Uma coisa é o direito do apenado; outra, o seu mero interesse. O interesse público deveria sempre prevalecer na efetivação da pena, em detrimento do interesse individual do criminoso. Claro que não é isso que ocorre na vida real. Ouso a dizer com poucas chances de erro que acontece justamente o contrário; por óbvio , o interesse privado do preso é sempre apresentado como argumento de interesse público, mas não passa de ativismo, geralmente por intelectuais orgânicos, pessoas com influência na prática da execução penal. Pegam determinado instituto que querem ampliar, ou invenção de algum, e o fundamentam como ótima prática para a “ressocialização” de criminosos. A sociedade não se dá conta da agenda alternativa, garantista, libertária, abolicionista, ou o que seja, mas sempre nessa linha ligada ao marxismo cultural, à dominação da linguagem, à guerra de classes, para sempre, absolutamente sempre, beneficiar criminosos em detrimento da verdade e da justiça, criando a pior injustiça social: a mentira através do argumento desonesto. Não há mal maior, que corrói o homem que cumpre com seus deveres e paga impostos, do que sofrer injustiça com capa de Justiça. No momento em que se vitimiza o criminoso preso, sem contextualizá-lo na realidade ( país da impunidade, encarceramento muito baixo, nem todos os presídios são ruins, mas, mesmo os ruins, os bandidos que lá estão ficam absurdamente pouco tempo em proporção ao mal que causaram, a Lei de Execução Penal extremamente leniente – encontre outra no mundo semelhante sequer, profissionais que mesmo em cargos sensíveis à segurança pública e ao sistema de justiça são ativistas ideológicos), inverte-se toda a lógica da ética, do moral, do legal. Isso com o tempo, enlouquece as pessoas de bem, causando danos irreparáveis no tecido social.
Não é o tema deste escrito adentrar na função principal da pena, mas apenas para fixar essa premissa: não é e nunca foi a ressocialização, por mais que estrelas decadentes digam isso. Por mais que digam que “um dia ele voltará ao convívio social, precisamos melhorá-lo”! Mentira! Ele sempre volta, e rápido demais, e com todos os “avanços” criados pelas instituições nessa área, estão cada dia piores, embora o absurdo aumento de tratamentos e de benefícios previstos. Na melhor hipótese, pode-se falar em reabilitação. São conceitos diferentes, mas, de qualquer modo, também não é. A principal função da pena de prisão é prender! Sim. Simples assim. Ela já resolve quase tudo. Lembremos que o direito penal não é a palmatória do mundo, e dizer que ele não resolve o crime é um grande desconhecimento básico: ele jamais acabará com o crime. O crime é uma escolha pessoal, racional. A prisão existe para evitar que um indivíduo volte a delinquir pelo efeito dissuasório com relação aos que pensam em praticar crimes. Se houver prisão, talvez desistam ; e os que estão presos, enquanto estiverem, não delinquirão.
Nesse contexto, o que dizer da remição pela leitura? Aquela jabuticaba nacional que NÃO tem previsão legal, mas resolução do Conselho Nacional de Justiça , órgão sem nenhum poder para legislar, e que serve para antecipar a saída de presos perigosos, ou para diminuir o que já é irrisório? A remição de pena é uma forma de extinção da pena pelo cumprimento e só pode ser aplicada com alteração da lei de execução penal. A remição pela leitura para apenados num país onde a melhor universidade está entre as 250º e 300º no ranking mundial, um dos mais baixos índices no PISA e que o poder público, mantém cartazes dentro de estabelecimento penal gaúcho desse nível:
“ATENÇÃO! O PROJETO REMISSÃO PELA LEITURA VAI COMEÇAR! -VOCÊ LÊ UM LIVRO - FAZ UM RESUMO, POR ESCRITO, DO LIVRO PRA PROFESSORA – GANHA 4 DIAS DE REMISSÃO (POR LIVRO LIDO)
AS PROFESSORAS VEM DIVULGAR O PROJETO NA TERÇA DIA 23/7, AS 14HS
PESSOAL DO EXTERNO QUE TIVER INTERESSE DEIXE O NOME PRO PSICÓLOGO”.
