Por que a imprensa no Brasil deixou o jornalismo intelectualmente honesto de lado, e se tornou grosseiramente militante e propagadora de informações distorcidas, deturpadas ou manipuladas? Aponto duas razões.
Primeira razão. Interpretação equivocada que se atribui ao art.5, XIV, da CF: "é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional".
No Brasil, se o homem-fonte consegue ilicitamente as informações, as repassa ao jornalista, e este replica a mensagem, considera-se que tenha agido como um "profissional no exercício do dever de informar".
Ou seja, atua como uma espécie de "lavador de informações obtidas criminosamente", tal como um advogado pago com dinheiro de corrupção, que inadmite que se discuta a origem da grana do cliente corrupto que o remunera. Inacreditavelmente, tudo com o aval do Judiciário e de "especialistas" avalistas da "democracia" socializante e pervertida que vivenciamos nessa terceira década do século XXI. Não aprendemos nada com a história.
O fato é: o dever de se manter o sigilo da fonte, quando esta consegue as notícias ILICITAMENTE e as transmite para serem divulgadas por "jornalista", JAMAIS pode ser classificado como "necessário ao exercício profissional" da liberdade jornalística ou de imprensa. Motivo translúcido: se não houvesse crime originariamente cometido pelo homem-fonte, a divulgação dos dados obtidos contra legem não ocorreria, pois o estado de legalidade teria sido devidamente observado pela tal fonte.
Na prática, o SIGILO que absolutamente protege a identificação do homem-fonte criminoso LEGITIMA uma situação de ilicitude inaceitável num verdadeiro Estado Democrático de Direito, porque IMPEDE a PUNIÇÃO de um infrator penal (homem-fonte) e deixa igualmente IMUNE a penas o seu comparsa de delito, o pseudojornalista que, mesmo sabendo do crime, imoralmente dele se locupleta, em nítido prejuízo a bem jurídico alheio (normalmente, a honra).
Razão dois. Subversão do estado de Direito e esgarçamento do arremedo de Democracia, em virtude da consolidação escancarada da ditadura esquerdista da toga. A ditadura capitaneada pela composição atual do STF impõe a toda a sociedade um código falso moralista e ideológico do politicamente correto.
Simultaneamente, para serem coerentes com a sustentação da suprema vontade jurídico-moralista, os onze - por unanimidade ou eventualmente por maioria - não sentem a menor vergonha de fazerem vistas grossas para todo o tipo de pilantragens injuriosas, difamantes ou caluniosas concretizadas por "jornalistas" militantes, que rezam na cartilha "progressista" e bandidólatra ora esculpida nesse código faticamente antitradicional, senão imoral, batizado pela cúpula do Judiciário.
Vale frisar: a composição hodierna do STF, na veia, fala por si; é sintoma da disfuncionalidade do sistema de "direito" em vigor, além de causa das permanentes "aproximações sucessivas" que levarão à ruptura previsível e imperiosa do caos, com desfecho socioeconômico de prognose tenebrosa.
O inquérito toffoliano-alexandrino é denotativo: totalitariamente, suprime a bel-prazer liberdades e garantias individuais, para perseguir o que "entende" serem "milícias virtuais". Inequivocamente, de direita, por "ousarem" falar mal de instituições "democráticas" e que "funcionam", tal como o "iluminado" supremo. Os marginais virtuais da esquerda, estes, não: são companheiros de jornada "democrática", que "amam" a plena "liberdade" de expressão (do discurso único e supremamente intimidatório - à direita - do politicamente correto).
Em ambas as razões, a garantia togadamente consolidada é a mesma: a certeza da impunidade dos "democratas" esquerdistas. Por outro lado, primam por ameaças de censura e imposições de condenação moral ou mesmo penal ao "milicianos" de direita. Fazem-no diretamente, ou pelo mau exemplo dado a juízes de instâncias inferiores. Danilo Gentili e o próprio Jair Bolsonaro (à época, deputado federal) que o digam. Sem falar na revista Crusoé, que sequer claramente de direita é.
Com a impunidade supremamente assegurada para verdadeiros delinquentes virtuais de esquerda, torna-se "normal" e até estimulante que estes criem e permaneçam produzindo incessantemente perfis falsos em redes sociais, com o propósito de atacar e difamar jornais online tradicionais e sérios. Sem falar em similares atitudes, advindas de jornais impressos de grande circulação (Folha de São Paulo) ou de redes de televisão, concessionária de serviço público (Grupo Globo).
A finalidade de fundo das agressões promovidas por notícias manipuladas, distorcidas ou inventadas - sempre mascaradas com certo verniz de veracidade fabricada - passa longe da essência jornalística, de informar e esclarecer com imparcialidade e honestidade intelectual.
