• Ipojuca Pontes
  • 04 Janeiro 2018


Sob o comando do reincidente Lula, Zé Dirceu, “capitão” petista condenado a 30 anos de cadeia por lavagem de dinheiro, corrupção e partícipe de organização criminosa (mas, por enquanto, saltitante nas baladas por obra e graça da gente amiga do STF), partiu para o ataque.

Ciente de que no Brasil tudo lhe é permitido, o agente cubano, procurando intimidar os juízes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) que julgarão recurso procrastinador do ex-presidente Lula (condenado a nove anos e meio de prisão), vociferou em calculada ira: “A hora é de ação, não de palavras. De transformar a fúria, a revolta, a indignação e mesmo o ódio em energia para a luta e o combate. Todos a Porto Alegre, no dia 24, o dia da revolta”. Vejam só a ousadia do criminoso!

Na ordem prática das coisas, o astro do mensalão quer que os bem-remunerados profissionais do MST, CUT, UNE, corporações artísticas e petistas terceirizados nas bocadas do governo, transformem as imediações do TRF-4 em praça de guerra, com muito sangue, bombas incendiárias, atos de terror e, se tudo “correr bem”, alguns cadáveres. Será, na ópera do malandro, o exercício do “quanto pior, melhor”.

Mas o problema consiste em como evitar a reação inversa de 59 % da população brasileira que exige ter Luiz Inácio, o quanto antes, por trás das grades (vide a Lei de Newton: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade” - ou maior, digo eu).

Lula é um cego moral. Sujeito ruim, irresponsável. (Vá lá, uma “jaearaca”). Para fugir da cadeia, tida como certa, chafurda histérico em cima de candidatura inviável, açulando uma massa (de manobra) inebriada pela mentira. Mas, repito: o governo Lula não é nada do que ele inventou e a mídia amestrada incensa. No livro “A Era Lula – Crônica de um desastre anunciado” (Girafa Editora, São Paulo, 2009) fiz levantamento minucioso dos dias inglórios do seu “governo socialista”, em que dava conta, entre tantas misérias, de acontecimento simbólico: a imolação do operário José de Souza, pedreiro desempregado que ateou fogo ao próprio corpo defronte ao Palácio do Planalto, sob os olhares indiferentes do “líder carismático” e sua patota.

(A propósito, neste sentido, como a denunciar a realidade vivida naqueles anos de muita propaganda enganosa e a vasta pilhagem, relatório do Banco Mundial publicado no final de 2017 dá conta de que 1/4 da população brasileira se viu reduzida à extrema pobreza, sendo que, no escopo, 22% vegetava abaixo da linha da pobreza, auferindo entre US$ 1,90 e US$ 5,5 por dia).

Nos dois mandatos de Lula foram denunciados cerca de 4.200 escândalos, entre os quais, cito de memória, as falcatruas do abominável tesoureiro petista Delúbio Soares e do corrupto Marcos Valério, as orgias do poderoso ministro Palloci, o ativismo corrupto do líder parlamentar José Genoino, o caso do AeroLula, as recepções de dólares contrabandeados de Cuba, os milhões manchados de sangue enviados pelo ditador (“amigo, irmão e líder”) Moamar Kadafi, os desvios de recursos das “parcerias (putarias) público-privadas”, o aparelhamento em massa do Estado pelas hordas do PT, as extorsões milionárias do assessor político José Waldomiro, as manobras do marqueteiro Duda Mendonça, os rombos dos sigilosos cartões corporativos, etc, etc, etc – para não mencionar o já clássico “mensalão”, prenúncio do Petrolão e da institucionalização da corrupção enquanto prática política.

Alguns observadores do imbróglio tupiniquim entendem que os três juizes do TRF-4 votarão pela condenação de Lula e, neste caso, adeus candidatura do réu já condenado. Mas outros acham que o TRF-4 o condenará por dois votos contra um, dando a Lula, assim, respaldo para que ele continue no jogo. No fundo, é tudo trololó acadêmico, pois o sr. Jararaca, perdendo por qualquer placar, vai apelar para o STF, onde conta com admiradores ferrenhos, muitos dos quais nomeados por ele próprio. (O tratamento dispensado ao agente Zé Dirceu, livre das grades, é sintomático).

