• Ubiratan Jorge Iorio
  • 30 Junho 2020

 

Imagine que você esteja em 2030, vivendo em um mundo já então completamente globalista, multilateral, politicamente correto, obediente à titia ONU e sob a tutela de uma Constituição Mundial, o Livro Vermelho do século XXI. Em outras palavras, suponha que você, mesmo tendo nascido em um país específico, seja agora um cidadão da nova ordem mundial, condição que lhe meteram goela abaixo. Que tal rascunhar como será a sua vida?

Se você é branco, saiba que já nasceu com uma baita dívida “histórica” que será forçado a pagar; se avistar uma mulher bonita vindo em sua direção e não desviar o olhar quando ela passar por você, muito possivelmente será acusado de crime de assédio; se, respeitosamente, apenas elogiar a sua beleza, provavelmente passará anos em uma prisão, condenado por assédio seguido de tentativa de estupro; se pedir um bife em um restaurante, hordas de lagartas ambientalistas na forma de seres humanos o denunciarão ao Ministério da Lagartização Mundial, cujo objetivo é forçar todo e qualquer ser humano a ser um vegetariano e, preferivelmente, um vegano; se arrancar a tiririca do seu jardim, será julgado, provavelmente por uma sueca feia e furiosa, agora na casa dos trinta que, bancada por George Soros e seus comparsas, ficou famosa em 2019, quando ainda era uma pirralha.

Além disso, se você for avesso a relacionar-se com pessoas do mesmo sexo, será autuado por homofobia e poderá amargar a pena de dividir uma cela com algum cuspidor; se for homossexual, negro, mulher ou índio, mas não for de esquerda, será tachado de traidor da causa; se beber um inocente copo de leite, vão meter o dedo em sua cara por ser um abominável supremacista branco; se afirmar que os culpados por crimes são os próprios criminosos e que eles devem ser punidos, quem vai ser apenado é você, por falta de sensibilidade social; se acender um inocente cigarro, ou uma simples fogueira para festejar São João na frente de alguém, vão acusá-lo de incendiário que deseja queimar a Amazônia e de assassino do meio ambiente; se tiver a petulância de fazer o sinal da cruz ao passar na frente de uma igreja, será acusado de intolerância religiosa e gritarão, com um megafone em seus ouvidos, que o Estado é laico e que esse seu gesto pode ofender quem não é católico; se for homem e discordar de alguma colega em um debate qualquer, atirarão em sua cara que é misógino; se seguir os princípios morais que seus pais e avós lhe ensinaram, que é uma criatura medieval: se comprar um berço cor de rosa para sua filha que vai nascer, dirão que é um patriarca ultrapassado... Mas, mesmo descontando esses exageros retóricos, cá entre nós, não é difícil imaginar que sua vida será bem parecida com toda essa doideira.

Voltando a 2020, chega a ser impressionante como muitos milhões de pessoas aceitam e sujeitam-se a essas imposições com a passividade de ovelhas, tamanho o choque subliminar de falsa cidadania a que foram submetidas! Mas, afinal, o que eles, os defensores da Nova Ordem, os globalistas pretendem? A resposta é tão simples quanto antiga e é a mesma dada para todos os totalitarismos, desde Adão e Eva: poder e riqueza à custa dos outros.

Em matéria de El País, de 4 de abril deste ano, intitulada Crises globais exigem soluções globais: é hora de criar uma Constituição mundial?, Braulio García Jaén relata a sugestão estapafúrdia de um grupo de filósofos e ativistas de criação de uma carta constitucional mundial, que acreditam terá o poder de servir de “bússola de todos os Governos, para o bom governo do mundo". Essa ideia não é de hoje, pois vem sendo forjada há anos, mas foi anunciada formalmente em Roma, em dezembro de 2019, quando o Covid 19 ainda era uma ameaça sem nome e sem reconhecimento oficial da elite do partido comunista que manda e desmanda na China há mais de 70 anos.

Os defensores da nova ordem não medem esforços para que seus reais intentos sejam vistos como bons para todos. Vejamos alguns desses exercícios.

Primeiro, segundo seu manual de engenharia social, é falso apresentar a catástrofe provocada pela pandemia como motivadora de um despertar para a realidade, em que, em meio ao caos, de maneira semelhante à imagem do pai como garantia de segurança, o Estado nacional é o garantidor último da sua população. Não, a solução dos juristas positivistas, filósofos materialistas e ativistas – todos esquerdistas – é bem diferente: uma Constituição da Terra como ferramenta de governança global. É o Direito como garantidor de seu globalismo autoritário.

