(Publicado originalmente em Diário do Comércio, 19 de abril de 2012)
Vocês conhecem alguém que tenha sido alfabetizado pelo método Paulo Freire? Alguma dessas raras criaturas, se é que existem, chegou a demonstrar competência em qualquer área de atividade técnica, científica, artística ou humanística? Nem precisam responder. Todo mundo já sabe que, pelo critério de “pelos frutos os conhecereis”, o célebre Paulo Freire é um ilustre desconhecido.
As técnicas que ele inventou foram aplicadas no Brasil, no Chile, na Guiné-Bissau, em Porto Rico e outros lugares. Não produziram nenhuma redução das taxas de analfabetismo em parte alguma.
Produziram, no entanto, um florescimento espetacular de louvores em todos os partidos e movimentos comunistas do mundo. O homem foi celebrado como gênio, santo e profeta.
Isso foi no começo. A passagem das décadas trouxe, a despeito de todos os amortecedores publicitários, corporativos e partidários, o choque de realidade. Eis algumas das conclusões a que chegaram, por experiência, os colaboradores e admiradores do sr. Freire:
“Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político e ideológico, não um educador.” (John Egerton, “Searching for Freire”, Saturday Review of Education, Abril de 1973.)
“Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a ‘conscientização’ ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua política social? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança revolucionária?” (David M. Fetterman, “Review of The Politics of Education”, American Anthropologist, Março 1986.)
“[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são eles? A definição de Freire parece ser ‘qualquer um que não seja um opressor’. Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a ação.” (Rozanne Knudson, Resenha da Pedagogy of the Oppressed; Library Journal, Abril, 1971.)
“A ‘conscientização’ é um projeto de indivíduos de classe alta dirigido à população de classe baixa. Somada a essa arrogância vem a irritação recorrente com ‘aquelas pessoas’ que teimosamente recusam a salvação tão benevolentemente oferecida: ‘Como podem ser tão cegas?’” (Peter L. Berger, Pyramids of Sacrifice, Basic Books, 1974.)
“Alguns vêem a ‘conscientização’ quase como uma nova religião e Paulo Freire como o seu sumo sacerdote. Outros a vêem como puro vazio e Paulo Freire como o principal saco de vento.” (David Millwood, “Conscientization and What It's All About”, New Internationalist, Junho de 1974.)
“A Pedagogia do Oprimido não ajuda a entender nem as revoluções nem a educação em geral.” (Wayne J. Urban, “Comments on Paulo Freire”, comunicação apresentada à American Educational Studies Associationem Chicago, 23 de Fevereiro de 1972.)
“Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel de um guru ideológico flutuando acima da prática.” (Rolland G. Paulston, “Ways of Seeing Education and Social Change in Latin America”, Latin American Research Review. Vol. 27, No. 3, 1992.)
“Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender que os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos desses métodos mesmos.” (Bruce O. Boston, “Paulo Freire”, em Stanley Grabowski, ed., Paulo Freire, Syracuse University Publications in Continuing Education, 1972.)
Outros julgamentos do mesmo teor encontram-se na página de John Ohliger, um dos muitos devotos desiludidos (http://www.bmartin.cc/dissent/documents/Facundo/Ohliger1.html#I).
Não há ali uma única crítica assinada por direitista ou por pessoa alheia às práticas de Freire. Só julgamentos de quem concedeu anos de vida a seguir os ensinamentos da criatura, e viu com seus própios olhos que a pedagogia do oprimido não passava, no fim das contas, de uma opressão da pedagogia.