Detalhe: no plano das pesquisas de intenções de votos publicadas pelo Datafolha, Lula continua na frente, congelado em 35% das intenções, enquanto Bolsonaro, em segundo lugar, não passa de 17% na preferência do eleitorado. O Datafolha, como todos sabem, pertence ao grupo da Folha de São Paulo, jornal 100% às esquerdas. Sua metodologia de amostragem é pra lá de suspeita. Em 2016, nos atos de protesto do povo contra Dilma e Lula efetuados na Av. Paulista, o Datafolha contabilizou a presença de 600 mil pessoas, enquanto o idôneo Instituto de Pesquisa StoreSmarts, por exemplo, anotou o movimento de 1.48 milhão de manifestantes. É preciso dizer mais?

Mês passada, a empresa de consultoria Big Data divulgava que 32% dos brasileiros residentes nos Estados Unidos tinham intenção de votar em Bolsonaro, enquanto Lula somava apenas 9%. Por sua vez, o Instituto Paraná, em Curitiba, informava que o petista não passava de 25% nas intenções de voto.

Moral da história: mesmo perdendo é preciso que caia sobre o costado de Lula, o Chacal, a verdade do encarceramento.

• Publicado originalmente no Diário do Poder
    

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  • General Augusto Heleno
  • 03 Janeiro 2018

 

Essa tem sido minha briga. Os brasileiros com vergonha na cara, não podem aceitar que o chefe da quadrilha, que arruinou o país, seja candidato ao mais alto cargo da República, se valendo de chicanas jurídicas. Isso é um deboche, um murro na nossa cara. Os idiotas da objetividade dizem que não há provas. Há sim, inúmeras. Basta que os magistrados de todos os níveis se tomem de um sentimento nacional e julguem, sem protelações e embargos, o que já lhes foi relatado sobre Lula e asseclas, por vários dos quadrilheiros mais notórios.

Agilizem os processos e coloquem essa máfia onde já devia estar: atrás das grades. Danem-se os prazos e os embargos. Basta que a imprensa, tão ciosa (quando lhe convém), no ataque à honra alheia, dispa-se das vestes ideológicas e assuma o papel preponderante que lhe cabe, com formadora de opinião, no extermínio dessa gangue. A mídia televisiva, precisa mostrar, exaustivamente, cara e feitos dos corruptos, independentemente de partidos políticos, cor, raça, opção sexual, condição financeira.

Vão esperar que tenham 80 anos?

Por que as delações não poupam o Molusco? Traição coletiva ao amado chefe? Não seria mais inteligente poupá-lo e investir no carisma de bandido que, segundo seus adoradores, vai reconduzi-lo à presidência da República?

A família, os filhos, os verdadeiros amigos lhes cobram um mínimo de dignidade, que reduza, senão as penas, pelo menos o inferno em que mergulham ao fazerem um exame de consciência.

Não está em jogo esquerda, centro ou direita, estatismo ou liberalismo, presidencialismo ou parlamentarismo. Trata-se da sobrevivência do Brasil, que anunciado muito tempo como o País do porvir, transformou-se em uma multidão angustiada, face ao triste futuro que se desenha no horizonte, se essa corja se mantiver no poder.

• Publicado originalmente no Diário do Poder
 

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  • Alexandre Garcia
  • 02 Janeiro 2018

 

 Em três semanas, o Tribunal Regional Federal em Porto Alegre vai julgar o recurso do ex-presidente Lula, contra a sentença de 9 anos e meio de prisão por receber, como propina da OAS, o triplex de Guarujá. Nunca antes na História deste país um condenado que se diz inocente quis retardar o julgamento de seu recurso no tribunal revisor. Lula e os seus seguidores reclamam do que consideram rapidez da Justiça. Isso significa que eles têm a expectativa de confirmação da culpa do condenado. Se for absolvido, vai ser surpresa. Se for condenado, se torna inelegível, pois a Lei da Ficha Limpa diz que o condenado em colegiado - no caso o trio de desembargadores - não pode obter registro como candidato. Também fica sujeito à prisão, para dar inicio ao cumprimento da pena, ainda que recorra ao Tribunal Superior de Justiça.

