Hoje quero falar de um herói brasileiro: o professor de História que não é de esquerda. É verdade que todo ofício tem os seus ossos, mas o ofício do professor de História não esquerdista é um ossuário do Khmer Vermelho. Nada se compara às dificuldades deste mártir da educação. Perto dele, nossos problemas são idílicos.
Quando um petista fica sem argumento, costuma encerrar a discussão bradando: “Vá ler um livro de História!” Pois é. Esse professor leu. O problema é que leu não apenas um, mas vários livros. Não se limitou às obras recomendadas pelo MEC e abençoadas pelos discípulos de Paulo Freire; foi muito além. Tanto leu que acabou por descobrir as grandes farsas criadas pela esquerda para reescrever a história segundo a cartilha socialista.
O professor de História que não é de esquerda tem uma característica: ele sempre é muito bom. Só assim, sendo o melhor no que faz e tornando-se indispensável para as escolas sérias, ele consegue sobreviver ao bombardeio maciço dos colegas esquerdistas. O mestre não esquerdista precisa ter um conhecimento vasto, profundo e entusiasmante da matéria que leciona. Se ele é muito bom, sobrevive. Os companheiros dizem: “Ele é direitista, mas...” Ao menor vacilo, no entanto, o tapete lhe será puxado.
E notem bem: o professor de história que não é de esquerda não precisa obrigatoriamente ser de direita, conservador ou coisa que o valha. Basta que ele não comungue das teses da esquerda. O simples fato de ter uma religião ou acreditar que Idade Média e trevas não são sinônimos já faz dele um perigoso inimigo. Citar os 100 milhões de mortos do comunismo ou dizer, candidamente, que nenhuma experiência socialista deu certo na história, ah, isso já é praticamente um atestado de fascismo. Se ainda por cima disser que Che Guevara fuzilou mais que o pior inquisidor queimou ou lembrar que as pessoas fogem de Cuba e não paraCuba, aí já é um delegado Fleury consumado.
Por isso, eu rendo aqui a minha homenagem a esse discreto herói brasileiro que todos os dias arrisca sua reputação e o seu salário nas salas de aula – apenas por amor à verdade. Comparável a ele só existe um: o estudante universitário não esquerdista. Sobre ele falaremos em outra oportunidade.
Artigo publicado originalmente na Gazeta do Povo (Londrina), em 27/11/2015
(Publicado oroginalmente em www.institutoliberal.org.br)
Há poucos dias me deparei com um vídeo no qual uma feminista dizia processar o homem que se empenhou em resgatá-la de um afogamento em um lago. Os argumentos da moça eram paranoicos. Ela alegava, por exemplo, que segurá-la pela cintura para tirá-la da água, pressionar seu peito e fazer respiração boca a boca teria sido estupro. O título do vídeo: A man saved me from drowning, but now I am suing him for rape because he touched me [Um homem me salvou do afogamento, mas agora eu estou processando-lhe por estupro porque ele me tocou]. Talvez o leitor já tenha tido contato com o vídeo, mas eu confesso que eu ainda não tinha visto.
Mesmo que bizarro, eu poderia ter acreditado, haja vista o oceano de obsessões feministas que parece não ter fundo. Mas ainda assim decidi procurar pela veracidade da mensagem e descobri que o vídeo feito por Cassidy Boon não passava de uma sátira, isso a despeito de inúmeros sites, estrangeiros ou não, terem veiculado a brincadeira como se a indignação da garota fosse real. Esta é a questão fundamental para a qual quero chamar a atenção neste texto.
Faço uma pergunta: por que o vídeo com uma mensagem tão extremista foi espalhado como se fosse real? Respondo: porque atualmente o radicalismo feminista ultrapassou todos os limites e ninguém mais duvida de nada que possa surgir das profundezas de sua ideologia. Não é de hoje as tempestades sociais causadas pelo extremismo feminista. Quando uma maluquice dessas é confundida com a realidade, significa que a nossa realidade tem se tornado uma maluquice. Quem se afogou foi o bom senso.
Durante a pesquisa que fiz acerca do vídeo, um dos sites que discutia o caso afirmava que as pessoas não mais sabem diferenciar sátiras de questões reais. Engano. O problema é que a realidade contemporânea tem se tornado por si só uma sátira, logo, há uma simbiose de ideias absurdas que naturalmente confundem a maioria dos observadores. Não deveríamos culpar quem se confunde, mas quem causa a confusão, ou seja, devemos responsabilizar aqueles que mergulham propositalmente neste mar de princípios terríveis e, não contentes, tentam puxar toda a sociedade para o fundo.
