(Publicado originalmente em Zero Hora)
O capitalismo gerou o maior desenvolvimento já visto na história humana. Desde seu início, o nível de renda da população do planeta Terra cresce aceleradamente. O padrão de vida das pessoas e os indicadores sociais melhoraram mais nos últimos 250 anos do que em toda a história da humanidade até então.
O capitalismo é um sistema de competição. No qual empresas competem no mercado tentando obter lucros ao oferecer bens e serviços que são mais baratos ou melhores que aqueles produzidos pelos seus concorrentes. É a competição, o mercado, os consumidores que determinam quais são as empresas bem-sucedidas. Aquelas que lucram mais e prosperam.
No Brasil, tem se intensificado nos últimos anos uma espécie de capitalismo distinto. É o chamado Capitalismo de Compadres ou Capitalismo de Laços ou Capitalismo de Estado ou ainda, como chamam os ingleses, Crony Capitalism. Nele, o Estado controla e regula muitos setores econômicos, seja diretamente, através de empresas estatais, ou por meio de regulações ou ainda pela concessão de subsídios creditícios ou tributários. No Capitalismo de Compadres, não há uma competição livre entre as empresas. Ao contrário. O Estado cria dificuldades para vender facilidades.
Os vídeos das delações premiadas da Odebrecht são uma aula sobre o funcionamento das entranhas do Capitalismo de Compadres. O empresário “ajuda” o agente político e, em troca, o agente político “ajuda” a empresa. Além do fato jurídico de que essa ajuda é, na verdade, corrupção, há um fato econômico relevante. Embora o Capitalismo de Compadres seja melhor do que o socialismo puro do ponto de vista da geração de progresso para o país, ele não é capaz de tornar o Brasil um país desenvolvido.
Precisamos de uma nova rodada de liberalização comercial, de desregulamentação de mercados, principalmente na área trabalhista, de eliminação dos subsídios creditícios e tributários destinados aos amigos do rei. Como disse Mário Covas nos anos 90, o Brasil precisa de um choque de capitalismo.
*Professor titular na UFRGS, Ph.D. em Economia