Um dos principais nomes desse grupo internacional de insanos é o juspositivista florentino Luigi Ferrajoli (1940), tratado como uma grande referência teórica do chamado garantismo penal, para quem essa carta constitucional mundial não pode ser taxada como utópica: “Pelo contrário, é a única resposta racional e realista ao mesmo dilema que Thomas Hobbes enfrentou há quatro séculos: a insegurança geral da liberdade selvagem e o pacto de coexistência pacífica sobre a base da proibição da guerra e a garantia da vida”. Segundo esse semeador da visão autoritária do Direito como elemento de transformação social, “a Constituição do mundo não é o Governo do mundo, e sim a regra de compromisso e a bússola de todos os Governos para o bom governo do mundo”, em que o sujeito constituinte não é – vejam! - um novo Leviatã, mas todos os habitantes do planeta. Ele vai mais longe: “a unidade humana que alcança a existência política, estabelece as formas e os limites de sua soberania e a exerce com o propósito de continuar a história e salvar a Terra”,

A pandemia veio bem a calhar para assanhar os sábios que nos querem fazer felizes forçando-nos a nos comportar de acordo com o que o seu conceito peculiar de felicidade lhes dita. E, tirando proveito da situação excepcional que o mundo está experimentando, esses ventríloquos infundem em seus bonecos idiotizados que aceitar essa imposição é urgente.

“Há anos que se vem trabalhando em uma mesma direção, ainda que a partir de diferentes perspectivas, como a necessidade de um novo contrato social”, diz o ativista comunista Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz em 1980 e também proponente da aventura, afirmando que “agora, a necessidade é viral e vital”.

Querem juntar em um só papel as suas pautas politicamente corretas, como a salvação do meio ambiente, a Mãe Terra, a defesa dos “povos” indígenas, as variações climáticas, a obsessão pela Amazônia, a desigualdade, a religião única, a segurança dos imigrantes, a ideologia de gênero e o racismo, todas fantasiadas de solidariedade e bom-mocismo,
Globalistas menos insensatos opõem-se à ideia, como o jurista basco Josu de Miguel Bárcena, professor de Direito Constitucional da Universidade da Cantábria, que afirma que a Constituição da Terra já existe desde o fim da Segunda Guerra, com a carta das Nações Unidas, advertindo que, se já foi difícil afirmar uma noção básica de direito internacional para todos os povos, pretender implantar agora a Constituição da Terra é ingenuidade, acrescentando que o teor utópico dessa proposta é evidente.

Disso discordam os adeptos do constitucionalismo planetário, como Luis Arroyo Zapatero, professor de Direito Penal da Universidade de Castilla-La Mancha: “Se ao final da guerra nos falassem que hoje existiria uma Corte Penal Internacional, e que na Europa e América Latina a convenção dos direitos humanos iria se impor aos Estados, não teríamos acreditado”.

De Miguel rebate: “Os que idealizaram a Comunidade [Comunidade Econômica Europeia, embrião da UE] sempre evitaram a ingenuidade do momento utópico”, acrescentando que “Por isso pensaram no funcionalismo: começar com objetivos pequenos, consolidá-los, trabalhando pela integração e que a partir desses elementos a comunidade política seja criada”,

Ferrajoli, por sua vez, sustenta que “a Constituição Europeia fracassou pela “prevalência dos nacionalismos” e pelo “analfabetismo dos soberanistas”, como, segundo ele, Salvini na Itália e Orbán na Hungria, mas também pelos interesses dos “ricos” do norte. “Não há nenhum povo unitário, a vontade de povo é, por fim, a vontade do chefe”, diz, despudoradamente, Ferrajoli,

Esse expoente do garantismo penal (ou direito alternativo, ou direito relativista), que influencia fortemente a Justiça brasileira por meio de advogados, juízes, promotores, defensores e ministros de nossa corte suprema, vai mais longe. Para ele, as constituições não devem representar a vontade da maioria, mas assegurar a garantia de todos. E – vejam que tacada de engenharia social à custa da liberdade dos outros! - a Constituição Mundial seria o meio para obrigar a proteger o que afirma serem os “direitos fundamentais”, a saber, à igualdade, à garantia de não discriminação e à saúde, que não pertenceriam à “esfera do que não se pode decidir” e que não devem estar à mercê das maiorias. Porém, para não se dizer que está propondo uma ditadura mundial, assevera que está falando tão somente de um Estado mundial: “Cada país deverá poder continuar decidindo sobre o que se pode decidir”, ou seja, em sua magnanimidade, ele permite que todos os governos executem políticas que não violentam os “direitos fundamentais”. Em linguagem popular, é como se um censor estivesse dizendo para todos os músicos: vocês são livres para tocar qualquer música, desde que não seja do Ultraje a rigor, Barão Vermelho, Legião Urbana e Capital Inicial.