Não digo isso para criticar a nomeação póstuma desse personagem como “Patrono da Educação Nacional”. Ao contrário: aprovo e aplaudo calorosamente a medida. Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o espírito da educação petista, que deu aos nossos estudantes os últimos lugares nos testes internacionais, tirou nossas universidades da lista das melhores do mundo e reduziu para um tiquinho de nada o número de citações de trabalhos acadêmicos brasileiros em revistas científicas internacionais. Quem poderia ser contra uma decisão tão coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos governa? Sugiro até que a cerimônia de homenagem seja presidida pelo ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, aquele que escrevia “cabeçário” em vez de “cabeçalho”, e tenha como mestre de cerimônias o principal teórico do Partido dos Trabalhadores, dr. Emir Sader, que escreve “Getúlio” com LH. A não ser que prefiram chamar logo, para alguma dessas funções, a própria presidenta Dilma Roussef, aquela que não conseguia lembrar o título do livro que tanto a havia impressionado na semana anterior, ou o ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de cabeça.
O DR. FRANKENSTEIN BRASILEIRO
Econ. Pedro H.M. de Azevedo
"Ninguém gasta o dinheiro dos outros com tanto cuidado como gasta o seu próprio. Se quisermos eficiência e eficácia, se quisermos que o conhecimento seja bem usado, isso precisa ser feito por meio da iniciativa privada." (Milton Friedman)
Em um país recheado de cadeiras cativas, onde importa mais quem você conhece do que o que você conhece, é sempre bom desconstruir algumas figuras que são tidas como intocáveis. É o caso do economista Luiz Gonzaga Belluzzo.
Apesar de não ser formado em Economia, Belluzzo iniciou sua carreira na área ingressando no curso de pós-graduação em Desenvolvimento Econômico na Unicamp. O nome desse curso é bem sugestivo, pois mostra qual é a linha de raciocínio que a Unicamp utiliza para formar seus economistas. Em termos bem resumidos, os desenvolvimentistas pregam que o Estado deve realizar massivos investimentos públicos para que o país possa se desenvolver socialmente. Para eles, o Estado deve continuamente aumentar os seus gastos ofertando créditos subsidiados para grandes empresas nacionais via bancos públicos, além de criar empresas estatais com papel "estratégico". Essas empresas escolhidas, que muitos chamam que campeãs nacionais, seriam responsáveis pelo progresso do país.
Na teoria tudo é lindo, mas há um problema: não existe no mundo nenhum caso de sucesso. O desenvolvimentismo da Unicamp nada mais é do que uma cópia (mal feita) da teoria elaborada pelo economista John Keynes. Todos os países que fizeram essa aposta – mesmo que mal interpretando Keynes em alguns pontos - tiveram um ótimo início fantasioso, mas acabaram enfrentando uma alta inflação e uma recessão profunda em um médio e longo prazo. Para mostrar os desastres dessa ideologia não precisamos buscar experiências estrangeiras, o Brasil pode nos servir de exemplo.
Os governos militares, principalmente os de Médici e Geisel, que tinham Delfim Netto e Mario Henrique Simonsen como Ministros da Fazenda respectivamente, seguiram essa linha desenvolvimentista. No começo, tivemos o milagre econômico, e na década seguinte a década perdida. Uma pessoa sensata questionaria essa ideologia desenvolvimentista nesse momento. Mas quem disse que pessoas como Belluzzo são sensatas?
Já na década de 1980, tivemos diversos planos elaborados por grupos de economistas para tentar salvar o Brasil da recessão. Nessa época, no governo Sarney, mesmo não sendo o Ministro da Fazenda, Belluzzo estava lá propondo as mesmas ideias desenvolvimentistas para salvar o país da crise. Não deu certo novamente. Mas é aí que começa a história do nosso personagem.
No final da década de 1980, já nas eleições presidenciais de 1989, um grupo de economistas chegou a um consenso que a solução para o Brasil conter a hiperinflação era o confisco. É isso mesmo que você leu. Aquele confisco que Fernando Collor implementou, seria feito se Lula ou Mário Covas fossem eleitos. Aquilo não tinha sido uma ideia isolada da distorcida cabeça de Zelia Cardoso de Melo. E quem estava nesse grupo de economistas? Belluzo! E lá se foi mais uma tentativa desenvolvimentista que não deu certo. Na época, Roberto Campos, um dos poucos economistas liberais da época, soltou a seguinte frase: "Ou o Brasil acaba com os economistas da Unicamp, ou eles acabam com o Brasil". Dito e feito - eles acabaram com o Brasil.