Anos atrás extremismos do gênero seriam concebidos como sátiras, mas hoje são as sátiras que se confundem com a realidade. Se antigamente alguém vinculasse o ato de comer carne ao machismo e à violência doméstica, dariam risadas, hoje tal estupidez é objeto de pesquisas, palestras e livros acadêmicos. Nossas avós não acreditariam que mulheres pudessem preferir serem estupradas a serem salvas por um homem, no entanto, atualmente existem feministas radicais que levantam essa bandeira. Pintar as axilas, introduzir objetos religiosos nos órgãos genitais, entrar sem roupas durante cerimônias religiosas, abortar como se troca de meia, tudo isso seria concebido, há muito tempo, como capítulos de uma distopia ou de uma peça trágica
Mas voltando à Cassidy Boon. Estou certo de que sua sátira foi levada a sério por várias feministas. Também acredito que, caso uma mulher for resgatada de um afogamento e afirmar ter sido molestada durante o ato – ainda que seja mentira -, várias psicóticas irão apoiá-la e infernizar a vida do benfeitor. Mas dizem que rir é o melhor remédio, inclusive para infecções políticas. E isso já tem acontecido. Não é por menos que essa gente tem se tornado objeto de zombaria.
O extremismo é sempre um soldado infiltrado que mina por dentro a própria causa do movimento, seja ele qual for. Toda seita é inimiga de si mesma e, por isso acaba sendo combatida, fica isolada, sozinha e vira objeto de piada. Entrar no front político com ideias surreais é apontar a arma para o próprio peito ou, já que estamos falando de afogamento, mergulhar na política carregando sectarismo é como mergulhar no mar com uma pedra enorme atada aos pés.
Como escreveu Russell Kirk, tais ideologias podem atrair indivíduos da classe culta, no entanto, será muito mais difícil ao ideólogo persuadir o senso comum, que é sempre mais inteligente que tresloucados acadêmicos e militantes políticos desequilibrados. As coisas estão como estão porque causas que inicialmente tiveram suas razões legítimas, hoje são superdimensionadas e causam maremotos avassaladores para as relações interpessoais. São tantos esses maremotos causados pelo feminismo e essa gente ainda tem coragem de reclamar de uma “onda conservadora”?! Mas o que é uma onda azul em meio a todo um oceano vermelho?
Ademais, o conceito de estupro tem sido relativizado de modo que, elogiar uma mulher pode ser considerado um ato criminoso. Isso é um desserviço para com a proteção das mulheres, afinal, tendo em conta o relativismo feminista, um cavalheiro pode ser colocado no mesmo saco que um verdadeiro estuprador. Muitos não percebem, mas tal relativismo colabora sobremaneira para que a gravidade do estupro real seja minimizada e perca sua singularidade de crime brutal.
Mas o feminismo não quer prestar nenhum serviço às mulheres, ele quer prestar serviços às mulheres que concordam com sua visão de mundo. Aquelas que discordam podem ser xingadas e agredidas sem nenhum pudor. Hoje em dia o feminismo não passa de uma organização coletiva de ressentimentos.
É necessário cautela, porque é impossível enxergar no fundo do lago feminista. Para chegar lá, para nadar em direção aos seus objetivos mais profundos, o feminismo radical faz manobras teóricas e linguísticas inadvertidamente. Assim, suas militantes, curiosas com o que podem extrair dessas profundidades obscuras, agem com a imprudência de Naiá, a guerreira tupi-guarani que, apaixonada pela Lua, nadou até o fundo do lago para encontrá-la. Consequência? Acabou se afogando.
(Publicado originalmente no Estadão)
Passada a emoção da morte do mais sanguinário ditador das Américas, que provocou as mais variadas manifestações de tristeza dos decadentes movimentos da esquerda mundial, mister se faz uma análise fria sobre os anos de chumbo em que vivia e vive o povo cubano, os quais se vêm prolongando desde fins da década de 1950, quando Fidel Castro assumiu o poder na infeliz ilha caribenha.
O primeiro ponto a destacar é a falta de respeito aos direitos humanos. Brutalmente, foram fuzilados, ao estilo da era do Terror da Revolução Francesa, sem julgamento nem direito de defesa, milhares de cubanos, nos famosos paredóns. De 1792 a 1794, quando Robespierre assumiu o controle do governo francês, dezenas de milhares de pessoas foram guilhotinadas, condenadas por tribunais populares. Fidel substituiu as guilhotinas pelos paredóns e fuzilamentos em massa.