Com os rankings nacionais e sem bola de cristal, sabe-se que os presos realmente irão beneficiar-se com o projeto, sim: literalmente remissão de pena, e não remição. Não se está aqui a criticar o estudo ou o trabalho, justamente o contrário: da forma como estão sendo oferecidos, causa justamente o efeito contrário: desvalia ao trabalho e ao estudo. Esses devem existir, sou favorável, mas como recompensa pelo mérito no cumprimento da pena e como oportunidade de crescimento pessoal o ato em si, não o desconto de pena, o quanto menos o não previsto em lei. Somente isso ressocializa aquele que realmente deseja. A chance de trabalhar, estudar ou ler é, por si, nova chance de recuperar ou construir uma dignidade pessoal, que faz o homem crescer. E não o estimulando para um projeto sem previsão legal, numa realidade que não há fiscalização e há fraudes e embutes nos legais, para o simples interesse pessoal de sair antes do tempo.
Essas considerações também vão no mesmo sentido de que o estado do Rio Grande do Sul, através da SUSEPE, antecipa-se a implantar um projeto – veja-se o nível do cartaz, sem o mínimo respeito ou cuidado ao idioma vernacular, emprestando mais descrédito ainda, – sem previsão legal, que é a mesma que não prima por apurar faltas graves, tendo os seus processos administrativos disciplinares baixíssima qualidade, e, aparentemente, sem interesse em fazer um mínimo aceitável a contribuir com a apuração e o devido encaminhamento às consequências de reconhecimento judicial de faltas graves. Para isso, poderia fazer esse importantíssimo ofício sem gastar um real a mais. Trocando em miúdos: contribui para a impunidade na medida em que deixa a desejar em uma das suas atividades mais importantes, que é fazer um procedimento administrativo disciplinar correto, que geraria consequências negativas para o apenado, e se adianta com uma velocidade exemplar (menos no idioma, mas mesmo assim querendo contribuir para a ressocialização através da leitura e da escrita) para um benefício sem lei, criado por resolução, que antecipa a saída dos presos ou o fim da “pena” dos que estão no semiaberto (a remição sem lei livra mais rápido o apenado; um procedimento para apurar falta feito corretamente prejudica os interesses pessoais do apenado). Não estou a dizer que não devam existir projetos nesse sentido, mas não é possível mais empurrar criminosos para as ruas com justificativas e projetos para inglês ver. Isso é mais uma faceta da dominação da linguagem e do politicamente correto. Quem de sã consciência não deseja que qualquer pessoa melhore? No entanto, isso é uma escolha pessoal. E isso pode desde já acontecer. Os presos têm ou podem ter acesso a livros, mas qual a necessidade de dar remição e sem lei? A sociedade tem interesse nisso? Os cartazes com erros crassos de Português mantidos pelo estabelecimento prisional não suprem a ausência de lei e a de credibilidade.
Infelizmente, não se aprendeu, ou é proposital ( creio que sim) , que a política criminal de incentivos e de excesso de benefícios e de tratamento penal em detrimento da disciplina e das sanções têm diminuído a já remota chance do despertar da crítica interna do criminoso. Um verdadeiro desastre nas últimas décadas e verdadeiras penas medievais, sim, mas para as vítimas e para a verdade.
Lembrei também do criminoso que foi preso por tentativa de estupro no início do mês de julho, logo após ter sido libertado pela justiça gaúcha, já que cumprira 30 anos em regime fechado (condenação próxima a 360 anos) e que se dizia resgatado pela leitura. Talvez culto, mas continua criminoso.
*Débora Balzan é Promotora de Justiça de Execução Criminal no MP/RS
Debruço-me sobre questões objetivas do desenvolvimento econômico e social. Irrefutável que foi por meio do sistema capitalista que ocorreu um salto na melhoria do padrão de vida mundial e no aumento da capacidade de consumo das pessoas. Inegável também é que o capitalismo não é um modelo perfeito, visto que há muita gente vivendo em níveis miseráveis e/ou de pobreza.
