos dias de hoje (12) ou como um novo Teddy Roosevelt (13).
Os discursos de autopromoção foram outra arma da glasnost. Os discursos daglasnost de Lenin mudaram tanto o marxismo que os seus seguidores acabaram por chamá-lo de “leninismo”. Stalin colocou o marxismo, o leninismo, a dialética de Hegel e o materialismo de Feuerbach num mesmo balaio de glasnost e criou o seu próprio “marxismo-leninismo-stalinismo”.
Os discursos da glasnost de Ceausescu eram uma ridícula mistura de marxismo, nacionalismo e adulação bizantina chamada ceausismo. Todos os seus discursos eram focados em Ceausescu, e todos eram tão escorregadios, indefinidos e inconstantes que ele encheu 24 volumes dos seus trabalhos reunidos sem ser capaz de descrever o real significado do ceausismo. Em 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlin caiu, sinalizando o fim do Império Soviético. No dia 14 de novembro, Ceausescu convocou o XIV Congresso do Partido Comunista no qual fez um discurso de glasnost de quatro horas que convenceu os participantes a reelegerem-no e a sua iletrada esposa como líderes da Romênia.
Os discursos de glasnost funcionam para quem não sabe o que ela realmente significa. Eles também funcionaram para o presidente Obama. Nos seus primeiros 231 dias na Casa Branca, ele fez 263 discursos (14). Todos eram, basicamente, sobre ele mesmo (15). O seu discurso State of Union de 2010 exibiu a palavra “eu” 76 vezes. Em 2011, quando anunciou a morte de Osama bin Laden pelas forças americanas, o presidente Obama usou as palavras “eu”, “mim” e “meu” 13 vezes combinadas num discurso de apenas 1300 palavras (16).
“Eu mandei o diretor da CIA… Eu me reuni repetidamente com a minha equipe de segurança nacional… Eu determinei que tínhamos inteligência suficiente para agir… Sob a minha direção, os Estados Unidos lançaram uma operação contra o Complexo de Abbottabad, no Paquistão” (17).
O discurso State of Union de 2012 do presidente Obama continha a palavra “eu” 45 vezes, e a palavra “mim” 13 vezes. Na ocasião, ele estava na Casa Branca fazia 1080 dias, e havia feito 726 discursos (18).
Em 2011, quando a agência S&P rebaixou a taxa de crédito dos Estados Unidos pela primeira vez na história do nosso país, o presidente Obama fez outro discurso. Foi um bom discurso, tão bom quanto um discurso pode ser – ele é um excelente orador. Mas aquele discurso foi tudo o que o presidente Obama fez. Por isso, o débito nacional aumentou, e o custo de garantia contra a inadimplência aumentou de uma base de 25 para 55 pontos.
Logo após o bárbaro assassinato do embaixador J. Christopher Stevens e três dos seus subordinados dentro do nosso posto diplomático em Benghazi, cometido na emblemática data de 11 de setembro por terroristas islâmicos assumidos, o presidente Obama fez outro discurso. Foi outro bom discurso, mas discursos não detêm o terrorismo. O subsequente ataque terrorista de 2013 na Maratona de Boston foi seguido por mais um discurso presidencial. “Extremistas domésticos. Este é o futuro do terrorismo”, proclamou o presidente. Tudo o que tínhamos a fazer era fechar Guantánamo e realizar uma ligeira alteração no modo como os drones eram usados.
Poucos meses atrás, quando o governo terrorista da Síria matou cerca de 1.300 pessoas com armas químicas, o presidente Obama fez diversos discursos. Mas discursar foi a sua única atitude, e isto permitiu à KGB de Putin, agora instalada no Kremlin, assumir o controle da nossa política em relação à Síria. Poucos dias atrás, quando o website do Obamacare fechou, o presidente reagiu com mais um discurso, garantindo ao país que o Obamacare “está funcionando excelentemente. Em alguns casos, na verdade, supera as expectativas.” Na opinião do jornalista do Washington Post, Ezra Klein, o discurso era quase idêntico ao que ele poderia ter feito se o lançamento de um produto tivesse ocorrido sem problemas. Ele estava certo. Foi apenas outro discurso à glasnost.
Por fim, há a tendência atual de transformar os EUA num monumento estiloglasnost ao seu líder. Mostro abaixo uma lista de instituições e locais já nomeados em homenagem ao presidente Obama:
Califórnia: President Barack Obama Parkway, Orlando; Obama Way, Seaside; Barack Obama Charter School, Compton; Barack Obama Global Preparation Academy, Los Angeles; Barack Obama Academy, Oakland.
Flórida: Barack Obama Avenue, Opa-loka; Barack Obama Boulevard, West Park.
Maryland: Barack Obama Elementary School, Upper Marlboro.
Missouri: Barack Obama Elementary School, Pine Lawn.