Naquela época, nos meus primeiros anos de advocacia, em que era ainda popular tomar a bebida denominada Cuba Libre, era hábito pedir nos bares “Cuba sem Fidel”, pois a ditadura lá se instalou desde os primeiros momentos.
Igor Gielow, comparando diversos arquivos de várias instituições e adotando o considerado mais conservador, apresenta 7.326 mortos ou desaparecidos nas prisões cubanas (quase 6 mil fuzilados em paredóns), não se incluindo nesse número os afogados nas tentativas de fuga da ilha, ou seja, 65 mortos por grupos de 100 mil habitantes. Pelos mesmos critérios, o Chile assassinou, sob Pinochet, 23,2 para cada 100 mil habitantes; o Paraguai, sob Stroessner, 10,4; o Uruguai, 7,6; a Argentina, 30,9, no regime militar; a Bolívia, 6,2; e o Brasil, 0,3. É de lembrar que no período militar brasileiro foram mencionados pela Comissão da Verdade 434 mortos ou desaparecidos, negando-se aquela comissão a apurar as 129 mortes provocadas pelos guerrilheiros, algumas em atentados terroristas em logradouros públicos. Por isso foi alcunhada de “Comissão da Meia Verdade”. É certo que, sob o domínio de Raúl Castro, a letalidade do governo cubano caiu, havendo registro de 264 vítimas de 2006 para cá (Folha de S.Paulo, 1.º/12/216).
O segundo aspecto a ser estudado é o da liberdade. Em artigo que publiquei, O neoescravagismo cubano (Folha, 17/2/2014), observei que, após ler o contrato dos médicos cubanos com o governo brasileiro, nele encontrei cláusulas de proibição de receberem no Brasil qualquer visita, mesmo de parentes, sem que houvesse antes autorização de autoridades cubanas. Eles também ficavam com apenas um quarto do salário e transferiam para o governo fidelista três quartos. Mantinha a ditadura, por garantia, seus familiares em Cuba, como reféns, para que voltassem à ilha, eliminando assim o eventual desejo de pedirem asilo às autoridades brasileiras. Talvez nenhum símbolo seja tão atentatório à dignidade da pessoa humana como os termos desse contrato, aceito pelo governo da presidente Dilma Rousseff sem discussão. Não sem razão, o ex-presidente Lula disse ter perdido, com a morte de Fidel, “um irmão mais velho”; José Dirceu declarou, no passado, “ser mais cubano que brasileiro”; e Marco Aurélio Garcia chegou a afirmar que havia “mais democracia em Cuba que nos Estados Unidos”, num de seus costumeiros arroubos.
Quanto à economia, conseguiram os Castros levar sua população à miséria, com salários inferiores à Bolsa Família para a esmagadora maioria dela, independentemente da qualificação profissional. No momento em que ruiu o império soviético e a ilha deixou de ser mantida economicamente pela Rússia, assim como quando desmoronou a equivocada economia Venezuelana, com a perda de apoio do regime chavista – talvez Hugo Chávez ainda estivesse vivo se tivesse ido se tratar em hospitais americanos, e não cubanos –, a economia do país, sem tecnologia, indústria de ponta e investimentos de expressão, viu-se e vê-se sem horizontes, implorando aos americanos apoio para sobreviver, num mundo cada vez mais competitivo.
Politicamente, em lugar de adotarem o modelo chinês, de uma esquerda política e uma direita econômica, o que permitiu à China pular de uma economia com PIB inferior ao do Brasil no início dos anos 1990 para a segunda economia do mundo 20 e poucos anos depois, continuaram, num estilo menos estridente que o do tiranete Nicolás Maduro, a defender o fracasso comprovado, em todos os espaços geográficos e períodos históricos, das teses marxistas, com o que o futuro da ilha está dependendo ou da abertura democrática ou do auxílio externo, pouco provável no mundo em que vivemos.
Fidel Castro instalou a mais longeva ditadura das Américas, só possível por ser pequena a população de seu país e rígido o controle das pessoas, sem liberdade para pensar algo diferente do que pensam as classes dominantes. E os saudosistas brasileiros de uma esquerda mergulhada no maior escândalo de corrupção da História do mundo lamentaram a perda do ditador, cujo irmão, no poder, vê seu mais forte aliado, o incompetente Maduro, verdadeiro exterminador do futuro imediato da Venezuela, mantendo-se à frente de seu governo graças às decisões de um Poder Judiciário escolhido por um Parlamento derrotado, às vésperas de ser substituído, e que se tornou capacho do Executivo.
