• Solbrilhante
  • 21 Março 2020

 

As ruas estavam vazias, lojas fechadas, as pessoas não podiam sair.

Mas a primavera não sabia, e as flores começaram a florescer, o sol brilhava, os pássaros cantavam, as andorinhas iam chegar em breve, o céu estava azul, a manhã chegava mais cedo.

Isso foi em março de 2020...

Os jovens tinham que estudar online e encontrar ocupações em casa, as pessoas não podiam fazer compras nem ir ao cabeleireiro. Em breve não haveria mais espaço nos hospitais, e as pessoas continuavam ficando doentes.

Mas a primavera não sabia. A hora de ir ao jardim estava chegando, a relva ficava verde.
Isso foi em março de 2020...

As pessoas foram colocadas em contenção, para proteger avós, famílias e crianças. Chega de reuniões, nem refeições, festas com a família. O medo se tornou real e os dias eram parecidos.

Mas a primavera não sabia, as macieiras, cerejeiras e outras floresceram, as folhas cresceram.

As pessoas começaram a ler, a brincar com a família, cantando na varanda convidando os vizinhos a fazerem o mesmo, aprenderam uma nova língua, a serem solidários e se concentraram em outros valores.

As pessoas perceberam a importância da saúde, o sofrimento, deste mundo que parou, da economia que caiu.

Mas a primavera não sabia. As flores deixaram seu lugar para a fruta, os pássaros fizeram o ninho, as andorinhas chegaram.

Então o dia da libertação chegou, as pessoas souberam pela TV que o vírus tinha perdido a batalha, as pessoas saiam para a rua, cantavam, choravam, beijando seus vizinhos, sem máscaras nem luvas.

E foi aí que o verão chegou, porque a primavera não sabia. Ela continuou lá apesar de tudo, apesar do vírus, do medo e da morte. Porque a primavera não sabia, ela ensinou as pessoas o poder da vida.

Vai ficar tudo bem, fique em casa, proteja-se, e você vai aproveitar a vida. 
Leia isto, espalhe copiando / colando este texto, mas acima de tudo fique confiante e mantenha o sorriso! Foi em março de 2020... Muito comovente.

* Puboicado originalmente no excelente Recanto das Letras:  https://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/6892742
 

Continue lendo
  • Mateus Bandeira
  • 20 Março 2020

 

Crises inéditas, como a do coronavírus, necessitam de tempo para serem digeridas. Mas arrisco algumas constatações preliminares.

O mundo está vivendo algo raro na história da humanidade. Talvez só se compare com a gripe espanhola na primeira metade do século XX. Diferente daquela pandemia, porém, a medicina nunca esteve tão preparada para enfrentar desafios.

Ao mesmo tempo, as autoridades estão se mostrando, de um modo geral, responsáveis com a ameaça invisível. O Governo do Brasil está adotando medidas emergenciais apropriadas na saúde e na economia.

Entretanto, o ser humano, que se diferencia do restante do mundo animal pela racionalidade, está agindo como manada. O pânico parece estar embaçando nossa inteligência.

Não, não estou falando de teorias conspiratórias. Tampouco desprezando a gravidade do momento. Eu e minha família estamos adotando medidas preventivas extras. Queremos todos ficar vivos.

Falo de dados. Até o momento, cerca de 190 mil pessoas foram infectadas no mundo, de acordo com boletim da OMS do último dia 18 de março. O número de mortes, concentradas na China, Itália e Irã, se aproximava das 8 mil. No Brasil, segundo o site do Ministério da Saúde, também atualizado no dia 18, havia 428 casos registrados e 4 mortes confirmadas.

Algumas comparações com base em dados do portal G1. Apesar da queda de 14%, 3.739 mulheres foram assassinadas em 2019.

Mesmo com a redução de 19%, 41.635 indivíduos foram assassinados em 2019. Ou seja, houve 5 vezes mais assassinatos no Brasil em 2019 do que vítimas do vírus em todo o mundo.

Outra gripe recente, a H1N1, ou Influenza, matou em média duas pessoas por dia no Brasil em 2019 – foram registrados 796 óbitos. O Aedes aegypti matou, no mesmo ano, 754 pessoas no País.

O fato é que outras letalidades, mais agressivas, não decidiram parar de provocar vítimas e esperar o coronavírus desfilar solitário na passarela da morte. O jornalista Leonardo Sakamoto, do UOL, entrevistou quem entende do assunto.

