Silvio Lopes
Nas nações avançadas e evoluídas do mundo, observa-se o que sentenciou o poeta e pensador inglês John Milton( século XVII) no consagrado livro " Paraíso Perdido", um clássico da literatura:
-"O povo não existe por causa do rei; mas o rei por causa do povo".
Essa percepção política e social do povo sobre o seu papel na caminhada de um país para se tornar em nação desenvolvida, próspera e justa, é sagrada e imprescindível. Sem ela e sua aplicação de fato, nada acontecerá de preponderante e definitivo para transformarmos nosso país. Apenas continuaremos a ser uma extensa e rica área geográfica habitada e nada mais, sem apresentar um vestígio sequer característico de uma nação livre e independente, de um povo efetivamente integrado no que se convencionou chamar... civilização.
Nós, os brasileiros, estamos hoje experimentando (quiçá, pela vez primeira na história de cinco séculos), esse que é o primeiro e mais importante passo para realizarmos o sonho acalentado por gerações e gerações de brasileiros patriotas, que amam o seu país e desejam o bem e a felicidade de seu povo.
Com propriedade e sabedoria, sentencia o hino riograndense: " ...povo que não tem virtudes, acaba por ser escravo". Reforcemos o amor ao nosso país, aos nossos irmãos e à nossa história. Como o apóstolo Paulo, combatamos o bom combate. Lutemos para desbancar a petulância e a desfaçatez dos falsos democratas (não passam de canalhas travestidos de libertários), que nos querem, isso sim, oprimir e calar.
Sejam juízes, sejam políticos, seja qual for a criatura que tente encarnar o papel de destruidora de nossos ideais e sonhos, todas - lembrem-se - devem submissão à vontade do seu povo. Independente de tudo isso, é necessário que sejam julgados e condenados ao cadafalso da história pela impatriótica e deplorável tentativa.
O povo é e sempre será o supremo da nação. O resto não passa de balcão de negócios onde o que menos importa é a integridade de caráter, a elevada honradez e o respeito à vontade de uma nação. Tudo a ver com o Brasil atual.
* O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante.
Gilberto Simões Pires
SORTUDOS
Há vinte e poucos anos atrás, mais precisamente em 2001, quando dei vida ao PONTO CRITICO (pontocritico.com), conheci dois jovens irmãos que, bafejados pela sorte, ganharam uma bolada de R$ 2 MILHÕES DE REAIS na Loteria. Detalhe: este valor -LÍQUIDO- deixa bem claro que o -sortudo- governo já havia retido 30% do total através do IMPOSTO SOBRE A RENDA.
DIVERSÃO E JOGOS
Dias após o recebimento do prêmio, um dos irmãos, confessadamente, POR VONTADE PRÓPRIA, preferiu usar a sua cota-parte, -R$ 1 MILHÃO-, em vários tipos de diversão que elegeu para tanto. Anos depois ele me confidenciou que passou algumas semanas tentando a sorte em boa parte dos maravilhosos cassinos distribuídos na encantadora Las Vegas, com um porém: a sorte no jogo não se repetiu e em pouco tempo -um ano ou pouco mais- já havia perdido, integralmente, o seu MILHÃO.
INVESTIMENTO
Já o outro irmão, como que RENUNCIANDO aos -PRAZERES DA VIDA- achou por bem INVESTIR o seu MILHÃO, em várias atividades. Colocou um pouco na área da construção, outra parte em títulos de renda fixa e de renda variável (mercado acionário) e a parte restante investiu na sua atividade comercial, visando uma maior taxa de retorno.
NOVIDADES
Pois, passados pouco mais de 20 anos e chegando, portanto, aos dias atuais, marquei um café com os irmãos para que me contassem as novidades. O irmão que preferiu SE DIVERTIR me contou que está feliz no seu emprego e que não construiu um grande patrimônio. Já o outro irmão, com cara de quem estava contrariado, disse que fez um BELO PATRIMÔNIO com o emprego do MILHÃO , mas que o governo -petista comunista- está pronto para -TOMAR- , na mão grande, uma parte do patrimônio que construiu através de um nojento IMPOSTO SOBRE FORTUNAS.
SEM MORAL
Coisas assim, além de imorais têm, na sua essência, a marca da INVEJA e da INJUSTIÇA. Quem INVESTE com o propósito de aumentar PATRIMÔNIO, que por sua vez gera e /ou desenvolve inúmeras atividades econômicas e sociais, a turma da esquerda, sem dó nem piedade entende que deve ser PUNIDA COM IMPOSTOS DOBRADOS, a considerar que todas as atividades já foram brutalmente TAXADAS ao longo do processo.
