• Eurico Borba, em Diário do Poder
  • 08 Novembro 2023

 

Eurico Borba

       Ninguém pode negar que vivemos uma guerra civil, onde o crime, cada vez mais disseminado e organizado, agride a ordem e a paz social, amedronta os cidadãos e ameaça à Democracia.

Nos países em desenvolvimento a situação é mais grave. Não existem recursos suficientes para a educação e a saúde e outros setores prioritários, e se é obrigado a garantir recursos para combater, de forma ineficaz, a violência do crime organizado.

Pretensos “intelectuais humanistas”, sempre dispostos a falar, propalam reflexões frágeis do “politicamente correto”, confundindo ainda mais o problema, retardando as necessárias já difíceis e urgentes soluções. Sempre defendem os “direitos humanos” e atacam a truculência policial, como se todos os agentes da Lei e as autoridades legitimamente constituídas também sejam incompetentes e bandidos. É preciso coragem, honestidade e responsabilidade para dar um basta na inaceitável situação atual, neutralizando os assaltantes, os assassinos que, armados e atirando, atemorizam e acuam a população, debochando do Estado, dominando territórios, geralmente nas periferias das grandes cidades. É a solução, o resto é “conversa mole” e irresponsável.

É importante conhecer o que pensa a Igreja Católica, pilastra maior da moral que inspirou os sistemas políticos e jurídicos da Civilização Ocidental:

“A legitima defesa pode ser não somente um direito, mas até um dever grave, para aquele que é responsável pela vida de outrem. Defender o bem comum implica colocar o agressor injusto na impossibilidade de fazer mal. É por esta razão que os detentores legítimos da autoridade têm o direito de recorrer mesmo às armas para repelir os agressores da comunidade civil confiada à sua responsabilidade”, (Catecismo da Igreja Católica, nº 2265, 1992). 

Além de conter o crime, investimentos na educação de qualidade devem ser realizados – a solução futura da atual tragédia.

O povo não suportará anos de espera para que seus humildes sonhos de vida tranquila, (pelo menos), se concretizem. Os dirigentes precisam encarar a realidade e agir com honestidade e determinação.

*      O autor, Eurico de Andrade Neves Borba, 83 anos, foi professor da PUC RIO e Presidente do IBGE, é membro do Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade, mora em Ana Rech, Caxias do Sul, eanbrs@uol.com.br.

**      Texto publicado originalmente em 30 de outubro, no excelente Diário do Poder.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 08 Novembro 2023

Gilberto Simões Pires

ENEM

O Exame Nacional do Ensino Médio -ENEM-, queiram ou não, é reconhecido em todos os cantos do nosso imenso Brasil como um dos principais instrumentos utilizados para -MENSURAR A QUALIDADE DO ENSINO MÉDIO-. Mais: a partir de 2009, o ENEM ganhou força e se transformou numa legítima PORTA DE ENTRADA para ingresso de estudantes na maioria dos cursos oferecidos pelas instituições de ensino superior.

PROVAS, ESPECIALISTAS E REVISORES

Vale lembrar que o ENEM é composto por UMA PROVA DE REDAÇÃO e QUATRO PROVAS -(com 45 questões objetivas cada) -linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza-, cuja elaboração é feita por ESPECIALISTAS SELECIONADOS por meio de chamada pública do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, os quais devem seguir a MATRIZ DE REFERÊNCIA, GUIA DE ELABORAÇÃO E REVISÃO DE ITENS ESTABELECIDOS e, após escritos, ainda passam por REVISORES. 

SETOR AGRÍCOLA DEMONIZADO

Pois, para deixar bem claro as reais intenções -comunistas- deste governo - coisa que nada tem de surpresa- na questão que foi colocada para quase 4 milhões de alunos que fizeram a PROVA DO ENEM, no último domingo, os ESPECIALISTAS se esmeraram na arte de DEMONIZAR O SETOR AGRÍCOLA BRASILEIRO. 