Minnesota: Barack and Michelle Obama Service Learning Elementary, Saint Paul.
Nova Jersey: Barack Obama Academy, Plainfield; Barack Obama Green Charter High School, Plainfield.
Nova York: Barack Obama Elementary School, Hempstead.
Pensilvânia: Obama High School, Pittsburgh.
Texas: Barack Obama Male Leadership Academy, Dallas.
Não quero dizer que o presidente Obama seja um Putin ou Ceausescu. O presidente é certamente ele mesmo – bem educado, bem falante, carismático e agradável. Pertence a uma minoria, como eu também pertenço a outra minoria. Mas ele aparentemente caiu no canto da sereia socialista e da glasnost, como eu mesmo e milhões de outros como eu em todo o mundo também caímos naquela idade da vida.
Os Estados Unidos venceram a Guerra Fria porque Ronald Reagan foi eleito presidente bem depois de ter se purgado de uma passageira paixão socialista. Foi então capaz de identificar a glasnost de Gorbachev como a fraude política que realmente era, e assim conseguiu vencê-la. Vamos torcer para que o presidente Obama faça o mesmo.
Em novembro de 2014 enfrentaremos, em minha opinião, as mais importantes eleições da história americana. Aparentemente, os eleitores decidirão quais dos dois principais partidos políticos controlará o Congresso dos EUA. Na realidade, o eleitor decidirá entre manter o nosso país como o líder do mundo livre ou transformá-lo numa irrelevância glasnost.
O PJ Media está unindo forças com o WND (o editor de Disinformation) para ajudar os seus leitores a adquirir o conhecimento para falar franca e abertamente – os inimigos a serem derrotados são o socialismo e a glasnost.
Fontes:
1 – Glasnost, Britannica Concise.
2 – http://dictionary.reference.com/browser/glasnost
3 – Tolkovyy Slovar Russkogo Yazyka (Explanatory Dictionary of the Russian Language), ed. D.N. Ushakov (Moscow: “Soviet Encyclopedia” State Institute, 1935), Vol. I, p. 570.
4 – http://www.youtube.com/watch?v=oQNkVmdicvA
5 – James Joyner, “Obama Che Guevara Flag Scandal“, Outside the Beltway, February 12, 2008.
6 – David S. Broder, “Obama’s Enigma”, The Washington Post, July 13, 2008, p. B7.
7 – John Barron, “KGB: The Secret Work of Soviet Secret Agents”. New York: Reader’s Digest Books, 1974, reprinted by Bantam Books, p. 429.
8 – Zhores Medvedev, “Gorbachev”. New York: Norton, 1987, p. 37.
9 – Mikhail Gorbachev, “Perestroika: New Thinking for Our Country and the World”. New York: Harper & Row, 1987; passim.
10 – Peter Kinder, “Missourians Reject Obama”.
11 – Jonathon M. Seidl, “Obama Compares Himself Tom Reagan: Republicans Aren’t Accusing Him Of ‘Being Socialist’”, The Blaze, October 5, 2011.
12 – Alexandra Petri, “Obama is up there with Lincoln, Roosevelt, and Johnson”, The Washington Post, December 12, 2011, PostOpinions.
13 – David Nakamura, “Obama invokes Teddy Roosevelt in speech attacking GOP policies”, The Washington Post, December 6, 2011.
14 – “How Many Speeches Did Obama Give“, Newswine.com, July 16, 2010.
15 – Thomas Lifson, “Obama’s troop withdrawal speech: when politics triumphs victory”, American Thinker, June 23, 2011.
16 – “Right-Wing Media Fixated On Obama’s ‘Shamless’ Bin Laden Speech“, Mediamatters, May 3, 2011.
17 – George Landrith, “The ‘it’s all about me’ president“, The Daily Caller, May 5, 2011.
18 – http://wiki.answer.com/Q/How_many_speeches_did_Obama_give (as searched in January.)
Esta matéria foi originalmente publicada pela PJ Media (via Mídia Sem Máscara)
(Publicado originalmente em O Estado de São Paulo de 08/09)
A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) foi constituída dentro dos princípios de integração da América do Sul, com a fusão das duas grandes uniões existentes no continente: o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Comunidade Andina de Nações. No início de suas atividades com uma visão mercadológica e aduaneira, a Unasul vem-se transformando numa instituição intergovernamental que atua nos campos político e social dos países que a integram.
Ao final de 2008, em cúpula extraordinária da Unasul, foi instituído, por iniciativa do governo brasileiro, um Conselho de Defesa, composto pelos ministros de Defesa dos países integrantes. O conselho é o componente militar da Unasul, cabendo-lhe prioritariamente a criação conjunta de políticas de defesa. Outras missões recomendadas, como intercâmbio de pessoal militar, exercícios operacionais conjuntos, Forças de Paz da ONU e integração de indústrias de defesa, vinham sendo realizadas desde a década de 1980.