Dartagnan da Silva Zanela
Roger Bastide, nos chama a atenção para o fato de que não é suficiente ter um razoável conhecimento dos conceitos e teorias das ciências sociais para se compreender esse nosso Brasil brasileiro. Para realizar essa empreitada, segundo ele, é necessário que se tenha uma alma de poeta.
Bem, o que fora afirmado pelo sociólogo francês, em seu livro "Brasil – terra de contrastes", na verdade é válido para todo e qualquer agrupamento humano, não apenas para a nossa brasílica sociedade.
O mundo, admitamos ou não, é muito mais complexo e profundo que nossos conceitos mesquinhos e teorias furadas a respeito de tudo e sobre todos.
Ora, em toda e qualquer sociedade encontraremos forças antagônicas e, essas belezuras, para o desgosto de marxistas, liberais, conservadores e tutti quanti, não se encontram perfeitamente esquadrinhadas em modelos teóricos pré-concebidos, onde cada um dos entes sociais encaixasse direitinho em um quadrado conceitual pré-fabricado.
Feliz ou infelizmente, esse trem fuçado chamado realidade tem essa mania bardosa de zombar da nossa tendência marota de querer reduzi-la a pequenez do nosso entendimento.
Dito de outro modo, quando nos habituamos a recortar os fatos e avaliá-los unicamente a partir das teorias e conceitos que dão forma à nossa maneira de ver o mundo, ao invés de abarcarmos toda a complexidade que se faz presente na realidade, acabamos por mutilá-la, deformando-a para que a mesma possa se encaixar, de forma bem comportada, em nossa cabeça de alfinete diplomada e, ao fazermos isso, a realidade deixa de ser ela mesma, para parecer algo que nós esperamos que ela seja e, assim, poder confirmar aquilo que gostaríamos de dizer a respeito daquilo que nós, de forma obtusa, não queremos compreender de jeito algum.
Ora, quando reduzimos a realidade social a um mero conjunto de esquematismos, sem querer querendo, acabamos por desdenhar incontáveis antagonismos e divergências que existem no interior das forças antagônicas que se digladiam na sociedade e, de quebra, acabamos ignorando os movimentos de assimilação e acomodação que se orquestram.
Podemos repetir, o quanto quisermos, que estamos lutando contra o "fascismo", contra o "comunismo", que estamos defendendo a "família", as "minorias", que estamos salvaguardando o "livre-mercado" e a "civilização ocidental", podemos dizer que estamos fazendo isso tudo e muitas outras coisas, mas se nós ignoramos a complexidade da vida, todas essas supostas "lutas" serão apenas manifestações - distintas e complementares - de histeria coletiva, fantasiadas de cidadania e sambando ao ritmo do batuque de supostas boas-intenções.
Quando damos preferência a tacanhez de conceitos rotos (que dizem "tudo" sem explicar nada), ao invés de voltarmos nossos olhos diretamente para a vida de carne e ossos, acabamos perdendo de vista todos os jogos de contrastes que dão forma e movimento a todos os dramas, tramas e tretas de uma sociedade.
O historiador José Murilo de Carvalho, que Deus o tenha, também nos chamava a atenção para isso, pois, infelizmente, muitas e muitas vezes, antes mesmos de tomarmos conhecimento a respeito do que iremos conhecer, refletir e compreender, lá estamos nós, com meia dúzia de palavras ocas, fantasiadas com paetês de suposta cientificidade, para enquadrar fenômenos e eventos que estão muito além das nossas avarentas medidas.
Muitas são as razões e motivos que podem nos levar a agir desse modo, muitas mesmo e, por isso, seria imprudente querer listá-las.
Porém, podemos levantar um ponto que, ao nosso ver, parece ser uma constante em nossos corações, pouco importando qual seja o ritmo ideológico que pulsa em seus átrios e ventrículos.
Essa constante, no caso, seria o fato de que, ao mesmo tempo em que nos sentimos muito animados para dizer o que o mundo deveria ser, pouco ou nada refletimos a respeito do que especificamente estamos querendo dizer com as palavras que frequentemente utilizamos.
Na verdade, raramente paramos para ponderar, para refletir sobre o que estamos dizendo com as palavras que repetimos feito um autômato e, muito menos, sobre a forma irascível que reagimos diante de outras tantas palavras.