Um desabafo de um médico socorrista abre sua coluna da última segunda, dia 16. “Acidentes de trânsitos, partos, afogamentos, quedas de laje, infartos não param de acontecer para esperar o coronavírus passar”.
Na China, onde tudo começou, em novembro de 2019, os casos estão em declínio acelerado. Prêmio Nobel, o biofísico Michael Levitt disse que “o Corona já está em se enfraquecendo, e a humanidade vai sobreviver”.

A vida continua.

O que a maioria não está vendo é que haverá um dia seguinte. 2020 prometia ser um ano de recuperação econômica – o que, agora, parece muito difícil.

Uma recessão econômica já é uma possibilidade real. Ou seja, voltarmos aos fatídicos anos de 2015 e 2016, depois que o PT levou o País à bancarrota.

A vida de cada brasileiro é valiosa, mas o mundo não vai acabar depois que o coronavírus passar. As consequências de uma crise mal gerida podem durar um tempo muito maior do que a fase mais aguda da crise – 4 meses, talvez.

Se combater o covid-19 é questão de sobrevivência, minimizar os efeitos deletérios na economia é igualmente necessário. Um remédio aplicado em dose excessiva vira veneno.

Se não dosarmos a receita, duas consequências são previsíveis. Aumento do desemprego e quebradeira, sobretudo de micro e pequenas empresas. O cenário próximo futuro pode ser o da depressão, com consequências muito mais duradouras.

O momento deve ser aproveitado para endireitar o País e corrigir injustiças históricas. Para começar, hora de aprofundar as reformas estruturais, como a PEC Emergencial, a 186.

Ao mesmo tempo, se precisamos de mais recursos para saúde, que tal cortar onde sobra gordura, como os R$ 2 bilhões do fundo eleitoral? Cálculo do professor do Insper, Thomas Conti, aponta que há R$ 4,7 bilhões desperdiçados em auxílio-moradia com a elite do Judiciário.

Segundo ele, outros R$ 5 bilhões vão para pensões de filhas de militares e R$ 10 bilhões ultrapassam o teto dos supersalários do serviço público. Uma vacina contra o desperdício é destinar esta montanha de dinheiro para quem realmente precisa.
 

Continue lendo
  • Prof. Ubiratan Jorge Iorio
  • 18 Março 2020

 

 “Embora discorde das ideias dele, Fulano de Oliveira me parece um sujeito bem intencionado”. Quem ainda não ouviu frases como essa? Não é difícil encontrar pessoas ingênuas que se deixam ludibriar por aparências ilusórias de benevolência e que se tornam, quando o tema é o combate e a punição ao crime, defensores de práticas despidas de qualquer justificativa moral e ética, como desencarceramento, desarmamento, indultos em diversas datas comemorativas, audiências de custódia, prisão domiciliar, prisão em segunda e “terceira” instâncias, visitas “íntimas” e outras, entre as quais até mesmo a prática de certos delitos. A verdade é que o Almeida pode ser um cara indulgente, complacente, honesto, bom e humano, mas que, certamente, desconhece que quando defende ou faz vistas grossas a esses padrões tortos, está sendo usado por gente de intenções nada boas para promover sua ideologia. Ou seja, é um bocó útil, um mané de manobra.

Por isso, é preciso ficar atento ao que realmente se esgueira atrás das aparentes boas intenções que políticos, intelectuais, artistas e a mídia de esquerda fazem questão de apregoar e averiguar por que insistem em – relevem a gíria – passar a mão na cabeça de delinquentes, em um espetáculo permanente e macabro de prestidigitação, em que culpados são transformados em vítimas e massas de inocentes em culpados, em consonância com a bandidolatria e o garantismo penal, duas pragas que, infelizmente, não são meras maluquices, são coisas bem piores, como tentarei resumir mais adiante.

Antes, porém, é preciso ter em mente que a liberdade é apenas a meia parte de um fenômeno mais amplo, aquela mais agradável, a dos direitos, cuja contrapartida é o hemisfério dos deveres e da responsabilidade. Se isso não é levado em conta, se a liberdade é encarada simplesmente como o poder de fazer tudo o que se tem vontade de fazer, ela se degenera e se transforma em prisão e em arbitrariedade.

