• Irineu Berestinas
  • 01 Julho 2019

 

Na verdade, o poder político deveria expressar o verdadeiro poder da sociedade na política. De que maneira? Não, não, se trata das Ágoras que vou sugerir aqui nestes comentários, símbolos da democracia direta e expressão da cidadania na Grécia Antiga (como iríamos reunir 210 milhões em assembleia?). Estou aqui pensando mais modestamente: a implantação do voto distrital puro. A bem da verdade, os representantes (os escolhidos nas urnas) e os representados (o povo) estão totalmente dissociados. A agenda no parlamento republicano existe para atender, rigorosamente, as pautas corporativa e patrimonialista (o Estado a serviço de interesses particulares). Na era Lula/Dilma, acelerou-se, como agravante, o projeto “Faz de Conta que Estamos Ajudando os Pobres”, admirável que a esquerda revolucionária se jacte de tamanho paternalismo, o que sempre condenou com berros de: — coronelismo, coronelismo!. Já a aprendizagem, a profissionalização, o emprego e a renda, nada, nada... Preferiram “trabalhar” o terreno para escalar 14 milhões de brasileiros no desemprego crônico, com a aplicação de políticas econômicas absurdas, surrealistas, inauguradas pelos alvoroços mentais da Dilma Rousseff. Na outra ponta, os financiamentos do BNDES para atender aos empresários sintonizados com o poder petista. Em meio a isso, o Foro de São, constituído na década de 90, por Lula e Fidel Castro, de olho na transformação da América Latina numa rediviva União Soviética. Assim estão explicados os “financiamentos” do Brasil para Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua (construção do Porto de Mariel, em Cuba, viadutos na Venezuela, perdão da dívida da Bolívia, por exemplo). Como se dava essa operosa engenharia? O governo emitia títulos da dívida pública e financiava silenciosamente esses países, por meio do BNDES, em práticas não recepcionadas pelo Orçamento Federal e nem votadas pelo Poder Legislativo. 

O samaritanismo do PT no poder não parou por aí. Também “financiou” países africanos, com parentesco ideológico: Moçambique, Angola, Guiné Bissau, África do Sul, etc. Na África do Sul, por exemplo, foi construído até mesmo um aeroporto com dinheiro dos brasileiros. Seria o caso de perguntar: o dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), constituído principalmente dos recursos de PIS e PASEP e utilizado para o pagamento do seguro desemprego, também serviu para alavancar bondades dessa natureza? Enquanto isso: a transposição do Rio São Francisco foi postergada; as escolas profissionalizantes, desaquecidas; creches, açudes e postos artesianos no Nordeste tornaram-se apenas discursos do passado; sobre a ampliação da rede de esgoto silêncio sepulcral, cuja ausência constitui-se na principal causa de nascituros mortos no País; sem falar no desprezo com a saúde pública desse “descuidado período”. Onde estão os hospitais da era Lula/Dilma? .... Tudo isso se deu com o silêncio obsequioso do parlamento brasileiro, rodando o chamado presidencialismo de coalizão! Certamente, jamais vamos rever a cor desse dinheiro!

Já, por sua vez, o voto distrital puro descortina a seguinte realidade: o candidato é conhecido da base eleitoral, cuja natureza (a do voto distrital puro) provoca a redução dos gastos eleitorais, pois o postulante não tem de percorrer uma extensa geografia na garimpagem de votos; a disputa está restrita ao distrito, e o candidato não tem que concorrer com extensa lista de candidatos, até mesmo com os próprios "companheiros" partidários, pois, no sistema proporcional, hoje vigente, com exceção dos puxadores de votos das legendas, que são bem vindos e paparicados, os demais são indesejáveis adversários e disputam as mesmas vagas que serão distribuídas pelo quociente eleitoral; a representação passa a expressar vínculos e laços com a comunidade, amalgamados num sistema de ideias e valores; aos eleitores do distrito, de eleição em eleição, abre-se a oportunidade do "recall", e o representante é julgado por suas ações no parlamento, e, se não tiver dado conta das suas obrigações, certamente os eleitores irão despachá-lo já na primeira oportunidade.