E isso vale, em alguma medida, para todos nós, para cada um de nós. E já sabem: quem nunca, que atire a primeira pedra. E é por isso, meu caro Watson, que a poesia - a poesia e a literatura - são tão importantes, senão mais importantes, para compreendermos os mundos humanos. Mais importantes que todas as ciências sociais juntas e misturadas.
A poesia e a literatura nos ensinam a olhar o mundo através dos olhos de outros. Elas nos ensinam a dizer com clareza o que vemos, a sentirmos de forma nítida e a pensarmos com clareza e lucidez.
A poesia, como bem nos lembra Manoel de Barros, é como uma minhoca. Isso mesmo! Uma minhoca.
Da mesma forma que esses animais anelídeos arejam o solo, tornando-o mais propício para o florescimento da vida, a poesia acaba fazendo o mesmo com a língua, com a nossa língua e, consequentemente, com a nossa capacidade de apreensão e compreensão da realidade.
Enfim, a poesia areja a nossa alma, que se vê cada vez mais sufocada pelos jargões publicitários e pelos cacoetes políticos que, sem dó, estreitam a nossa inteligência e amesquinha o nosso olhar.
(*) Professor, escrevinhador e bebedor de café. Mestre em Ciências Sociais Aplicadas. Autor de "A Bacia de Pilatos", entre outros livros.
Alex Pipkin, PhD
Escassez foi, e ainda é, a condição primária dos seres humanos. Evidente que os recursos que estão presentemente disponíveis são insuficientes para o atendimento de todas as necessidades materiais e para os ilimitados desejos do bicho-homem.
Neste sentido, a tão propalada igualdade é uma quimera. Qualquer reflexão factualmente racional demonstra que os seres humanos são distintos entre si, possuindo características distintivas, e habilidades e competências diferentes.
Ainda que se possa impô-la por lei, a desigualdade sempre existiu e, pragmaticamente, continuará se apresentando.
A sedutora profecia irrealizável da igualdade, pilar central das narrativas falaciosas de coletivistas, anda mais forte do que nunca. Similarmente, na atual sociedade do espetáculo e da pós-verdade, os sinalizadores de virtude gritam pelos quatro cantos, digitam e se digladiam ativamente nas redes sociais pela tão desejada “justiça social”.
Não há como discordar que desigualdades perduram. contudo, objetivamente, nenhum governo é capaz de viabilizar o sonho da igualdade, visto que esse não tem condições de controlar todas as variáveis e as circunstâncias de milhares de indivíduos com necessidades, desejos e planos de vida distintos. A tentativa - fracassada - nesse intento, compulsoriamente, ceifa as liberdades individuais das pessoas de qualquer espaço social. A igualdade de resultados é um alvo inalcançável.
Por isso, nosso mundo real alimenta, cada vez mais, a psicose social e o aprofundamento da divisão social, da mentira, da “antimoral”, da escassez de liberdades e, por consequência, do agravamento das tão faladas desigualdades.
Parece-me que nunca houve tanto estímulo e incentivos das instituições ao emburrecimento e a irracionalidade individual e coletiva. Especialmente os mais jovens, idealistas por natureza, mas claramente de mãos dadas com os de mais idade, são impulsionados a viverem enclausurados em suas cabeças, sob os fantasmas da opressão, das impossibilidades e das desigualdades. Isso os conduz ao destruidor vitimismo e aos pensamentos instintivos e tribais, demasiadamente embasados em emoções e em sentimentalismos.
Triste. A vida por natureza é dura. A dessa gente mais infeliz ainda. Dia a dia, todos nós somos bombardeados por estímulos, em especial os midiáticos, que acionam gatilhos mentais nefastos, dificultando o processo do pensar reflexivo por parte dos indivíduos, aquele com base nos fatos, dados e evidências. Tal situação restringe o pensamento crítico em nível individual, obstando que as pessoas tenham, ao menos, uma chance de escapar da prisão mental da opressão, do pensamento mágico e da escassez de racionalidade.
A turma que dorme e acorda do “travesseiro opressor”, sofre de delírios de perseguição. Esses foram treinados por marxistas inspiradores que planejaram o paraíso terreno, completamente utópico e inviável de acontecer na realidade objetiva.
Esses partem de premissas equivocadas, de sonhos e de desejos impraticáveis, e são dotados de mentes absolutamente repletas de muitos instintos, mas de muito pouca e genuína lógica.
Infelizmente, alguns até possuem lapsos de racionalidade e de realidade, porém, rapidamente são arrefecidos pela necessidade de pertencimento e pelo comportamento “me too” partilhado em suas respectivas tribos. A “grande mídia” é exímia em os empurrar de volta para a caverna da opressão e da irracionalidade.