Não à toa, escreveu o grande neuropsiquiatra austríaco Viktor Emil Frankl (1905-1997), na obra Em Busca de Sentido – Um Psicólogo no Campo de Concentração:

“Por este motivo é que propus a construção de uma Estátua da Responsabilidade na
Costa Oeste dos Estados Unidos, para complementar a Estátua da Liberdade na Costa Leste."

A simplicidade desse argumento de Frankl é irrefutável e particularmente incomodativa para quem não anda na linha, porque significa que, se o homem age livremente, então deve responder por todas as suas ações. Resumindo, um ato livre é também um ato responsável, quando se trabalha com o conceito correto de liberdade. Políticos, intelectuais, artistas e a mídia de esquerda sabem disso, mas lhes é conveniente fingir que tal preceito rudimentar jamais lhes passou pela cabeça.

Há um livro essencial[1] para lançar luz nesse assunto , em que dois promotores gaúchos, Diego Pessi e Leonardo Giardin, perscrutam as raízes do chamado garantismo penal e revelam sua conexão íntima com as políticas criminais adotadas pelas três esferas do Estado brasileiro.

Com base no fato irrefutável de que há sérios problemas nas políticas de combate ao crime no Brasil, investigam a bandidolatria e a desnudam com argumentos sólidos, revelando serem na verdade uma trama ideológica de proteção ao mal, urdida por juristas, acadêmicos, políticos e ovelhas matreiras que se fazem passar por católicas, que distorcem descaradamente valores, fantasiando os criminosos de vítimas da sociedade, de pobrezinhos que não devem ser responsabilizados e nem punidos por seus atos delituosos.

A sustentar essa aberração está o garantismo penal, uma espécie de deturpação retórica de natureza jurídica, em que certos conceitos são adrede e maliciosamente redefinidos de modo a se transformarem em munição “científica” para desestabilizar a sociedade. Em outras palavras, essa deformação perverte o atributo da justiça como elemento indispensável para uma sociedade moralmente saudável, transformando-a em elemento condutor do socialismo. Sob a aparência do fumus boni iuris, mascaram a fumaça tóxica da desintegração da sociedade.

Os crimes, então, de acordo com os garantistas, não podem ser atribuídos a escolhas individuais, porque são produtos inevitáveis de misteriosos “espaços sociais” que infestam a economia de mercado e o capitalismo democrático. Logicamente, nas sociedades socialistas, como esses sítios malditos são mínimos, há bem menos crimes, porque eles não têm onde e nem por que serem gerados e praticados.

É fácil concluir que essa distorção, ao sustentar que o homem deve ser considerado livre quando tem poder de afirmar sua verdadeira individualidade - e não pelo de evitar regras morais - conduz à conclusão de que os crimes dos indivíduos não devem ser punidos, pois o certo é destruir suas raízes antissociais e dar a cada indivíduo a “margem social” necessária para exteriorizar sua vida. Não se trata só de retirar a humanidade do homem, mas de criticar qualquer tentativa de refrear seu suposto instinto revolucionário, qualquer rebeldia que possa potencialmente impedir sua desumanização e transformação em um robô útil para as “mudanças sociais”.

Não foi por outro motivo que os juristas italianos Silvio Ferrajoli (1940), um dos principais teóricos do garantismo penal e Danilo Zolo (1936-2018), escreveram[2]:

“... uma política criminal socialista deve ser exatamente o oposto de uma política criminal
 burguesa: uma tendência que não é repressiva, mas libertária, não marginalizadora,
mas socializadora, não terrorista e culpadora, mas promocional e, finalmente, libertadora.”

O que esses autores – adulados, beatificados e louvados em nossas faculdades de Direito - dizem, sob o ponto de vista de um economista que, mesmo leigo, conhece razoavelmente, dentre outros autores, as obras de Frédéric Bastiat, Friedrich Hayek e Bruno Leoni, é que consideram libertadoras todas as políticas que libertam o homem – e isso é incrível! - da verdadeira liberdade. Patético, dramático e assustador, mas os liberais de boa estirpe saberão me dar razão.

Na mesma obra, afirmam algo que estamos fartos de assistir no Brasil, em declarações de juízes, “especialistas em segurança” e jornalistas:

“As sentenças de prisão são exatamente o oposto da terapia anticriminal; ou, melhor dizendo, eles correspondem a um modelo pedagógico de tipo expiatório e penitencial que está nos antípodas de uma "pedagogia socialista". Se é verdade que o crime é sempre o sintoma e é o produto de uma lacuna de sociabilidade nas condições de vida do agressor, então a única terapia eficaz terá que ser do tipo socializante.”