Precisou de toda essa lambança desenvolvimentista durante quase 20 anos para que na década de 1990 um grupo de economistas da PUC idealizasse o Plano Real, finalmente abandonando as ideias dos malucos da Unicamp. O resultado foi que tivemos a moeda mais longa da nossa história. O Plano Real deveria ter colocado um fim nos desenvolvimentistas. Deveria, mas aí veio o PT.
Dilma e Mantega - também discípulos do desenvolvimentismo da Unicamp -, trouxeram de volta as mesmas receitas desenvolvimentistas já no segundo mandato do governo Lula. Quando Dilma assumiu, ela adicionou a cereja do bolo. Como seu consultor pessoal, adivinhem quem a estocadora de ventos chamou. Quem? Quem? Belluzzo, de novo! Não é impressionante? O Dr Frankenstein que participou das piores experiências econômicas que o Brasil já teve resolveu tentar a mesma receita que nos levou a ruína. E o resultado...Bem, o resultado eu não preciso nem explicitar, pois todos nós estamos vendo – inflação alta, recessão profunda, dólar disparado, déficit público exorbitante, NOVAMENTE.
Com todos esses erros grotescos, Beluzzo deveria estar trancado dentro de casa (ou seria um manicômio?) com vergonha de sair. Mas o que acontece é o contrário. Belluzzo, e outros inflacionistas que quebraram o Brasil, como Delfim Netto e Bresser-Pereira, gozam de um alto prestígio na mídia. Recentemente, Belluzo deu uma entrevista ao Valor Econômico acusando que a crise atual foi devido ao ajuste fiscal inexistente! Ou seja, a culpa não foi dos gastos desenfreados que ele e Dilma propuseram, foi do ajuste fiscal fictício. É uma piada! E cabe ressaltar que nem vou me dar o trabalho de relatar a experiência desenvolvimentista que Belluzzo fez com o meu querido Palmeiras, pois já deu para perceber qual foi o resultado. Quebrou o Palmeiras também.
Sendo assim, a imprensa precisa ter mais coerência a quem ela dá ouvidos, pois uma pessoa como Belluzzo presta um desserviço ao país. Já vi pessoas da imprensa "especializada" falando que o PT fez o que Armínio Fraga – que seria Ministro da Fazenda de Aécio – faria se Aécio fosse eleito. Nada mais falso! O ajuste fiscal proposto por Armínio era diametralmente oposto ao que Joaquim Levy e o PT fizeram. Armínio propunha um ajuste pelo lado da despesa, ou seja, cortando gastos. Já Levy e o PT, querem fazer o ajuste pelo lado da receita, ou seja, aumentando impostos e até reinventando o nefasto CPMF.
Então meus caros, já que imprensa dita especializada não faz, eu farei. Toda vez que virem uma entrevista de pessoas como Belluzzo, Delfim Netto, Bresser-Pereira, Maria da Conceição Tavares, enfim, todos aqueles que propõem aumento de gastos públicos como solução para o nosso país, lembrem-se: vocês estão diante de verdadeiros charlatões. O que precisamos é de menos Estado e mais mercado. Quando ouvirem um economista falando isso, aí sim, podem ficar tranquilos. Esses são verdadeiros economistas.
Pedro Henrique Mancini de Azevedo é economista, MBA, PMP.
(Publicado originalmente em www.institutoliberal.org.br)
O povão não lê a Folha de São Paulo, nem o Estadão, nem o Globo porque cada exemplar custa o preço de uma passagem de ônibus. Se não tem dinheiro para jornal, obviamente não tem dinheiro para assinar a Veja, ou a Época, ou a Isto É, ou a Piauí. O povão não lê os tantos blogs sobre política e economia que excitam a classe média porque não têm tempo para isso. Não acompanha a Globo News ou a Band News porque trabalha o dia todo. Não assiste o Willian Waack no Jornal da Globo porque o programa vai ao ar tarde demais. O povão tira suas conclusões a partir do que assiste no Jornal Nacional. O Jornal Nacional é a principal fonte de informação da maioria dos brasileiros.