O relevante, sim, para os militantes pseudojornalistas é afetar a credibilidade da vítima escolhida, pelo uso da técnica de Goebbels, visando a, dentre outras intenções macabras, retirar-lhe o apoio financeiro de empresas que nela costumam investir (a título de propaganda e marketing de seus respectivos produtos ou serviços). Para cada contrato desfeito, uma "vitória" ideológica, em prol da causa socialista-comunista inconfessável.
A vítima da vez - como vem se tornando praxe por parte dos que odeiam a honestidade intelectual e a verdade como valores jornalísticos e, sobretudo, de caráter -, novamente, foi o Jornal da Cidade Online. Certamente, os bons patrocinadores, inteligentes que são, sabem fazer a leitura do triste contexto atual, e não se abalarão, ao ponto de se deixarem ludibriar e romperem parcerias vitoriosas com a legítima e democrática imprensa que trabalha para o crescimento do Brasil, tal como as firmadas com o JCO.
De resto, há que se reconhecer que nosso país está passando por uma fase dolorosa de transição, onde, ao final, uma grande limpeza humana e ética terá sido efetivada. Nenhum período de atraso, estagnação e caos moral e socioeconômico é eterno. Daí, o ciclo de prosperidade longevo que se avizinha não terá vez para delinquentes presumidamente ateus e materialistas. Pouco importa que supremamente "abençoados" pela toga e companheiros afins de jornada inconscientemente autodestrutiva.
É fato: tais delinquentes, no alto de suas inconsciências ou consciências extremamente contraídas, creem fanaticamente ser capazes de controlar os efeitos de suas atitudes e ações antidemocráticas, intolerantes e medíocres. Cegamente, querem a retomada do poder que lhes foi confiscado no voto em 2018. Contudo, são psicologicamente incapazes de perceber o sonho irreal de reconquista do poder que domina suas mentes psicóticas. Nada pode pará-los, salvo a "dura lex", somente existente num Estado de Direito real (por que será que o Estado de Direito brasileiro foi supremamente destroçado?)
Compreensível, daí, o porquê desses meliantes das mídias marrons sentirem-se inabalavelmente capazes de aprofundar na sociedade a impregnação e a expansão da ideologia pérfida e psicopática que os nutre. Porém, fica um alento à sofrida população de bem e à pequena mas digna imprensa, alvo desses ataques por acusações fakes: a semeadura é livre; a colheita, obrigatória. Regra universal infalível, independente de crenças ou religiões. O deles está guardado. Aproveitemos então a oportunidade para exercitarmos a compaixão e aprimorarmos o autoconhecimento.
20/05/20
* Mestre em Dir.Publico. Ex-oficial da MB (EN90-93). Escritor (autor do livro "Conscientização Jurídica e Política: o que você precisa saber para não ser manipulado por "especialistas"", disponível na amazon.com.br - e-book- e Amazon.com - livro comum).
** Publicado originalmente no Jornal da Cidade OnLine e enviado pelo autor.
Um veterano do Vietnã, um velho coronel da reserva, certa vez me disse:
A maioria das pessoas em nossa sociedade são ovelhas. Eles são criaturas produtivas, gentis, amáveis que só machucam umas às outras por acidente.
E então há os lobos, e os lobos alimentam-se das ovelhas sem perdão. Você acredita que há lobos lá fora que irão se alimentar do rebanho sem perdão? É bom que você acredite. Há homens perversos nesse mundo que são capazes de coisas perversas. No instante em que você esquece disso, ou finge que isso não é verdade, você se torna uma ovelha. Não há segurança na negação.
E então há os cães pastores e eu sou um cão pastor. Eu vivo para proteger o rebanho e confrontar o lobo.
Se você não tem capacidade para a violência, então você é um saudável e produtivo cidadão, uma ovelha. Se você tem capacidade para a violência e não tem empatia por seus concidadãos, então você é um sociopata agressivo, um lobo. Mas e se você tem capacidade para a violência e um amor profundo por seus conterrâneos? O que você tem então? Um cão pastor, um guerreiro, alguém que anda no caminho do herói. Alguém que pode entrar no coração da escuridão, dentro da fobia humana universal e sair de novo.
Deixe-me desenvolver o excelente modelo de ovelhas, lobos e cães daquele velho soldado. Nós sabemos que as ovelhas vivem em negação da realidade, e isso é o que as faz ovelhas. Elas não querem aceitar o fato de que há mal neste mundo. Elas podem aceitar o fato de que incêndios podem acontecer, e é por isso que elas querem extintores, sprinklers, alarmes e saídas de incêndio em tudo quanto é canto das escolas de seus filhos.