QUESTÃO 89

Na- QUESTÃO 89-, por exemplo, sem tirar nem pôr, os ESPECIALISTAS simplesmente atacaram a “lógica do agronegócio” no Cerrado. Segundo a questão, “o modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado”. De um lado, o capital impõe os conhecimentos biotecnológicos, como mecanismo de universalização de práticas agrícolas e de novas tecnologias, e de outro, o modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado. Assim, as águas, as sementes, os minerais, as terras (bens comuns) tornam-se propriedade privada. Além do mais, há outros fatores negativos, como a mecanização pesada, a “pragatização” dos seres humanos e não humanos, a violência simbólica, a superexploração, as chuvas de veneno e a violência contra a pessoa”. Os elementos descritos no texto, a respeito da territorialização da produção, demonstram que há um:

a) cerco aos camponeses, inviabilizando a manutenção das condições para a vida. 

b) descaso aos latifundiários, impactando a plantação de alimentos para a exportação. 

c) desprezo ao assalariado, afetando o engajamento dos sindicatos para com o trabalhador. 

d) desrespeito aos governantes, comprometendo a criação de empregos para o lavrador. 

e) assédio ao empresariado, dificultando o investimento de maquinários para a produção 

GABARITO OFICIAL

Querem mais? Pois, segundo o GABARITO OFICIAL , amplamente divulgado por veículos de mídia, como o G1, por exemplo, a resposta correta da QUESTÃO 89 seria a alternativa “A”. Ou seja - DEMONSTRA que há - UM CERCO AOS CAMPONESES, INVIABILIZANDO A MANUTENÇÃO DAS CONDIÇÕES PARA A VIDA!.  Que tal? 

 

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  • Valterlucio Bessa Campelo
  • 06 Novembro 2023

 

Valterlucio Bessa Campelo

         Acompanhando textos, notícias e cenas da circunstância brasileira em 2023, as decisões da justiça em perseguição implacável e declarada a um lado do espectro político, a prosternação do Brasil à governança global como vimos na ONU, as análises viciadas de “especialistas”, a vassalagem de redações, os desatinos intelectuais das Universidades, o primarismo da política econômica centrada num GASTE-SE - O DÉFICIT A GENTE VÊ DEPOIS, a compra e aluguel de partidos e votos com cargos e verbas, a multiplicação e deterioração de instituições públicas encharcadas da companheirada, o silêncio indesculpável de juristas e personalidades (não confundir com celebridades) etc., não há como deixar de perceber uma multidão de seres genuflexos, voluntariamente servidos ao jugo de um poder que se estabelece de modo avassalador, solapando a liberdade e oferecendo em troca a ilusão da segurança, do sossego, uma falsa paz de vida mínima como a de uma ameba.

Assistindo essa horda de estúpidos reverberando por toda parte um antissemitismo cruel, cujas razões nem desconfiam, entre eles a nossa diplomacia com presidência e tudo, cobrando proporcionalidade e um idiota “sentar à mesa” numa guerra entre quem defende mulheres e crianças e terroristas que as degolam ou as transforma em escudos e bombas humanas (aqui) e (aqui), somos obrigados a desconfiar de que realmente estamos em uma luta de fundo espiritual. Não parece possível que tanta irracionalidade seja levada a termo nos dias atuais sem um manto transcendental. “Depois dos judeus, virão atrás de nós, os cristãos. É o fim dos tempos.”, diria minha santa mãezinha.

O Brasil, que em 1947 presidiu a sessão especial da Assembleia Geral da ONU que criou o Estado de Israel, à frente o então ministro das Relações Exteriores, Oswaldo Aranha, se transforma em 2023, sob Luís Inácio, num anão diplomático companheiro de ditadores da pior espécie, fazendo vistas grossas, ou, apoiando explicitamente, como toda a esquerda, a sanha genocida dos inimigos de Israel. A propósito, a Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro – FIERJ, preocupada com a disseminação do antissemitismo criou (aqui), um canal para receber denúncias de publicações com conteúdo discriminatório contra o povo judeu. Que seja útil.

Pensei em como se sentem essas criaturas de moral rebaixada, de sonhos contidos, defendendo o que sabem ser injusto, aderindo à vileza como se fosse a única forma de se manter respirando, negando o obvio, dando as costas à fraude escancarada, desacreditando da própria visão. Alguns, néscios ou em militância servil, como se assinando certidão de cativo, zombam de quem resiste, adulam os ímpios por sempre adular os do andar de cima que nunca alcançarão, encobrem a perfídia num pastelão de esperteza, aplaudem cinicamente o gênio do ilusionismo. Outra parte apenas vai com os outros, respondem ao assobio do líder da manada televisiva, não sabem que tudo isso é uma opção. Como disse Etienne de La Boétie (“Discours de la servitude volontaire”,1576), basta não entregar o que eles querem e o castelo desmorona.

