• Mateus Bandeira
  • 11 Janeiro 2018

 

 A conhecida imagem do copo meio cheio, meio vazio pode ser a melhor representação de 2017. Dependendo do observador, foi o ano do recomeço. Ou do aprofundamento da crise.

 Certo é que a tragédia brasileira não foi gestada por alienígenas. Resultou da soma de uma tremenda imperícia administrativa, um voluntarismo econômico irresponsável e um acirramento político que, de tempos em tempos, sacode o Brasil.

 Do segundo trimestre de 2014 até o final de 2016 regredimos 8,2%. Por detrás do torvelinho que esmigalhou nosso PIB, a vida real produziu mais de 13 milhões de desempregados e quebradeira empresarial sem precedentes.

 Inflação baixa, juros em queda, estatais em processo de saneamento animam. Dívida mobiliária ascendente e desequilíbrio fiscal rumo ao sufocamento orçamentário desalentam.

 Ainda que oscilante, há uma chama de esperança para 2018 que pode ser avistada em tímidos, porém, importantes indicadores. O emprego começou a voltar, os investimentos passaram a ser desembrulhados como num prenúncio natalino.

Opção pelo atraso

 Chegamos aonde chegamos porque nossos governantes, eleitos pelos brasileiros, escarneceram de lições econômicas consagradas. Lastreados em partidos carcomidos pela corrupção, perseveraram (perseveram) em desenterrar cânones desgastados.

 Em vez de usar como molde países com desenvolvimento social consolidado, buscaram o padrão dos que fracassaram. Defenderam que toda a salvação vem do Estado forte, sufocaram o direito individual de acertar e errar, bloquearam a livre iniciativa.

 Equilíbrio fiscal não existe como bibelô a enfeitar a mesa do ministro da Fazenda. Ele é o caminho seguro e retilíneo dos investimentos indispensáveis em saúde, educação e infraestrutura.

 Dogmas políticos bagunçam a gestão pública. Economia em frangalhos acirra a luta política. Ambos se retroalimentam.

 O retrocesso que vivemos tornou-se mais agudo diante da grandiosidade da corrosão partidária revelada pela Lava-Jato. A corrupção não era apenas mais uma característica do meio político como se presumia, mas a razão da existência de siglas concebidas para roubar.

 O contraponto ao desânimo é a lei que, aos poucos, começa a ser aplicada para antes poderosos intocáveis. A corrupção revelou-se como uma infestação de ratazanas. Desta vez, porém, o raticida foi aplicado com inédita eficiência.

A escolha do futuro é nossa

 Se nos propusermos a olhar a crise com equidistância veremos que a economia melhora lentamente. Ao mesmo tempo, constataremos que nosso recrudescente voo de galinha não alçará ares mais altos se reformas imprescindíveis, com a previdenciária e a tributária, não forem encaradas com um mínimo de desapego ideológico.

 A política, cujo lado podre foi desnudado como nunca, pode degenerar numa nova leva de aproveitadores e ladrões. Pode, por outro lado, dar espaço a um modo novo de encarar a vida pública.

 O copo não vai (e não deve) encher de vereda. Se quisermos alcançar o desenvolvimento sustentável, a igualdade de oportunidades e a fraternidade que uma nação precisa para avançar precisaremos ter a paciência e a persistência de ver gota a gota a água do copo chegar à borda.

 Ao chegarmos a 2018, ano da maioridade do século 21, precisamos deixar o século 20 nos livros de história. Nossa principal resolução de Ano Novo deve ser apoiar as mudanças estruturais que alicerçarão nosso futuro, passo decisivo e imprescindível para conquistarmos uma economia saudável, caminho para o progresso e a prosperidade.

 Escolher quem serão os timoneiros dos novos tempos é tarefa intransferível da cidadania. As escolhas que faremos em 2018 vão indicar a senda do retrocesso ou a do crescimento.

 Mostrarão, enfim, se aprendemos com os erros do passado. Revelarão nossa opção entre a velha e a nova política, entre o velho e o novo Brasil. Como de outras vezes, a escolha será nossa.

* Foi CEO da Falconi, presidente do Banrisul e secretário de Planejamento do RS
 

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  • Cristian Derosa
  • 10 Janeiro 2018

 

A morte e esquartejamento de duas crianças devido um ritual satânico, em Novo Hamburgo (RS), está gerando polêmica nas redes sociais e na região. Os acusados já foram presos e são conhecidos praticantes de magia negra. O templo em que ocorreu o ritual fica em uma região afastada da cidade de Gravataí, zona metropolitana de Porto Alegre. Outros templos podem ser vistos na rua principal da cidade (foto), onde são contratados rituais como o que vitimou as crianças, para o qual o contratante pagou R$ 25 mil para ter prosperidade imobiliária.

