• Renato Sant’Anna
  • 17 Junho 2019

 

Uma coisa é não gostar de armas. Outra é ser contra o direito de autodefesa daqueles que, aptos a fazê-lo, optam por ter uma arma. Você pode falar “jamais terei arma”, é seu direito de escolha. Nem por isso terá razão de querer que todos estejam obrigados a fazer o mesmo.

Está visto que o governo é muito competente para desarmar quem vive na legalidade, ao passo que simplesmente não consegue desarmar o crime. Quando, em 2005, a população honesta ficou proibida de se defender, o que o governo Lula fez foi dar, à bandidagem, o “monopólio das armas”, tornando o crime uma “profissão” de baixíssimo risco. Haverá dúvidas de que criminosos preferem manter a proibição?

O pessoalzinho do grêmio estudantil logo vai ironizar: “Ah, vamos dar uma arma pra cada um…” Não! Ninguém (ninguém!) está propondo uma irrestrita distribuição de armas. O que se pretende é, por um lado, que pessoas aptas, assim desejando, possam prover sua defesa. E, por outro, que os bandidos não tenham mais a segurança de saber que as vítimas estão desarmadas e vulneráveis.

De sã consciência, ninguém acredita que se ataca a complexidade da violência apenas armando os cidadãos. Entretanto, não há como negar que, por exemplo, assaltos e roubos a propriedades rurais (onde policiamento não há) vão diminuir drasticamente quando as vítimas potenciais recuperarem o direito de se defender.

O fato inelutável é que, hoje, assaltantes e ladrões em geral agem na presunção de que as vítimas estão indefesas e não oferecem risco, impedidas de reagir. Por enquanto, bandidos não têm muito a temer.

E como chegamos a isso? Em 2005, houve o Referendo Nacional Pelo Comércio de Armas e Munição. O povo votou contra o desarmamento (e a favor do direito de autodefesa). Mas o governo petista, como sempre, mandou o povo às favas, desarmou a população e fez do banditismo uma “profissão” de baixo risco.

E aqui está uma verdade que não aparece nos jornalões: o desarmamento de 2005 foi a aplicação de diretrizes de uma organização internacional, o nefasto Foro de São Paulo (FSP). Para que se tenha ideia, o mesmo ocorreu na Venezuela, onde, como aqui, contrariando o discurso dos governos bolivarianos, a violência só aumentou.

Na Venezuela, aliás, o projeto do FSP foi mais longe: hoje a população desarmada tem de suportar as “milícias chavistas”, militantes do partido governista, bandidos oficiais que, portando armas longas e pilotando motocicletas, controlam a população.

Felizmente, a venezuelização do Brasil ficou pela metade. Mas é fato que muitas pessoas de boa-fé e alheias ao FSP ainda alimentam crenças que a propaganda governista de 2005 lhes enfiou na cabeça.

Apesar disso, embora contra a proibição em vigor, a maior parte da população não pretende armar-se. E é bom que assim seja. Inadmissível é que, não havendo suficiente proteção estatal, as pessoas aptas não possam defender-se a si nem aos seus (com os bandidos sabendo disso!).

Mas convém, sim, que o assunto seja tratado com rigor: nem todo mundo tem condições de portar uma arma. O que é repudiável é a proibição indiscriminada, que, ao contrário do que afirma o esquerdismo, tornou o Brasil um dos países mais violentos.
 

* Renato Sant’Anna é psicólogo e advogado. Trabalha com vítimas de violência.

  

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  • César Gruendling
  • 15 Junho 2019

 

Você já teve aquela sensação, quando criança, de ir todos os dias na geladeira e pegar um Danoninho? Você vai de novo e de novo e sempre quando abre a porta, seus olhos brilham diante do Danoninho em abundância. Então, algo incomum acontece, você abre o refrigerador com toda convicção e, pimba, não há mais Danoninho lá. A primeira sensação é de vazio, a próxima, de revolta. Ao ser informado que as coisas estão mudando dentro de casa e não haverá mais Danoninho porque a justiça, digo, seus pais interromperam seu “esquema” com o refrigerador, seu sentimento de revolta vai aumentar sob uma indignação inconsolável gerada pelo “desmame” de Danoninho. Afinal, ele sempre esteve lá, era tão natural e fazia parte do seu modus operandi desde sempre. Você, então, vai tentar qualquer coisa para reverter essa desconfortável condição.