Mas muitas delas ficam ultrajadas diante da idéia de colocar um policial armado na escola de seus filhos. Nossos filhos são milhares de vezes mais suscetíveis a serem mortos ou seriamente feridos por violência escolar do que por fogo, mas a única resposta da ovelha para a possibilidade de violência é a negação. A idéia de que alguém venha matar ou ferir seus filhos é muito dura, então elas escolhem o caminho da negação.
As ovelhas geralmente não gostam dos cães pastores. Ele parece muito com o lobo. Ele tem dentes afiados e a capacidade para a violência. A diferença, no entanto, é que o cão pastor não deve, não pode e não irá nunca machucar as ovelhas. Qualquer cão pastor que intencionalmente machuque a ovelhinha será punido e removido. O mundo não pode funcionar de outra maneira, pelo menos não em uma democracia representativa ou uma república como a nossa.
Ainda assim, o cão pastor incomoda a ovelha. Ele é uma lembrança constante que há lobos lá fora. As ovelhas prefeririam que ele não lhe dissesse para onde ir, não lhe desse multas e nem ficasse nos aeroportos, com roupas camufladas e segurando um M-16. As ovelhas prefeririam que o cão guardasse suas garras e dentes, se pintasse de branco e dissesse: "Béé"
Até que o lobo aparece. Aí o rebanho inteiro tenta desesperadamente esconder-se atrás de um único cão.
* O autor é Tenente Coronel Ranger, Ph.D., autor de "On Killing".
** Enviado por gentileza do leitor João Ambrogini Neto
REUNIÃO FECHADA
Partindo do pressuposto de que mais de 90% do povo brasileiro gosta de futebol e 99% manifestam clara preferência por algum time, achei que ficaria muito mais palatável para os brasileiros em geral comparar a reunião ministerial -FECHADA-, comandada pelo Presidente Bolsonaro, com as típicas e normais reuniões que acontecem nos vestiários, antes, durante e após os jogos que são disputados nos mais diversos torneios e campeonatos.
PALAVRÕES
Observem, primeiramente, que nas conversas -fechadas- que os técnicos fazem com seus atletas, o que mais se ouve são palavrões. Mais: como é uma questão de estilo pessoal, os criticados, salvo raríssimas exceções, aceitam com muita naturalidade esta forma usual de comportamento dos líderes.
STF
Pois, como os ministros do STF tem constantemente demonstrado, com indisfarçável nitidez, o quanto são torcedores de times adversários que não por coincidência jogam pelo lado esquerdo do campo, o decano Celso de Melo achou por bem tornar -PÚBLICA- a reunião -FECHADA- de vestiário comandado pelo técnico Jair Bolsonaro.
Sabe-se, por óbvio, que o intuito do péssimo ministro, e da mídia que não esconde o ódio que nutre pelo técnico do bom time, foi apenas tão somente mostrar o número de palavrões pronunciados na reunião de vestiário.
MÍDIA
Já no que diz respeito ao papel da mídia é sempre importante lembrar que o time comandado por Bolsonaro não aceitou a proposta da Rede Globo para transmissão de seus jogos, preferindo as redes sociais.
Sem contar com esta importante fonte de renda, a mídia esportiva, com o forte auxílio dos repórteres, dos quais muitos são torcedores de times adversários, deu início a uma forte campanha junto ao público com claro propósito de derrubar o técnico.
ARBITRAGEM
No tocante às arbitragens , por mais que boa parte dos profissionais do apito se esforcem para que a disputa seja dentro da regra, alguns se deixam levar pela mídia, pelos gritos das torcidas e pela paixão que nutrem pelos seus clubes do coração, tratam de anular as boas jogadas do time dirigido por Bolsonaro.
SUBSTITUIÇÕES ESTRATÉGICAS
Vendo que alguns de seus atletas (ministros) não estão jogando de acordo com o planejado, nos intervalos dos jogos, à portas FECHADAS, de forma totalmente privada, o técnico reúne o time, fala de estratégias e avisa que vai substituir quem não está cumprindo o que foi combinado. Simples assim.
FAKE NEWS PARA DESESTABILIZAR
Ora, sem qualquer informação sobre o que foi tratado na reunião -FECHADA- os inconformados repórteres, quer por serem torcedores do time adversário, quer por instruções das direções de suas respectivas empresas de comunicação, tratam de inventar o que podem para condenar as atitudes do líder, na tentativa de colocar a torcida contra o técnico e os jogadores.