Para Ferrajoli e seu séquito, garantismo significa racionalidade, civilidade, equilíbrio social e – espantosamente – o próprio Estado Democrático de Direito. Agora está mais fácil entender o estado de calamidade a que chegou o crime no Brasil? Ou por que o chamado Pacote Anti-Crime do ministro Sérgio Moro só foi aprovado porque os congressistas enfiaram goela abaixo da vontade popular mecanismos para enfraquecê-lo? Ou porque nas grandes cidades as pessoas de bem vivem em permanente tensão diante de simples fatos, como o de caminhar nas ruas ou dirigir?

Sim, amigos, é que a esquerda precisa de bandidos livres, de malfeitores soltos, de facínoras “indo e vindo” por onde lhes aprouver, por serem de grande utilidade para seu projeto ideológico, assim como necessita das ditas “minorias”, os negros, homossexuais, indígenas, mulheres (que, por sinal, são maioria no Brasil), quilombolas, etc. Ao ecoar ingenuamente os gritos da esquerda que acreditam serem em sua defesa, todos esses grupos estão sendo usados como insumos vivos para produzir o paraíso socialista que habita a cabeça dos donos da esquerda.

A política criminal utilizada no Brasil desvia ostensivamente o foco do problema para causas sociais impalpáveis, deixando de considerar que – aceitem ou não os esquerdistas -, nenhum crime pode ser cometido a não ser pela ação de algum criminoso, aquela vítima do pau oco que o relativismo moral garantista protege com unhas (sujas) e dentes (cariados), porque isso convém à causa revolucionária. Esse projeto nefando tem uma necessidade mórbida de simular a existência de inimigos, porque seu alimento é o ódio, sem o qual não sobrevive.

A abordagem do Direito do filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), um assíduo frequentador de dissertações, teses, livros, cafés e rodas pseudointelectuais esquerdistas, em poucas palavras, é – e vou ser generoso - desconcertante. Com toda a sinceridade, é difícil acreditar que alguém leve esse sujeito a sério, tamanho o grau de contaminação pelo relativismo moral que manifesta em toda a sua obra.

Em síntese, sua ênfase é nas rupturas que o Direito deveria provocar nos discursos convencionais, ou seja, naqueles consagrados pelos usos e costumes. Assim, o Direito não pode ser imutável, porque suas bases se submetem aos “padrões dominantes” e a ideia de que a lei é feita para todos não passaria de uma ficção, uma vez que quem as produz são exatamente os “grupos dominantes”.

Todo o aparato do Direito Penal precisaria, então, ser simplesmente abolido e, pela ausência de leis para defini-las, as tipificações e as penas dos crimes tornadas completamente imprevisíveis. É a transformação do que o senso comum – o bom senso – entende como justiça em um torneio de vale-tudo entre grupos adversários.

Lutas entre homens e mulheres, conflitos entre heterossexuais e homossexuais, choques entre ricos e pobres, embates entre negros e brancos, brigas entre povo e elites, embates entre patrões e funcionários. Brigas, contendas, enfrentamentos, prélios, escaramuças, combates, batalhas, confrontos, duelos, guerras! Sem isso, a esquerda e sua revolução morrem de inanição.

Não está certo pôr a culpa nos criminosos e puni-los, porque eles são pobres mártires da sociedade, vítimas minhas, presas do meu vizinho, oferendas vivas que você faz ao liberalismo democrático, caro leitor.


Referências:

[1] Pessi, Diego e Giardin, Leonardo. Bandidolatria e Democídio – Ensaios sobre garantismo penal e criminalidade no Brasil. publicada Armada e Resistência Cultural, 1a Ed., 2017.
[2] Ferrajoli, L. e Zolo, D. Marxismo y Cuestión Criminal, em http://www.proletarios.org/books/Ferrajoli_Zolo-Cuestion_Criminal.pdf

 

Continue lendo
  • Maria Lucia Victor Barbosa
  • 18 Março 2020

 

Em 17/03/2020.

O 15 de março ficará na história como símbolo da coragem de um povo. Coragem, porque a pandemia do coronavírus não impediu que milhares de brasileiros fossem às ruas para exercer sua cidadania.