Por muito tempo, não me deixei contaminar pelo frenesi anti-Globo porque sempre respeitei que os meios de comunicação privados tivessem seus posicionamentos em relação aos mais diversos temas. Não me deixava contaminar pelo frenesi anti-Globo porque, mesmo discordando da maioria de suas inclinações, eu reconhecia que a emissora prestava algum serviço público em suas novelas ao abordar temas como transplante de órgãos, câncer de mama, síndrome de down, autismo, racismo, homofobia, religião etc. A verdade é que a Globo contribuiu mais para algumas causas do que todas as iniciativas do governo até hoje. Porém, por trás dessa verdade existe outra verdade. Uma verdade dolorosa. Uma verdade vergonhosa. Uma verdade que vem se transformando num imenso absurdo através do Jornal Nacional.
Estamos num dos momentos mais delicados da história do Brasil. Excluo, só por um momento, a degradação da política brasileira. Refiro-me, nesse texto, apenas ao eminente colapso econômico. Uma situação que interfere diretamente na vida de todo cidadão, principalmente na vida dos mais pobres. Pessoas comuns estão perdendo empregos. Pessoas comuns estão perdendo clientes. Pessoas comuns estão perdendo suas únicas fontes de renda. Os salários de pessoas comuns estão sendo corroídos por uma inflação que sabemos que é muito maior do que o anunciado.
Até uma semana atrás, o Jornal Nacional noticiava tudo isso. Noticiava a duplicação do índice de desemprego e da inflação em um ano. Noticiava que o Brasil perdeu 3% de seu PIB no mesmo período. Noticiava o resultado das pesquisas que indicam o pessimismo do comércio, da indústria, do mercado financeiro e até da dona de casa. Até uma semana atrás, o Jornal Nacional noticiava o desmoronamento da economia brasileira. Parou de noticiar desde quando foi aceito o processo de impeachment contra Dilma.
Desde então, o Jornal Nacional atua como advogado de defesa do atual governo. Reproduz os discursos de Dilma até três vezes num mesmo noticiário. Destaca os aplausos dos militantes petistas, as desculpas esfarrapadas de seus líderes e as falas ultrajantes de Lula. Ontem a noite, o telejornal noticiou que uma manifestação da CUT em favor de Dilma, no Rio de Janeiro, contou com 10 mil pessoas, sendo que as imagens aéreas mostravam que não havia nem um décimo desse número.
As poucas entrevistas com pessoas que pedem o afastamento de Dilma foram editadas com o cuidado necessário para que nenhum argumento fosse exposto de tal forma que um telespectador mais humilde pudesse compreendê-lo. Não foi feita uma única entrevista com os Juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal, autores do pedido de impeachment. O Jornal Nacional não mede esforços para fazer o povão acreditar que o processo de impeachment é obra de Eduardo Cunha, cria situações para mostrar os membros do governo dizendo que tudo não passa de um golpe do PSDB, "inconformado com o resultado das urnas", oferece todo o espaço necessário para o governo dizer que Dilma resolverá a crise que ela mesma criou.
Desde que o pedido de afastamento de Dilma foi aceito, o maior telejornal brasileiro não se deu trabalho de explicar a relação entre a irresponsabilidade fiscal dos últimos anos com a atual crise econômica. Se o Jornal Nacional tivesse um mínimo de honestidade jornalística, repetiria todos os dias o seguinte: O desrespeito da Lei de Responsabilidade Fiscal pode levar o governo a ficar sem dinheiro para pagar os salários de servidores e pensionistas. Não diz isso porque sabe que, dessa forma, o povão entenderia perfeitamente os crimes que recaem sobre Dilma.
