• Luís Milman
  • 27 Janeiro 2017

 

Uma das falácias mais comuns utilizadas pelos esquerdistas é a tomada do todo pela parte ou o contrário. Chamo a esta falácia de a estratégia da justificação defensiva, pelo seguinte motivo. Você diz que o PT é o partido mais corrupto da história moderna da humanidade - esta é uma verdade objetiva, é a parte que importa, no caso - e vem o esquerdista alegando que a corrupção é um mal estrutural do capitalismo, em maior ou menor escala, que sempre esteve presente na nossa história e nas pequenas atitudes dos brasileiros, como dar um jeitinho nas coisas, tentar subornar um policial, colar nas provas e por aí vai ( o todo que justifica).

É só ver o caso de Leandro Karnal, um charlatão que a mídia adora e que faz comentários, com cinismo falacioso, sobre notícias, no Jornal da Cultura. Para ele, a nação inteira é corrupta, assim não devemos nos indignar com o Petrolão, nem culpar o PT, por exemplo, porque somos, indiretamente, responsáveis pela corrupção - o todo que justifica-. A premissa de que todos somos desonestos se infere de uma outra, mais ampla, antiga e oculta no argumento comunista, a de que a sociedade, sob o domínio da burguesia, é corrupta de modo sistêmico.

Não faz muito que a filósofa oficial do comunopetismo, Marilena Chauí, desandou a defender este estrupício conceitual e a vociferar contra a classe média, que ela diz ser criminosa. Como se nos regimes comunistas o signo principal, descontados a opressão e a miséria, não fosse, justamente, a corrupção. Já aos verdadeiros bandidos, Chauí empresta solidariedade. Assim, como não podem negar que o PT roubou de forma inigualável, a estratégia é relativizar o crime. Mas a verdade é que a grande maioria das pessoas, no mundo capitalista e democrático, se comporta nos limites da moralidade e da legalidade e condena, desde os pequenos até os megadelitos.

Mais ainda: não há termo de comparação entre a alegada leniência com pequenos delitos, que Karnal, bem como a tigrada intelectual esquerdista, nos atribui, e a megacorrupção induzida politicamente pelo PT . Este sim é uma organização criminosa que se instalou no estado, que inaugurou o Mensalão e o Petrolão, como revelou a justiça.

Esquerdistas caras-de pau (isto é uma redundância) partem para explicar a parte (a corrupção petista) pelo todo (más condutas genéricas das pessoas) para justificar a roubalheira desbragada de um partido político revolucionário, uma organização criminosa, na ideologia e nos métodos, que tentou eternizar-se no poder minando toda a base moral das relações sociais, econômicas e políticas do país. As consequências do avanço petista sobre a sociedade brasileira se farão ainda sentir por décadas.

* Professor de Filosofia.
 

Continue lendo
  • José Maria e Silva
  • 26 Janeiro 2017



 “Paulo Freire: Rousseau do século 20.” Quem faz essa afirmação, em um alentado livro de 324 páginas publicado em 2011 na Holanda e que leva justamente esse título, é o indiano Asoke Bhattacharya, professor da Universidade de Calcutá. De fato, Paulo Freire é a versão atual do autor de Emílio, ou Da Educação (1762), que muita influência teve na pedagogia. Mas, como ironiza Émile Durkheim, quem confiaria a educação de uma criança ao desnaturado Rousseau, que abandonou a própria prole?

Essa pergunta cabe em relação a Paulo Freire, que prega a liberdade, mas cultua totalitarismos. Pedagogia do Oprimido, uma espécie de manual de autoajuda marxista, idolatra a “linguagem quase evangélica” do “humilde e amoroso” Che Guevara, enaltece sua “comunhão com o povo” e, valendo-se de um jogo vazio de palavras, justifica as execuções sumárias que ele perpetrava sem piedade: “A revolução é biófila, é criadora de vida, ainda que, para criá-la, seja obrigada a deter vidas que proíbem a vida”.

Essa frase assassina inspira Moacir Gadotti, discípulo predileto do mestre, que, em Pensamento Pedagógico Brasileiro, despreza o grande pedagogo escola-novista Lourenço Filho, mas se rende a Lenin e Mao Tsé-tung. Ambos são tratados por Gadotti como “grandes pedagogos da humanidade”.

Pedagogia do Oprimido, que deu fama mundial a Freire, é menos um tratado que um panfleto. Até seus discípulos são obrigados a reconhecê-lo. Ao observar que Paulo Freire “foi saudado como um dos fundadores da pedagogia crítica”, Bhattacharya observa que isso “não é errado, mas também não é muito preciso”, pois vários filósofos educacionais antes dele foram críticos em relação à pedagogia tradicional. “Portanto, não é a atitude crítica de Freire, mas seu ativismo político que o diferencia de alguns (mas não de todos) os filósofos canônicos educacionais”, diz o professor indiano.