Tudo começou há anos com uma manifestação difusa, mas que já demonstrava insatisfação popular com seus governantes. Tais atos se sucederam e culminaram com a grande manifestação que desencadeou o impeachment de Dilma Rousseff, a pior presidente de toda história brasileira, aquela que conduziu o Brasil a uma profunda e nefasta recessão. Como disse Ulysses Guimarães: "político só tem medo de povo na rua" e, foi assim, que o Congresso ouviu a vontade popular e a obedeceu.

Outras manifestações aconteceram. Todas pacíficas, ordeiras, organizadas não artificialmente com teor ideológico por partidos ou sindicatos, mas pelo que chamei de Quinto Poder, aquele que acontece através das redes sociais e que ainda não foi bem compreendido por grupos de chamados intelectuais ou da mídia.

Estes grupos disseram que a megamanifestação de 15 de março era inconstitucional. Creditaram ao presidente da República a convocação de tal movimento espontâneo e popular, como se o povo continuasse a mercê de um líder político. Depois, como de hábito criticaram o presidente.

É verdade que as imensas multidões se mostraram fiéis ao seu voto, depositado por quase 58 milhões de eleitores em Jair Bolsonaro. Mas, as manifestações teriam ocorrido de qualquer maneira, pois, inclusive, foi feito ouvidos moucos quando o presidente pediu que tais atos públicos fossem adiados. Não me lembro onde os defensores da Constituição estavam quando Lula da Silva convocou o "exército de Stédile", para defendê-lo.

Tampouco vi reclamação quando magistrados, entre eles o ministro Sergio Moro, foi e continua sendo ameaçado pelas hostes petistas ou quando José Dirceu, cujo lugar é na prisão junto com seu chefe, fez vídeos concitando a população a uma insurreição, como se o PT ainda tivesse capacidade de levar alguém às ruas, nem mesmo pagando a incautos participantes chamados jocosamente de "mortadelas".

Lula foi ingrato com a mídia que sempre o glorificou, na medida em que clamava diuturnamente contra os meios de comunicação e, inclusive, vinha há anos pedindo sua censura. Diante disso, silêncio total.

A estupenda manifestação de 15 de março não foi mostrada em jornais e TVs. Inútil omissão. Pelas redes sociais vídeos desfilaram a impressionante afluência de pessoas que lotaram as ruas de várias capitais, especialmente, em São Paulo, quando a Av. Paulista se tornou um mar de gente vestida de verde e amarelo a exercer sua liberdade de reunião, de expressão e de pensamento.

Certamente, não foi um bando gigantesco de fascistas a clamar de modo inconstitucional contra o STF e o Congresso, que desafiaram o coronavírus e se reuniu em espaços públicos.

Na verdade, não eram os Poderes constituídos em si o objeto do clamor popular, mas o que deles fazem seus componentes. O povo se cansou das traições à Constituição, da morosidade dos julgamentos, dos favorecimentos por interesses de amizade e outros mais, dos vaivéns do STF.

Quanto ao Congresso Nacional tem solapado necessidades e direitos sociais com suas pautas bomba, que retiram do Executivo a possibilidade de usar o orçamento em favor da nação. E ganância parece não ter fim quando suas excelências destinaram bilhões para o Fundo Eleitoral, a ser pago com o dinheiro do povo.

A reforma da Previdência, que nenhum governo fez, foi retalhada e longamente adiada em discussões estéreis, mas agora suas excelências pedem urgência no envio das reformas Tributária e Administrativa, como se tivessem pressa ou interesse em votá-las.

O projeto anticrime do ministro Sergio Moro foi deixado de lado, porém, foi criada a Lei do Abuso de Autoridade (leia-se é proibido prender) e, nesse caso é compreensível, porque vários parlamentares precisam se defender já que estão sendo processados por crimes como: falsificação de documentos, lavagem de dinheiro, peculato, corrupção ativa e passiva, concussão. Por tudo isso e muito mais, congressistas tem ido contra os interesses de quem os elegeu.

Desse modo, quando os presidentes do Senado e da Câmara aparecem com discurso de bom-moço, atribuindo ao presidente da República culpa pela falta de entendimento entre os Poderes, depois de sabotar as iniciativas governamentais e os interesses do povo, este entende e repudia.