Na direção do desenvolvimento econômico e social, parece-me que o cerne refere-se, de fato, ao dilema entre liberalismo econômico versus intervencionismo. Nessa querela, prefiro valer-me de fatos e dados reais para constatar que são as nações que exibem maior grau de liberdade econômica aquelas que possuem os melhores indicadores de crescimento econômico e, não surpreendentemente, os maiores índices de desenvolvimento humano. Como corolário, a melhor forma de justiça social, dá-se por meio do crescimento econômico.
Num país como o Brasil, com marcantes contrastes econômicos, um debate sério, evidentemente, deve atentar para o tema de uma maior justiça social. Infelizmente, essas palavras foram pervertidas ao longo do tempo - e já faz tempo - por uma maioria (isso mesmo!) hegemônica de intelectuais, acadêmicos, jornalistas, escritores, artistas, políticos e cientistas políticos de "segunda pele" ideológica esquerdista, verdadeiros protagonistas e formadores de opinião na grande mídia nacional. Quem não enxerga a batalha cultural travada e ganha diariamente por essa mentalidade e seus costumeiros preconceitos e esteriótipos, na defesa intransigente de pautas encharcadas de idealismo social, bom-mocismo, de direitos humanos e de ações afirmativas?
Claro que o real debate impõe contrapontos! Contanto que haja argumentos críveis de ambos os lados e que uma das partes abandone a intransponível barreira da aceitação dos fatos, da primazia da sabedoria e de sua "superior autoridade moral".
O abissal problema é que essa gente continua encastelada em praticamente todas as instituições! Na justiça, nas universidades, nos serviços públicos e, em especial, nas mídias. O desgastado embate da luta de classes entre opressores e oprimidos assumiu novos e pós-modernos contornos umbilicalmente ligados aos direitos das minorias.
Desafortunadamente, no campo das subjetividades, o atual debate associado à ideologias de gênero, raça, identidade sexual, pautas feministas (e extremadas!), não só serve de cortina de fumaça em relação aos reais anseios do verdadeiro povo brasileiro, como também, afora respectivas tribos, interessados interesseiros e mídia (ironicamente direcionada para a classe média!), ultrapassou sobremaneira os limites da exposição, do bom senso e do aceitável para a maioria da população. Compreensível que foi importante na direção da mitigação de preconceitos e intolerância. Porém, já foi entendido. Agora ideologizado, seu apelo vitimista e bondoso, efetivamente, quase ninguém o suporta mais. Será que essa gente não compreende que para a grande parte da população brasileira o "problema social" pode estar justamente relacionado com uma espécie de empobrecimento moral e espiritual?
Cabe atentar para essa turba, que o genuíno povo é composto de enormes subgrupos sociais com necessidades e desejos extremamente diferenciados entre si, cujos quais, salvo melhor juízo, querem ter seus "direitos" reconhecidos e respeitados. O genérico "povo" são subdivisões variadas de tipos de trabalhadores rurais, industriais, em serviços, etc., que apresentam características, atitudes e motivações heterogêneas. Tais direitos almejados muitas vezes diferem daqueles da minoria que luta por seus interesses identitários - e ideológicos - ligados a cor, sexo, orientação sexual, entre outros. Parece-me que a maioria quer dignidade, significando melhores condições de saúde (desumanamente ainda não há sequer saneamento básico!), segurança e, especialmente, acesso a uma educação (de qualidade!), além da óbvia necessidade de igualdade perante a lei!
Obviamente, aqueles que pensam diferentemente dessas diversas tribos são, de antemão, taxados de reacionários, racistas, fascistas e por aí afora. Não há como não aludir ao filósofo Edmund Burke: "Para que o mal triunfe basta que os bons fiquem de braços cruzados". Se ser conservador é proteger o mundo de abissais estragos ideológicos utópicos, como o sou!
Na sociedade verde amarela do espetáculo, onde tudo é permitido, o bondoso e o "do bem" são aqueles que, ao invés de exercerem seus desejos mais íntimos e/ou caridosos entre quatro paredes, precisam compulsoriamente externar sua compaixão e amor aos oprimidos, além da suprema indulgência. Oh sinceridade - bondade artificial - que clama por aprovação social. Faz parte do espetáculo pirotécnico nacional em terras tupiniquins. Por aqui, o que importa não é ser justo, mas parecer ser! Quixotesca - moderna - bondade...