A servidão voluntária é o melhor trunfo do tirano. Contando com ela, não há necessidade de peleja, de disputa, de enfrentamento. O servo voluntário, confortável em sua condição de falsa segurança, dispõe-se prontamente ao chicote do Sistema e, assim, permite que ele se enraíze e se alastre.

Com tímida incursão na poesia e nada além de alguns escassos poemas publicados aqui e ali, mal arremedando o grande poeta, romancista e dramaturgo português Jorge de Sena (1919-1978), dei-me o atrevimento de escrever uma “Ode à Servidão” que vai, como carapuça, endereçada aos que em plena posse de seu status, prestígio, profissão, cargo, teclado e visibilidade, se prostram ao tirano mal disfarçado e ajudam a afundar a sociedade no pântano do servilismo. Com a licença dos leitores e de todos os verdadeiros poetas, segue:

Ode à Servidão

Ó servidão amiga,

amável e adocicada,

como o deleite do repouso,

no colo da mulher amada.

Servidão redentora,

transbordante de atenção,

prenhe de segurança,

descanso e proteção.

Servidão benévola,

carta náutica da travessia,

bússola no meu deserto,

oásis de minha abulia.

Servidão pacificadora,

guia das mentes sem noção,

aparadora das diferenças,

algoz da inspiração.

Servidão impoluta,

saneadora da canalhice,

do choro dos incautos,

da vergonha, da vigarice.

Servidão renitente,

dos crimes praticados,

que desvela a substância,

 de que fomos plasmados.

Servidão íntima,

te guardas no escaninho,

disfarças teu cheiro podre,

não te mostres ao vizinho.

Ó servidão encardida,

grilhão nas minhas mãos, ferro nos meus pés,

tens a minha jura e o meu desígnio,

tu és o que sou, sou o que tu és.

Sei, há muito tempo a Ode está fora de moda, a poesia está fora de moda, a justiça, a honra, a verdade, a beleza, a mulher, o homem, a vida, a propriedade, a democracia, a pátria, a liberdade, o amor... foi tudo relativizado diria o maioral de nove dedos. O sentido próprio das palavras foi ultrajado por um adjetivo ou corrompido por um prefixo, o incondicional pertence apenas aos que não se deixaram abater e enxergam além porque se mantiveram de pé. A boa notícia é que, se quiserem, todos podem se levantar.

*        O autor, Valterlucio Bessa Campelo, escreve às sextas-feiras no site ac24horas e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do intelectual, jornalista e escritor Percival Puggina e outros sites. Quem desejar adquirir seu livro “Desaforos e Desaforismos (politicamente incorretos)” pode fazê-lo por este LINK.

 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 05 Novembro 2023

 

Alex Pipkin, PhD

         Terroristas são as velhinhas de terço em uma mão e, na outra, bandeirolas do Brasil. “Progressistas” gritam e suplicam punição severa a essas “terroristas”!

Hoje, a Ministra da Igualdade Racial do desgoverno Lula afirmou que o termo “buraco negro” é racista. Racismo!?

O desgoverno Lula, apoiador declarado do grupo de assassinos terroristas do Hamas, não tem limites para exercitar suas incoerências, suas ilogicidades e suas inconsequências.

O problema é que as palavras importam e geram - graves - consequências!
Vem-me à mente Thomas Hobbes. A maldade faz parte sim da essência humana.

Como se pode explicar e concordar com o intolerável? Como pode existir qualquer tipo de associação a um grupo que rapta, decapita e queima, bebês, crianças, mulheres, jovens, adultos e idosos?

Só existe uma explicação lógica. O doentio sectarismo ideológico e o aflorar de um antissemitismo que não se via desde o período do Holocausto.

Racismo, realmente, é a glorificação do ódio, da violência e das mortes de judeus.

Manifestantes antissemitas, disfarçados de apoiadores da “causa palestina”, festejam nas ruas, livres, leves e soltos, a barbárie do Hamas, legitimando “pogroms”, além de mais violência contra o povo judeu.

Ou será que os que me leem desconhecem que o cântico “Do rio ao mar, a Palestina será livre”, representa uma apologia ao desaparecimento do Estado de Israel do mapa?