Friamente examinando o período de domínio do tirano insular, há de se convir que sua figura, para os historiadores que virão, será a de líder cruel e sanguinário, cujo carisma oratório empolgou, todavia, toda uma geração de jovens, a qual acreditou que a melhor forma de combater as injustiças sociais não seria criar empregos e progresso, mas apropriar-se dos bens alheios, mesmo à custa da violência e da destruição dos valores democráticos. Felizmente, essa ilusão começa a ser desfeita, em todos os continentes, pois as ideologias, corruptelas das ideias, não produzem desenvolvimento, mas apenas decepção e sofrimento.
*Professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo e Unifmu, do CIEE/O Estado de S. Paulo, da Eceme, da ESG e da Escola da Magistratura do Tribunal Regional Federal-1ª região
Cuidado com as cotações de "O Globo".
Habitualmente não costumo levar em consideração as críticas que a mídia faz aos filmes na hora de escolher o que vou assistir.
Contudo, quando a crítica é muito elogiosa ou extremamente negativa eu costumo procurar me inteirar sobre o filme com quem o assistiu e sobre o que o diretor do filme já produziu.
Assim, quando vi o bonequinho de "O GLOBO" dormindo quando se referia ao filme "Até o último homem" procurei saber quem dirige o filme e para minha surpresa era Mel Gibson. Pensei com meus botões, este não foi quem dirigiu a "Paixão de Cristo", que causou tanto mal estar à Esquerda que o diretor sofre uma censura como que às ocultas da turma esquerdista do cinema?
Continuei a indagar com amigos o que eles tinham achado do filme e a resposta foi unânime - UM FILMAÇO - , pronto ... falei com minha mulher - vamos ver este filme - e ela quando soube que era dirigido por M . Gibson e sem saber da crítica e da opinião dos amigos foi logo dizendo: deve ser um filme pelo menos razoável!
Ao terminar a sessão, sem conseguir desgrudar os olhos da tela, nossa opinião coincidiu - Um FILMAÇO!
Saímos do cinema e enquanto comíamos uma Pizza e tomávamos um chopinho o papo que rolou foi sobre por qual motivo um filme tão bem feito mereceu uma crítica tão devastadora.
O filme levanta o problema da objeção por motivo de consciência ( tema detestado pela Esquerda ) e embora se trate de um fato que realmente aconteceu com um cidadão americano durante a segunda guerra mundial que se recusava a portar armas ... a objeção por motivo de consciência está presente em nossa sociedade é cada vez mais viva nos dias de hoje! Só para citar um fato que pode acontecer a qualquer momento: e se um médico não quiser fazer um aborto alegando uma questão de consciência contrariando uma determinação estatal que recebe o apoio de todos que militam pela cultura da morte?
O soldado em questão virou um herói mas antes passou por muitas peripécias... mas não vou contar o filme ... , mas quem o assistir vai ter matéria para pensar por um bom tempo , vale a pena assistir e discutir esta questão que pode -se resumir na seguinte alternativa: é melhor obedecer a Deus ou a lei dos aos Homens ? ainda que possamos ser punidos por sermos fiéis a nossa consciência é muito melhor optar por ser fiel ao Senhor dos Exércitos!
Como todo filme de guerra há cenas fortes mas nenhuma imoralidade.
Depois que vi este filme e
sua crítica no " GLOBO " ficou claro para mim a desonestidade intelectual dos que fazem crítica cinematográfica.
Quando o BONEQUINHO estiver dormindo talvez este seja O MELHOR FILME!
(Publicado originalmente em www.pralmeida.org; http://diplomatizzando.blogspot.com)
Desde o início do milênio atual, com absoluta constância desde 2003, dei início a esta série que denominei, provocativamente, de “previsões imprevidentes”, ou seja, o contrário daqueles chutes bem informados que todo astrólogo amador, ou profissional, faz a cada final ou começo de ano. A diferença de minhas previsões, em relação a essas afirmações científicas dos adivinhos de plantão, é que as minhas não estão de modo algum destinadas a serem confirmadas pelo carro sempre balouçante da História: ao contrário, elas foram expressamente concebidas para, justamente, não se realizarem.