Fico me perguntado até onde pode avançar e donde nos levará tal invenção cultural? Qual o limite do relativismo e da vontade humana? Vontade essa que, por meio da retórica e do comportamento, opõe-se a tudo que possa representar a "autoridade instituída". Desejo visceral pelo desprezo a formas tradicionais de pensamento e de conduta que sustentam a sociedade, com suas naturais virtudes e vícios. Contemporâneo e autêntico é a resistência a termos e circunstâncias que não foram escolhidas livremente pelos bondosos homens e mulheres de moral superior. Não a vida como ela é! Engenheiros sociais são exímios em apontar "certeiramente" que o sistema atual não corresponde em nada às necessidades da vida real. Esse "mal estar" é o indutor da retórica de vitimação. Moderno é só a piedade!
Neste sentido, muito pertinente a obra de Lionel Trilling, que enfatiza a fixidez de nossa condição biológica, esta verdadeiramente libertadora de uma cultura que, de outro modo, seria absoluta e onipotente.
Até que ponto essa imposição cultural pode intimidar minha liberdade de pensar e me expressar de acordo com uma moralidade "tradicional" judaico-cristã? Moralidade embasada em valores edificados ao longo do tempo por interações sociais e homens, que reputo como sendo dignos, inteligentes e adaptativos. Dou-me o crédito de acreditar no passado, nas tradições, nos costumes e nas instituições que foram sendo forjadas. Especialmente, nos preconceitos, isto é, na sabedoria acumulada a duras penas. Ainda, posso eu crer na ideia abstrata do divino; aquilo que me provê forças e esperanças "internas" e, individualmente, auxiliam-me na vida pessoal e social? Sim, minha ligação com "meu divino" é fundamental, simplesmente porque acredito ser.
Creio que as diversas tribos - autoritárias - uma vez que desejam impor aos demais seus valores subjetivos e sua superioridade moral, inspiradas nos ideais rousseaunianos, vêem no homem um ser perfeito, bondoso, que deve fazer prevalecer suas paixões, interesses e vontades. Viva a vontade humana; faça-se realidade o controle absoluto e terreno! (Infelizmente, já presenciamos trajetórias do autoritarismo para o totalitarismo!).
Interessante que estava em um grupo de amigos, entre os quais um homossexual e um negro. Quando emergiu o tema das políticas afirmativas, curiosamente, os únicos que comportaram-se prudentemente, manifestando-se contra "discursos enfáticos" e apaixonados, foram exatamente os únicos representantes de tais minorias.
Evidente que nessa veia, o homem é o portador da sua própria salvação, sendo os que pensam distintamente maus, impiedosos, diferentemente dos "bons", indulgentes e acusadores das maldades humanas, das "bestas preconceituosas". Abaixo a verborreia politicamente correta! Julgamento sim, é preciso. Quero minha liberdade respeitada por declarar em alto e bom som aquilo que penso, como por exemplo, que "cultura popular", muitas vezes, é verdadeiramente lixo cultural, não sendo objeto de contemplação e admiração simplesmente porque emergiu da periferia. Em que lugar ficou o belo?
A perfeição moral gerada pelas mentes progressistas desejam o enquadramento da sociedade no seu totalitário padrão ético do bom, sendo moralmente superior o que apela as emoções e aos sentimentos benevolentes. Por certo, devem ser autenticamente externados, mesmo que sem uma verdadeira consideração com base em princípios transcendentes que incitam sentimentos de justiça e correção. Mentes dotadas de poder sobrenatural advogam a capacidade de mudar toda estrutura social - e educacional - em nome de uma maior - farisaica - "autenticidade".
Referenciando Girard, posso eu viver de forma distinta daquilo imposto pelos seres iluminados de moral superior, como aqueles do seu universo de Combray?
Distintamente da inversão das palavras freudianas - científicas ou não - a civilização começa quando o homem renuncia ao princípio do prazer - do tudo é permitido - em favor do princípio de realidade, em que a restrição dos instintos é fundamental para a vida em sociedade.
Para Trilling, o Freud da Civilização e seus Descontentamentos (1930), revelou a importância da necessidade de inibição, repressão, renúncia aos desejos instintivos do indivíduo no interesse da cultura e da civilização.