A questão levantou certa indignação na população e nas redes sociais e a associação com terreiros de Umbanda fez com que líderes de terreiros temessem ataques e represálias. Da mesma forma, praticantes de magia reivindicaram certa “isenção” sobre o assunto, alertando que suas práticas de magia não incluem sacrifícios humanos.

Um dos principais porta-vozes da “alta magia” no Rio Grande do Sul é Antônio Augusto Fagundes Filho, conhecido com Mago Fagundes. Trata-se de um dos filho do lendário tradicionalista e poeta gaúcho Nico Fagundes, falecido em 2015. Ele é autor do Livro dos Demônios, em que descreve diabos e os modos de se defender deles. “Os autênticos satanistas, de alto nível cultural e mágico, não precisam de sacrifício humano. Nem de animais. Magia é para ter saúde, felicidade e ficar livre de influências externas”, alerta o bruxo.

Líderes de terreiros de religiões de matriz africana e espírita estão preocupados com ataques e discursos de ódio nas redes sociais, associando-os ao culto ao demônio, coisa que, segundo eles, nada tem de verdadeiro.

A evolução dos debates públicos respeitam, coincidentemente ou não, as etapas de um processo persuasivo de convencimento e modificação da opinião pública. Assim como a “Janela de Overton”, na qual uma proposta é colocada à sociedade por meio de seu aspecto mais aceitável até produzir a aceitação completa, também a teoria do agendamento (agenda setting) demonstra que quando ativistas de uma causa não conseguem mudar nossa opinião, eles simplesmente fazem com que falemos do assunto. A opinião, gradativamente, vai caminhando para o estágio desejado por um processo dialético natural.

As drogas surgiram com a campanha anti-drogas, que era a maneira como a população compreende o assunto e pode debatê-lo. O drogado passou de vagabundo para doente, mediante uma real distinção existente, mas que tem o objetivo de servir aos seus abusos. Da mesma forma, o homossexualismo, a pedofilia. Antigamente, homossexuais eram invariavelmente associados a abusos sexuais de menores. Reforçando a forma como era praticado entre adultos independentes, ganhou status de opção sexual. Da mesma forma, a pedofilia, hoje, ganha status de uma orientação, ainda que doentia. Mas os pedófilos já não são necessariamente um caso de polícia, e sim de saúde.

Agora é a vez do satanismo, adornado pela imagem de estudiosos interessados em ciências secretas, como Antônio Augusto Fagundes, filho de folclorista gaúcho, representa bem a elite midiática do estado gaúcho, da RBS, para quem dá consultorias espirituais para suas produções, como no caso de um documentário sobre a Revolução Federalista, filmado na Ilha de Anhatomirim, em Florianópolis (outro ponto de encontro práticas esotéricas), para o qual foi feito um ritual para consultar almas de maragatos mortos. No dia seguinte, conta-se, o mar estava tão revolto que quase não conseguiram partir da ilha.
* * *
De acordo com a mídia, o verdadeiro pedófilo não abusa de crianças, apenas gosta de criancinhas. Agora sabemos também que o verdadeiro satanista é bonzinho e não faz sacrifícios humanos, apenas adora Satã. Logo saberemos que o verdadeiro assassino não mata pessoas, mas apenas sente vontade, o que é culpa da sociedade.

Links:
https://is.gd/jdqB6d
https://is.gd/sQEsiM
Cristian Derosa é jornalista e autor do livro ‘A Transformação Social – Como a Mídia de Massa se Transformou numa Máquina de Propaganda’.
http://estudosnacionais.com

* Publicado originalmente em midiasemmascara.org

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  • Gilberto Simões Pires em Ponto Crítico
  • 09 Janeiro 2018

 

Com a aproximação do dia 24 (pouco mais de duas semanas), data marcada para o julgamento do maior bandido e mentiroso do planeta, na sede do TRF4 -Justiça Federal da 4ª Região-, em Porto Alegre, vejo que o clima de expectativa se iguala a uma final de Copa do Mundo.

RUIDOSAS MANIFESTAÇÕES
Esta forma de comparação me parece muito apropriada porque o grande evento, ainda que seja um julgamento, terá como palco de observação as ruas de Porto Alegre, notadamente aquelas mais próximas da sede do TRF4, onde duas torcidas antecipam que lá estarão prometendo ruidosas manifestações.