Devo dizer que desde o início da década passada, eu vinha sendo ajudado – e como! – pelos companheiros e suas políticas tresloucadas: cada vez que eles expunham um programa, uma nova política, uma medida macro ou setorial, eu sempre apostava exatamente o contrário. E pimba!: não hvia nenhuma chance das coisas acontecerem, da forma como eles queriam. Alto lá: corrijo imediatamente: a coisa sempre se desenvolvia de modo totalmente inverso ao pretendido. Os companheiros eram infalíveis nesse jogo.
Confesso que fiquei repentinamente órfão: com o afastamento totalmente injusto dos companheiros do poder, por meio desse golpe aplicado pela direita, pelos tucanos neoliberais, pela grande mídia, pelos capitalistas mancomunados com o perverso imperialismo, pelos banqueiros conspirando com o capital financeiro monopolista internacional – enfim, por todos aqueles que não são companheiros, ou pecedobistas, ou psolistas, ou gramscianos de academia, ou teólogos da libertação, ou saúvas freireanas e pedagogos da conscientização, os que não são progressistas, esquerdistas, modernistas, pós-modernos, partidários do politicamente corretos, enfim, toda essa fauna, que lutou bravamente contra os golpistas organizados por aquele ex-presidente da Câmara, ufa!, retomo –, com esse atentado fundamental contra a democracia companheira fiquei totalmente sem a ajuda dos ditos companheiros na minha elaboração regular, anual, destas previsões imprevidentes. Eu estava ameaçado de ficar agora sem previsões.
Estava até disposto a apoiar um movimento de novas eleições, só para ter um pequeno laivo de esperança no retorno dos companheiros ao poder, especialmente do chefão mafioso, e com isso poder voltar a elaborar minhas previsões com plena certeza de que nunca vou acertar, ou melhor, sabendo que vou acertar errando redondamente (ou quadradamente, como poderia ser o caso em se tratando desse pessoal de apoio).
Antes, porém, de me debruçar sobre minhas novas previsões imprevidentes e imprevisíveis para o ano da graça de 2017, vamos fazer um pequeno retrospecto. Aliás, que graça tem esse ano que começa? Depois de dois anos de recessão, vamos continuar recuando no poder de compra, pois o fraquíssimo crescimento da economia, previsto pelos gurus habituais, ficará bem abaixo da inflação, pela primeira vez, não dentro da meta, como andam anunciando, mas dentro da banda, que já é larga. Então, vamos ver o que é que eu que tinha previsto para este ano de 2016, nesta tresloucada profissão?
Previsões imprevidentes para 2016: pela primeira vez a imprevisão ganha da previsão (Brasília, 31 de dezembro de 2015)
1) Criação do programa Pedaladas Legais
2) Cristo Redentor entra no programa de concessões companheiras
3) Companheiros aderem ao livre comércio... de talentos
4) Protocolo aditivo à convenção da ONU sobre corrupção
5) O governo companheiro vai conseguir equilibrar as contas nacionais
6) Os companheiros renovam sua promessa de não mais roubar
7) A Justiça aumenta sua produtividade em 350%
8) Os industriais da FIESP param de reclamar do aumento de juros
9) O PSOL reconhece que Cuba pode não ser um modelo para o Brasil
Como todos podem constatar, eu errei todas, ou seja, acertei a totalidade das minhas previsões, sucesso a 100% portanto. (Quem quiser conferir o detalhe de cada uma dessas previsões destinadas fatalmente ao fracasso completo, pode ver neste link:http://www.diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/previsoes-imprevidentes-para-2016.html).
OK, chega da enrolação típica dos preguiçosos. Mesmo sem a contribuição que sempre considerei fundamental dos companheiros, vou tentar arriscar novas previsões imprevidentes para o ano que está começando. Fazer esse tipo de chute contra o futuro imediato apresenta um alto risco, pois nas condições surrealistas do Brasil atual – quando não se sabe quem é situação, quem é oposição, que deu golpe e quem o sofreu – as coisas mais surpreendentes podem ocorrer, até minhas previsões darem certo, ou melhor, errado, e tudo se realizar contra os prognósticos. Vamos portanto dar a partida nos chutes, em mais um exercício de surrealismo futurista na total irresponsabilidade dos adivinhadores improvisados, assim como quem faz esporte com uma bola de ferro amarrada numa das pernas, com uma mão amarrada nas costas, com um olho tapado.