O Jornal Nacional não se importa que um possível arquivamento do pedido de impeachment significaria um duro golpe na moral dos brasileiros – o povo que grita "Fora Dilma" sendo obrigado a ver o desejo dos partidos da extrema-esquerda brasileira prevalecer.
Então, eu me lembro de que, dois dias atrás, num mesmo bloco foi noticiada a "vitória da oposição" na Venezuela e a vitória da "extrema-direita" na França, com direito a carinha de nojo do Willian Bonner. Isso é a Globo. Isso é o Jornal Nacional. Sempre dando conotação pejorativa a tudo o que não é esquerda. Evitando ao máximo relacionar o chavismo com extrema-esquerda. Esforçando-se ao máximo em impedir que as pessoas correlacionem o colapso econômico na Venezuela com as ideias socialistas. Fazendo o diabo para que o telespectador não se dê conta de que o PT é um partido de extrema-esquerda e que desde que assumiu o poder tenta impor sua própria revolução bolivariana.
A verdade: A Rede Globo se tornou o maior veículo de publicidade do socialismo.
Continuo defendendo que todas as empresas privadas de comunicação tenham liberdade para tomar partido sobre qualquer assunto, mas espero que os brasileiros um dia enxerguem a cumplicidade do Jornal Nacional no verdadeiro golpe que está em curso, o golpe do PT contra o Brasil.
A Rede Globo, através do Jornal Nacional, está ajudando o PT a rasgar a Constituição do Brasil. Está tentando tirar de 200 milhões de cidadãos o direito de punir um partido que vem a 13 anos dilapidando a economia do país.
(Publicado originalmente em Zero Hora de 23/12/2015)
Os deputados gaúchos estão diante de uma oportunidade histórica de mudar o rumo da gestão pública nos próximos dias. Estará em votação a Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual, quando uma série de limites serão impostos para o aumento do gasto público. A sociedade gaúcha e brasileira não aguenta mais pagar com seu suor impostos escorchantes com um retorno insatisfatório e desproporcional ao seu custo. Os serviços prestados pelo Estado do Rio Grande do Sul aos seus cidadãos estão muito abaixo do que poderiam e deveriam ser. O Estado precisa reduzir, drasticamente, suas despesas e melhorar em muito os serviços que presta. Isto é uma contradição? De forma alguma. Muito tem se visto na iniciativa privada empresas excelentes reduzindo custos e melhorando seus produtos e serviços. Aquelas que não fazem, quebram. O Estado não pode fazer o mesmo?
Bem sabemos que os imensos privilégios que foram obtidos pelas mais diversas categorias levaram a esta situação que vivemos. Aposentadorias precoces, as mais variadas licenças, algumas abusivas, auxílios vitalícios para herdeiros, e pior, a estabilidade, minam significativamente a possibilidade de fazer um Estado eficiente.
O que justifica que existam duas categorias de cidadãos? Os funcionários públicos com aposentadoria integral e os da iniciativa privada com valores tão baixos. As contribuições durante a vida produtiva são tão diferentes? Não são. É preciso corrigir estas distorções. Nada as justifica. O país precisa mudar o sistema de previdência, sem o que não haverá Estado, nem cidadãos com capacidade de pagar tais privilégios. O nosso Rio Grande do Sul foi o primeiro a deixar transparecer o esgotamento do modelo. A elevada carga tributária está sufocando todos nós, limita a criação e o desenvolvimento de negócios, a geração de empregos e o empreendedorismo para manter o status de uma máquina ineficiente e perdulária. A Lei de Responsabilidade Fiscal é um pequeno passo para limitar, minimamente, o aumento absurdo de gastos.
Nossos deputados terão a opção: ou ficam ao lado do Rio Grande e assumem uma posição de estadistas que pensam num futuro melhor para todos, ou ficarão, como têm ficado, num populismo de curtíssimo prazo e que tem nos levado ao absoluto estado de falência em que nos encontramos.