Os mais exaltados pedem o fechamento do Congresso e do STF. Mas não foi isso que realmente levou milhares às ruas. Como escreveu o notável jornalista J.R. Guzzo: "Os congressistas brasileiros são, eles mesmos, uma dificuldade quase insuperável para quem, honestamente, quer defender o Poder Legislativo".

Portanto, o recado das ruas foi dado em 15 de março: comportem-se senhores legisladores, estamos cansados de sermos passados para trás e lembrem-se: eleições vão acontecer.

*  Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
 

Continue lendo
  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 16 Março 2020


CAIU A FICHA
Se até poucos dias atrás o grau de probabilidade do CORONAVÍRUS se constituir numa ameaça grave não passava de uma doença fictícia, criada e desenvolvida pelos chineses com o propósito de -tirar proveito econômico-, depois das decisões tomadas por governantes do mundo todo, ao longo do final de semana, tudo leva a crer que a FICHA, ENFIM, CAIU.

BOLSAS DE VALORES E MERCADORIAS
Vejam que as Bolsas de Valores, através dos ativos financeiros, minerais e vegetais, por mais que estampem muito nervosismo de seus agentes, o fato é que nunca deixam de cumprir com o velho papel de -antecipar os acontecimentos futuros -de curto, médio ou longo prazo. E neste particular, diga-se de passagem, os alertas foram iniciados com boa antecedência, prevendo que o mundo passará por grandes dificuldades.

A RECESSÃO JÁ ESTÁ GARANTIDA
Esta conscientização nos leva a compreender e admitir, sem o mínimo medo de errar, que a RECESSÃO ECONÔMICA -MUNDIAL- já está garantida. Isto impõe que os países que não adotarem medidas -urgentes, corretas e necessárias-, estão contratando, de forma inapelável e inevitável, com data de entrega prometida, uma furiosa DEPRESSÃO ECONÔMICA, com consequências pra lá de desastrosas.

MANDRAQUE
Considerando que o caso do nosso empobrecido Brasil, copiando a inciativa de inúmeros países, também entrou em -MODO PARALISANTE- ou efeito -MANDRAQUE- (personagem de revistas em quadrinhos que possuía poderes paralisantes), esta providência, gostem ou não, reprovem ou não, já dá uma ideia clara do tamanho da encrenca econômica que um INVISÍVEL AGENTE INFECCIOSO produz, com efeitos inimagináveis.

IRRACIONAL
O que mais me deprime, mas não espanta, é que enquanto a equipe econômica se preocupa em adotar medidas que têm por objetivo tornar mais palatável o problema, o Poder Legislativo segue fazendo o JOGO DO CONTRA. Vejam que, ontem, na estreia da CNN Brasil (canal 577), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que as REDES SOCIAIS são formadas por IRRACIONAIS. Ou seja, o povo brasileiro, na sua totalidade, segundo Maia, é IRRACIONAL.

USO DA RAZÃO
Pensando bem, ainda que alguém não tenha gostado do que ouviu, o fato é que MAIA tem razão. Se o povo usasse minimamente a RAZÃO, os vermes - Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e vários ministros do STF já estariam no olho da rua. Mais: se o povo brasileiro fosse RACIONAL, uma NOVA CONSTITUIÇÃO já teria sido escrita, tratando os brasileiros de forma igual. 

Continue lendo
  • Alex Pipkin, PhD
  • 16 Março 2020

 

Não adianta... Sou resiliente e, apesar dos 5.4, ainda tenho o tônus vital!

Creio ser pertinente esclarecer que quando aludo a questão das “instituições nacionais adoecidas”, não me refiro, exclusivamente, ao campo político, especialmente ao relacionado às decisões no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.

O furo é bem mais em baixo, na base e na formação do tecido social e do pensamento nacional; passado, presente e futuro do nosso país.

Muito enfermos estão, nosso ensino, Universidades e mídia brasileiras!

Ressalto que outro aspecto frequentemente ignorado, é que a mudança não necessariamente conduz a uma melhor situação, e/ou contempla um desejado escopo ampliado. Falo aqui especificamente das Escolas de Administração e Negócios e da mídia verde-amarela.

Que tal darmos uma passadinha pelas Escolas de Negócios? No Brasil, visivelmente, tais escolas estão francamente desalinhadas com as verdadeiras aspirações e necessidades requeridas pela arena real - e global - das complexas operações empresariais. Basta realizar pequena amostragem junto aos executivos, para verificar in loco o nível de aderência e de utilidade efetiva de pesquisas acadêmicas na realidade empresarial.