1) Companheiros aderem definitivamente à honestidade teórica
Depois de tentar todas as demais maneiras ter sucesso no mundo da política e dos negócios em famiglia, os companheiros decidiram anunciar que estavam, formal e oficialmente, renunciando a qualquer intermediação escusa com grandes companhias estatais e privados, et pour cause: com todos os seus principais operadores e executivos temporariamente fora de combate – com uma única e grande exceção – e com todos eles colocados na mesa de escuta de companheiros outrora aliados na causa da justiça social, eles decidiram enveredar por novas formas de empreendedorismo político e social, caçando as sandálias da humildade, prometendo ir à missa todos os domingos e comer o pão bento da honestidade. Não sabemos ainda se eles conseguirão refrear seus instintos adquiridos ao longo de anos e anos de treinamento intenso nas artes que o Padre Vieira já encontrava insuperáveis nestas paragens de Pindorama, mas o fato é que eles parecem sinceramente engajados no novo jogo da castidade política. Vai ser difícil, sobretudo com respeito aos companheiros que ainda ocupam cargos públicos, e que podem, por isso mesmo, fazer um por fora), mas o comitê central (ops, a direção) já avisou que a ordem, por enquanto, é se mostrar bem comportado, pelo menos enquanto a República de Curitiba estiver alerta e lépida nos procedimentos. (Atenção: eu disse “teórica”.)
2) Governo golpista anuncia anistia preventiva, com validade de dez anos
Um imenso alívio ouviu-se nos mais diferentes recantos do país: do Oiapoque ao Chuí, a chusma respirou aliviada com essa promessa de cheque em branco, quero dizer, de vale habeas-corpus com prazo delongado de validade, até, pelo menos, que consigam aprovar a tal lei do “pega leve” no propinoduto. A medida (ainda provisória, mas que deve ser rapidamente aprovada pelos garotos em plenário) não concede total liberdade preventiva aos meliantes políticos, apenas alivia os processos, solicitando documentos em cartório, em três vias cada um, devidamente legalizados, antes de passar por três comissões parlamentares e obter pelo menos dois relatórios favoráveis, o que deve fazer com que cada processo demore três legislaturas, tempo suficiente para que cada um em perigo possa repousar na doce aposentadoria congressual. Estava sendo esperada essa medida, pois do contrário não seria possível votar mais nada na Santa Casa legislativa.
3) Odebrecht passa a operar unicamente com o banco do Vaticano
A caminho de uma difícil regeneração, com seu patrimônio diminuído em vários bilhões de dólares, e governos arredios a continuar operando com uma empresa que parece ter o DNA da malversação, ou seja, ser geneticamente corrupta, a outrora maior construtora do país liquidou todas as suas 3.547 contas em 189 bancos em 25 países, e anunciou solenemente que, doravante, e em conformidade com seu espírito cristão, vai trabalhar única e exclusivamente com o Istituto per le Opere dei Religione, mais vulgarmente conhecido como Banco do Vaticano (antigamente Ambrosiano, mais do que centenário), indiferente ao fato de que o banco já foi colhido mais de uma vez em lavagem de dinheiro pelo Fisco italiano. O que vale, no entanto, são as boas intenções: a Odebrecht e o IOR devem fazer uma bela dupla a caminho do paraíso fiscal. As duas empresas prometem se sustentar mutuamente, e até combinaram que vão fazer confissões conjuntas, desde que essas delações premiadas mereçam indulgência eterna, o que o papa peronista prometeu examinar. Como diria Santo Agostinho, “Uma virtude simulada é uma impiedade duplicada: à malícia une-se a falsidade.”(Quem duvidar da total correção e da fidelidade desta frase aparentemente debochada pode ver aqui:http://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/agostinho/).
4) Teremos candidatos absolutamente honestos sendo preparados para 2018
A palavra do momento é aquela famosa frase – provavelmente mentirosa – sobre a “mulher de César” (quem era ela, mesmo?). Segundo essa hipocrisia cansativamente repetida por 11 jornalistas entre cada 10, ela deveria não só ser, como parecer honesta. Ninguém conferiu, no entanto, se era isso mesmo que ocorria naqueles tempos de traições e golpes baixos E alguém de fato acreditava nessa coisa? Repetida a frase, todo mundo seguia adiante, como se nada tivesse acontecido, e assim segue a vida. Em todo caso, já aquecendo os músculos para a maratona do ano seguinte, os principais candidatos a qualquer coisa, estão em busca de novos laranjas naquele cantinho da Ucrânia cuja soberania ainda permanece indeterminada, pelo menos enquanto durar o reinado do neoczar. Vão precisar de um dicionário de bolso russo-português, mas nada que a Amazon não possa encontrar, inclusive em formato Kindle, o que facilita um bocado os negócios. Estima-se novo equilíbrio no balanço de pagamentos da Ucrânia oriental, a ponto de poderem até emprestar para a pátria-mãe, caso as sanções se agravem no futuro imediato.