TORCIDAS
Se a torcida que quer a ABSOLVIÇÃO do bandido é bem menos numerosa do que aquela que exige a CONDENAÇÃO, uma coisa é inegável: a primeira, por ser formada e liderada por sindicatos e corporações de esquerda, ganha maior destaque pelo prazer de se manifestar com atos de vandalismo e/ou aplicação da violência como forma de intimidação da arbitragem visando obter um resultado a seu favor.

PAPEL DO ÁRBITRO
Já a grande torcida PRÓ-CONDENAÇÃO do bandido, formada pela maioria dos cidadãos brasileiros, que acreditam no bom funcionamento das instituições, exige que os julgadores (árbitros) conduzam os trabalhos aplicando tão somente a lei.

JOGO ELEITORAL
Ora, só pelas faltas gravíssimas cometidas pelo bandido, já devidamente reveladas no primeiro tempo do jogo, conduzido de forma magistral (com perdão da redundância) pelo juiz (árbitro) Sérgio Moro, os amantes da JUSTIÇA esperam que os árbitros do TRF4 não só expulsem, definitivamente, o bandido do JOGO ELEITORAL como, principalmente, coloquem o tipo atrás das grades.

O PAU VAI COMER
Enquanto o Brasil inteiro aguarda a data de DECISÃO, o que mais se vê é o péssimo comportamento anunciado, claramente, pela TORCIDA PRÓ-ABSOLVIÇÃO DO BANDIDO. Além de prometer uma forte ocupação das ruas de Porto Alegre a partir do final de semana que antecede o dia 24, inviabilizando por completo o trânsito na Capital do RS, a turma dos Vândalos não esconde que o PAU VAI COMER.
O curioso é que o governo do RS, através do péssimo Secretário Cézar Schirmer, não vê problema algum nas manifestações prometidas. Pode?
 

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  • Olavo de Carvalho
  • 09 Janeiro 2018

 

Quando falo em "mentalidade revolucionária", não me refiro só aos revolucionários ex professo, mas a uma certa estrutura de percepção que pode estar presente em indivíduos alheios à atividade política. Um de seus traços característicos é o pseudoprofetismo: o sujeito se imagina o portador de um novo mundo – que pode ser um novo mundo científico, artístico, moral, religioso, político ou tudo isso ao mesmo tempo – e tão inebriado fica ante a visão desse futuro brilhante que sua percepção da vida atual se torna deformada, grotesca e, no sentido mais radical e absoluto, falsa.

A mentira e o fingimento, que a humanidade normal usa como expedientes ocasionais e momentâneos, são no revolucionário a base constante da sua visão de si mesmo e do universo. Eu usaria a palavra "histeria" para descrever esse quadro, se ele não fosse compatível com uma conduta externa aparentemente normal em tudo quanto esteja fora da área de atuação específica do indivíduo. Quando René Descartes, nas Meditações de Filosofia Primeira, confunde o seu eu temporal concreto com a ideia universal do eu cognoscente e passa de um ao outro sem perceber que toma como narrativa autobiográfica o que é mera análise lógica de um conceito abstrato, isso é evidentemente um sintoma histérico, embora na vida diária o filósofo não desse o menor indício de histeria. Talvez "histeria intelectual" seja o termo. E histeria significa deixar-se arrebatar pelo próprio fingimento ao ponto de acreditar nele piamente.

No revolucionário político, o fingimento exerce por isso mesmo uma função totalmente diversa daquela que tem nos políticos normais. Estes mentem quando lhes interessa, com a parcimônia necessária a manter um controle razoável da própria encenação. Suas mentiras são conscientes e refletidas, compatíveis com o realismo mais grosso e saudável. O revolucionário, como mede a vida presente com a régua do futuro maravilhoso que imagina personificar, simplesmente não pode enxergar as coisas como são. Ele tem de falsificar tudo para que os méritos hipotéticos da sociedade prometida sejam tomados como virtudes atuais da sua própria pessoa e do seu partido. A mentira do político comum é instrumental e pontual, a do revolucionário é estrutural, permanente e expansiva: não podendo dosar conscientemente a mentira e a verdade, ele tem de destruir no público mesmo a capacidade de fazer essa distinção. Daí a "revolução cultural", o desmantelamento sistemático da inteligência popular.