Desculpem-me colegas professores, mas seguramente o respectivo uso é bem mais próximo do zero. Também coexistem problemas relacionados à atratividade do empresariado às referidas pesquisas acadêmicas.
Inquestionavelmente, a estrutura institucional e o conteúdo do que é “ensinado” por tais escolas, merecem passar pelo juízo de análise e, após, atentar-se para às abissais oportunidades de melhoria expostas a olhos nus.
Algumas até adotaram um processo de “mapeamento”, mas aquilo que consideram avanço, apesar do característico ritmo mais lento frente às mudanças no mercado, particularmente considero retrocesso e pirotecnia.
A tentativa “inclusiva” de reinventar a roda , ou mesmo de centrar na preocupação com todas as “partes interessadas”, é tão “inovadora e transformadora” como o trivial andar para frente!

Considerações relativas à “partes interessadas”, existem desde que o mundo é mundo.

No mercado real, aliás, indivíduos consumidores ainda são obrigados a comprar de determinados ofertantes, pois em não havendo situação de competição, inexistem alternativas que melhor resolvam suas necessidades funcionais, emocionais ou de autorrealização.

Na presença de genuína competição, os produtores, compulsoriamente, precisam inovar em todos seus processos, com a ambição de que o crivo democrático dos consumidores, reflita na livre escolha da “melhor opção”. O estabelecimento popular do sistema de preços - pela oferta e demanda real - assim, é fixado, exercendo pressão sobre os players no mercado, e sobre as forças competitivas que determinarão a entrada de novos ofertantes e/ou a saída de um determinado negócio.

“Grandes mestres dos livros” ainda não perceberam que nenhuma empresa vive ou sobrevive no mercado livre, sem o compulsório estabelecimento de relações colaborativas e integradoras com todos - todos! - os membros de uma determinada cadeia de criação de valor.

Tais acadêmicos inexperientes desconhecem que o mercado é, na verdade, um conjunto de redes, ecossistemas empresariais que colaboram e competem simultaneamente. Factualmente, colaboração e competição se efetivam nas cadeias globais de valor.

O capitalismo - economia de mercado -, agora eufemisticamente chamado de “capitalismo das partes interessadas”, é desde o glorioso Adam Smith (1776), um sistema econômico que permite que os indivíduos se especializem, colaborem e troquem mutuamente, por meio de relações cooperativas, de simpatia (artifício da empatia própria nos seres humanos!) e de solidariedade, acordadas com o consentimento de todas as partes envolvidas.

Em Teoria dos Sentimentos Morais (1759), Smith advoga por transações comerciais baseadas no interesse das comunidades, pactuadas através da confiança e do respeito mútuo.

É a pouca leitura! Smith, já naquela época, falava da fundamental importância da reputação do homem para o sucesso ou fracasso no sistema comercial. Preto no branco: no livre mercado, não pode haver competição sadia e produtiva (competição faz bem à saúde econômica e social), e determinadas empresas que vencem pelo “inovismo”, sem que exista - pragmaticamente - colaboração! Nunca ninguém, nenhuma organização, foi capaz de ser e/ou atuar em tudo competitivamente - projeto/inovação, suprimento, manufatura, distribuição, entrega, pós-venda, serviços e “retornos (reversos)” - isenta de interrelações comerciais com certos sócios e outros parceiros de negócios. Ninguém pode ser tudo para todos! Exemplo mais transparente refere-se ao desenvolvimento de novas tecnologias úteis e capazes de atender e fornecer preços adequados nos mercados.

No que diz respeito aos objetivos empresariais não econômicos (em tese!) envolvidos - ambientais e comunitários - as empresas que focam exclusivamente no retorno dos acionistas - como preferem alguns incautos - “despreocupadas” com o que o consumidor realmente deseja (ah, são mesmo distintos e diversos benefícios, inclusive para alguns, iniciativas empresariais filantrópicas) não logram criar, aos olhos, nas mentes e nos corações dos clientes, valor útil e percebido, sendo desse modo suplantadas por aquelas que conseguem fazê-lo.

Por isso, evidente que existem Conselhos de Administração sábios e profissionais, direcionando as organizações para uma estratégia competitiva criadora de valor percebido, esse sim habilitador do alcance de lucratividade para todos!