A bem da verdade, para que esse instituto (o voto distrital puro) irrigue a democracia brasileira adequadamente, algumas providências são absolutamente necessárias: a) - revogação das emendas parlamentares, cuja vigência remete os novatos da disputa para o último lugar da fila de largada, em face da obviedade da situação; b) - distribuição republicana dos repasses voluntários da União aos municípios ; c) - reordenação do instituto da fidelidade partidária, com regras claras e precisas; d) - e quanto à possível hegemonia dos candidatos dos partidos mais fortes no âmbito do distrito, poderíamos adotar a ballotage, francesa, pela qual há um segundo turno de votação entre os dois candidatos mais votados, sempre que o primeiro colocado não obtenha maioria de votos na primeira fase; e) - e o último, mas não menos importante item, a fixação de limites mais reduzidos para os gastos eleitorais, em consonância com a realidade distrital. Assim, com uma só cajadada, matam-se vários coelhos...

Penso que seria um grande avanço caminhar nessa direção!
   

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  • Simone Sponholz
  • 28 Junho 2019

 

Seja lá o que for para fazer, se não tiver um pinguinho ao menos de amor envolvido, não faço!

É meu jeito. Nasci virada do avesso e descobri que este era o meu lado certo.

Sou intensa, ligada no 220w, diz meu marido.

Adrenérgica, dizem meus médicos!

Mas prefiro viver com excesso de adrenalina do que com a falta dela!

Gente que não tem sua própria energia tentará sugar a do outro, e isto é muito ruim.

Tenho observado as pessoas e acho, de coração, que algumas não deveriam nem sair de casa, nem colocar os pés para fora da cama, tamanha a má vontade que demonstram em ser amor neste mundo!

Fazem tudo com tanto ódio, que seria melhor nem fazer. Porque atrapalha, sabe!?
No fundo, prejudicam quem está tentando ser luz neste mundo, fazer a sua parte, dar a sua colaboração.

E é tanta gente, fazendo qualquer coisa, de qualquer jeito que os padrões estão cada vez mais medíocres e as pessoas andam enfezadas, mal humoradas, acho até que por isso, mal amadas!

Percebo nos comentários, nos olhares, na forma como cumprimentam e até como respiram.

Sou observadora e raramente me engano com as pessoas. Porque não as olho com os olhos! Mas com o coração!

E na linguagem do amor, não há meias palavras.

Lembro até hoje dos meus pequenos fechando os olhinhos para me contar uma “arte”, porque eu pedia para que eles olhassem dentro dos meus olhos e percebessem que a criança que morava dentro deles (na verdade, a própria imagem deles refletida em meus olhos) já tinha me contado tudo.

E nós? Qual a imagem que refletimos neste mundo?

Será que temos a coragem de encarar a “menina dos olhos”?!?

Não custa fazer uma forcinha para evoluirmos, não é mesmo??

Vamos fazer um comentário, pensemos antes: É por amor a alguém, uma ideia, uma causa? Se sim, façamos!

Mas, e se for só para enchermos os picuás, destilarmos veneno, alfinetarmos o outro para que ele se sinta tão mal quanto nós? Pensemos de novo: será mesmo que não há nada melhor a fazermos por aí?

Não me refiro a ter senso de humor. Este é indispensável!

Eu não surto justamente porque preservo muito o meu!

Falo mesmo de ter maldade no coração! Daquela que seca pimenteira, esturrica planta de vaso, faz o outro bocejar!

Antes de fazer o mal, faça um café, um favor, um passeio, um elogio, qualquer coisa.
Ande de patins, de skate! Mas tenha a bondade de fazer com amor, pelo AMOR de Deus!
Tem gente demais enchendo de ódio esse mundo, essas ruas, suas casas e empresas e seus grupos reunidos em redes sociais.

Gente demais tornando tudo pior em atitudes rasteiras e gestos pequenos como baratas, carrapatos e outros parasitas.

Vamos engrossar esse caldo maldito a troco de quê?

Se não der pra fazermos com amor, por favor, nem façamos!

Vão por mim: o amor tem um fraco por gente forte!

*Extraído da página da autora no Facebook
 

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 28 Junho 2019

 

ESTUPEFAÇÃO

Quem se depara com a forte indignação e/ou revolta de milhões de brasileiros quando a maioria dos deputados e senadores aprova medidas totalmente contrárias à vontade do povo, como se verifica, constantemente, tanto nas manifestações de rua quanto nas redes sociais, não tem como não se declarar ESTUPEFATO.

CANALHAS ELEITOS

Este sentimento, para quem tem um mínimo de discernimento, se dá porque este mesmo povo, que vive clamando, insistentemente, por JUSTIÇA E DECÊNCIA, é o mesmo que ELEGEU a maioria dos deputados e senadores que, dia após dia, chama de CANALHAS, LADRÕES, CORRUPTOS, SAFADOS, etc., etc...