Com 3 bilhões de pessoas confinadas no mundo pela pandemia, na opinião desse senhor e seus macacos de auditório, somente “soluções globais” serão capazes de garantir nossa sobrevivência. E fulmina, tentando mostrar que é um campeão de boas intenções: “É absurdo que acumulemos armamentos para a guerra e que não acumulemos máscaras para uma pandemia”. Reconhece – e com que arrogância! - que a comunidade internacional ainda não está suficientemente madura para absorver os fluídos de sua genialidade, afirmando: “Não sou tão ingênuo, é um processo que levará muitos anos, mas é preciso lançar o debate público”. Vou ser bastante franco, como é meu hábito: não consigo enxergar um senhor com tais ideias como um professor respeitável de Direito, um jurista verdadeiro, vejo-o muito mais como um deputado do PSOL, do PCdoB ou do PT, daqueles acostumados a tumultuarem as sessões na Câmara.

Mas, infelizmente, a verdade é que o maldito vírus pode de fato contribuir para mudar fortemente a ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra. Estamos assistindo a um cabo de guerra entre, de um lado, o multilaterismo da União Europeia (liderada pela Alemanha, porém enfraquecida pelo Brexit), da ONU e seus tentáculos vermelhos, como a OMS e o Comitê de Direitos Humanos, da cada vez mais assanhada China e, do outro lado, o unilateralismo liderado por Donald Trump e apoiado pela Grã-Bretanha, Rússia e governos do Brasil e de outros países não alinhados com a esquerda internacional.

A ditadura - camuflada de democracia - sediada naquele luxuoso prédio de Bruxelas vem experimentando dificuldades crescentes para sobrepor-se a Trump. O republicano, desde que assumiu o poder, em 2017, vem escorraçando vários redutos globalistas, como OTAN, OMC e os fanáticos das conferências climáticas e diversos fóruns, como o de São Paulo. Os globalistas, ardilosamente, vinham evitando entrar em choque aberto com Trump, tentando preservar o que lhes resta, na esperança de que a Casa Branca voltasse a ser ocupada por um fiel companheiro da linhagem dos Obama e Clinton. Por outro lado, tinham consciência de que o processo de implantação de uma Constituição Mundial exige a adesão dos Estados nacionais, ou seja, que é preciso, antes, ser combinado e aceito pelos russos...

Porém, não veio da Rússia o meio de que necessitavam para acelerar seu intento, mas da China, claramente, na forma da pandemia. Abstendo-nos de especular sobre a origem do vírus, ou seja, se foi casual, com uma simples e asquerosa sopa de morcegos, ou se foi criado deliberadamente em laboratório para ser espalhado pelo mundo e criar terror, pânico e terremotos econômicos, a verdade é que a balbúrdia veio bem a calhar para os globalistas e para o Partido Comunista Chinês.

Por tudo isso, momento é de alerta para todos os que prezam as liberdades individuais, os valores morais herdados dos antepassados e a livre iniciativa. O globalismo é uma verdadeira praga, uma peste de centralização política, em que todos os países e todos os cidadãos devem sujeitar-se a um governo mundial, um acordo não espontâneo e imposto de cima para baixo para servir aos interesses de políticos, ideólogos e burocratas.

A concentração de poder em mãos de políticos dentro de um país sempre foi, comprovadamente, desastrosa, mas o desastre será muito maior se aceitarmos que seja estendida aos cidadãos de todo o mundo, vergando-os aos ditames da chamada agenda politicamente correta de um pequeno grupo de privilegiados. A diferença do globalismo em relação a todos os regimes totalitários do século XX é que sua implantação não exigirá extinguir milhões de vidas, nem confiscar todas as propriedades, mas apenas ditar regras de conduta que assassinam a liberdade e punir os países que não as aceitarem.