5) PEC dos Gastos ganha Emenda constitucional: banda da inflação
Com o agravamento da situação fiscal dos estados e municípios, e sem a possibilidade de criar novos ou amentar os impostos já existentes, os parlamentares resolvem fazer um favor a seus amigos governadores e aprovam uma emenda à emenda constitucional (de número 117, na sequência linear) sem mudar o vínculo dos gastos públicos à inflação, mas criando uma banda para o número, que deixa de ser um número e passa a ser um espaço flexível, com trezentos pontos-base para lá e mais trezentos para cá. Chamado de “nova banda diagonal endógena”, o sistema, engenhoso, como se vê, vai permitir salvar “gregos e goianos”, empurrando as obrigações futuras para os tataranetos dos atuais estudantes do ensino fundamental. Trata-se de um novo conceito de ajuste gradual e seguro, compatível com a qualidade reconhecida dos melhores economistas da UniCamp e adjacências. Os brasileiros, sobretudo os desempregados, podem dormir tranquilos: não há que os economista da UniCamp não imaginem que os bravos representantes do povo deixam de aproveitar em seus labores parlamentares.
6) Trump propõe um pacto de não agressão ao Estado Islâmico
Ops, esse tipo de previsão internacionalista não costuma fazer parte do menu habitual de previsões imprevidentes (e irresponsáveis) já tradicionais neste blog, mas como é preciso exercer todas as competências que a divina providência nos concedeu, aqui vamos nós pelos terrenos sempre pantanosos das relações internacionais. O fato é que o novo, imprevisível e imprevidente, presidente da maior potência planetária (depois da torcida do Barça, claro) ainda em estado de propor qualquer coisa fez uma oferta aparentemente irrecusável ao califa-chefe do Daesh, também conhecido como EI: parar com o mercado de escravas brancas em troca de deixar estacionados na Turquia os drones ditos inteligentes. O EI ficou de pensar, e ao que parece só vai parar com seu departamento de operações estruturadas se a OTAN enviar um suprimento adequado de garotas de programa, de maneira a aquietar os ardores belicistas dos seus combatentes do profeta. Não se sabe, no momento do fechamento destas previsões, se negociações sérias poderiam ser estabelecidas num terreno apropriado, em Genebra ou Viena, de preferência, com interrupções para algumas escapadas no Folies Bergères.
Voilà: é tudo que eu posso prometer para o novo ano que pronto se inicia, mesmo sabendo que minhas previsões imprevidentes são tudo, menos seguras. Não se pode oferecer certezas num país no qual sequer sabe se vamos terminar o ano com o mesmo governo. Em todo caso, eu desejo a todos e a todas (ou a todxs, como quer certo pessoal chatérrimo), um feliz início, um ótimo desenvolvimento e uma excepcional finalização de um ano altamente incerto, como são, aliás, estas minhas previsões imprevidentes. Nisso 2017 também me ajuda, já que nem toda bola de cristal funciona.
Numa coisa, portanto, estou alinhado com eles: sem os companheiros eu estava me sentindo, como direi?, órfão, sem qualquer indício de que poderia contar com eles para errar em toda a linha (ou seja, acertando 100% dos chutes formulados ao longo dos últimos treze anos durante os quais fui por eles maltratado). Eu lhes sou, de verdade, devotamente reconhecido: sem sua proverbial inépcia, sua incompetência, aa tradicional improvisação, a tremenda burrice, a estupidez contumaz e a sua ignorância crassa, eu teria corrido o risco de acertar algumas, pelo menos, de minhas previsões ao longo de todo este milênio tão rico de babaquices por eles perpetradas. Se vocês duvidam do que estou dizendo, basta conferir a série completa:
Previsões anteriores:
2016:
2912. “Previsões imprevidentes para 2016: pela primeira vez a imprevisão ganha da previsão”, Brasília, 31 dezembro 2015, 5 p. Continuidade do exercício, com apenas quatro previsões imprevisíveis. Postado no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/12/previsoes-imprevidentes-para-2015-pela.html), e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1061451080585008). Revisão ampliada, 14 de janeiro de 2016, 8 p. Postado novamente no Diplomatizzando (link: http://www.diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/01/previsoes-imprevidentes-para-2016.html) e no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1069196793143770).