Quando o sr. Luís Inácio posa de nacionalista durão ao proclamar que "a Amazônia tem dono" e poucas horas depois abre o território amazônico à cobiça internacional como quem anuncia um loteamento, o contraste é tão ostensivo, tão obviamente escandaloso, que a hipótese do fingimento instrumental tem de ser afastada in limine. O sr. Luís Inácio não é idiota ao ponto de pensar que pode enganar alguém com uma mentira tão patente. Mas é louco o bastante para deixar-se enganar ele mesmo por ela, acreditando que o entreguismo, se praticado por um representante autorizado do futuro beatífico, se torna instantaneamente uma espécie de amor à pátria. Transfigurada pelo pseudoprofetismo, a contradição vira identidade, e honny soit qui mal y pense.

Longe de camuflar o abismo entre suas palavras e seus atos, o revolucionário o exibe com uma candura estupefaciente, que desarma o espectador. Ele não quer propriamente enganar o público. Quer estupidificá-lo para que viva em estado de engano permanente, como aliás ele próprio.

• Publicado originalmente no Jornal do Brasil, 27 de setembro de 2007

 

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  • Marcelo Aiquel
  • 08 Janeiro 2018

 

         O artigo de hoje tem tudo a ver com a advocacia (profissão que abracei há mais de 40 anos), e também com a ética e com a responsabilidade.

         Refleti sobre isto ao escutar as notícias do julgamento do recurso do réu Lula da Silva, ocasião em que alguns irresponsáveis simpatizantes do ex-presidente ameaçam promover uma "invasão, para botar fogo" em Porto Alegre no próximo dia 24, a fim de "pressionar" os desembargadores julgadores que examinarão o apelo interposto perante o TRF4, cuja sede fica na Capital do RS.

         Eles, os simpatizantes do réu, estão todos completamente iludidos pelas declarações públicas dos advogados do réu, que insistem em repetir as mesmas frases feitas, no sentido de vitimizar seu cliente.

         Mas, não pretendo espancar a ética e cometer a indelicadeza de atacar a defesa do réu, apesar de discordar frontalmente da linha de atuação escolhida. Também, porque sei o quanto é penoso, para um operador do direito, defender uma causa cujas evidências apontam para uma condenação. Os advogados especializados na área criminal, no entanto, enfrentam tais percalços com certa frequência, e não serei eu quem irá criticar esta postura.

         Quanto ao que se conhece através das notícias e entrevistas, do processo que vai ser julgado, passo a comentar – com a ressalva relevante e responsável do desconhecimento dos autos (li apenas a sentença e o recurso do réu – publicadas na íntegra pela mídia) – um fato que reputo muito importante:
Divulgou-se que os advogados do réu ingressaram com um pedido para que o requerente/réu fossenovamente inquirido (prestasse novo depoimento) no Tribunal Regional Federal da 4ª região.

Foi, sem dúvida alguma, uma "jogada de efeito" visando iludir aos menos ilustrados, pois, quem conhece a cultura jurídica, sabe tratar-se de uma estratégia voltada a enganar os simpatizantes e conceder "ares de perseguição" do judiciário ao seu malvado preferido.

         Ora, mesmo não sendo expert em processo penal, uma rápida consulta ao texto do Código de Processo Penal (CPP), na doutrina e jurisprudência específica, permite demonstrar o quão esdrúxulo foi tal pedido.

         Conclui-se, após este breve estudo, que nenhuma das hipóteses previstas para o deferimento do citado requerimento existe, in casu. São elas (elencadas sem ordem de importância): cerceamento de defesa; falha processual na coleta desta prova; coação ao réu, no ato; pobreza do depoimento, sem nenhum conteúdo e pouco esclarecedor; a retratação do réu – em caso de confissão...

            Esta reinquirição deve ser requerida pelo julgador não convencido dos argumentos da sentença recorrida; ou pela parte; sempre com fundamento legal e com base em alguma das hipóteses citadas acima. Que somente existem hoje na mente distorcida dos fanáticos lulopetistas.

         O Código de Processo Penal prevê – inclusive – a possibilidade do réu silenciar ao ser inquirido pelo magistrado, sem que isto conduza à confissão.

         Ademais, todo o país assistiu a empáfia do réu Lula da Silva em seu depoimento, querendo transparecer tranquilidade e portando-se como quem adentra a um picadeiro. Só faltou o réu levar uma lona para cobrir a sala de audiências.

         Agora, na desesperança de conseguir algum sucesso perante o TRF4, tentam – o réu e seus defensores – criar factoides visando "comover" a opinião pública.

Enquanto o réu destila ódio e incita seus militantes capachos a "invadirem" P. Alegre (trazendo junto os amestrados guerrilheiros do "General Stédile") para lutar (?) contra uma nova condenação do chefão, os seus advogados empilham pedidos sem fundamento para confundir a cabeça dos simpatizantes.