Portanto, The Intercept representa toda essa gente abstinente de Danoninho, digo, de porcentagens, desvios, comissões e propinas. The Intercept são todas as “vítimas” do desmame que a lava Jato tem produzido nos últimos anos. Um autêntico exército de órfãos da velha corrupção sistêmica ainda incrédulos que seus naturais esquemas os estão levando em cana e, pior, fazendo devolver a grana. The Intercept são todos aqueles que apertam a teta que não dá mais leite. The intercept é o stablishment consolidado nos últimos trinta anos de “democracia madura”, The Intercept é o medo da cadeia, é o deputado que você votou, é o juiz de tribunal superior indicado pelo crime organizado, The Intercept é a grande mídia que viu seus recursos bilionários secarem em publicidade, The intercept são os lobistas, empresários, atravessadores, doleiros assistindo sua demanda suprimir, The intercept são todas as vítimas do desmame esperneando. Uma máfia interessada em enterrar a maior operação anticorrupção do mundo moderno.

Então, The Intercept é robusto e vai desde o vereador da sua cidade até os canalhas mais clássicos da república desejando o caos institucional a fim de reestabelecer seus cartéis lucrativos. Em contrapartida, The Intercept, não representa os milhões de pequenos e médios empresários, prestadores de serviço e trabalhadores que que funcionam 5 meses por ano pra manter a roda girando, temendo pela segurança e saúde de seus familiares. Mas se todos sabemos quem, de fato, é The Intercept, cabe saber se vamos permitir nos entregar de novo à nefasta “democracia de coalizão”, do toma lá cá, dos meios de comunicação cheios de verbas públicas propagandeando as “fake News” do governo, da indisciplina fiscal, de Lula, Temer, Cunha, Sarney, FHC, Aécio e quem mais quiserem.

Pare de protestar no seu grupo fechado de whattsapp, comece a pensar em expressar um apoio massivo ao combate à corrupção. Se você não gosta de se envolver, pelo menos, faça pelo seu filho antes que The Intercept lhe engula pela segunda vez. Pense sobre sair do casulo, pois, é isso que The Intercept mais teme...

*  Cirurgião-Dentista e Professor.

** Publicado originalmente na Gazeta do Sul de Santa Cruz e no Facebook do autor.
 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 14 Junho 2019

 

Boatos e especulações são como feijão e arroz. Todos os dias na dieta brasileira. Adoramos sensacionalismos e gostamos do inextricável. Sangue latino pesa!

O obscuro, ambíguo e complexo abrem porta à controvérsia, misturada com paixões e (triste) baixa escolaridade nacional.

Não deveria surpreender ninguém precariedade atual do Estado e aquilo que necessita ser empreendido para sua própria sobrevivência - e a nossa!

Alguém duvida de que precisamos de reformas estruturais na Previdência, tributária e do próprio Estado, que todos compreendem, mas muitos dos corporativistas não desejam arredar um milímetro? A contabilidade do déficit público, com crescimento da dívida, não é autoexplicativa?

Embora eleição maciça do capitão, evidente que domina a cena hesitação e falta de consenso político para fazer! Dói, mas não há como procrastinar processos reformadores. Populismo e voto!

A batalha cultural não se materializa meramente no plano simbólico, estarrecedoramente por meio de ações espúrias para "não deixar acontecer". Boataria semanal contagiante. Dólar em queda depois da exclusão de estados e municípios da reforma da Previdência; possíveis decisões sobre juros nos EUA; em alta, em razão da tentativa de barrar a tramitação da Previdência, com vazamento de supostas conversas do ministro Moro.

Evidente que arremedos de fatos, influenciam e aumentam a temperatura dos mercados, impactando no rotineiro vai e vem da taxa cambial. A experiência pragmática, porém, tem demostrado que fatores e iniciativas fundamentais, na direção do que tem que ser feito - e urgentemente - não se alteram na essência. Tomara! A sede do poder e suas estratégias perversas se espraiam pelas veias do parlamento oposicionista, da mais alta Corte e de parte da impressa, desejosa de ver o circo pegar fogo.

Oh, céus! Querem eliminar o último reduto da esperança nacional: Lava Jato! (Espírito e ação quadrilheira).

Certo que o parlamento nunca foi lugar para conciliar, mas simplesmente, para oficializar desacordos. Discussões apaixonadas, bizantinas, para uma trupe partidária ovacionar, e render votos!

Não disponho de boa - e mágica - receita para aclarar boatos travestidos de notícias, contudo, medidas fortes, das autoridades e da sociedade civil, precisam ser empreendidas para o esclarecimento total dos fatos!

Se a batalha cultural ficasse restrita a ideologia e ideias, natural. Entretanto, é desalentador e perigoso, que nebulosa situação passe do plano democrático para o terreno policial. Enfim, por que não há uma genuína autocrítica de políticos alinhados a esquerda? Jogo sujo!

Posicionamentos ideológicos, sim, atitudes criminosas devem ser amplamente combatidas, repudiadas e afastadas do cenário político, a todo custo!