O “Método Paulo Freire”, com mais propaganda que resultados, foi uma ferramenta populista de João Goulart financiada com dinheiro norte-americano do acordo MEC-Usaid. E nem era inédito: o uso de palavras geradoras na alfabetização já estava presente em outras propostas pedagógicas, como o “Método Laubach”, muito disseminado no Brasil. O que Paulo Freire fez foi carregar as palavras de ideologia revolucionária, a pretexto de falar da realidade do aluno. É como se o pedreiro tivesse de se restringir ao tijolo; o lavrador, à enxada; o carpinteiro, ao serrote. O que seria da cultura brasileira se Machado de Assis fosse obrigado, em sua alfabetização, a tartamudear sobre o morro em que nasceu?

O reducionismo pedagógico é o grande legado de Paulo Freire. Juntando-se ao “construtivismo pós-piagetiano”, ele inspirou o “preconceito linguístico”, que vilipendia a norma culta do idioma; a “geografia crítica”, que mistura bairrismo com economia marxista; a história em ação, que eterniza o presente; a matemática étnica, que cria analfabetos em tabuada. Paulo Freire relativizou o conhecimento, anulou a autoridade do professor e, sobretudo, assassinou o mérito – inviabilizando a possibilidade de educação. O ranking global divulgado no fim de novembro que o diga.

• José Maria e Silva, jornalista, é mestre em Sociologia.
• Publicado originalmentena Gazeta do Povo de 03.12.2012)
 

Continue lendo
  • Claudir Franciatto
  • 26 Janeiro 2017

 

(Publicado originalmente no Instituto Liberal)

No livro A Façanha da Liberdade, publicado em 1985, o liberal venezuelano Carlos Rangel – que era chamado de “lacaio do imperialismo americano” em sua terra natal e de cujo estranho suicídio em 1988 trataremos em outro artigo – participou enviando um artigo exclusivo.

Um dos pontos de destaque desse artigo, lúcido em sua análise da tragédia latino-americana por sua herança estatista e sua facilidade em cair no canto da sereia socialista, foi o de nos lembrar das potencialidades do capitalismo liberal em gerar riquezas, na visão de ninguém menos que Karl Marx. Aqui vai o trecho de sua análise, lembrando-nos de algo pouco percebido e comentado:

É certo que, com relação à capacidade criadora de riqueza do capitalismo, seguindo as pegadas de Adam Smith, ninguém a reconheceu com tanta força como Marx, no “Manifesto Comunista” , onde lemos que “no curto século que a coloca como classe soberana (ele escreveu isso em 1847), a burguesia criou energias produtivas muito mais grandiosas e colossais que todas as gerações anteriores juntas”. E também afirmou que “ninguém nos séculos passados poderia suspeitar que no seio da sociedade fecundada pelo trabalho humano ficassem soterradas tantas e tais energias e elementos de produção”.

Também por isso, reafirmo sempre que nós, os liberais clássicos, não defendemos o capitalismo. Nossa preocupação é sempre a de apenas constatar a inexorabilidade desse sistema, uma construção natural e espontânea da convivência humana. E a de rechaçar as alternativas que até agora nos foram oferecidas. Estas se provaram calamitosas, utopias revolucionárias saídas de mentes deturpadas.

O capitalismo está longe da perfeição, mas é mesmo o único sistema que, uma vez livre das injunções destrambelhadas dos tecnocratas estatistas, possui a capacidade de fomentar as riquezas que podem e devem realizar o bem estar geral. Até o fundador do marxismo sabia disso.

Sobre o autor: Claudir Franciatto é jornalista e escritor. Autor e organizador do livro A FAÇANHA DA LIBERDADE, obra editada pelo jornal O Estado de S. Paulo, com participação de liberais brasileiros e mais Mário Vargas Llosa, Octavio Paz, Carlos Rangel, entre outros.

 

Continue lendo
  • Luís Milman
  • 25 Janeiro 2017

 

Uma das falácias mais comuns utilizadas pelos esquerdistas é a tomada do todo pela parte ou o contrário. Chamo a esta falácia de a estratégia da justificação defensiva, pelo seguinte motivo. Você diz que o PT é o partido mais corrupto da história moderna da humanidade - esta é uma verdade objetiva, é a parte que importa, no caso - e vem o esquerdista alegando que a corrupção é um mal estrutural do capitalismo, em maior ou menor escala, que sempre esteve presente na nossa história e nas pequenas atitudes dos brasileiros, como dar um jeitinho nas coisas, tentar subornar um policial, colar nas provas e por aí vai ( o todo que justifica).