Entretanto, quanto à citada criação conjunta – anseio de lideranças que governam a maioria dos países sul-americanos, especialmente os ditos “bolivarianos” –, não existia um órgão específico para os estudos e propostas para tal finalidade. No início do corrente ano, a imprensa brasileira informou o início das atividades da Escola Sul-Americana de Defesa (Esude), com sede em Quito, um centro de estudos que representa, em última análise, um passo efetivo para o pretendido órgão de elaboração de políticas de defesa e, também, a capacitação de civis e militares nos assuntos de defesa e segurança regionais.
No período anterior à criação da Esude não foi observado nenhum debate em nossa sociedade, em nossas Casas Legislativas e muito menos na área militar. Um processo feito no mais alto nível governamental, porém às escuras, com deliberações impostas de cima para baixo, bem à feição das lideranças que nos governam, o que, sem dúvida, identifica o modus operandi gramscista do Foro de São Paulo. O escopo estratégico desse foro é intervir na área militar – principalmente a brasileira –, o que se está consumando de modo flagrante e abre caminho para o seu objetivo maior: a América Vermelha.
Segundo assessores do Ministério da Defesa (MD), a Esud vai gerar uma “confiança mútua” entre os membros da Unasul. Em bancos e currículos escolares será possível, mas, por certo, na prática isso não se dará. As nações ibero-americanas convivem, até os dias atuais, com atritos oriundos de suas respectivas formações. São conflitos que ainda deixam marcas em suas sociedades e, aliados ao forte componente emocional ibérico, poderão ressurgir. Um deles poderá ser o “imperialismo brasileiro”, ainda latente em alguns países fronteiriços. É bom lembrar que Simón Bolívar, o líder maior do “bolivarianismo”, como forma de confrontar o citado imperialismo pregava a integração da América espanhola. O Mercosul é um exemplo. A preocupação dos países integrantes é que o “irmão maior” se vai beneficiar das tratativas comerciais. Talvez o BNDES, com seus expressivos apoios financeiros aos países latinos, possa reduzir essa imagem imperialista.
Assessores do MD ainda informam que a frequência de militares brasileiros em cursos nos Estados Unidos será reduzida. Uma medida incompreensível e preconceituosa. Parece que tal redução advém de uma possível doutrinação americana favorável ao seu regime democrático, diferente da bolivariana a ser ministrada na Esude, que, por seu turno, não vê com bons olhos o “Satã do Norte”, como diria Hugo Chávez. Esse é um sinal claro de como essa escola estará comprometida com a ideologia bolivariana.
A par desse comprometimento ideológico, temas curriculares deverão ser considerados, e um deles será o estudo das personalidades que expressarão simbolicamente a pretendida integração. Simón Bolívar encabeçará a lista por sua capital importância para os países de origem espanhola. Estarão tais temas, sem dúvida, em consonância com a ideologia a adotar nomes como Fidel Castro, Hugo Chávez, Che Guevara, líderes indígenas andinos e outros. Não se tem conhecimento de personalidades históricas brasileiras que apoiaram uma integração latina.
O governo, para demonstrar coerência, deveria indicar como personalidade marcante o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, o sr. Marco Aurélio Garcia, um dos fundadores do Foro de São Paulo, ideólogo confesso das esquerdas e o maior orientador do PT em integração latina, com liberdade para agir superior à do Itamaraty – nesse caso, então, um simples coadjuvante.
Segundo ainda assessores do MD, a Esude terá um desafio para atingir um “consenso sobre uma Estratégia de Defesa comum”. Um desafio esdrúxulo e inexequível, que repercutirá nas doutrinas das Forças Armadas sul-americanas e em sua soberania. Política Nacional de Defesa e Estratégia de Defesa são documentos abertos só no Brasil, país de índole pacifista. Em outros países são documentos reservados por conterem em grande parte hipóteses de conflitos.
No Brasil, por sinal, os documentos teóricos em vigor apresentam um enorme hiato entre as teorias expostas e a prática no preparo e no emprego de suas Forças Armadas. Elas não poderão cumprir adequadamente a sua missão constitucional de defesa territorial e salvaguarda da soberania nacional. O seu poder de dissuasão é limitado e, ano a ano, seus orçamentos diminuem. Esta situação em que se encontram poderia ser reduzida por uma ação efetiva do MD, órgão político de convencimento das autoridades constituídas e do Legislativo quanto à função e relevância da missão constitucional das Forças Armadas brasileiras, bem como da cultura dos necessários e impreteríveis investimentos. Infelizmente, o MD preocupa-se muito mais em complexas, ineficientes e ideológicas ações, como a criação de uma Escola de Defesa Sul-Americana, do que se engajar na solução dos graves problemas que afligem as Forças Armadas nacionais.
*Rômulo Bini Pereira GEN EX R/1, foi chefe EM/MD