Menos mistérios - atiçadores de emoções - e foco mais forte na rejeição do inconcebível e, sobretudo, nas reformas essenciais.


Alex Pipkin, PhD
 

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  • Irineu Berestinas
  • 14 Junho 2019

 

Seguindo as pegadas de Karl Marx: a História acontece de duas formas: primeiro como tragédia e depois como farsa. Cristina Kirchner parece que está disposta a testar empiricamente o diagnóstico do prussiano...

Mário Henrique Simonsen, um dos mais sábios economistas brasileiros de todos os tempos, se não o maior de todos eles, malgrado sua falta de aptidão por brigar por suas bandeiras, segundo relato de Roberto Campos, em A Lanterna na Popa, já havia firmado diagnóstico preciso: “A inflação aleija. O câmbio mata”.

Assunto que tem sido angustiante para os argentinos já de longa data, principalmente sob a administração federal nas mãos de peronistas.

Dessa leitura, nós podemos dizer que um país que perde as suas divisas tem suas portas fechadas para o exterior. As importações cessam, os capitais afugentam-se, os negócios mínguam. E sem importações, certos setores da economia ficam paralisados. É uma hemiplegia econômica.

Não se chega, porém, a uma crise cambial espontaneamente. É preciso acumular muitos erros seguidos. Desarranjos macroeconômicos e fiscais, intervenções e voluntarismo de governos, descontrole inflacionário. Tudo isso contribui para esse resultado desastroso. Essa receita descompensada foi usada fartamente pela família Kirchner em período histórico recente.

Deu no que deu! A Argentina que, entre os séculos XIX e XX, chegou a ser a Suíça das Américas, com suas exportações de carne e com a presença, principalmente, dos imigrantes italianos e espanhóis, teve seus laços culturais, sociais e econômicos alterados bruscamente pela nova ordem política que se instalou sob o comando de Juan Domingo Perón, antes Coronel do Exército, e, depois, Presidente da República (de 1946 a 1955 e de 1973 a 1974). O seu governo excursionou por bases e fundamentos sindicalistas e populistas, enveredando por seguidas intervenções na economia, desenvolvendo certa semelhança com o regime fascista de Benito Mussolini, na Itália, e de Getúlio Vargas no Brasil: o Estado intervencionista e mediador dos interesses sociais e trabalhistas.

Desde então, a Argentina não se livrou mais do Peronismo, que, hoje, sobrevive do símbolo do seu criador e da figura mítica de Evita Perón, navegando da esquerda à direita sem nenhum pudor, pois o que importa é o poder pelo poder, tudo mesclado de autoritarismo e prepotência.

A família Kirchner não escapou desse destino, pois deu curso a essas políticas malfazejas. Nas últimas décadas, governar, no território argentino, significa pisar em chão movediço. Nem mesmo Raul Alfonsín, um brilhante advogado que, num interlúdio, chegou a Presidência, sob o manto da União Cívica Radical, partido oponente ao Partido Justicialista, peronista, conseguiu levar o seu governo a bom termo, e, apesar das suas boas intenções, foi tragado pelos vícios da cultura política reinante.

As crises se sucedem. A anterior, patrocinada pelo regime de “currency board”, pelo qual a moeda nacional foi atrelada ao dólar, com o mesmo formato e com paridade fixa, contendo a seguinte engrenagem: com a entrada de dólares, emitiam-se pesos na mesma proporção; com a saída de dólares, recolhiam-se os pesos, guardada a equivalência. O comitê da moeda estava proibido de emprestar dinheiro ao governo e ao sistema bancário. Como efeito colateral, a Argentina perdeu a capacidade de fazer política monetária (quantidade de moeda regulada e a política de juros, basicamente).

Tudo equilibrou-se até razoavelmente, mas com a sucessão de empréstimos internacionais do Governo Menem para prover a gastança e a farra de custeio, elevando a dívida para patamares insustentáveis e mais a desvalorização cambial ocorrida no Brasil na época, levaram ao desmoronamento do jactado regime, tão decantado por seus economistas e, especialmente, por Domingo Cavallo, o guru econômico do peronismo nessa fase . Maurício Macri chegou para acertar os rombos e as contas, derrapando em boas intenções, mas está sendo tragado pelo sistema viciado da velha política argentina. Infelizmente! Os peronistas passaram a adotar o mesmo propósito dos venezuelanos: quanto pior melhor...

Cristina Kirchner quer voltar para agir em sintonia com o parceiro Nicolás Maduro, da Venezuela... Santo Deus! Será que os argentinos vão permitir...