DE DUAS UMA

Portanto, de duas, uma: os eleitores brasileiros adoram ser fantoches nas mãos e mentes dos deputados e senadores que escolheram para decidir o que bem entendem no Congresso Nacional; ou é totalmente falsa a pregação que se ouve a todo momento de que CORRUPTOS devem ser tratados como CRIMINOSOS HEDIONDOS.

DESFIGURAÇÃO E REPRESÁLIA

Como fui um dos agentes-voluntários da Campanha que resultou em mais de 2 milhões de assinaturas de apoio às "10 medidas contra a corrupção", fico revoltado quando vejo que os deputados e senadores, além de promoverem uma forte desfiguração do projeto de INICIATIVA POPULAR forma mais além: colocaram no texto a possibilidade de REPRESÁLIA DO OFENDIDO, movendo AÇÃO CONTRA SEUS INVESTIGADORES OU JULGADORES. Pode?

SÍNTESE

Em síntese, parte importante daquilo que levou o povo, que inexplicavelmente pensa que é SOBERANO, a votar em Jair Bolsonaro, vem sendo paulatinamente desfigurado e/ou derrotado na Câmara e no Senado. Vide, por exemplo, o Decreto de Armas; a MP 873/2019, que proíbe o desconto em folha salarial da contribuição sindical deve CADUCAR (vence amanhã, 28, sem ter sido analisada pelos parlamentares); a Reforma da Previdência, que além de atrasada está bastante mutilada; e por aí vai...

 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 27 Junho 2019

 

Muita gente deveria ler, atentamente, "Teoria dos Sentimentos Morais", de Adam Smith. Cabe enfatizar sua anterioridade em relação a "A Riqueza das Nações"! Lá encontra-se claro que o sentimento moral deve - e faz - parte do homem e de suas ações, sendo um corolário da razão e do interesse próprio. Contudo, é anterior e independente desses. Nesta obra, compaixão, a empatia smithiana, aparece muito mais forte e genuinamente do que em páginas e aspirações rousseaunianas.

A "mão invisível" de Smith é aquela que assegura que distintos interesses individuais trabalhem juntos para o bem geral. Senso moral, a base das virtudes sociais, comum aos humanos, é propulsor do desejo de melhoria individual, do exercício dos interesses, paixões, virtudes, e do gozo da liberdade de que se tem direito como indivíduos livres e responsáveis numa sociedade.

Bondade e solidariedade humanas, para com a "comunidade", não podem ser fruto de mentes iluminadas pela profética razão, a partir de abstrações metafísicas de direitos e de interesses pessoais e corporativistas de políticos e intelectuais, dotados de "superioridade" moral. A história da humanidade demonstra cabalmente, ensina-nos e atesta, tristemente, os nefastos resultados da busca de pretensa igualdade e justiça social por meio de uma revolução a fórceps nos sentimentos morais! Oh racionalidade suprema, condutora da humanidade livre e igualitária! Filósofos franceses, surreais! Oh rotundas falácias!

A ética negativa de direitos humanos abstratos reina, entoada da garganta de "teóricos não praticantes", vaga, solta e distante da realidade e do empirismo do cotidiano real. Por isso, os fundadores da república mais democrática, liberal e livre do mundo, sabedores de que os homens não são anjos, tampouco demônios, preferiram confiar nas instituições políticas e sociais - inclusivas -, baseadas nas virtudes individuais e sociais, visando a formação dos ideais e costumes do povo americano. Viva a liberdade! O hábito tem o poder de reforçar virtudes. Todo o resto pode ser duvidoso, mas isso é certo!

O enfadonho discurso justiceiro da "política da compaixão", de emoções e boas intenções (populistas) frente os fins e resultados reais, ainda toca alguns "corações vermelhos", que esbravejam e pressionam pelo aumento da esfera de ação do Estado na vida dos indivíduos.

Jamais esqueçamos! Não é a retórica da bondade que move o mundo; são as ações humanas! A melhor forma de ajudar aos mais carentes, é fazendo com que a economia cresça! E para que isso de fato aconteça, as pessoas devem ser permitidas e impulsionadas a serem livres. Pressupõe-se então, uma limitação da intromissão estatal na vida dos indivíduos, não o contrário! O papel do Estado é o de proteger os direitos de propriedade, da liberdade e dos direitos próprios dos cidadãos (não da comunidade coletiva!).