EXEMPLO DO VÔLEI
Quem conhece minimamente o futebol, vôlei, basquete ou qualquer outro esporte coletivo, sabe muito bem que a linguagem adotada pelos técnicos não raro é recheada de palavrões. Os jogadores, as torcidas e a imprensa esportiva sabem que este comportamento é comum, normal e corriqueiro.
Todos os brasileiros sabem, por exemplo, que a cada dez palavras proferidas pelo excelente técnico Bernardinho, da Seleção de Vôlei, tanto nas preleções quanto durante os jogos, sete são palavrões. Pois mesmo assim nem torcida nem atletas se sentem ofendidos. Ambos sabem que este é o estilo do técnico. Mais: se os palavrões produzissem prejuízos ao time, o Brasil jamais seria campeão mundial de vôlei ou futebol.
LAVAGEM DE ROUPA SUJA
Portanto, o que o vídeo da REUNIÃO MINISTERIAL revelou foi uma autêntica CONVERSA DE VESTIÁRIO. De novo: CONVERSA FECHADA, com direito a lavagem de roupa suja no lugar certo, privado e adequado. Da mesma forma como acontece com as equipes de venda ou qualquer outra do meio empresarial competitivo. Quem quer ganhar faz isto.
ENFIM, UM LÍDER!
Ao mandar revelar a CONVERSA DE VESTIÁRIO, o ministro Celso de Melo, por linhas tortas, fez com que o povo brasileiro, inclusive seus adversários, vissem, com muita clareza, que o Brasil tem, na pessoa de Jair Bolsonaro, não apenas um presidente. Tem um LÍDER!, do time Brasil. LÍDER com FOCO NA VITÓRIA!
Historicamente livre dos ataques de bombardeiros, o Brasil agora foi atingido por uma guerra diferente. O inimigo, microscópico, está infiltrado e vem fazendo estragos.
Durante 12 anos atuei como consultor de uma das maiores e mais modernas usinas siderúrgicas do país. Nesse período, realizamos uma infinidade de ações de comunicação para o público interno e as comunidades da região, assessorando equipes da empresa. Tive o privilégio de conviver com profissionais como Cláudio Horta, Marluce Fajardo, Gláucia Mendonça, Carmen Calheiros, Valéria Ribeiro e tantos outros.
A unidade, que na época fazia parte de um grupo europeu, marcou gols espetaculares. Desde sua inauguração colecionou certificações da série ISO referentes à gestão, qualidade do produto e proteção ambiental. Foi a primeira siderúrgica do mundo a conquistar a SA-8000, norma internacional voltada para relações pessoais no ambiente de trabalho e “compliance” – muito antes da palavra virar moda. Criou um dos mais atuantes centros ecológicos da época, responsável pela educação ambiental de milhares de jovens. Apoiou valiosas iniciativas culturais, de saúde e de lazer em comunidades carentes. Hoje, vendida a outro grupo, não sei se mantém tal estilo e qualificações.
Tanto tempo ali e acabei por entender um pouco de siderurgia, seus processos e a importância desse setor. Fabricar aço é mais ou menos como preparar um bolo; na receita entram componentes variados nas proporções ideais. Usinas modernas são vorazes consumidores de sucata metálica, reciclando toneladas que o mundo descarta.
Ao longo da história, a tecnologia que permitiu ao homem misturar minerais num panelão incandescente tornou-se um dos degraus importantes da civilização, verdadeiras joias da coroa. Durante as guerras mundiais baterias antiaéreas reforçavam, com prioridade, as usinas siderúrgicas nos países envolvidos. Eles tinham razão: sem aço, a guerra e o futuro estariam perdidos.
Historicamente livre dos ataques de bombardeiros, o Brasil agora foi atingido por uma guerra diferente. O inimigo, microscópico, está infiltrado e vem fazendo estragos. Para piorar, há traidores, sabotadores - esse tipo de gente que se aproveita do transtorno para levar vantagens. E são estes os que inventaram o confronto absurdo entre “proteger a vida” e “ganhar a vida”, como se fossem coisas antagônicas.
Pressionadas pelas decisões políticas, algumas siderúrgicas já pisam no freio. Funcionários especializados - raros, treinadíssimos, experientes - estão confinados. É um contrassenso e uma burrice. Nas empresas, os EPIs, as condições sanitárias, transporte próprio e cuidados de rotina garantem aos empregados mais segurança contra contágio do que se trancados em suas casas ou amontoados em ônibus e metrôs.