 Enquanto estiver livre, nada impede que se mantenha em campanha eleitoral, ainda que condenado. E quando chegar o prazo de registro de candidaturas, pode indicar alguém para assumir a candidatura em seu nome, como fez com Dilma. Afinal, Lula lidera todas as pesquisas para presidente. No passado, elegeu Haddad prefeito de São Paulo, mas na última eleição municipal, não conseguiu eleger prefeitos de capital nem no Nordeste. Só o PT do Acre, com suas particularidades positivas, elegeu o prefeito da capital. Por isso, o partido aguarda a decisão do Tribunal de Porto Alegre, para buscar alguém que vá além de poste, para ter Lula como cabo eleitoral, caso confirmada a condenação. Se for absolvido, Lula será o candidato do PT, mais uma vez, ainda que tenha sido denunciado nove vezes e seja réu em seis processos.

 As pesquisas que mostram Lula na liderança usam nomes que necessariamente podem não ser candidatos de fato. Vai depender das decisões de seus partidos. O IBOPE mostra Lula e Bolsonaro no segundo turno e cerca de 25% entre indecisos, brancos e nulos. O DATAFOLHA e outros trabalham com 10 nomes. O Instituto Paraná apura que 47% pretendem anular ou votar em branco - o que, somado à tradicional abstenção, pode chegar a dois terços do eleitorado. Em geral, os políticos estão em baixa e os partidos terão que administrar isso, oferecendo candidatos compatíveis com a exigência de honestidade e competência.

 O excelente articulista Percival Puggina sugere que escolhamos candidato imaginando quais deles convidaríamos para compartilhar um jantar em nosso lar. A algum deles você confiaria a gerência de sua microempresa familiar? - pergunta Puggina. Pelo nível geral do eleitorado, o candidato, por mais qualidades que tenha, sabe que se não for um demagogo populista, tem pouca chance. Além disso, presidente sozinho é uma andorinha que não faz verão. Presidente depende do Congresso, e Temer sabe disso pois se salvou de Joesley-Janot; Lula sabe disso quando seu mandato passou incólume pelo Mensalão. Também sabem disso Jânio Quadros, Collor e Dilma, que ficaram sem a presidência quando precisaram do Congresso. Por isso, não adianta um bom presidente sem que elejamos também bons deputados e senadores.

Nota do Editor: Distinguido, agradeço a gentil referência feita a mim pelo eminente jornalista e estimado amigo.
 

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  • Olavo de Carvalho
  • 02 Janeiro 2018

 

Os apóstolos do Estado nacional, que espumam de indignação patriótica à simples idéia de privatizar alguma empresa estatal, tornam-se de repente globalistas assanhados quando um poder supranacional vem defender os interesses deles contra os interesses da pátria.

Essa conduta é tão repetida e uniforme que só um perfeito idiota não perceberia nela um padrão, e por trás do padrão uma estratégia. Desde logo, “a pátria” que eles celebram se constitui exclusivamente de estatais, onde têm sua base de operações e de onde dominam não somente uma boa fatia do Estado, mas também os sindicatos de funcionários públicos e seus monumentais fundos de pensão.

Defendendo sua toca com a ferocidade de javalis acuados, desprezam tudo o mais que compõe a noção de “pátria” e não se inibem de colocar-se a serviço de ONGs e governos estrangeiros quando atacam as instituições nacionais, desmoralizam as Forças Armadas, desmembram o território brasileiro em “nações indígenas” independentes, impõem normas à educação de nossas crianças, fomentam conflitos raciais para destruir o senso de unidade nacional e, em suma, arrebentam com tudo o que constitui e define a essência mesma da nacionalidade. Da pátria, só uma coisa lhes interessa: o dinheiro e o poder que lhes vêm das estatais.