Nascemos num mundo pré-existente e vivemos na perpétua luta pela existência. Como tudo por ser engenheirado, e deve ser ideologizado, a repressão dos instintos freudianos foi apropriada pela retórica esquerdista como mecanismo de dominação social, devendo sobretudo os instintos serem glorificados. A era do hedonismo supremo e absoluto.
Tudo aquilo que vai de encontro ao autoengano consciente do homem indulgente - tenho que mencionar, e mulher - é reacionário, ridículo e fascista.
Até quando os supostos direitos, pleitos e retóricas dessas minorias desejosas por impor aos demais suas "verdades", irão se sobrepor aos interesses da maioria da população? Ou será que não está claro que os cidadãos de bem querem ter, objetivamente, trabalho, comida no prato, um espaço para si e respeito por sua dignidade? Como apontou Cobbett, deseja-se que o "velho homem" tenha liberdade, comida e trabalho adequado.
A verdadeira justiça social para todos, diz respeito a obtenção de recursos mais básicos - mais tangíveis - e acesso a uma educação que possibilite uma vida com mais significado.
Menos perfeição ideológica, bondosa, e mais direitos singelos e obrigatórios ligados ao reconhecimento e respeito mútuo na vida em sociedade, ou seja, mais justiça social.
Não seria mais prudente e melhor uma visão mais realista, sem a confusão em sentir-se bem com fazer o bem? A mente torna-se por demais perigosa quando se liberta das realidades vividas e da história!
Senão vejamos: chega de governar farisaicamente para interesses tribais e pontuais. É hora do verdadeiro desenvolvimento econômico e social para todos!
Alex Pipkin, PhD
Famosos intelectuais e artistas brasileiros assinam um manifesto.
Ele é curto e a frase mais contundente é essa.
“Retomar agora fórmulas econômicas que protegem os privilegiados de sempre seria um enorme retrocesso, para novamente beneficiar os especuladores e os gananciosos.”
Notem a pobreza intelectual, e a hipocrisia.
Dividem o mundo em gananciosos e altruístas.
Ponto final.
E assinam embaixo.
O fato de Chico Buarque ganhar R$ 200.000,00 por um show de 2 horas não é ganância.
Mas um Empreendedor ganhar R$ 200.000,00 de lucro vendendo 2.000.000 de sorvetes, lucrando R$ 0,10 centavos em cada sorvete, é.
A economista Maria da Conceição Tavares receber 3 aposentadorias, da PUC, Unicamp e BNDES não é ganância.
A filósofa Marilena Chauí ganhar R$ 40.000,00 por mês de trabalho, para ensinar 20 alunos por ano, dos quais metade não completa o curso, não é ganância.
Um escritor como Luis Fernando Veríssimo ganhar direitos autorais de seu pai, Érico Veríssimo, por 60 anos depois da morte dele não é favorecimento ganancioso do trabalho intelectual, mas uma patente de remédio por 10 anos, é.
Aos filhos destes intelectuais, quero deixar bem claro.
Vocês têm uma dívida com este país, espero que vocês lutem para compensar o mal que seus pais fizeram.
“O texto é assinado, entre outros, por
Luis Fernando Veríssimo,
Fernando Morais e
Silvano Santiago, os atores
Osmar Prado,
Paulo Betti,
Matheus Nachtergale,
Chico Diaz,
Sergio Mamberti,
Silvia Buarque,
Tonico Pereira,
Hugo Carvana e Ângela Vieira, os cantores
Chico Buarque,
Chico César,
Noca da Portela,
Alcione,
Beth Carvalho e Leci Brandão,
além do teólogo Leonardo Boff,
da economista Maria da Conceição Tavares,
da filósofa Marilena Chauí e
de Vera Niemeyer, viúva do arquiteto Oscar Niemeyer.”
* Publicado originamente no Blog do Kanitz http://blog.kanitz.com.br/chico-buarque/.