Evidente que o desenvolvimento sustentado vai muito além de crescimento econômico. Demanda e exige o respeito e adoção de ações efetivas na direção da real valorização da dignidade humana. Neste sentido, provadamente, as pessoas vivem melhor naqueles países em que há liberdade nos mercados e verdadeira livre concorrência. Os fatos comprovam que nações mais livres economicamente, exibem melhores desempenhos relacionados ao desenvolvimento humano.

O canto da sereia dos engenheiros sociais racionais, referente a - impossível - igualdade econômica, segue sua senda no sentido de obscurecer a primordial necessidade - inclusive moral - da redução da pobreza e erradicação da miséria. Há, obviamente, um sentido ético e justo por maior justiça social. Mas será que essa turba ainda não entendeu (óbvio que não desejam!) que nós, reles mortais, não fomos agraciados com a bênção da certeza?!

As instituições políticas e sociais inclusivas trabalham intensivamente para o alcance de justiça social, o que não representa, estritamente, um receituário demagógico e populista de distribuição de riqueza; aquele que determina o empobrecimento geral de uma sociedade! No contexto tupiniquim, nunca é demais a preocupação com soluções mágicas, fáceis e imediatistas. Por aqui o viés de confirmação ideológico joga pesado. O país necessita mesmo, é de políticas públicas consistentes - embasadas em fatos e evidências fidedignas - para além dos costumeiros interesses eleitoreiros, e que muitas vezes produzem resultados concretos e benéficos no longo prazo.

Claro que as pessoas, em todos tipos de estratos sociais, ambicionam pelo reconhecimento de seus valores individuais. Mais do que diferenças econômicas, essas querem ter seus direitos, liberdades e mais oportunidades equitativas: almejam mesmo, respeito e pertencimento! Acima de tudo, pretendem ter sua identidade social reconhecida e considerada. Tarefa digna, porém hercúlea na medida em que todos querem mais e mais direitos...

Num país cooptado pelo estatismo, intervencionismo e patrimonialismo há, verdadeiramente, muito pouco espaço e ações para ampliar a necessária justiça social. Falta vergonha na cara de políticos demagogos e corruptos e de uma elite que, retoricamente, pronuncia o termo, mas não quer de jeito nenhum, abdicar de seus imorais direitos adquiridos. Ou nossa "elite" faz parte da festa Petit Comité ou é omissa (tristemente ambos os casos). O comportamento rentista encontra-se por demais entranhado nas veias nacionais. Suga-se ao máximo daquilo que, inclusive, inexiste, buscando-se benefícios próprios, mesmo que o resultado seja notoriamente prejudicial para toda a sociedade.

Senão vejamos: como falar - ou não falar - em justiça social - de verdade! - quanto a melhoria da dignidade e qualidade de vida dos cidadãos brasileiros mais pobres, se somos o país mais fechado do mundo, em que corporações privadas corrompem autoridades públicas, extraindo proteção em troca de propinas? Pagam os mais pobres, e todos nós que consumimos produtos e serviços de pior qualidade e preços mais altos.

Como falar em justiça social se inexiste educação básica de qualidade, universalizada, para todos os brasileiros. Obviamente, ensino que funcione efetivamente, desenvolvendo capacidades e competências, principalmente, em nível de português, matemática e, igualmente, permitindo ampliação da capacidade de abstração dos alunos. Acesso à educação fundamental define um elemento essencial na formação do ser humano total, exercendo inequívoco efeito igualitário. Igualmente, necessária e urgente reestruturação do ensino superior brasileiro. Gratuidade para todos?!

Como falar em justiça social e respeito ao ser humano se grande parte da população brasileira, sequer tem acesso a saneamento básico! Que horror; em pleno século XXI!
Como falar em justiça social, num país em que um cidadão, no setor privado, se aposenta com 35 anos de contribuição, recebendo em média R$ 1,1 mil, enquanto que um funcionário público do legislativo federal, que passou a vida toda ganhando quase R$ 30 mil, aposenta-se com esse mesmo salário, valor 24 vezes maior que o aposentado por idade do INSS? Como pensar e atuar em justiça social sem uma ampla e profunda reforma do Estado, limitando e eliminando privilégios imorais?