Em segundo lugar, o nacionalismo que ostentam é de um tipo peculiar, desde o ponto de vista ideológico. É um nacionalismo seletivo e negativo, que enfatiza menos o apego aos valores nacionais do que a ojeriza ao estrangeiro – e mesmo assim não ao estrangeiro em geral, como seria próprio da xenofobia ordinária, mas a um estrangeiro em particular: o americano.

Assim, por exemplo, não sentem a menor dor na consciência quando, sob o pretexto imbecil de que toda norma gramatical é imposição ideológica das classes dominantes, demolem a língua portuguesa e acabam suprimindo do idioma duas pessoas verbais (mutilação inédita na história lingüística do Ocidente); mas, ante o simples ingresso de palavras inglesas no vocabulário – um processo normal de assimilação que jamais prejudicou idioma nenhum, e que aliás é mais intenso no inglês do que no português –, saltam ao palanque, com os olhos vidrados de cólera, para denunciar o “imperialismo cultural”.

Ser nacionalista, para essa gente, não é amar o que é brasileiro: é apenas odiar o americano um pouco mais do que se odeia o nacional. Mas, para cúmulo de hipocrisia, seu alegado antiamericanismo não os impede de celebrar o intervencionismo ianque quando lhes convém, por exemplo quando ajudam alegremente a desmoralizar a cultura miscigenada que constitui o cerne mesmo do estilo brasileiro de viver e lutam para impor entre nós a política americana das quotas raciais, em consonância com as campanhas milionárias subsidiadas pelas fundações Ford e Rockefeller.

Do mesmo modo, seu antiamericanismo fecha os olhos à entrada de novos códigos morais – feministas e abortistas, por exemplo – improvisados em laboratórios americanos de engenharia social com a finalidade precisa de destruir os obstáculos culturais ao advento da nova civilização globalista.

Redução do nacionalismo à defesa das estatais, substituição do antiamericanismo ao patriotismo positivo, adesão oportunista ao que é americano quando favorece a esquerda: desafio qualquer um a provar que a conduta constante e sistemática da chamada “esquerda nacionalista” não tem sido exatamente essa que aqui descrevo, definida por esses três pontos.

Nunca, na História, houve patriotas a quem se aplicasse tão exatamente, tão literalmente e com tanta justiça a observação de Samuel Johnson, de que o patriotismo é o último refúgio dos canalhas.

• Publicado originalmente na Época, 26 de maio de 2001
 

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  • José Nêumanne
  • 01 Janeiro 2018

 

Sabe aquele truque do punguista que bate a carteira do transeunte incauto e, antes que ele reaja, sai correndo e gritando “pega ladrão” pela rua acima? Pois é esse exatamente o golpe com que o Partido dos Trabalhadores (PT) enfrenta a pendenga judicial protagonizada pelo seu primeiro, único e eterno candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aiatolula para seus devotos, Lulinha paz e amor para os que por ele se deixam enganar. Primeiro, eles gritam “golpe!”, como gritaram quando Dilma Tatibitate Rousseff foi derrubada pelas próprias peraltices, anunciando que disputar voto sem ele na cédula não é eleição, é perseguição. Depois saem correndo atrás do prejuízo... dos outros.

A narrativa desse golpe, que eles tratam como se fosse um contragolpe, é a de que seu plano A a Z de poder tem sido acusado, denunciado e condenado e está agora à espera de uma provável, embora ainda eventual, confirmação da condenação em segunda instância. No caso, a Polícia Federal atuaria como se fosse um bate-pau de coronéis da política, que não querem ver o chefão de volta ao poder para desgraçar o Brasil de vez, depois do desastre que produziu a distribuição igualitária do desemprego dos trabalhadores e da quebradeira dos empresários, esta nossa isonomia cruel. O Ministério Público Federal seria um valhacouto de pistoleiros dos donos do poder. E os juízes que condenam, meros paus-mandados de imperialistas e entreguistas. Quem vai com a farinha da lógica volta com o pirão da mistificação: é tudo perseguição.