ÉPOCA DE BALANÇOS
Com o encerramento do semestre o mercado passa a aguardar, com grande expectativa, a divulgação dos balanços das empresas de capital aberto, ao longo do período. E, como de praxe, a mídia em geral, via de regra, se une aos socialistas de plantão com um pobre propósito: influenciar a opinião pública de que LUCRO é fruto da ganância empresarial.
Daí a sede furiosa dos socialistas de, constantemente, exigir a -TRIBUTAÇÃO DOS DIVIDENDOS-.
9,3 VEZES O MONTANTE EMBOLSADO PELO EMPRESÁRIO
O que ninguém vê, ou não tem o menor interesse, é o quanto as empresas RECOLHEM AOS COFRES PÚBLICOS, que em alguns casos, não raros, equivale a 9,3 VEZES O MONTANTE EMBOLSADO PELO EMPRESÁRIO (SÓCIOS).
MISES BRASIL
Na semana passada, ao ler o site -(www.mises.org.br) me deparei com um importante e oportuno conteúdo produzido pelo analista financeiro Mateus Vieira, com o título - UMA PEQUENA AMOSTRA DO SOCIALISMO BRASILEIRO, EM NÚMEROS -. Diz ele que ao avaliar uma demonstração financeira de um cliente (uma indústria de beneficiamento de aço que está passando por maus bocados devido à situação econômica do país) o deixou PERPLEXO . Vejam o que Mateus disse:
IMPOSTOS SOBRE VENDAS
- Verifiquei que a firma havia faturado cerca de R$ 13 milhões no mês anterior. Deste total, algo em torno de R$ 3,7 milhões (28%) foram PAGOS APENAS EM IMPOSTOS SOBRE VENDAS por meio das alíquotas de PIS, COFINS, IPI e ICMS. Fiquei perplexo ao notar a QUANTIDADE DE DINHEIRO QUE O ESTADO LEVAVA ANTES MESMO de a empresa receber pelas vendas efetuadas.
SOBRAVA POUCO PARA O EMPRESÁRIO
Continuando a análise das contas, vi que, após o pagamento aos fornecedores, funcionários, prestadores de serviço e credores financeiros, SOBRAVA MUITO POUCO PARA O EMPRESÁRIO em termos percentuais. Para ser mais específico, após o pagamento de todas as contas operacionais e de mais um esbulho estatal (IRPJ e CSLL), sobrava para o empresário algo em torno de R$ 400 mil.
O leitor pode pensar: "ah, mas R$ 400 mil por mês não é nada mal!"
Contudo, qualquer impressão de altos lucros cai por terra após se verificar que o montante EQUIVALE A APENAS 3% DE TODO O FATURAMENTO DA EMPRESA.
SOCIAL(ISMO)-DEMOCRACIA
Mateus Vieira revela que passou o resto daquele dia pensando no escândalo que aqueles números representavam. Como é possível o ESTADO EMBOLSAR, sem resistência, quase 30% do que a empresa produz, e sem que ele tenha tido qualquer participação nos riscos do empreendimento?
Eis a realidade: a social-democracia conseguiu um feito jamais realizado pelos socialistas originais: a tomada, ainda que furtiva, dos meios de produção.
ATENÇÃO: O TOTAL LEVADO PELO ESTADO na empresa do cliente do Mateus EQUIVALIA A MAIS DE 9 VEZES O LUCRO DOS SÓCIOS. Que tal?
Sugiro, para melhor compreensão, a leitura integral do texto que se encontra disponível no site (www.mises.org.br).
Os intelectuais de esquerda, os professores pró-socialistas universitários e cidadãos envolvidos na imposição do "politicamente correto", não explicam nem para si mesmos a razão para as falhas sucessivas de regimes socialistas implantados nos quatro cantos do globo. Não exceção, embora, neste caso, a "regra" seja confirmada.
O socialismo atual tem origem nas obras de filósofos e economistas como Karl Marx e Antonio Gramsci e na prática de políticos como Vladimir Lenin e Pol Pot. O primeiro aprofundou as condições econômicas do processo produtivo capitalista e o segundo "inventou" uma forma cruel (a ditadura) para implantar seu socialismo à força.