Alguns “progressistas” - oportunistas e canalhas - argumentarão que se trata da sublime liberdade de expressão. Essa somente deve existir, sem dúvida, quando convém aos interesses dos que trajam a cor do sangue. Repugnante.

Porém, isso nada tem a ver com liberdade de expressão, pois se trata, objetivamente, de indivíduos racistas, antissemitas, celebrando à morte de outros seres humanos, pelo simples fato de serem judeus.

Preto no branco, isso é a incitação e o incondicional apoio ao terrorismo, com o objetivo explícito de varrer o Estado de Israel do mapa, e por via de consequência, aniquilar o povo judeu.

Os judeus no mundo, justificadamente, estão temerosos. Nunca se viu um antissemitismo tão ostensivo desde o período nazista.

Quem, usando a faculdade da razão, pode negar que os judeus, nesse momento tenebroso, correm sérios riscos, inclusive de morte? Muita gente que se autointitula progressista de verdade, não está conseguindo abrir os olhos…

O grotesco e doentio antissemitismo declarado é desprezível! Desumano.
É intolerável que seres humanos - humanos biologicamente, agindo como verdadeiros monstros - possam comemorar o assassinato de judeus e, pior, incitar ainda mais violência e chacina contra os judeus.

Seguramente, seria completamente errado e intolerável se pessoas estivessem nas ruas, solenizando a morte de muçulmanos ou de cristãos. O que conta é a dignidade humana, não a bandeira partidária. Singelo.

Por favor, é necessário um basta a esse tal relativismo moral. Aqui há, claramente, o certo e o errado! Inquestionável.

Pois o retrocesso civilizacional é tremendo. Perdemos, tristemente, nossos virtuosos pilares, nossos balizadores morais.

Nessa republiqueta verde-amarela, com desgoverno vermelho, a Ministra da Igualdade Racial, preocupa-se com o “buraco negro”. Isso mesmo, um buraco…

Enquanto isso, o Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, homem negro, silencia frente ao abjeto racismo, ao manifesto antissemitismo, e as manifestações racistas que celebram o massacre, o ódio ao povo judeu, e a respectiva caçada aos judeus.

Desprezível? É muito pouco…

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  • Valdemar Munaro
  • 03 Novembro 2023



Valdemar Munaro

       Os tristes episódios perpetrados em Israel por terroristas do Hamas podem já ser inferidos e contemplados na fundação histórica do Islã. Conforme biografia sobre Maomé, escrita por Barnarby Rogerson, a Arábia no nascente Islamismo do século VII d. C., era habitada também por muitos judeus.

Centenas deles que resistiram à nova fé, foram mortos e degolados na presença do próprio Profeta e com sua aprovação.

A terra sagrada de Meca e Medina guarda, portanto, de modo silencioso e sôfrego, o sangue judaico de decapitados. Judeus e muçulmanos, sabemos, são descendentes e herdeiros do mesmo cavaleiro da fé (expressão de Kierkegaard), Abraão, e se tornaram irmãos pela benevolência e graça de Deus, mas, ao longo do tempo, vergaram-se à desgraça de uma fraternidade assassina que rasga os mantos da comunhão enchendo de dor e medo os amantes da paz e da concórdia.

O terrorismo fere o Islã tanto quanto fere qualquer outra expressão religiosa. A vida do Profeta, por sua vez, honestamente falando, não foi cem por cento limpa, nem pura. Ao se casar pela quinta vez, em 626, com Zaynad, sua linda nora, Maomé rompeu com o mandamento que ele mesmo tinha estabelecido para todos os muçulmanos: ter no máximo quatro esposas. Mas Ele resolveu o dilema com uma revelação que veio em benefício de si mesmo: a sura 33 lhe concedeu carta branca para se casar uma quinta vez: "Ó Profeta", diz o versículo 50, "tornamos legais para ti as tuas esposas (...) e qualquer outra mulher crente que se oferecer ao Profeta e que ele quiser desposar: privilégio teu, com exclusão dos demais crentes (...)".

O poeta, Ka'b ibn al-Ashraf, descendente de uma tribo judaica em Medina, ironizou um casamento anterior que Maomé tinha contraído com uma outra mulher, Hafsah, viúva de um homem que pereceu numa batalha muçulmana.