Talvez seja o caso, então, de lembrar que nem isso é original. Aqui mais uma vez o PT pavloviano que baba quando o padim fala recorre à filosofia do velho prussiano Friedrich Nietzsche proclamando o eterno retorno. Não queriam refundar o PT depois do assalto geral aos cofres da República? Pois muito bem, lá vão voltando os petistas às suas origens nos estertores da ditadura. Naquele tempo, os grupos fundidos hesitavam entre a revolução armada e a urna. Optaram pela paz e prosperaram.

Os guerrilheiros desarmados à custa de sangue, tortura e lágrimas voltaram do exílio convencidos de que só venceriam se assumissem o comando de um partido de massas. E o ideal para isso seria empregar o charme dos operários do moderno enclave metalúrgico do ABC. Lula, que desprezava os filhinhos de papai do estudantado e os clérigos progressistas, aceitou o papel que lhe cabia de chefe dos desunidos e então reagrupados. Afinal, sua resistência à volta dos ex-armados era só uma: queria dar ordens, nunca seguir instruções. E deixou isso claro a Cláudio Lembo, presidente do PDS paulista e emissário do general Golbery do Couto e Silva enviado a São Bernardo para convencê-lo a apoiar a anistia.

A conquista da máquina pública não derramou sangue dos militantes, que avançaram com sofreguidão sobre os cofres da viúva e os dilapidaram sem dó. Viraram pregoeiros do melhor e mais seguro negócio do mundo: ganhar bilhões sem arriscar a vida, como os traficantes do morro, demandando apenas os sufrágios dos iludidos. A desprezada e velha democracia burguesa virou um pregão de ocasião: só o voto vale. A eleição é a única fonte legítima do poder. Os outros pressupostos do Estado democrático – igualdade de direitos, equilíbrio e autonomia dos Poderes, impessoalidade das instituições – foram esmagados sob o neopragmatismo dos curandeiros de palanque.

A polícia, o Ministério Público e a Justiça tornaram-se meros (e nada míseros!) coadjuvantes da sociedade da imunidade que virou impunidade. A lei – ora, a lei... – é só pretexto. Agora, por exemplo, a Lei da Ficha Limpa, de iniciativa popular, é um obstáculo que, se condenado na segunda instância, Lula espera ultrapassar sem recorrer mais apenas às chicanas de hábito, mas também à guerrilha dos recursos. Estes abundam, garantem Joaquim Falcão e Luiz Flávio Gomes, respeitáveis especialistas.

Não importa que a alimária claudique, eles almejam mesmo é acicatá-la. Formados no desprezo à democracia dos barões sem terra e dos comerciantes sem títulos dos séculos 12 e 18, os lulistas contemporâneos consideram o voto, que apregoam como condão, apenas um instrumento da chegada ao poder e de sua manutenção – como a guilhotina e a Kalashnikov. José Dirceu, que não foi perdoado por ter delinquido cumprindo pena pelo mensalão, ganhou o direito de sambar de tornozeleira na mansão, conquistada com o suor de seus dedos, por três votos misericordiosos. Dias Toffoli fora seu subordinado. Ricardo Lewandowski criou a personagem Dilma Merendeira. E Gilmar Mendes entrou nessa associação de petistas juramentados como J. Pinto Fernandes, o fecho inesperado do poema Quadrilha, que não se perca pelo título, de Carlos Drummond de Andrade. Celso de Mello e Edson Fachin foram vencidos.