Vamos mudar o rumo do Rio Grande do Sul?
(Publicado originalmente em Vespeiro.com)
Desde que o STF jogou o impeachment no colo do Renan, Jacques Wagner não para de comemorar.
“Já ganhou”! “Já ganhou”!
O resto da tropa cumpre linha por linha o script tantas vezes antecipado aqui. No momento tratam de “legalizar a corrupção”. Liberaram os contratos do governo com as empreiteiras da Lava-Jato; estão legalizando a repatriação do dinheiro roubado…
Agora tem um senadorzinho da gangue do Renan “determinando” que a rejeição por unanimidade das contas da Dilma pelo TCU não vale nada, “tá tudo aprovado”…
Eles não vão entender nunca. Vão nos matar e morrer junto achando que a vontade deles muda alguma coisa.
“Já ganhou”! “Já ganhou”!
Ganhou o quê?!
A crise só acaba com a vitória da regra. A vitória sobre a regra, essa é a própria crise.
A descrição das amputações e mutilações das instituições por um Luis Inácio Adams fazendo cara de Madre Teresa de Calcutá ou um Edinho Silva com ar de Madalena Arrependida não altera um milímetro o seu caráter criminoso nem reduz o seu efeito corrosivo.
O Nelson Barbosa fica falando sozinho e ninguém perde um minuto com ele. No ano passado, enquanto apunhalava o Levy, só conseguiu cortar R$ 1,5 bi das despesas sob seu controle para uma diferença entre gastos e arrecadação de mais de R$ 50 bi.
Agora o buraco é bem mais embaixo. Quase 21% da dívida pública de R$ 538 bilhões vencem em 2016. Só em janeiro R$ 138 bilhões em títulos pre-fixados terão de ser resgatados.
A arrecadação de todos os níveis de governo está despencando na mesma velocidade vertiginosa com que a economia está derretendo. O crédito privado, assim como o estrangeiro, já sumiu do mapa. Os bancos estatais continuam fingindo que estão vivos mas cheiram mal. E por cima de tudo tem os cacos da Petrobras com o seu meio milhão de funcionários e o petróleo a US$ 38…
Os governadores estão todos quebrados. Não têm dinheiro nem pra pagar o funcionalismo. O povo está morrendo de zika e microcefalia na porta dos hospitais caindo de podres deles. O Pezão e o Eduardo Paes choram que querem mais pra mamãe Dilma mas continuam gastando o que não têm só naquilo que é pra inglês ver um mes na vida, na roubalheira da Olimpíada.
Vão acabar com a Lei de Responsabilidade Fiscal e voltar ao padrão Sarney de “gestão” de contas públicas – sacar dinheiro que não existe pra ver como é que fica – e, é claro, aumentar e aumentar de novo os impostos. Mas a galinha dos ovos de ouro continuará morta como já está.
E a Dilma lá, feito um zumbi: “CPMF”!, “CPMF”!, “CPMF”!…
Todos eles sabem pra onde está indo esse barco. É tudo macaco velho. Ganhar eleições é coisa que está completamente fora do horizonte desse pessoal. Foi isso que os levou a apostar tudo na trapaça.
Resta saber o que, exatamente, isso significa na cabeça deles: acaba a festa do poder depois de um último “free for all” ou … ?
O Alberto Youssef, que sabe bem com quem está lidando, achou melhor, por via das dúvidas, pensar no assunto na segurança da cela dele lá na cadeia.
(Publicado originalmente no Blog do Noblat)
“Existe um projeto de bolivarização da Corte. Assim como se opera em outros ramos do estado, também se pretende fazer isso no tribunal e, infelizmente, ontem tivemos mostras disso”.
A frase não é de um oposicionista (personagem, aliás, em extinção), contrariado com as manobras anti-impeachment do STF, perpetradas quinta-feira passada, mas de um ilustre integrante daquela Corte, de que já foi presidente, o ministro Gilmar Mendes.