Hoje aparenta inexistirem conhecimentos, fatos e evidências que os demovam de suas fantasias e de risíveis mentiras. Sistematicamente, eles retroalimentam um ciclo vicioso de invenção de histórias e de falácias, a fim de justificar a psicose da criação de mais fantasias e de falsos argumentos para jogarem a culpa de seus fracassos sobre os ombros de outros.
Esses que sofrem de mania de perseguição nunca se sentem na condição de serem responsáveis por seus atos, realizações e condições.
Incontestavelmente, sempre, os causadores de todos os seus males, e da sociedade, são os outros, em especial, os malvados capitalistas, “comedores de adultos”.
Segundo os residentes da caverna da opressão, a única verdade verdadeira, é a ilógica da total dominação, da marginalização e de suas próprias “fake news”, criadas e compartilhadas com suor e ódio nas redes sociais.
O futuro, sendo realista, parece-me sombrio. As razões são singelas. Os essenciais incentivos institucionais se encontram de cabeça para baixo, e os interesses mercantilistas e escusos da grande pequena mídia abundam.
Claro, os “poderosos” verbalizam a música que esses desejam ouvir, porém, agem totalmente em desacordo com aquilo que alegam defender.
A hipocrisia dos engenheiros sociais, que efetivamente desprezam as pessoas comuns, tem batido verdadeiros recordes.
As redes sociais deram voz alta para os “cheios de amor” no coração, para o incremento do racha social e da falta de coesão e, em especial, para o ápice da irracionalidade, mesmo diante dos mais objetivos fatos e dados.
Não imagino que se tenha uma saída de curto e/ou médio prazo desta UTI psiquiátrica. Caminho pavimentado para a continuidade do processo de emburrecimento e da evasão da lógica.
Bom senso, diálogo franco e aberto, suportado por argumentos válidos, realidade objetiva e a verdade da vida como ela é, escafederam-se. Transparente.
A “verdade das massas” - tribais - reina livre, leve e solta. O coletivo enganado, agrupado por sentimentalismos grosseiros, travestidos de verdade, substituiu o pensamento crítico individual, reflexivo e, portanto, lógico.
Atualmente é artigo de luxo enxergar e/ou ouvir indivíduos autônomos empregando, verdadeiramente, cognição racional e vontade própria.
O tétrico show da irracionalidade, da mentira e das falácias, das “fake news” e da desagregação social não tem data para findar.
Penso que muitos adoentados até desejariam o seu final, porém, a turba de mentirosos contumazes logo dá um jeitinho de os fazerem retornar para o reino das fantasias e da irracionalidade individual e coletiva.
É o que se tem neste momento. Triste.
Sílvio Lopes
Entre as cinco teorias básicas da Comunicação, destacam-se a Funcionalista (papel da mídia na sociedade e do indivíduo, além do seu comportamento) e a Crítica, a partir da Escola de Frankfurt, essencialmente tornada instrumento marxista de dominação social. Usa a repetição (alguma semelhança com o que faz a mídia brasileira atual?) para criar uma tal indústria cultural cujo objetivo é substituir por outro o status quo social estabelecido. Status que, aliás, já sabemos qual e com que propósitos.
Entre os mecanismos de dominação midiática usados, está o da alienação do intelecto, cujo exemplo emblemático, no Brasil, vem sendo desempenhado pela Rede Globo de Televisão. Desde o seu surgimento, no começo dos anos setenta, até os dias atuais, as estruturas e as estratégias implantadas via grade de programação tiveram como meta central forjar o surgimento de uma cultura de alienação mental na população. E não é que isso tudo deu certo?
Vejam: o Jornal Nacional tem sido instrumento clássico de alienação intelectual por meio da disseminação de notícias tendenciosas, distorcendo, dessa forma, o julgamento correto dos fatos e acontecimentos sociais por parte da população/telespectadores. Teve e tem ainda hoje, o JN, a função da desinformar ou, quanto mais não seja, confundir. Seguindo a grade vem, logo após, a novela. Objetivo: destruir os valores éticos e morais que dão sustentação ao modelo de decência civilizatória, tendo por bases o estamento de padrões e princípios cristãos adotados pela maioria da população.