Acorde, é a sua liberdade, bem como a sua própria dignidade como pessoa humana, que está ameaçada. Acorde, levante-se e ande, rejeitando a agenda globalista maldita.

Em junho 2020


*Originalmente publicado no excelente blog do autor: https://www.ubirataniorio.org/index.php/artigo-do-mes/396-jun-2020-acorde-veja-o-que-o-globalismo-quer-fazer-com-voce
  

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 29 Junho 2020

 

Sigo a passos firmes os princípios fundamentais do liberalismo: as liberdades individual e econômica, uma genuína justiça "justa" e a igualdade de oportunidades, não de resultados!

Democraticamente, o povo brasileiro escolheu uma pauta reformista liberal para a economia e a esperança de um país mais livre e com maiores chances de alcançar a prosperidade. Refletiu-me um certo brilho de que poderíamos romper com o estamento burocrático das costumeiras oligarquias políticas e empresarias, e debutar no salão de festas do protagonismo do indivíduo frente ao mastodôntico poder do Estado tupiniquim.

Apesar de nossa "democracia" completamente disfuncional e de nosso "Estado de Direito" que assegura somente o (des)direito das tradicionais castas verde-amarelas, acreditava que a liberdade econômica possibilitaria, pelo menos, que as pessoas pudessem ter maior liberdade para empreender e fazer suas próprias escolhas de vidas, sem o temor e a insegurança das sempre presentes ameaças e punições do genioso padrasto Estado brasileiro.

Porém, tenho a "leve" percepção de que essa "democracia" pau-brasil foi construída para que apenas uma minúscula parcela dos brasileiros seja afortunada; e infelizmente não é a grande massa dos comuns como eu!
Pensei que os ares do liberalismo estariam pairando sobre nossos verdes campos, e que o sistema de incentivos para os processos de inovação úteis e de criação de riqueza poderiam, de fato, estarem se alterando para o óbvio ululante, aqueles que nossas instituições políticas e sociais insistem em resistir. Na verdade, ansiei por uma brecha de chance para a emergência de um Estado liberal que nos posicionasse rumo ao caminho do desenvolvimento econômico, reverberando para o social, não para essa realidade de autoritarismo e da ilegalidade de um STF que legisla para manter o poder oligárquico e para perseverar, com seu esdrúxulo ativismo, no sonho coletivista ilusório e contraproducente.

É somente por uma efetiva liberdade econômica que podemos incentivar os brasileiros a acreditarem em seu valor individual, a empreender, a investir, e botarem em prática o "mágico" processo da incessante destruição criativa, descobrindo novas e melhores formas de inovar em valor para si próprios e para toda a sociedade. Inovar em processos produtivos, em novas ideias e conceitos, em novos modelos de gestão, em novas tecnologias e na própria mentalidade de que é crucial ter incentivos para criar o novo de maneira sistemática e sustentável.

Mas essa liberdade só surge factualmente quando há um equilíbrio, ainda que instável, entre Estado e sociedade.

O governo atual vinha tentando implementar reformas estruturais essenciais para um maior protagonismo do indivíduo frente ao Estado, e para a criação de um ambiente de negócios mais favorável aos investimentos privados nacionais e internacionais.

Entre tais medidas, compulsoriamente, é preciso reformar o gigantesco Estado brasileiro. Parecia-me que a maior parte da sociedade civil dava carta branca para que houvesse tal transformação, pois o povo quer mesmo receber serviços públicos de saúde, de educação, de segurança, de infraestrutura... de melhor qualidade e a preços mais baixos.

Os brasileiros se mobilizaram - e continuam pressionando - a fim de moldar o Estado a uma medida mais limitada e focada justamente no necessário e indispensável para a vida popular.

Os apelos de uma parte da população pela modernização do Estado continuam intensos para frear a força e a coerção estatal de forma a torná-lo mais eficiente e mais justo com aqueles que efetivamente pagam a conta.
Porém, outra parcela dos brasileiros continua no firme propósito de não deixar o governo governar. Democracia para essa parcela só vale quando eles vencem nas urnas, caso contrário nada como exercer sua "retrograda resistência", literalmente, antidemocrática! Aliás, desde o discurso de posse do presidente a mensagem dos "progressistas de araque" já era bem clara e objetiva: não aceitaremos o PR (fascista, nazista, homofóbico, racista...) eleito!