• *Bacharel em Ciências Sociais e escritor
  

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 13 Junho 2019

LEITURA DO RELATÓRIO

Hoje, acontecendo ou não a leitura do Relatório da REFORMA DA PREVIDÊNCIA, na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, o que precisa ficar bem claro é que tudo aquilo que constar no parecer do relator, Samuel Moreira, não é definitivo, ou seja, poderá ser mudado quando a PEC for apreciada em Plenário.

FORA DO RELATÓRIO

Isto significa que o fato dos ESTADOS E MUNICÍPIOS terem ficado fora do relatório, assim como o sistema de CAPITALIZAÇÃO, a APOSENTADORIA RURAL e o BPC -BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA, tudo isto ainda pode ser revisto quando a PEC DA NOVA PREVIDÊNCIA for apreciada e votada em Plenário.

 

PRAZO MAIS DO QUE SUFICIENTE

Assim, no que diz respeito aos ESTADOS E MUNICÍPIOS é importante observar que os governadores e prefeitos interessados não têm razão para ficarem frustrados. Ou seja, o prazo que separa a votação do relatório da votação em Plenário é pra lá de suficiente para que possam convencer os deputados de suas bancadas sobre a importância ou não da inclusão.

 

PREOCUPANTE

No que diz respeito aos demais pontos do relatório, o que preocupa é a continuidade de NOJENTOS PRIVILÉGIOS, quer por força da IDADE MÍNIMA menor para mulheres, quer por CONTRIBUIÇÃO INSUFICIENTE, quer pela manutenção de um SISTEMA DE REPARTIÇÃO inconcebível.

 

INJUSTIÇA SOCIAL

Tudo isto, independente do tamanho da economia (diminuição do ROMBO) que a REFORMA DA PREVIDÊNCIA pode proporcionar para os próximos dez anos, serve como medida para evidenciar que, a considerar o que está no relatório, os brasileiros de SEGUNDA CLASSE seguirão vítimas de uma absurda INJUSTIÇA SOCIAL.

 

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DESCUMPRIDA

Em outras palavras, a Constituição Federal continuará sendo descumprida, tanto no que refere o Artigo 5º (que diz que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza) quanto no Art. 201 (que diz que a previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o EQUILÍBRIO FINANCEIRO E ATUARIAL.  

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  • José Henrique Westphalen
  • 11 Junho 2019

 

O preâmbulo da Constituição Federal do Estado Unidos da América começa por essa simples e simbólica sentença: “nós, o povo”.

O brasileiro, acostumado a ver o governo, os políticos, os empresários amigos do poder terem a preferência, o melhor lugar à mesa, enquanto olhávamos o Brasil de longe, sem imaginar que no entorno central do aquário que é Brasília, existíamos todos nós, o povo.

Em 2013, timidamente ensaiamos os primeiros passos, nossa primeira caminhada às ruas após muitos anos. Há época, a pauta era o aumento das passagens dos ônibus urbanos. Alguns pequenos grupos, com alas radicais infiltradas, como os black blocs, se misturaram ao povo, causando depredações, violência e constrangimento.

Era uma tentativa de minar o povo, de não permitir que as pessoas fossem ouvidas. O movimento ganhou corpo, ganhou pauta e ganhou às ruas. Poucos meses depois, milhares de pessoas pediam por “saúde padrão Fifa”, por educação, segurança e o fim da corrupção.

Os anos se passaram, e as manifestações também. O povo aprendeu a protestar e a cobrar. Fomos às ruas para pedir o impeachment de uma presidente incompetente, de um partido corrupto e de pessoas que destruíram o país.

O povo foi maior que o governo, o povo foi maior que os políticos, maior que os empresários. Nós, o povo, aprendemos a protestar.

No último dia 26 de maio, um novo e histórico capítulo foi aberto. Nós, o povo, agora estamos aprendendo a manifestar, a pedir, a cobrar dos parlamentares que votem e apoiem pautas positivas, pautas que sejam boas para o desenvolvimento do Brasil.

De forma espontânea, sem partidos, sem CUT, MST, MBL, UNE, UBES, ONG, sem Lula Livre, bandeiras vermelhas ou estrelas amarelas, apenas pessoas, apenas o povo de verde e amarelo clamando pela aprovação da Nova Previdência e do pacote Anticrimes.

Pode não ter sido a maior, a mais organizada, mas foi a primeira. Foi a primeira manifestação vista no país em torno de uma pauta positiva, a primeira manifestação totalmente natural e vinda da sociedade, sem grupos de interesse ou capital financeiro interessado. Apenas nós, o povo.

*   Cientista Político e mestre em Comunicação.
** Publicado originalmente em
 https://www.zewestphalen.com.br/2019/05/we-people-nos-o-povo.html

 

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