O poeta comparou o comportamento de Maomé com aquele de Davi que enviou o general e amigo Jônatas à morte, pondo-o à frente de um conflito, para poder ficar depois com Betsabé, sua esposa. Ka'b foi oportunamente esfaqueado e morto por ofender e difamar o Profeta. Mas se o Alcorão do Profeta e o Profeta do Alcorão chancelam a eliminação de infiéis, o que se pode esperar de seus discípulos radicais?!

O século VII, nas regiões da Arábia, registrava a presença de muitos judeus, muito embora não existisse, naquele então, o estado de Israel. Na ocasião em que o exército muçulmano se aproximou de Medina para conquistá-la um dos seus guerreiros bradou: "Nós enfrentamos duas coisas: ou Deus garantirá a superioridade sobre eles, ou Deus nos destinará o martírio. Eu não me importo sobre qual seja o destino - pois existe o bem em ambos".

Em outras palavras, é este o leitmotiv da cruzada terrorista: no seu reino deve haver uma só cor, uma só cultura, uma só crença, um só livro, um só povo, um só modo de ser e de pensar. Nos seus ideais não deve haver lugar para meios-termos, meias-luas, pardos, mestiços e miscigenados. Deve ser o tudo ou o nada, a raça pura ou a impura, o fiel ou o infiel. "Os revolucionários", diz o historiador polonês Leszek Kolakowski, "não creem no purgatório; creem na via sacra, no inferno e no paraíso, no reino da libertação total e no reino do mal total".

Pode ser paradoxal, mas foi exatamente esse fundamentalismo extremista religioso que se acrescentou à atividade revolucionária marxista, ateia e materialista, temperando com tentações purificadoras as ações radicais que praticam, desdenhando excrescências maniqueístas de limpeza étnica e cultural.

Assassinos, terroristas e revolucionários se assemelham em tudo com seus métodos e objetivos: estrangular violentamente as diferenças, abater sem piedade os desconfortos plurais, instalar pela força as hegemonias ideológicas culturais, políticas ou religiosas.

O psiquiatra Theodore Dalrymple diagnosticou lucidamente a identidade nas doutrinas teologais da Irmandade Muçulmana representada pelo militante, radical e poeta, Sayyid Qutb (1906 - 1966 - enforcado por Nasser) com os ideais da doutrina comunista apregoada e ensinada por Karl Marx (1818 - 1883) e seus sequazes. Qutb queria uma única religião, a islâmica, mas sabia que ela não aconteceria apenas com pregações. Marx queria uma única sociedade, sem classes e sem opositores, a comunista, mas sabia que ela não viria por espontâneas democracias reformistas.

Qutb sabia, pois, que seria necessário o emprego da coação violenta e terrorista para implantar uma única fé no mundo. Marx sabia que seria inevitável e necessário o emprego da violência revolucionária para instalar o comunismo. O terrorismo islâmico religioso e a violência revolucionária marxista antirreligiosa terminaram se abraçando numa espécie de irmandade siamesa paradoxal e autofágica.

Nos anos medievais, homens estranhos habitavam castelos inexpugnáveis em rochedos montanhosos da Síria e da Armênia e eram conhecidos pelo nome de 'assassinos'. Carne e leite de cabras, juntamente com tâmaras do deserto, alimentavam os seus corpos, mas suas mentes nutriam-se de outra comida: o excremento dos demônios. Seu ofício assassino era assaltar e matar quem atravessasse seu caminho.

Obedecendo cegamente às ordens do 'Velho da Montanha', cumpriam o sanguinário e impiedoso ato de tirar vidas alheias e/ou de morrer. Quando mandados, atiravam-se até aos penhascos para despedaçar a própria vida. Como recompensa, o paraíso, cujo prêmio prometido é ensinado no Alcorão.

O comportamento daqueles assassinos era igual ao dos terroristas atuais como os do Hamas perpetrados no dia 07 de outubro passado. Desprezando vidas pessoais e alheias, esses homens estampam crueldades e ignomínias que estremecem, estarrecem e amedrontam qualquer pessoa decente.

Felipe VI, rei francês, no ano de 1332, programou uma cruzada com o fito de libertar Lugares Santos da Cristandade. Não imaginava encontrar assassinos como aqueles da Síria pelo caminho. Recebeu de Brocardo, missionário alemão localizado na Armênia, aterradora advertência sobre ataques sanguinários que podiam ser perpetrados por homens que empunhavam adagas e punhais sob vestes matando sem piedade os que encontrassem.