Na semana passada, o ex-guerrilheiro, ex-deputado e ex-ministro estreou coluna semanal no site Nocaute, pertencente ao escritor Fernando Moraes, conhecido beija-dólmã do comandante Castro. Na primeira colaboração, Dirceu convocou uma mobilização nacional no próximo dia 24 de janeiro, em defesa dos direitos do ex-presidente Lula, “seja diante do TRF-4, em Porto Alegre, seja nas sedes regionais do Tribunal Regional Federal” (sic). O post, com o perdão pelo anglicismo insubstituível, é a síntese da campanha que atropela o Código Penal e a Lei da Ficha Limpa, apelando para disparos retóricos e balbúrdia nas ruas, à falta de argumentos jurídicos respeitáveis. Nada que surpreenda no PT, cujo passado revolucionário sempre espreitou para ser usado na hora que lhe conviesse. E a hora é esta.

O voto é apenas lorota de acalentar bovino. Estamos com a lei e o voto, que já lhes faltou no ano passado e dificilmente será pródigo no ano que vem. Mas não podemos vivenciar a fábula A Revolução dos Bichos, de Orwell. Pois o papel de ruminantes é o que nos destinaram. Só nos resta recusá-lo.

*Jornalista
** Publicado originalmente no Estadão
 

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  • Alexandre Garcia
  • 30 Dezembro 2017



Aqui no Brasil estão soltando condenados, inclusive os por corrupção, pelo generoso indulto de Natal; há o festivo saidão natalino e de Ano-Novo, enquanto o Supremo alivia prisões cautelares de corruptos. No indulto, um ladrão de automóveis sem reincidência, condenado a 12 anos, pode sair depois de dois anos e 5 meses, pelos meus cálculos. No país em que o número de policiais-militares mortos este ano no Rio de Janeiro, chega a 132, enquanto escrevo estas linhas. No hemisfério norte, semana passada, um tribunal de Nova Iorque condenou à prisão perpétua, sem direito a saidões, indultos, progressão de pena ou liberdade condicional, o matador de um policial. Ao pronunciar a sentença, o juiz disse:

Pelo assassinato do policial Brian, que estava em serviço, a sentença do tribunal é prisão perpétua. Toda a vida, sem liberdade condicional. Para tornar mais simples para o seu cérebro comprometido, você vai morrer na prisão. Nunca mais irá respirar ar puro fora do aço e do concreto de uma prisão do Estado de Nova Iorque. Essas sentenças são aplicadas juntas, consecutivas com cada uma. Em adição aos 300 dólares de sobretaxa obrigatória, uma taxa de 25 dólares para o sistema de assistência às vitimas de crimes, uma taxa de 50 dólares de registro de DNA, todas a serem pagas pelo condenado. Cientifico seu advogado do direito de recorrer e de tirar sua cara com esse sorriso cínico fora deste Tribunal.

É assim que a maior democracia do planeta trata matadores de policiais. A notícia do crime explica que fora o segundo assassinato de um policial no semestre. Aqui, com a corrupção institucionalizada no topo, os jovens de periferia são mais atraídos para o crime - sempre com a droga como eixo. A imagem de mais de 50 milhões do dinheiro de Geddel fala por si, sobre a corrupção generalizada. Crimes políticos que se entrelaçam com o crime comum. Violência no campo, invasões, depredações, toleradas por razões ideológicas, se equiparam aos assaltos nas estradas e nas cidades. Mentiras jogadas ao léu por políticos equiparam-se às balas “perdidas” em letalidade da cidadania. Assim, matar policiais é matar as leis.

Assim como desarmaram os cidadãos, emasculando o Direito de Defesa, armam mal os policiais, privam de proteção maior os que estão no front, enfrentando bandidos bem armados com fuzis modernos, recém-contrabandeados. As viaturas da polícia são de dar pena, como se o Brasil não pudesse fazer um bom acordo antidroga com os Estados Unidos, em troca de carros poderosos, blindados, potentes, estáveis, de tração integral, para perseguir os que assaltam - e encarceram a população atrás das grades de seus lares. Quando o policial Brian foi morto em Nova Iorque, a porta de sua casa ficou cheia de flores; o prefeito visitou a família; as honras fúnebres foram de herói; o condenado pagou uma taxa para o fundo de assistência às vítimas. Por aqui, os valores estão invertidos.

 

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