A produção de uma aciaria não cessa; funciona dia, noite e madrugada jorrando aço líquido que se transformará em vergalhões, trefilados, chapas. Numa recente entrevista o ministro Paulo Guedes tocou no perigo dos altos-fornos em risco. Muito complicado: não basta desligar e ligar novamente o equipamento, como se fosse um liquidificador. Ele esfria; o revestimento interno se perde; é um transtorno de dimensões inimagináveis. Enfim: um alto-forno parado – condição extraordinária e apavorante - só pode retornar ao serviço muitos meses depois, com sérios prejuízos de tempo e material. Aí, o estrago maior já ocorreu.
O aço está na base de uma infindável cadeia de produtos – desde uma simples panela inox até naves espaciais. Então, imagine os milhões de postos de trabalho que dependem do aço como insumo essencial. Aço cria o produto e também a máquina que o fabrica.
Com bom senso e serenidade, é possível preservar a vida das pessoas e a economia. A despeito de qualquer discussão política ou ideológica, quando o aço cessa de correr, as indústrias param. As pessoas cruzam os braços. Na falta dos anúncios das indústrias e do comércio que sustentam meios de comunicação, os cilindros onde se rodam jornais param em seguida. Vêm demissões inevitáveis. Os refrigeradores – aliás, feitos de aço – se esvaziam. Pode sobrar, quem sabe, apenas uma lata de sardinha para a família inteira. Ah, sim; é bom lembrar: sem o aço, nem a latinha existiria.
*Publicado originalmente em O Tempo (BH) e enviado pelo autor.
Nenhuma outra doutrina foi tão oposta à filosofia de Aristóteles (322 a. C.) quanto a do pensador idealista alemão G. W. F. Hegel (1831). Sua metafísica constitui-se numa das filosofias mais pretensiosamente sistemáticas do espírito humano numa visão diametralmente contrária à compreensão do filósofo de Estagira. Isso, por muitas razões, mas, sobretudo, por uma nuclear: Aristóteles via o mundo como realidade orgânica, harmoniosa, regida por princípios de unidade e comunhão; Hegel, porém, via a mesma realidade como um sistema intrinsecamente antagônico, regido por princípios conflitantes.
Pode-se dizer que Hegel antecipou a teoria do big bang porque, segundo ele, no início de tudo só havia o ser puro, a tese. Mas (por que cargas d'água não sabemos), aquela pureza se quebrou formando uma realidade negativa de si mesma, a antítese. Daquele ser puro sobraram cacos (espelhos de impureza e negatividade) que, por sua vez, se juntaram novamente para formar uma nova tese, a síntese. Da síntese, porém, surgiu uma nova antítese e assim sucessivamente. Tal é a lei que rege o mundo e a inteira realidade. De quebradeira em quebradeira a realidade inteira progride e se qualifica. O apaziguamento desse movimento dialético dar-se-á pelo esgotamento das suas forças contrastantes. Por isso, no plano social, se a paz algum dia vier a acontecer, ela acontecerá na marra: cansaremos de tantas guerras inelutáveis e necessárias e cederemos, então, à opção por não brigarmos mais. A paz virá mais do cansaço do que dos acordos cívicos.
A filosofia hegeliana padece de um desleixo, um menosprezo, uma desconsideração consciente do respeito que se deve ter pelo princípio denominado por Aristóteles de 'não contraditório'. As considerações que fez acerca desse princípio são uma das coisas mais notáveis e geniais de seu realismo filosófico. Com efeito, segundo Aristóteles, sem o respeito a ele, não seria possível obtermos qualquer verdade científica, vivermos qualquer princípio ético, praticarmos qualquer diálogo coerente e produtivo, termos políticas sérias. Inscrito naturalmente em nossa inteligência, esse mesmo princípio, normatiza e orienta nossa busca pela verdade e nossa liberdade. Só o respeito e a obediência a ele poderão nos conduzir à imprescindível honestidade intelectual e à consequente vida moral. Tal princípio pede, de modo imperativo, que não sejamos, simultaneamente, afirmadores e negadores de nossas locuções e condutas: não nos é permitido, em nenhuma hipótese, dizermos coisas que, ao mesmo tempo, se desdigam e se neguem. Contraditoriedade não é contrariedade. A contrariedade não nega a oposição, a contraditoriedade sim. A parede de uma sala é contrária a outra, não sua negação. Uma parede que negasse a outra seria contraditória. Se alguém, em torno de um mesmo objeto, mesmo aspecto, mesma circunstância, ao mesmo tempo afirmasse e negasse alguma coisa, terminaria por não dizer nada, seria um louco. E a linguagem dos loucos é ilógica, sem sentido.