Como falar em justiça social, pretendendo uma sociedade mais justa, com igualdade perante a lei, se poderosos e "espertos", com dinheiro e contatos influentes, sujeitam-se a distintos tratamentos e aplicações dos regulamentos - vide caso Lula?

Enfim, como pensar em uma sociedade mais justa e igual se a confiança nas instituições brasileiras, encontra-se em frangalhos. Não sem justa razão! Perdeu-se a confiança e, nesta nefrálgica avenida, deteriorou-se o modo de relações sociais e o respeito mútuo essencial para a formação de normas sociais saudáveis e produtivas.

Não há como avançar sem uma mudança de comportamento e ações concretas. As pessoas comuns avaliam os valores morais vigentes e exigem mais eficiência econômica, justiça e equidade social. Tá passado da hora de assumirmos responsabilidades em nível individual e institucional: precisamos sim privilegiar a eficiência e o bom trabalho, afetando positivamente produtividade pessoal, empresarial e, mormente, nacional!

É urgente a necessidade e consecução de reformas estruturantes, todas elas vinculadas a aumentar a justiça social sem prejudicar as liberdades econômicas e individuais. Possível é! Sem tais transformações, envolvendo mudanças de comportamentos (corporativistas!), dificilmente conseguiremos melhorar e ampliar, significativamente, as oportunidades, em especial, para os mais necessitados. Quão fundamental é mudar, pra melhor! Isso, creio, impactará, primordialmente na mudança de mindset quanto a importância do valor moral, aquele em que cada pessoa passa a ser responsável por suas escolhas e vidas, com seus respectivos bônus e ônus. Interessantemente, alguns "empresários" precisam sair do "ninho protetor" estatal, é abraçar a legítima competição!

Programas tais como o Bolsa Família, ferramenta de justiça social "básico", responsável pela saída de muitas famílias da extrema pobreza, evidente que são benéficos (custos versus benefícios!), pois representam certas - mas insuficientes - medidas no sentido de possibilitar maior previsibilidade e, consequentemente, maior dignidade e autonomia para os mais pobres. Entretanto, é preciso motivar institucionalmente e "ensinar a pescar"! A partir daí, parece-me, que os indivíduos passarão a ter boas razões a fim de valorizar um tipo de "liberdade mais abrangente".

Lomansky (2005) afirma que a experiência histórica tem demonstrado que a liberdade tem melhores chances de prosperar numa ordem liberal que garanta a propriedade privada de bens produtivos do que numa ordem racional de controle por parte de burocratas do Estado. Poder-se-ia inferir que a "razão" resida nas alterações na estrutura do pensamento individual; o andar com as próprias pernas! Menos dependência, mais ação e responsabilização. E cada passo seguindo os próprios interesses - de vida - individuais.

Restam poucas dúvidas de que todos poderiam sair ganhando, na medida em que com mais liberdade, econômica e individual, com mais concorrência e eficiência de mercado e, por consequência, com a potencialização de mais talentos humanos, hoje desafortunadamente impedidos.

Será que conseguiremos dar os primeiros passos? Será que lograremos vencer a sisífica luta contra o estatismo e o enraizado corporativismo no conhecido capitalismo de compadrio verde amarelo? Poucos foram os eventos em que tivemos coragem e atitude para avançar, como aquele da estabilização da moeda.

Escolhas são fundamentais e trazem consequências para todos. Chegou a hora de apostar num futuro promissor, incerto, demandante de "duras" reformas, ou ficar como de costume, patinando no tempo com sucessivos prejuízos certos. Tomará que os sentimentos morais smithianos apareçam, para o bem de todos, em especial para a dignidade dos mais pobres!

Alex Pipkin, PhD

 

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  • Adolpho Crippa
  • 27 Junho 2019


Em 1985, a revista Convivium dedicou um número especial (nº 4 – 1985) aos problemas constitucionais, com estudos de diversos autores. Promulgada a Constituição, esses e outros pensadores analisam diversas questões que se põem a partir do texto da nova Carta. Há uma constatação inicial desconcertante. Promulgada a nova Constituição, longe de se ter tornado o instrumento de democratização e da modernização do país, tornou-se descartável. O Brasil não cabe dentro dos limites que lhe impuseram. Para poder viver e trabalhar o país se vê obrigado a ignorar seu principal instrumento jurídico. Ao que parece, a Constituição de 1988 foi um grande equívoco político.