Para as previsões anteriores a 2016, ver estas duas postagens:
Preparando as previsões imprevidentes para 2016: conferindo as de 2015:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/12/preparando-as-previsoes-imprevidentes.html
e
Preparando as previsões de 2016: algum retrospecto pode ser útil:
http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/12/preparando-as-previsoes-imprevisiveis.html
A despeito de tudo, e desculpando qualquer erro de previsão, feliz 2017 a todos!
Paulo Roberto de Almeida
* Doutor em Ciências Sociais e diplomata de carreira.
(Publicado originalmente em http://bdadolfo.blogspot.com.br/)
Cansado de ouvir tantas besteiras na grande imprensa, decidi escrever esse post.
1) Quem é a nova direita?
Resposta) A nova direita é a mesma de sempre: reúne liberais, conservadores e anticomunistas em geral. A nova direita reúne pessoas comuns que só querem ser deixadas em paz, que querem um Estado eficiente e que respeite nossas famílias, nossas liberdades, e nossas instituições. Nós sempre estivemos por aqui, mas a grande mídia, os intelectuais, o "beautiful people", e movimentos organizados (tais como sindicatos, e movimentos estudantis) há muito tempo fazem questão de nos ignorar. Esse pessoal dividiu o mundo entre PT (partido de esquerda) e PSDB (partido de centro esquerda), e passou a chamar qualquer um mais a direita do PSDB de extrema direita, ultra radical conservador, ou neoliberal.
O avanço da internet e de mídias alternativas deu vazão, deu representatividade ao que agora se chama de Nova Direita. Daí a impressão de que nosso crescimento é grande, na realidade os conservadores e liberais no Brasil sempre foram maioria. Eram apenas deixados de lado, mas isso está mudando e incomoda muita gente. Incomoda principalmente os "intelectuais", os partidos de esquerda, e jornalistas que estavam acostumados com o monopólio da bondade da esquerda no debate nacional.
2) O Que a Nova Direita pensa?
Resposta) Valorização do indivíduo e da família como unidade básica da sociedade, isto é, a direita quer menos poder para o Estado e mais poder para o indivíduo. A direita não gosta de coletivos (tais como sindicatos) tomando decisões que deveriam ser tomadas pelo indivíduo. A direita protege a vida desde sua concepção, pois entende que o direito a vida precede qualquer outro direito. A direita defende também o direito do indivíduo defender sua família e sua propriedade. Logo, a direita é a favor da propriedade privada e dos meios privados necessários para defende-la (tal como o porte de armas). A direita é também a favor da responsabilização individual, o que quer dizer que a culpa em última instância pelo ato criminoso é do indivíduo. A direita defende também o direito dos pais educarem seus filhos de acordo com sua crenças e convicções. A direita costuma gostar da tradição, pois entende que as tradições são respostas a problemas já esquecidos pela sociedade, e o abando de determinadas tradições pode resultar na volta de antigos problemas. Por fim, a direita é sempre favorável a mudanças lentas na sociedade. Isto ocorre por causa de nossa desconfiança na capacidade do Estado. Logo, para evitar grandes rupturas da ordem, o melhor é que a mudança seja sempre gradual. Assim, sempre será possível corrigir eventuais erros antes que os mesmos se transformem em catástrofes.
Em resumo, a direita defende a liberdade individual, a propriedade privada, e a vida humana. Exatamente por que os "intelectuais" temem tanto a direita?
3) Por que os "intelectuais" temem tanto a Direita?
Resposta) Já notou a quantidade de analistas na grande mídia que diz temer o crescimento da direita? Ora, a direita defende a liberdade individual, a propriedade privada, e o direito a vida. Exatamente por que isso é perigoso? É perigoso apenas para os esquerdistas que se acostumaram a ter o monopólio das virtudes. A esquerda domina tanto a academia como os veículos de comunicacao em massa, o crescimento da direita representa para eles uma ameaca direta ao seu monopólio na divulgação das ideias, e ver seu monopólio em xeque os assusta.
Note que a esquerda taxa seus inimigos de "canalhas", "xenófobos", "homofóbicos", entre outras ofensas. Em momento algum ela discute ideias, a esquerda perdeu o hábito de debater. Quando você ouvir algum "intelectual" dizendo estar com medo da ascensão da nova direita pergunte a ele o porque dele ter medo das ideias de liberdade, propriedade, e vida. Você verá que ele irá lhe ofender, mas nunca irá lhe responder.
Eu sou um conservador, não sou um radical e nem um canalha. Defendo ideias nobres, ideias que são o coração de nossa sociedade. Basta de ofensas! Eu exijo respeito ao meu pensamento!