É só ver o caso de Leandro Karnal, um charlatão que a mídia adora e que faz comentários, com cinismo falacioso, sobre notícias, no Jornal da Cultura. Para ele, a nação inteira é corrupta, assim não devemos nos indignar com o Petrolão, nem culpar o PT, por exemplo, porque somos, indiretamente, responsáveis pela corrupção - o todo que justifica-. A premissa de que todos somos desonestos se infere de uma outra, mais ampla, antiga e oculta no argumento comunista, a de que a sociedade, sob o domínio da burguesia, é corrupta de modo sistêmico.

Não faz muito que a filósofa oficial do comunopetismo, Marilena Chauí, desandou a defender este estrupício conceitual e a vociferar contra a classe média, que ela diz ser criminosa. Como se nos regimes comunistas o signo principal, descontados a opressão e a miséria, não fosse, justamente, a corrupção. Já aos verdadeiros bandidos, Chauí empresta solidariedade. Assim, como não podem negar que o PT roubou de forma inigualável, a estratégia é relativizar o crime. Mas a verdade é que a grande maioria das pessoas, no mundo capitalista e democrático, se comporta nos limites da moralidade e da legalidade e condena, desde os pequenos até os megadelitos.

Mais ainda: não há termo de comparação entre a alegada leniência com pequenos delitos, que Karnal, bem como a tigrada intelectual esquerdista, nos atribui, e a megacorrupção induzida politicamente pelo PT . Este sim é uma organização criminosa que se instalou no estado, que inaugurou o Mensalão e o Petrolão, como revelou a justiça.

Esquerdistas caras-de pau (isto é uma redundância) partem para explicar a parte (a corrupção petista) pelo todo (más condutas genéricas das pessoas) para justificar a roubalheira desbragada de um partido político revolucionário, uma organização criminosa, na ideologia e nos métodos, que tentou eternizar-se no poder minando toda a base moral das relações sociais, econômicas e políticas do país. As consequências do avanço petista sobre a sociedade brasileira se farão ainda sentir por décadas.

* Professor de Filosofia.
 

Continue lendo
  • Editorial Estadão
  • 24 Janeiro 2017

 

Enquanto Luiz Inácio Lula da Silva dá tratos à bola para se livrar da cadeia, os intelectuais petistas preparam propostas para “resgatar” a imagem do PT, a serem apresentadas ao 6.º Congresso Nacional do partido, marcado para abril. Nesse contexto, duas questões se destacam: a que é objeto dos textos Balanço de Governo Estrutura e Funcionamento, voltados para uma avaliação crítica da atuação do PT desde a primeira eleição de Lula à Presidência da República, e Luta Contra a Corrupção, dedicado à análise dos desvios éticos dos petistas desde que chegaram ao poder. Trata-se, de um lado, de elucubrações requentadas sobre o papel da esquerda na política brasileira. De outra parte, a que cuida de corrupção, todo o conteúdo também é puramente ficcional.

Para entender melhor a enrascada em que o PT está metido desde que o povo brasileiro descobriu quem são de verdade Lula e sua turma, convém rememorar os primórdios da fundação daquele que se propunha a ser “o” partido dos trabalhadores. Empenhados no combate à ditadura militar, intelectuais de esquerda, aliados a setores ditos “progressistas” da Igreja Católica, chegaram à conclusão, em meados dos anos 70, de que precisavam de alguém que personificasse a luta pela democratização do País e que este papel era perfeito para um jovem e aguerrido líder sindical que então se destacava no comando da elite do movimento operário: Lula, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

Naquela época Lula não queria nem ouvir falar de política e políticos, pelos quais nutria indisfarçável desprezo, comparável apenas ao que dedicava a intelectuais e acadêmicos. Mas logo descobriu que a liderança de um partido político “de operários” lhe cairia bem, até porque estava certo – como demonstrou acima de qualquer dúvida – de que não teria nenhuma dificuldade para enquadrar devidamente os “professores” que imaginavam poder manipulá-lo.

Durante mais de 20 anos, o PT lutou contra tudo e contra todos, inclusive contra a Constituição de 1988, o Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal e, principalmente, contra a economia de mercado. Até que Lula se deu conta de que estava tudo errado, mas com o próprio PT. E que, para ganhar uma eleição presidencial – a terceira que disputaria, em 2002 –, era preciso fazer aquilo que hoje, no documento Estrutura e Funcionamento, a esquerda petista critica: “deslocou-se para o centro” e “deixou vago o espaço político de esquerda”. O instrumento dessa guinada foi a famosa Carta ao Povo Brasileiro, por meio da qual – denuncia agora o documento Balanço de Governo – Lula propôs “um pacto de não agressão em relação aos capitalistas” e, em vez da “ruptura” até então defendida pelo PT, optou por promover programas sociais “sem confrontar o capital”.