A loucura sob a ótica da lógica e da convivência humanas é duplamente insuportável. "De loucos e bêbados geralmente rimos, sob a condição de que sejam da família dos outros". Pois bem, Hegel, o maior filósofo idealista de todos os tempos foi o único que rompeu metafisicamente esse princípio tão caro a Aristóteles. Com efeito, para Hegel, a contradição não é uma opção intelectual trágica, não é uma proposição inimiga, mas é uma parceira da lógica e da vida, porque, segundo ele, ela é a própria lei que rege o dinamismo das coisas, o princípio que vivifica e eletriza o inteiro real. A realidade inteira, portanto, é expressão de uma dialética fantástica que move tudo e polariza tudo. A realidade inteira se parece a um átomo que se alimenta de forças internas contraditórias: noite e dia, feio e bonito, bom e mau, luz e trevas, escravidão e liberdade, justiça e injustiça, quadrado e redondo, norte e sul, grande e pequeno, sábio e ignorante, doçura e amargura, delicadeza e grosseria, guerra e paz, alegria e tristeza, ordem e caos, dor e prazer, etc. Devemos amar e acolher o contraditório como parte integrante e essencial do ser. A contradição, entende Hegel, não é inimiga do ser e da lógica, mas sua fiel escudeira. O ser é feito de contradições. Hegel transformou a contradição numa ilustre hóspede da reflexão intelectual, da natureza, da história. Acolheu-a no seio da reflexão, no lar da inteligência, no ninho do pensamento. Não devemos, pois, nos assustar nem nos envergonhar dela, mas podemos tratá-la como íntima parceira e colaboradora.
A contradição não é uma serpente venenosa, mas uma ilustre dama a ser respeitada e desposada. O que se vê, é que negando e menosprezando o princípio de não contradição somos levados à gandaia intelectual e moral. Deveras, a falta de vergonha começa no desprezo pelo princípio de não contradição. Um bom hegeliano, portanto, não se escandaliza nem se envergonha com as próprias e alheias contradições porque ele as assume como parte da verdade. Hegel fez da contradição uma hóspede subjetiva familiar, adocicou o amargo, temperou a vida moral e intelectual de irresponsabilidades, quebrou o que restava de limite ético no exercício da racionalidade: só por causa disso foi capaz de propor o megalomaníaco 'saber absoluto'. Pode-se dizer que Hegel, sob grande medida, se tornou o semeador das irresponsabilidades racionais e morais no mundo contemporâneo. Nele, dicção e contradição adquiriram pesos ontológicos equivalentes e o bem e o mal se converteram em princípios siameses. O assombroso problema do mal ficou resolvido numa só canetada já que a um só tempo ambos (o bem e o mal), receberam o mesmo valor. Se o bem e o mal se tornaram a mesma coisa ou lados de uma mesma coisa, então não há mais limites morais a ser observados. Hegel, talvez sem o saber, nos libertou dos sentimentos de vergonha e escandalocidade que muitos fatos e atos, antes, nos provocavam. Com Hegel desaparecem não só o pudor, a vergonha, o remorso, a culpa, mas também a admiração, o estupor, o assombro, o deslumbramento, a sensibilidade estética, o amor.
Como se conclui, a filosofia hegeliana é chave para se entender a filosofia e a cultura marxistas. Marx sugou visceralmente do espírito hegeliano para construir sua cosmovisão da política e da história. Lendo diversas vezes 'A Fenomenologia do Espírito' (obra mestra de Hegel), escavou dela os fundamentos de sua doutrina. Entendemos então que todo 'bom' marxista ama a contradição e o conflito, não liga para responsabilidades morais, exceto para as que lhe convém. Sem nenhum pudor, em tempos e lugares convenientes, às vezes aplaude o que critica, outras vezes critica o que aplaude. Democracia e ditadura, socialismo e liberalismo, fascismo e nazismo adquirem significados diversos dependendo de hora e lugar. Contradições desnudadas, escancaradamente à mostra. Elas já não os envergonha. São companhias. Marxistas adoram conflitos e contradições, apreciam a guerra, o antagonismo. Portanto, não é difícil ser marxista pela mesma razão que não é difícil ser hegeliano. É suficiente que acrescentemos à panela de nossa alma uma dose de hegelianismo, uma porção de revoltas, frustrações e ressentimentos pessoais para que tenhamos a sopa marxista. Para Aristóteles, no entanto, e sobretudo para Tomás de Aquino, o mais aristotélico dos pensadores, o fundamento de tudo o que existe não é o conflito, mas a comunhão. Se houver caos ele resulta da ordem e não o inverso. O mesmo vale para a história. Sim, há conflitos na história humana, mas não são eles que regem a historicidade. É a comunhão e o desejo dela que a alimenta. Para Hegel e Marx, ao invés, o conflito é a essência da história e a história uma expressão de conflitos.