"Os Assassinos", escrevia aquele missionário ao rei, "devem ser amaldiçoados e evitados. Eles se vendem, têm sede de sangue humano, matam inocentes por dinheiro e não se importam nem um pouco com a vida ou a salvação. Como o demônio, transfiguram-se em anjos de luz, imitando os gestos, as vestes, línguas, costumes e atos de diversas nações e povos; desse modo, escondidos em pele de cordeiro, submetem-se à morte tão logo sejam reconhecidos".

Os chamados 'assassinos', dos primórdios do terrorismo islâmico, eram homens alterados e sanguinários. Segundo o historiador, Bernard Lewis, comportavam-se daquela maneira em virtude dos entorpecentes que consumiam. 'Hassi', era uma espécie de pedra resinosa seca que alterava a visão e o raciocínio de quem a ingerisse. O termo 'hassassins' (bebedores de hassis) indica, regularmente, o modo de ser e de se comportar dos submetidos ao haxixe, droga que treslouca ações e pensamentos dos seus usuários.

Os homens, portanto, não nascem assassinos. Transformam-se tais quando alteram sua natureza e sua alma. São forçosamente demolidos para serem reconstruídos de forma demoníaca. É preciso degringolar a natureza e a ordem do próprio ser para se atingir o estágio criminal. É necessário um entorpecimento da inteligência e uma catalepsia da vontade para se galgar a fé e a ação terroristas. Nenhum movimento dessa magnitude seria possível sem a prévia destruição da interioridade, sem o 'haxixe' do torpor e sem o torpor do 'haxixe'.

Portanto, o terrorismo praticado, consumido e aprovado por alucinados indica um estágio fenomenológico comportamental revelador: a degeneração nuclear da vida moral e psicológica dos seus protagonistas e defensores. Ninguém galga o terrorismo assassino sem comer a bosta do demônio que pode ser encontrada somente no inferno ideológico mais corroído da terra.

Racionalidade alguma ou motivo algum podem entender e aceitar ousadias assassinas embebidas de terrorismo que tornam alguém capaz de degolar crianças indefesas ao mesmo tempo em que festeja o próprio crime.

Unicamente seres entorpecidos podem virar do avesso a própria alma e se vergar ao torpor da corrosão mais lancinante e inimaginável.

Immanuel Kant (1724 - 1804), o mais iluminista dos filósofos modernos, pretendeu defender a moral e, ao falar do suicídio, fez referência à vida humana incivilizada. "Fomos postos neste mundo\", escreveu Kant, "sob certas condições e para propósitos específicos. Mas o suicida se opõe ao propósito do Criador; e chega ao outro mundo como alguém que desertou do posto; ele deve ser desprezado como um rebelde contra Deus. Logo que nos lembramos da verdade de que a intenção divina é preservar a vida, somos obrigados a regular nossas atividades em conformidade com isso".

Ora, se, deveras, o suicida é um desertor, então o homicida é um impostor.

Os que se retiram do jardim são desertores, os que o esmagam são impostores. Ambos, porém, agem na contramão da vontade divina e fora do lugar criatural. Se no suicídio há desistência, no homicídio há demência. A escola assassina, revolucionária e terrorista ensinou, por sua vez, que um suicida pode ser também um homicida e um homicida, um suicida. Os que matam conscientes de que podem ser mortos, são terroristas suicidas porque matam para morrer e morrem para matar. Já não lhes importa a própria vida nem a de ninguém.

É por isso que os revolucionários matam na mesma proporção e na mesma ignominiosidade dos terroristas e os terroristas matam na mesma proporção e na mesma ignominiosidade dos revolucionários. Revolucionários assassinos e assassinos revolucionários rasgam a ordem da Criação e se põem num lugar transumano.

Faltam-nos estudos para compreender os abismos morais e mentais nos quais nos encontramos. Entorpecidos assassinos rondam os ambientes culturais e educacionais com ideologias e doutrinas que legitimam até o sacrifício de inocentes, a morte de indefesos, o desaparecimento de culturas, tradições e povos. Muitos terroristas, ao serem reconhecidos, suicidam-se, porque obedecem às ordens da entorpecência, incapazes de observar a loucura em que se meteram.