Afinal, o papel aceita tudo!

Não fosse assim, desnecessário seria o papel higiênico.

* Marcelo Aiquel é advogado
 

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  • Luiz Felipe Pondé
  • 08 Janeiro 2018

 

E se Lula ganhar as eleições em 2018? O Brasil terá um retrocesso ao paleolítico - sem querer ofender nossos ancestrais.

Sei que inteligentinhos dirão: pelo contrário, as populações mais pobres voltarão a comprar TVs e carros. E eu direi: a bolsa fome é a grande miséria que alimenta o PT e seus associados.

Nelson Rodrigues dizia que, no dia em que acabasse a pobreza do Nordeste, dom Helder, o arcebispo vermelho, perderia sua razão de existir. Por isso, ele e a miséria do Nordeste andavam de mãos dadas.

O truque do PT e associados é o mesmo: destruir a economia, acuar o mercado, alimentar uma parceria com os bilionários oligopolistas a fim de manter o país miserável e, assim, garantir seu curral eleitoral.

Como o velho coronelismo nordestino - conheço bem a região: sou nascido no Recife e vivi muitos anos na Bahia -, o PT e associados têm na miséria e na dependência da população seu capital.

Mas quero falar de outras dimensões da tragédia que nos cerca caso o PT retome o poder.

Desta vez, o projeto "a Venezuela é aqui" se organizará de forma mais concreta.

O Poder Judiciário, já em grande parte na mão da "malta" do PT, servirá ao partido de forma sincera e submissa, destruindo a autonomia da Justiça. Esse processo já está em curso, mas foi, temporariamente, barrado pelo percalço do impeachment e de alguns poucos setores não petistas do Poder Judiciário.

O Legislativo se acomodará, como sempre, a quem manda.

O mercado também se acomodará, servindo, de novo, ao coronel Lula ou a algum genérico que o represente. Eliminarão qualquer elo na sua cadeia produtiva que suje seu nome - da empresa, quero dizer, junto à Nomenclatura.

Quanto à inteligência pública, essa será devastada.

Perda de empregos, contratos, espaços nos veículos, com a bênção da quase totalidade das Redações e editorias. Se não apenas para eles mesmos não perderem empregos, contratos e espaços, também, e principalmente, porque a quase totalidade das Redações e editorias são petistas ou similares.

Nas universidades e nas escolas, a festa. Reforço absoluto da patrulha ideológica de forma orgânica, com apoio da Capes e de sua plataforma Sucupira.

As universidades, entidades quase absolutamente monolíticas e autoritárias, celebrarão a queima total de seus adversários internos e externos. Os alunos, coitados, ou aderirão à retomada vingativa do poder por parte do PT, ou perderão bolsas, vagas e carreiras.

E chegará a vez de as Forças Armadas também serem cooptadas pela hegemonia petista. Uma vez cooptada, como na Venezuela, a regressão ao paleolítico estará plenamente realizada.

O controle da mídia, em nome da "democracia", implicará o silêncio imposto a todos que quiserem pagar suas contas.

A classe artística fará festivais para comemorar o retorno ao poder dos "progressistas" que dão dinheiro para eles gastarem até acabar.

E, quando o dinheiro acabar, como acabou no Dilma 2, os "progressistas" sairão do poder, darão um tempo para os "conservadores" fazerem o trabalho sujo de reorganizar a economia e, quando a casa estiver um pouco mais organizada, voltarão ao poder para gastar tudo de novo.

Vivemos duas formas de hegemonia do PT e associados no Brasil: a hegemonia da miséria e do discurso populista de cuidado com ela e a hegemonia do pensamento público e de suas instituições.

A diferença entre o PT de antes do impeachment e o PT de agora será que antes ele ainda fazia pose de defensor das liberdades.

Agora, ele perderá a pose e destruirá todo o tecido de liberdade de expressão no país.

E mais: a vitória de Lula em 2018 será a prova definitiva de que os eleitores não estão nem aí para suspeita de corrupção pairando sobre qualquer que seja o candidato.

Todo esse mimimi ao redor da Lava Jato ficará claro como mimimi.

Dane-se a corrupção. Ninguém está nem aí para isso. A começar pelos intelectuais, professores, artistas e integrantes de grande parte do Poder Judiciário.

O combate à corrupção é (quase) uma farsa.

Depressão, ressentimento, medo e vingança serão os afetos que definirão 2019.
 

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