Perguntava-se o historiador E. Colomer: se a lei da história, realmente, é o conflito, qual o sentido de almejarmos tempos de paz? Outra pergunta aos amantes do Manifesto do Partido Comunista: se o conflito é a lei que rege a história, então jamais atingiremos o comunismo (que seria o fim dele), e se, porventura, algum comunismo fosse possível, então não estaria errada a análise que fazemos da história? O conflito nos impede de chegarmos ao comunismo e o comunismo nos impede de atestarmos a história como conflitiva. Há algo totalmente ilógico na análise da história humana que o Manifesto estampa. Mas para os marxistas não importa a contradição. Não há vergonha nem pudor em estabelecer com ela vínculos esponsais e levar adiante esse falso casamento. Marx, visceralmente hegeliano, inexoravelmente terminou por ser 'marxista'. Águas hegelianas conduzem ao marxismo. Raro é hegeliano não ser marxista e impossível marxista não ser hegeliano. Hegelianos marxistas e marxistas hegelianos, de sorriso cínico, 'quebram' o respeito que se deve ter pelo princípio de não contradição e não sentem vergonha nem remorso de fazê-lo. Esse 'hegelianismo', porém, respingou também no passado, já germinava no farisaísmo judaico, na hipocrisia passada e presente, antes mesmo de Hegel nascer.
Sua ilustração se mostra em muitos exemplares: a) Robespierre, mero e inexpressivo advogado interiorano, defendia radicalmente a iniquidade da pena de morte até conquistar um naco de poder, mas, depois, sem escrúpulos, mudou totalmente de posição; b) Henrik Ipsen, escritor norueguês, representante da faísca emancipadora e libertadora de todas as mulheres oprimidas do seu tempo, tratava, porém, sua esposa como um lixo (comportamento parecido a M. Gandhi); c) Frida Calo, artista contemporânea, encarnação da consciência do direito e empoderamento femininos, sem remorsos recebia e dava abraços e beijos a um dos maiores assassinos revolucionários do século XX, predador de inocentes e mulheres; d) Michel Foucault, ícone contemporâneo defensor dos homossexuais injustiçados, por detrás das fotografias e cortinas cultivava amizade ignominiosa com xiitas iranianos que fuzilavam e matam gays; e) Karl Marx, bípede pensante e porta voz da classe proletária da qual nunca pertenceu, o grito dos oprimidos e desiguais, desprezava negros e eslavos e jamais trouxe à sua mesa o filho bastardo gerado com a doméstica; f) Jean J. Rousseau, filósofo da Rev. Francesa. arauto da ética e da educação libertadoras audaciosamente deixou seus filhos em orfanatos; g) Fidel Castro, inimigo de toda propriedade privada, segundo um seu guarda costas, tinha iates, ilha e casas só para si; h) Os Myrdall, ministros da economia e da educação, respectivamente, pediam aos suecos para que colocassem os filhos em escolas públicas enquanto os seus iam às privadas; i) No Vietnã, durante os dez anos de conflito (1965 – 1975), 250 mil pessoas perderam a vida, mas um mundo de vozes, em nome da paz, se levantou contra ele e os americanos alçaram voo. Quando isso ocorreu, o massacre superou dois milhões de pessoas, mas isso não importava, era só para protestar. Com a consciência tranquila, sem remorsos, retornou-se ao divã. Os massacres advindos da ausência dos americanos naquele conflito não eram relevantes. Indignação pelo pouco, frieza pelo muito.
Com o desrespeito ao princípio de não contradição aprendemos a esfriar a alma, a tolerar o intolerável, a equiparar a mentira à verdade, a aceitar o inaceitável. Não importa. Podemos agora beber nosso drink confortavelmente tendo a consciência entorpecida, mas tranquila. Aprendermos com o sr. senhor Hegel (ainda amado e estudado por muitos) a não mais sentirmos vergonha das nossas contradições. Elas já não nos escandalizam e já não mais são captadas nas radiografias que fazemos de nossa vida política e intelectual. Tínhamos assinado um contrato com o princípio de não contradição. Hegel nos ensinou a rasgá-lo.
*O autor é professor de Filosofia na UFN em Santa Maria/RS
Santa Maria, 20/05/2020
Tenho 56 anos, o oitavo filho de uma família de 10, e desde as primeiras memórias da infância, no pequeno sítio da família em Cafelândia, Paraná, a espingarda sempre fez parte dos instrumentos que meu pai manuseava. Inclusive em algumas oportunidades fiz uso dela atirando em pombas ou objetos como alvo.
Entrando na vida adulta, completando estudos longe daquela casa, trabalho, casamento, filhos, muito mais trabalho, nunca mais dei importância, de forma consciente, para a espingarda muito menos para a questão das armas.