Pois bem, parece-me totalmente contraproducente que Escolas de Negócios, enxertem seus currículos com disciplinas, tais como economia inclusiva, empreendedorismo social, economia verde, etc., etc. e tal, como maneira de se endireitarem ao mercado.

Além dessa inquietação já existir, é preciso ter bem presente e convicção, de que qualquer objetivo ambiental e/ou social, obrigatoriamente, terá que ser gerador de lucratividade! No frigir dos ovos, conta mesmo o lucro! De nada adianta uma fidalga missão empresarial, se não houver o dinheirinho para mantê-la e pereniza-la!

Nenhuma empresa boa samaritana, sem saúde financeira e rentabilidade, por mais nobre que seja sua causa, consegue se manter no mercado, e continuar “fazendo o bem”, sem ganhar dinheiro! A forma de ganhar dinheiro é aquilo que pode ser distinta, pois clientes diferentes valorizam e compram distintas espécies de valor!

Ganhar dinheiro é, então, um compromisso moralmente benéfico e um imperativo para a construção de uma sociedade pujante.

Por favor, modismos e supostas reinvenções, mesmo com a intenção de mudança e/ou adição qualitativa nas Escolas de Negócios, não só não transformarão positivamente, como podem também deslocar o centro nas prioridades básicas, atrapalhando a permanente, a incessante e a crucial busca e o alcance da imperativa e - tradicional - destruição criativa, a fim de que as empresas ganhem mesmo dinheiro para suportarem o sistemático processo de reinvestimentos.

Que formosos neologismos para que jovens acadêmicos pós-modernos, com seus trajes hipsters, aura douta e palavras bondosas e “inovadoras”, doutrinem sobre empreendedorismo, ambientalismo, objetivos sociais, mascarando e desfocando, tristemente, daquilo que qualquer pessoa fazedora e com alguma experiência no mundo empresarial sabe: fora dos livros, no mundo real, ganhar dinheiro é aquilo que importa e que pode fazer a diferença em uma real economia de mercado!

Mas distintamente do que algumas Escolas de Negócios "bondosas" estão realizando, tentando idealisticamente tirar o foco do "acionista explorador que só quer lucrar", elas se esquecem que o lucro é o indutor das inovações de valor e, portanto, a motivação central para que os investidores continuem investindo, e as respectivas empresas, descobrindo novas e melhores soluções para a vida em sociedade.

Quanto a mídia e ao jornalismo, a visão crítica resistente e comprometida com “nobres”, mas falaciosas causas, distintas daquelas verdadeiras e benéficas para o crescimento econômico, possibilitador de melhoria social genuína, têm reforçado de fato, aquilo que em tese quer combater: o protagonismo dos poderosos, com seus enganadores, embora sedutores discursos de redução das desigualdades sociais, desejando a manutenção do pão e circo, ou tentando por todos os caminhos - tortuosos - retornar ao quente e acolhedor ninho do poder! Por essa razão, deixam de lado o anúncio e a visibilidade dos fatos como eles realmente acontecem e são!

Fundamental seria um jornalismo independente, comprometido com o noticiário dos fatos, e oportunizando diferentes perspectivas para que as pessoas tenham acesso a “verdade” dos acontecimentos e, portanto, possam elas próprias formarem seu juízo de valor.

Infelizmente, não tenho nenhuma dúvida de que a notícia transformou-se, nas mãos de jornalistas em grande parte interesseiros e partidários, numa “mercadoria vermelha”, ao invés da essencial informação de caráter público, indeclinável para a democracia! Mais pirotecnia e sensacionalismos baratos.

Bem, sem a cura do ensino e da imprensa, majoritariamente, marrom e rubra, mesmo com iniciativas governamentais na direção de maiores liberdades econômica e individual, essas não conseguirão ter capacidades resilientes.

Para a educação empresarial, que fique claro, a despeito de modismos, não existe cooperação empresarial que objetivamente não sirva e resulte em aumento de capacidades para a inevitável competição nos diferentes mercados.

Para a mídia tupiniquim, sem o apoio às reformas liberalizastes na economia, não só os capitalistas (sem coração!) sofrerão, padecerão toda “comunidade” brasileira pela extrema falta de empregos, de maiores oportunidades e da escassez do vital crescimento econômico.

Quem sabe não se passa dos puros desejos para a dura realidade da vida real?
 

Continue lendo