O equívoco político tem diversas faces. O mais grave foi o de ignorar o país real para o qual estava sendo redigida. Somos um país que nunca levou muito a sério suas Constituições, muito mais em razão do irrealismo e inadequação das determinações constitucionais do que por obra de alguma disposição anticonstitucional ou propensão à ilegalidade. Mais que as anteriores, a Constituição de 1988 surgiu anacrônica e obsoleta. O conluio de interesses regionais, locais e individuais com ideologias ultrapassadas deu origem a um texto jurídico inviável e inútil. Muitos procuram amenizar o equívoco constitucional invocando as "coisas boas" que aparecem no novo texto. Na verdade, não se trata de saber se há ou não "coisas boas", avanços sociais, promessas de paz e de bem-estar. Trata-se da Constituição como um todo. Como tal, nasceu anacrônica e obsoleta, além de confusa, contraditória e, de fato, inviável.

A Constituição de 1988, com efeito, se levada a sério, obriga o país a permanecer dentro dos limites da pobreza no contexto de um mundo que avança para uma situação de riqueza e impensável bem-estar. Aceitou-se como fato fundamental que o país deve permanecer no âmbito de Terceiro Mundo – pobreza -, porque muitos outros são parte do Primeiro Mundo – riqueza. Para salvar a dialética e a ideologia é indispensável que os ricos explorem os pobres ou que os países do Terceiro Mundo – as novas colônias – garantam o bem-estar dos países ricos – as novas metrópoles.

O mundo de hoje vive uma época de prosperidade. O progresso no conhecimento científico e nas realizações tecnológicas determina uma alteração completa nas relações internacionais. Os "blocos econômicos" surgem não em obediência a teorias ou ideologias de cunho nacionalista ou de teor dialético, visando a algum futuro milênio paradisíaco, mas em razão das regras impostas pela realidade política e econômica do mundo. Somente para o Brasil, o que parecia impossível alguns anos atrás continuará impossível. Perguntaram-se muitos: como o Brasil, com seus recursos naturais e com inteligência de seus habitantes, consegue ser pobre? Seria tão difícil deixar de pensar no poder e na ganância dos outros e começar a pensar no que somos e no que podemos ser nas próximas décadas? A nossa crise cultural não vive dos detritos da transição política nem dos juros da dívida externa. A nossa crise alimenta-se em teses obsoletas e ultrapassadas e sobrevive pela ausência de ideais nacionais capazes de empolgar de maneira suficiente as vontades. Somos obsoletos e fazemos questão de permanecer assim. Permanecemos positivistas quando o mundo havia esquecido o prolixo e confuso escritor A. Comte. Buscamos ainda soluções marxistas quando o mundo inteiro abandonou a doutrina pré-industrial e pré-capitalista do escritor e revolucionário alemão K. Marx. Somos obsoletos.

Alguns de nossos dirigentes, que se julgam a consciência viva na nação, aceitam e impõem como modelo político e como receita econômica uma inqualificável mistura de nacionalismo e socialismo que jamais suscitou progresso e bem-estar em lugar algum do mundo. É difícil imaginar porque os derradeiros defensores dos erros do século XX – o nacionalismo e o socialismo – devessem sobreviver no Brasil. Mantivemos a reserva de mercado na era dos mercados integrados, preservamos nossos minerais na era da criação de novos materiais, defendemos uma quase inexistente tecnologia própria num mundo sem fronteiras! Parece óbvio que no mundo contemporâneo o sindicalismo dos "empregados" está sendo rapidamente ultrapassado pela automatização. Os operários sindicalizados serão rapidamente ultrapassados pelos "acionistas", como convém a um capitalismo moderno e popular. Na era da eletrônica, da informática, da biogenética e das intercomunicações, as relações sociais e econômicas entre os povos serão alteradas. Não haverá "trabalhadores explorados" nem patrões "exploradores". Haverá ciência, pesquisa, tecnologia e riqueza, independentemente de reclamos nacionalistas.

O fato histórico está aí a desafiar a perspicácia dos historiadores, analistas políticos e sociais. O país vive à margem da nova Constituição recém-promulgada. Nada menos que 330 preceitos constitucionais estão no aguardo de leis ordinárias ou complementares. O país continua vivendo, trabalhando e progredindo, com um governo sem orçamento, com o Congresso sem comissões, à mercê de medidas provisórias mensais, sem legislação eleitoral, sem um sistema tributário, sem uma adequada regulamentação do direito de greve e de diversos outros direitos. Conseguimos "preservar" as instituições com um Congresso parlamentarista e um Executivo presidencialista. Conseguimos sustentar uma burocracia inútil e ineficiente. Conseguimos pagar as contas das empresas estatais desnecessárias. Conseguimos sustentar com alegria as mais inacreditáveis falcatruas, garantindo privilégios inaceitáveis e negociatas inqualificáveis. Tudo em nome da República, do bem-estar do povo e da preservação das instituições democráticas!