De fato, o Supremo, ao se atribuir a prerrogativa, que não tem, de estabelecer o rito do processo de impeachment, que a Constituição atribui às duas casas do Congresso, bagunçou – e aviltou - ainda mais o quadro político-institucional do país.
Legislou, reinterpretou a Constituição e, ao final, ainda nas palavras de Mendes, ao “fazer artificialismos jurídicos para tentar salvar (a presidente)”, colocou “um balão de oxigênio em quem já tem morte cerebral”. Ou seja, deu sobrevida a um cadáver político e reduziu ainda mais a taxa de esperança do país.
O julgamento do recurso impetrado pelo PCdoB, que pedia (e obteve) a impugnação da sessão da Câmara, que deu início ao rito processual do impeachment, teve ares de pantomima.
Quando se soube que a relatoria caberia ao ministro Edson Fachin - um dos prováveis seis ministros a que a presidente Dilma aludiu recentemente como seus -, pensou-se que faria exatamente o contrário do que fez. Ele e Dias Toffoli são vistos como os mais identificados com o PT – e Fachin chegou a subir em um palanque, em 2010, para pedir votos a Dilma.
Pois bem: foram eles que, para surpresa geral, se opuseram com mais veemência às pretensões do PCdoB. Eles e Gilmar Mendes, só que aí não houve surpresa, já que Mendes não é da turma. Essa isenção inesperada deixou mais à vontade os menos suspeitos para a ação intervencionista/governista, que, embora não impeça, dificulta o desenrolar do processo.
Não é a primeira vez que o governo apela à sabotagem.
Tentou-a antes no TCU, quando do julgamento das pedaladas, obtendo sucessivos adiamentos e fazendo do advogado geral da União, Luiz Inácio Adams, um lobista, no corpo a corpo com aqueles ministros. Não funcionou e a presidente foi condenada por unanimidade, dando lastro jurídico ao impeachment.
Na mesma quinta-feira em que o STF dava uma rasteira na Constituição, o TSE fazia sua parte: mandava arquivar representação contra a campanha eleitoral de Dilma Rousseff por uso indevido dos Correios na eleição do ano passado.
Uma decisão estarrecedora, já que desconsiderou confissão do próprio réu – no caso, os Correios. As acusações do PSDB contra os Correios basearam-se em vídeos; portanto, em evidências.
Num deles, registra-se uma reunião com dirigentes dos Correios em Minas Gerais, em que o deputado estadual petista Durval Ângelo, na presença do presidente daquela estatal, Wagner Pinheiro, afirma que Dilma só chegou a 40% das intenções de votos no estado porque "tem dedo forte dos petistas dos Correios".
E pede a Wagner Pinheiro que informe à direção nacional do partido sobre "a grande contribuição que os Correios estão fazendo" nas campanhas – mencionando também a de Fernando Pimentel, hoje governador de Minas e investigado pela Polícia Federal.
O TSE considerou, vejam só, que o vídeo não deixa claro qual é a "grande contribuição" que os Correios estariam fazendo. De fato, um enigma. Por aí, assunto encerrado. Resta ver como o TSE avaliará os aportes de dinheiro roubado do Petrolão, que, segundo delações premiadas (isto é, confissões) de empreiteiros, nutriram a campanha de Dilma. Espera-se que haja clareza nesse quesito.
No caso do STF, não havendo a quem apelar, já que se trata da Corte Suprema, resta aguardar que os dois fatores que escapam ao controle palaciano – economia e Lava Jato - façam sua parte.
A economia acaba de sofrer mais um revés, com novo rebaixamento do país por uma agência de avaliação de risco, acrescida da saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. E a Lava Jato efetuou mais uma operação, de nome Catilinárias, esta semana, cercando gente graúda do PMDB e do governo.
Como não há oposição parlamentar – à exceção de meia dúzia de voluntariosos -, o cenário político transformou-se numa corrida de gato atrás do rato. Os gatos são os camburões da Polícia Federal, e os ratos os que chamam impeachment de golpe.