Ficou para trás e muito lá atrás, o jornalismo sério e comprometido com a verdade dos tempos do Dr. Roberto Marinho e as novelas que embutiam no seu centro de preocupação de defender e propagar valores dignos de um processo civilizatório minimamente decente e honesto. Daí termos de conviver com essa cambada de gente desinformada e politicamente alienada que por sua desgraçada opção ou sua deplorável omissão (fora a indesmentível fragilidade do processo eleitoral), permitem que esta nação - tão abençoada e rica -seja entregue, de bandeja, a uma quadrilha desmiolada e sujeita a toda e qualquer coisa que esteja alinhada ao esquartejamento e destruição da boa e saudável conduta social.
Que tristeza! Pobre do nosso Brasil.
* O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante.
Editorial Estadão
Está em curso uma campanha, em boa parte promovida pelos integrantes do Executivo, de discriminação e no limite criminalização das pautas de direita, como se a disputa entre progressistas e conservadores fosse uma batalha existencial da civilização contra a barbárie.
A pretensão do PT ao monopólio do bem e da verdade é constitutiva. Expoentes da direita sempre foram demonizados como “fascistas” e “inimigos do povo”. Mesmo a outros progressistas a oferta do partido se resume à vassalagem ou à apostasia. Toda crítica é desmoralizada como conspiração das “elites”. Ainda hoje o partido exige reparações pelo “golpe” do Legislativo e do Judiciário em Dilma Rousseff e por sua “perseguição política” a Lula e outros “guerreiros do povo brasileiro” flagrados em tramoias antirrepublicanas, como no mensalão e no petrolão.
O jihadismo esquerdista encabeçado pelo lulopetismo frequentemente foi propagado por setores que, marcados, por razões históricas e sociológicas, por uma hegemonia progressista, funcionam como sua caixa de ressonância, como a academia, redações ou a chamada classe artística. Na última geração, a intolerância maniqueísta das vanguardas da “luta de classes” foi inflamada pelas pautas identitárias da nova esquerda.
Para a esquerda iliberal, as responsabilidades individuais são dissolvidas em “estruturas” de opressão. Nesse estado de espírito paranoico, não basta não ser racista, misógino, homofóbico; quem não é ostensivamente “anti”, quem não milita pela causa, quem não faz rituais de expiação pelo mero fato de ter uma determinada cor de pele, pertencer a um gênero ou ter uma orientação sexual é desmoralizado como uma peça da máquina de opressão. A política é submetida a emoções tribais e quem questiona a pureza ideológica dos redentores deve ser disciplinado, punido ou mesmo eliminado do debate público por tribunais midiáticos e campanhas de “cancelamento”.
Considerem-se alguns debates recentes, como a exploração de novas fronteiras petrolíferas, a demarcação de reservas indígenas ou a legalização do aborto. Em todos esses casos, não há uma disputa inequívoca entre o bem e o mal, mas zonas de conflito entre bens juridicamente tutelados. No caso da exploração de petróleo na Margem Equatorial, por exemplo, há uma equação entre riscos ambientais e ganhos socioeconômicos; no caso das reservas indígenas, entre os direitos dos povos originários e os de proprietários (muitas vezes indígenas aculturados) de boa-fé; no caso do aborto, entre a autonomia das mulheres e a vida do nascituro. Além do mérito, há a questão da competência para arbitrar esses conflitos, por exemplo, entre o Legislativo e o Judiciário.
Mas os progressistas iliberais se creem portadores de verdades absolutas e condutores da História legitimados a empregar quaisquer meios para a consumação de seus fins. O mero questionamento é denunciado como “violência”. A reação em defesa de direitos plausivelmente legítimos é anatematizada como reacionarismo. As teses de quem advoga por explorar as riquezas do petróleo, por garantir as propriedades de agricultores ou por preservar a vida do nascituro não são meramente objetadas, com base na Constituição, em função de supostas lesões a direitos do meio ambiente, dos indígenas ou das mulheres, mas recriminadas como ataques de predadores desalmados.
Isso exprime uma visão da vida pública típica de um Estado confessional, do tipo que o liberalismo veio a superar com a instauração do Estado Democrático de Direito e o princípio de que o progresso humano deve ser conquistado por debates, negociações e reformas. A direita iliberal representa uma ameaça a esse marco civilizacional, como se viu no 8 de Janeiro. Mas, ao equiparar todos os seus críticos a “extremistas” dignos de serem alijados da vida pública, a esquerda iliberal também é uma ameaça, não tanto pelos seus ideais, em princípio tão legítimos quanto os de seus adversários, mas pelos seus métodos: a intimidação, a censura, a ruptura, a imposição. Numa democracia, essa intolerância é intolerável.