"Na doutrina marxista", continua Kolakowski, "domina o espírito revolucionário: a libertação ou é total e definitiva ou não existe; não existem vias intermediárias; mediante um multiplicar-se das reformas a revolução não pode nem ser substituída nem ser realizada 'em parte': a revolução não consiste na soma das reformas... Regressões culturais determinantes não são todavia impossíveis porque não existe nenhuma lei histórica que garanta à humanidade o progresso ininterrupto: a ideia que o mundo atual seja corrupto tão radicalmente a ponto de tornar impossível qualquer melhoramento e que justamente por este motivo o mundo que a isso sucederá deva trazer consigo a perfeição absoluta e a libertação definitiva, esta ideia é uma das mais monstruosas aberrações do espírito humano: a sã razão sugere ao invés: quanto mais o mundo atual é corrupto, tanto mais longo, difícil e incerto é o caminho que o separa do agoniado reino da perfeição".

Nas veias de qualquer terrorismo, religioso ou marxista, habita, portanto, um maniqueísmo de purificação, uma ansiedade de erradicação de toda dissidência e diversidade. Sua empreitada supõe a demolição de toda moralidade, o estrangulamento de toda ordem espiritual e axiológica. Os que matam inocentes sem pestanejar, sem remorso e sem culpa, assassinaram, antes, sua própria alma.

Urge, desejava G. Chesterton, retornar às fontes sagradas da nossa existência para redescobrir a verdade segundo a qual a justiça e a salvação plena deste mundo não serão alcançadas por meio de nossas soberbas mãos. Aquele que esquecer sua condição de criatura, terminará por resvalar na demência demoníaca na qual o destino é sem retorno e o retorno é sem destino.
*       Em Santa Maria, 03/11/2023

**     O autor é professor de Filosofia

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 03 Novembro 2023

Gilberto Simões Pires

TÁTICA UTILIZADA POR JOSEPH GOEBBELS

Por incrível que possa parecer, muita gente, com enorme prazer, segue devota da velha tática, largamente utilizada pelo ministro da PROPAGANDA NAZISTA, Joseph Goebbels, que dá conta de que a -REPETIÇÃO DE MENTIRAS AUMENTAVA AS CHANCES DE CLASSIFICÁ-LAS COMO VERDADEIRAS-. 

REPETIÇÃO DE VERDADES

 

Ora, se levarmos em boa conta que a REPETIÇÃO DE MENTIRAS produz o convencimento de que venham a ser reconhecidas como VERDADES, da mesma forma há que se admitir que a REPETIÇÃO DE VERDADES oferece chances idênticas de serem entendidas, e aceitas, como algo dotado de VERACIDADE. Mais ainda quando devidamente acompanhadas de provas sobre aquilo que é dito e repetido.  

OBVIEDADES SUPREMAS

 

Mesmo levando em boa conta que OBVIEDADES SUPREMAS dispensam REPETIÇÕES, ainda assim, partindo do princípio de que a maioria dos nossos meios de comunicação são fiéis seguidores de Joseph Goebbels, aí se impõe uma necessária REPETIÇÃO daquilo que escrevi ontem, quando apontei que o CAMINHO DA PROSPERIDADE, -ECONÔMICA E SOCIAL- passa: 1- PELA REDUÇÃO DE IMPOSTOS; 2- PELA LIBERDADE ECONÔMICA; e, 3- PELO CONTROLE DO GASTO PÚBLICO, QUE POR SUA VEZ REFLETE EM JUROS MAIS BAIXOS. 

CAMINHO DO BREJO

 

Pois, tão logo publiquei o editorial de ontem, Lula, como se tivesse tomado conhecimento do conteúdo achou por bem, com absoluta certeza e convicção, apontar que sob o comando petista-comunista no Brasil a ordem única é seguir o CAMINHO DO BREJO. 

LULA SÓ PENSA NAQUILO

 

Além de confirmar que mandou às favas a ideia de DÉFICIT ZERO, Lula não escondeu que tem os OLHOS GORDOS voltados para as eleições municipais. Isto significa que não medirá esforços -FINANCEIROS- para eleger prefeitos e vereadores petistas. Para forrar o CAIXA, Lula SÓ PENSA NAQUILO, ou seja, na CRIAÇÃO DE NOVOS IMPOSTOS E/OU AUMENTO DE ALÍQUOTAS DOS JÁ EXISTENTES, visando O AUMENTO DE ARRECADAÇÃO. Tudo que define o real CAMINHO DO BREJO!

 

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