Não existe um único postulado socialista sobre como produzir bens e serviços. Os postulados se baseiam em preceitos de tipo “moral”, hipocritamente moral, para, à força, impor às pessoas o "benefício" do racionamento e da fome que resulto – em 100% do tempo – a infeliz experiência socialista. Este socialismo só defende os cidadãos como "consumidores". Aqueles que são produtores são desprezados, condenados e exterminados.
Como Fidel Castro disse ao embaixador peruano no meio da crise cubana com a embaixada do Peru em 1980, "eu sei matar e você não". Grande vantagem do Comandante sobre o embaixador! Os produtores - nesse socialismo - são simplesmente eliminados. Como Díaz Canel acaba de fazer com o maior produtor de porcos de Holguín, exemplarmente, para que ninguém ouse "produzir". No final, os produtores são os inimigos de "classe" e para eles há apenas desprezo.
Paradoxalmente, Karl Marx dedicou-se a estudar o processo de produção capitalista, mas seus estudos – sem dúvida – não incluíra as qualidades dos empresários, que usam seu capital, crédito e talento para liderar um processo produtivo. Todo empreendimento é um salto para o vazio, que irá gerar emprego e renda para muitas outras pessoas. Além do capital, existem nesse processo qualidades e méritos individuais pouco estudados sob o ponto de vista pessoal. E disso, claramente o socialismo carece para poder dar "consumo aos seus consumidores".
Da mesma forma que nem todos podem ser medalhistas olímpicos de alguns dos eventos esportivos; que nem todos têm a voz de ouro de cantores famosos; que nem todos os jovens têm as qualidades estéticas de uma rainha da beleza, ou não têm as condições para conduzir com sucesso um carro de Fórmula 1, também nem todo mundo, como socialismo quer, são susceptíveis de conduzir um negócio produtivo e rentável para a sociedade.
No socialismo, enquanto a crueldade contra os adversários é a principal "qualidade" política (saber "matar"), seu principal erro é não saber apreciar as qualidades de empresários e produtores, o que permite que todos sejam consumidores. O consumo é um processo primário e natural, enquanto a produção é um processo artificial e complexo, para o qual esforço e trabalho especializado são necessários. É por isso que toda sociedade (exceto a socialista) toma muito cuidado com aqueles que possuem o dom natural de dominar o processo de produção de bens.
Em 14/07/2019.
*Artigos deste autor podem ser encontrados em http://www.cubalibredigital.com
**Traduzido por Percival Puggina
Ao menos Marx qualificava de proletário quem trabalhava; depois da Escola de Frankfurt e do PT, surge a valorização dos desqualificados e da estética do nojo.
Karl Marx podia ter todos os defeitos do mundo, desde a vigarice intelectual até as hemorroidas, mas ele sabia que a palavra "proletário" significa "gente que trabalha" e não qualquer Zé-Mané.
Ele combatia o capitalismo porque achava que os ricos enriqueciam tomando o dinheiro dos pobres, o que é talvez a maior extravagância matemática que já passou por um cérebro humano, mas, reconheça-se o mérito, ele nunca confundiu trabalhador com vagabundo, povo com ralé.
Alguns discípulos bastardos do autor de "O Capital", uns riquinhos muito frescos e pedantes, fundaram um instituto em Frankfurt com o dinheiro de um milionário argentino e resolveram que valorizar antes o trabalho honesto do que os vícios e o crime era uma deplorável concessão de Marx ao espírito burguês.
Usando dos mais requintados instrumentos da dialética, começaram ponderando que o problema não era bem o capitalismo e sim a civilização, e terminaram tirando daí a conclusão lógica de que para destruir a civilização o negócio era dar força aos incivilizados contra os civilizados.
Os frankfurtianos não apostavam muito no paraíso socialista, mas acreditavam que a História era movida pela força do "negativo" (uma sugestão de Hegel que eles tomaram ao pé da letra), e que, portanto, o mais belo progresso consiste em destruir, destruir e depois destruir mais um pouco.
Tentar ser razoável era apenas "razão instrumental", artifício ideológico burguês. Séria mesmo, só a "lógica negativa".
A destruição era feita em dois planos.