Fica claro, assim, que a esquerda do PT continua mais bolivariana do que nunca e defende para o Brasil a mesma “ruptura” com a economia de mercado que colocou Cuba e Venezuela onde estão hoje. Para esses salvadores da Pátria nostálgicos dos anos 50 do século passado, o Brasil precisa de um regime “democrático” totalmente controlado pelo Estado, com “proibição de bancos privados, limites regionais para propriedades rurais”, além, é claro, de um bom controle da mídia por meio da criação de um “Fundo de Defesa da Liberdade de Imprensa e do horário sindical gratuito na TV”.

Essa é uma pregação até capaz de ainda animar corações e mentes de jovens sonhadores, generosos e mal informados. E assim esse ideário poderá voltar ao programa partidário. O mais difícil, na verdade, impossível, é o PT chegar a um acordo sobre o tema “Combate à Corrupção”. A ideia é criar um “tribunal de honra” no qual personalidades do partido sejam julgadas internamente por eventuais transgressões éticas e legais. Dá para imaginar Lula sentado no banco dos réus desse tribunal?

O notório Marco Aurélio Garcia, um dos donos do partido que cultivam irrepreensível fidelidade ao Grande Chefe, deu o recado: “O 6.° Congresso do PT não é um tribunal nem será ocasião para um ajuste de contas mesquinhas entre tendências”. Perfeitamente claro.

 

Continue lendo
  • Ênio Meneghetti
  • 24 Janeiro 2017

 

   Um dos espantos a partir do fato mais importante da semana, o acidente no qual perdeu a vida o Ministro Teori Zavascki, é a ingênua (ou esperta?) lembrança do nome de Sérgio Moro para ocupar a vaga aberta no STF.

           Se isto acontecesse, em primeiro lugar, Sergio Moro não poderia julgar os eventuais recursos da Lava Jato, por já ter atuado nos mesmos na fase de primeira instância. Em segundo lugar, até que seu eventual substituto em Curitiba tomasse pé das entranhas dos volumosos processos que lá correm, o atraso seria inevitável.

           Sem dúvida, seria uma jogada de mestre para beneficiar os corruptos uma nomeação de Sérgio Moro para o STF neste momento. Se ocorrer a remota possibilidade da medida ser cogitada, muito provavelmente o próprio juiz Moro se encarregaria de desencorajá-la já na etapa das sondagens.

           Porém, depois da conclusão dos processos da Lava Jato, ele mereceria ser indicado com honras para o mais alto posto da magistratura brasileira.

           O fato, é que a grande dúvida na cabeça dos brasileiros hoje, é se os criminosos conseguirão atrasar ou sabotar a Lava Jato.

           Está se discutindo bastante para as mãos de quem a relatoria dos processos da Lava Jato iriam, no STF. Para o substituto indicado pelo presidente Temer? Para um dos membros da segunda turma? O próprio presidente Michel Temer já deu declarações indicando que passará a decisão à ministra Carmem Lúcia, presidente do STF. Foi uma atitude sábia.

Ora, os acordos da Odebrecht devem ser homologados imediatamente. A equipe de Teori Zavascki é composta por juízes auxiliares, advogados e técnicos capacitadíssimos, que trabalharam sem parar durante todo o recesso. Conhecem todos os detalhes dos processos de delação executivos da Odebrecht.

Felizmente, há quem defenda esta tese. Mas é preciso mais. O ministro Gilmar Mendes já deu declarações dizendo que a coisa mais urgente agora é a homologação. Mesmo como medida excepcional.

No final de semana surgiram comentários de que haveria a possibilidade de que mesmo antes do fim do recesso do Judiciário, até 31 de janeiro, a presidente do Supremo Tribunal Federal. Carmen Lúcia, poderia tomar a decisão de homologar as delações premiadas dos executivos da empreiteira Odebrecht.

Tomara.

Seria a melhor atitude a tomar. Aplacaria os comentários com suspeitas e palpites sobre as causas do acidente que matou os ocupantes do King Air acidentado em Parati, enquanto não se conhece o laudo da perícia sobre o acidente.

           Afinal, se formos parar para refletir, quando alguém argumentar com você sobre as remotas chances percentuais de acerto em jogos de azar, como loterias, mega sena, etc. , peça-lhe que calcule também a probabilidade percentual de ocorrer um acidente com morte do relator da Lava Jato no STF, às vésperas da homologação da “mãe de todas as delações”.

Continue lendo