Mais ou menos a partir de 2012, já com 48 anos, com o início da divulgação do livro Professor não é Educador, com muitas ações em vários níveis e organizações afrontando cidadãos, a propriedade privada e a família natural, com a internet e suas redes sociais, a consciência de quem eu era como cidadão, na comunidade e no país onde vivo, começou a clarear de uma forma como nunca tinha ocorrido.
E nessa tomada de consciência me dei conta de que, sem saber quando teve início, ao pensar em armas, um medo, um sentimento de perigo tomava conta. Arma não devia fazer parte da minha vida; ao contrário, quanto mais longe, melhor.
Início de 2017 li o livro “Mentiram para mim sobre o Desarmamento”, do Flávio Quintela e Bene Barbosa, e foi como se um sol inteiro iluminasse minha mente para o que de fato tinha ocorrido, comigo e, imagino, com milhões de brasileiros.
A parte visível das ações desarmamentistas – leis, campanhas, etc, -- são fáceis de ver, de virar notícia na grande mídia, que em geral, apoia tais medidas; porém o que não se vê e não vira notícia é a destruição psicológica que ocorre após décadas de constante publicidade contra a posse de armas. O que é muito, mas muito mais grave pois ela destrói uma força interior, algum sentimento, algum valor que é absolutamente necessário para ser uma pessoa forte, para construir uma nação forte.
“Quando o erro não é combatido, termina sendo aceito; quando a verdade não é defendida, termina sendo oprimida” * Papa São Félix III.
Ao negar ao cidadão o direito de defender-se com uma arma, o Estado (através dos governantes) está dizendo automaticamente ao cidadão que ele é um fraco, um incapaz, de defender-se a si, sua família, sua propriedade. E se o sujeito é fraco, incapaz, é porque ele precisa que alguém cuide dele, que faça por ele aquilo que ele não é capaz, pois ele é um coitado. E quem é este “outro alguém”? O Estado, com seus aparatos de segurança.
A destruição chega a tal ponto que perdemos a consciência de algo que deveria ser sagrado: LIBERDADES. E se os cidadãos não estão dispostos a lutar por suas liberdades, resultado da proposital mutilação mental, o caminho para opressão estatal está aberto. Exemplos disso estamos vivenciando nesta crise do coronavírus. Perda da liberdade religiosa, inclusive com proibição de transmissão de missas e cultos pela internet. Perda da liberdade de ir e vir; liberdade de expressão; liberdade de trabalhar, de abrir empresas.
Políticas de segurança pública – que é função do Estado – não devem confundir-se com o sagrado direito à liberdade de defender-se. Porém ao desarmar o cidadão, o Estado está deixando claro aos criminosos: podem agir, o caminho está livre. E por que? Porque é impossível a força policial estatal estar em todos os lugares, em todos momentos, ao mesmo tempo, dando proteção às pessoas.
E diante desta verdade incontestável, por que ainda assim tantos agem para desarmar o cidadão? A resposta vem do livro do Flávio Quintela e Bene Barbosa: “todos os governos totalitários que já existiram na História da humanidade tiveram e tem um traço em comum: desarmar a população para poder então dominá-la(...) e o resultado foi sempre o mesmo: perda das liberdades e muitos mortos”**. Claríssimo está, que é falsa, mentirosa, TODA a publicidade, TODA a opinião, a favor do desarmamento civil, dizendo que é para proteger o cidadão, que é para reduzir a criminalidade, etc.
De outro lado, quando não vemos ações que impeçam o cidadão de possuir uma arma, claro pode ficar para ele: você é o primeiro e maior responsável por sua vida, por sua família, por sua propriedade. Você é responsável por seu sustento, por suas escolhas e consequências, por sua comunidade. Bem à semelhança de um pai que educa um filho com esses valores, não há porque imaginar que uma nação formada e mantida sob estes princípios, não será mais forte e desenvolvida.
Em vista dessas reflexões, chegamos a uma conclusão que não pode ser ignorada por quem deseja cidadãos livres e conscientes de suas responsabilidades, por quem deseja um país soberano e desenvolvido: qualquer liderança, política, intelectual, empresarial, religiosa, da burocracia estatal, etc, que defender o desarmamento civil, merece total repúdio, desprezo, pois está defendendo o fim de liberdades, e isto é extremamente grave e não pode ser tolerado.
“Ninguém deve confiar em alguém que lhe queira tirar os meios de defesa própria”**
* Revista Catolicismo, n. 833, maio de 2020.
** Mentiram para mim sobre o Desarmamento, Vide Editorial, 2015.