Intelectualmente, consistia em pegar um a um todos os valores, símbolos, crenças e bens culturais milenares e dar um jeito de provar que no fundo era tudo trapaça e sacanagem, que só a Escola de Frankfurt era honesta, precisamente porque só acreditava em porcaria – coisa que seu presidente, Max Horkheimer, ilustrou didaticamente pagando salários de fome aos empregados que o ajudavam a denunciar a exploração burguesa dos pobres.
Isso levou o nome hegeliano de "trabalho do negativo". A premissa subjacente era:
- Se alguma coisa sobrar depois que a gente destruir tudo, talvez seja até um pouco boa. Não temos a menor ideia do que será e não temos tempo para pensar em tamanha bobagem. Estamos ocupados fazendo cocô no mundo.
No plano da atividade militante, tudo o que é bom deveria ser substituído pelo ruim, porque nada no mundo presta, e só a ruindade é boa. A norma foi seguida à risca pela indústria de artes e espetáculos. A música não podia ser melodiosa e harmônica, tinha de ser no mínimo dissonante, mas de preferência fazer um barulho dos diabos.
No cinema, as cenas românticas foram substituídas pelo sexo explícito. Quando todo mundo enjoou de sexo, vieram doses mastodônticas de sangue, feridas supuradas, pernas arrancadas, olhos furados, deformidades físicas de toda sorte – fruição estética digna de uma plateia high brow.
Nos filmes para crianças, os bichinhos foram substituídos por monstrengos disformes, para protegê-las da ideia perigosa de que existem coisas belas e pessoas boas. Na indumentária, mais elegante que uma barba de três dias, só mesmo vestir um smoking com sandálias havaianas -- com as unhas dos pés bem compridas e sujas, é claro.
A maquiagem das mulheres deveria sugerir que estavam mortas ou pelo menos com Aids. Quem, na nossa geração, não assistiu a essa radical inversão das aparências? Ela está por toda parte.
Logo esse princípio estético passou a ser também sociológico. O trabalhador honesto é uma fraude, só bandidos, drogados e doentes mentais têm dignidade. Abaixo o proletariado, viva a ralé. De todos os empreendimentos humanos, os mais dignos de respeito eram o sexo grupal e o consumo de drogas.
De Gyorgy Lukacs a Herbert Marcuse, a Escola de Frankfurt ilustrou seus próprios ensinamentos, descendo da mera revolta genérica contra a civilização à bajulação ostensiva da barbárie, da delinquência e da loucura.
Vocês podem imaginar o sucesso que essas ideias tiveram no meio universitário. Desde a revelação dos crimes de Stálin, em 1956, o marxismo ortodoxo estava em baixa, era considerado coisa de gente velha e careta.
A proposta de jogar às urtigas a disciplina proletária e fazer a revolução por meio da gostosa rendição aos instintos mais baixos, mesmo que para isso fosse preciso a imersão preliminar em algumas páginas indecifráveis de Theodor Adorno e Walter Benjamin, era praticamente irresistível às massas estudantis que assim podiam realizar a coincidentia oppositorum do sofisticado com o animalesco.
Com toda a certeza, a influência da Escola de Frankfurt, a partir dos anos 60 do século passado, foi muito maior sobre a esquerda nacional que a do marxismo-leninismo clássico.
Sem isso seria impossível entender o fenômeno de um partido governante que, acuado pela revolta de uma população inteira, e não tendo já o apoio senão da ralé lumpenproletária remunerada a pão com mortadela e 35 reais, ainda se fecha obstinadamente na ilusão de ser o heroico porta-voz do povão em luta contra a "elite".
Dois anos atrás, já expliquei neste mesmo jornal (leia aqui) que uma falha estrutural de percepção levava a esquerda nacional a confundir sistematicamente o povo com o lumpenproletariado, de tal modo que, favorecendo o banditismo e praticando-o ela própria em doses continentais, ela acreditava estar fazendo o bem às massas trabalhadoras, as quais, em justa retribuição de tamanha ofensa, hoje mostram detestá-la como à peste.
O Caderno de Teses do V Congresso do PT é um dos documentos mais reveladores que já li sobre o estado subgalináceo a que os ensinamentos de Frankfurt podem reduzir os cérebros humanos.
*Publicado originalmente no Diário do Comércio, em 17 de abril de 2015.