A Constituição terceiro-mundista e socialista de que fala M. Reale, diretiva e detalhista (M. G. Ferreira Filho), anacrônica (P. Mercadante), assimétrica, normativa, redundante e casuística (N. Saldanha), estatizante (A. Paim) nasceu com data marcada para morrer. Infelizmente, teremos que começar a preparar uma nova Constituição antes mesmo de a atual ter sido lida e regulamentada. Os problemas suscitados pelo ministro do Supremo tribunal Federal José Carlos Moreira Alves, pelos professores R. Poletti, O.S. Ferreira. R.Lobo e Ives G. da Silva Martins oferecem a medida da gravidade dos problemas postos pelo novo texto constitucional. Com estes estudos, a Revista Convívium continua participando da análise e do debate dos problemas nacionais.

*O autor, Adolpho Crippa, licenciado em Filosofia, foi autor de vários livros, entre os quais Mito e Cultura, A universidade, A ideia de cultura em Vicente Ferreira, e diretor de Convivium Revista de Investigação e Cultura. Faleceu no ano 2000.
** Publicado originalmente em Convivium Revista Bimestral de Investigação e Cultura uma publicação da Editora Convívio, Novembro/Dezembro – 1988 ano XXVII – Vol 31 – Nº 6 Página 493 a 495
 

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 22 Junho 2019

 

PRIMEIROS SEIS MESES

Faltando uma semana para o encerramento dos primeiros seis meses do governo Bolsonaro, é inegável que o resultado colhido ao longo do período, em termos de realizações, ficou longe daquilo que eleitores gostariam e/ou esperavam. Isto, no entanto, não significa que o governo não tenha avançado com algumas boas propostas voltadas para tirar o Brasil do enorme sufoco que está metido.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

De antemão é preciso levar em conta que o governo nunca escondeu que centraria todos os esforços na importante, necessária e inadiável -REFORMA DA PREVIDÊNCIA-, mesmo sabendo que, independente da boa ou má vontade dos nossos congressistas, o projeto, inevitavelmente, deveria passar por uma longa -VIA-SACRA- até chegar aos plenários da Câmara e do Senado.

ABORDAGEM SOCIALISTA

Ademais, como os ferrenhos opositores do governo, desde a divulgação do resultado das eleições, ganharam um apoio irrestrito dos principais veículos de comunicação, a partir de então as atitudes do presidente, assim como propostas e/ou decisões tomadas pelo seu governo, ganharam os noticiários acompanhados de escancarados comentários pautados por intenso viés ideológico-socialista.

PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO

Pois, ainda que as coisas estejam andando sem a pressa que a situação econômica exige, o fato é que o Brasil está passando por um indisfarçável PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO, que ficará muito transparente no SEGUNDO SEMESTRE, quando a REFORMA DA PREVIDÊNCIA, mesmo mutilada, estará, enfim, aprovada.

CATIVEIRO SOCIALISTA

Embora as FORÇAS DO MAL jamais se darão por vencidas e, portanto, continuarão fazendo de tudo e mais um pouco para manter o nosso empobrecido Brasil preso no CATIVEIRO SOCIALISTA, o governo, com a clara ajuda do povo nas ruas, está disposto a vencer os obstáculos que dificultam o RESGATE definitivo, que levará o nosso País a viver com mais LIBERDADE.

FELIZ SEGUNDO SEMESTRE

Aliás, esta penúltima semana do semestre encerra com a notícia de que o ministro Onyx Lorenzoni, na reunião que aconteceu na residência de Rodrigo Maia com líderes e dirigentes dos principais partidos de centro e centro-direita, fechou acordo para viabilizar a votação da REFORMA DA PREVIDÊNCIA, no plenário da Câmara, até a primeira quinzena de julho.

Aprovado o texto, tudo leva a crer que o Brasil será, enfim, um País mais confiável e pronto para receber investimentos. Assim, o que me resta é desejar um FELIZ SEGUNDO SEMESTRE! 

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