Essa resistência, composta de seus líderes que desejam retornar ao doce lar das benesses estatais, juntamente com seus membros populares que continuam sectários aos dogmas coletivistas, sempre se opuseram a razão, a verdadeira ciência e aos ideais liberais. Suas nobres causas ainda são inspiradas nas filosofias francesas e em seus ideais revolucionários, fazendo-os persistir na desconstrução do mundo, acionando sua tábula rasa e branca para reescrevê-lo, na meta de eliminar todo e qualquer resquício do permanente ranço do opressor modelo "capitalista" e das estruturas de poder dos mais fortes sobre os fracos e oprimidos. Ainda não cansaram desse papinho morfético e devastador...

E o vento do acaso trouxe um grande aliado as suas causas tribais. Veio do Estado, claro, da ditadura do judiciário e de parte de políticos fisiológicos da Câmara e do Senado, além patentemente do partido da mídia marrom e vermelha golpista.

Essas instituições apodrecidas não querem perder a "boquinha", encontrando-se apoderadas e intensamente fortes para exercerem como nunca o seu despotismo, atacando, retirando e cerceando às liberdades individuais dos brasileiros.

As tentativas para o êxito da resistência têm sido inúmeras e nefastas. A pandemia do coronavírus deu ainda novo ânimo para a trupe. O discurso ilusionista ilude de verdade; é a irracionalidade racional e a ignorância racional.

Que saúde do povo que nada! Chegava a hora do "juízo final", do momento "Eureka" para a derrubada triunfal. Nesse país do faz de conta, tais elites políticas acharam mais uma grandiosa oportunidade para corromper e roubar da saúde dos tupiniquins, para enfraquecer o governo na sua luta que vinha sendo bem-sucedida com suas medidas para conter o crescimento da irresponsável dívida pública, e sobretudo, para colocar em relevo a supremacia e a manutenção dos ideais estatistas do Estado grande e paternalista. Colocaram mais água - suja - no feijão das indispensáveis liberdades individual e econômica. Não há quem consiga resistir a essa (in)justiça e aos movimentos ditatoriais e autoritários que roubam descaradamente nossas liberdades individuais. A básica e democrática liberdade de expressão, de ir e vir, de trabalhar para o sustento próprio e familiar, foi despoticamente roubada e implementada sorrateiramente. A liberdade ao invés de ser estendida, foi vergonhosa e inconstitucionalmente restringida.

Governadores e prefeitos preferiram adotar a "ciência" do autoritarismo, ao invés de buscarem fazer o tema de casa, verificando e implementando medidas liberais para acabar com órgão inoperantes, para reduzir impostos escorchantes sobre processos geradores de valor econômico e social, para desburocratizar sistemas improdutivos para geração de maior atividade econômica e empregos, e investir em estruturas e equipamentos para melhorar a saúde pública e o respectivo enfrentamento da Covid-19.

E a resistência ainda comemora entusiasticamente! Afinal, adivinhem quem votou contra o básico dos básicos direitos ao singelo saneamento básico no Brasil? Inacreditável!

Pois é, lamentável! Estamos imersos num transparente e devastador movimento de desestabilização do Executivo. Não, meus caros amigos, as liberdades não estão sendo retiradas pelo Executivo, segundo a mentirosa retórica e o discurso da "progressista resistência". Nossas vitais liberdades têm sido cada vez mais usurpadas pela ditadura da suprema Pequena corte, por governadores e prefeitos demagogos, que além de nós roubarem nossas liberdades, impedem que peguemos definitivamente a rota liberal da prosperidade econômica e social. Santa estupidez, Batman! Mas as crenças ideológicas e revolucionárias não sucumbem a investida de acabar com a prosperidade e a liberdade verde-amarela!

Não desejava ser tão pessimista, mas pela lógica da realidade pragmática, acho que estamos cada vez mais longe das ESSENCIAIS LIBERDADES INDIVIDUAL E ECONÔMICA, e muito mais perto do caminho da ruína. Triste país do "eterno futuro"!

O que nos resta?! Só há uma ação verdadeiramente democrática possível: recrudescer a nossa força e nossa participação, buscando refrear essa ditadura do Judiciário e a vontade dos estatistas de plantão.
 

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 27 Junho 2020


O EXTRAORDINÁRIO STF
Como referi no editorial de ontem, 25, nesta semana, o nosso extraordinário, justíssimo e compreensivo SFT, confirmando tudo aquilo que uma CORTE SUPREMA decente jamais ousaria decidir, aprovou, por 7 votos a 4, a PROIBIÇÃO de redução salarial e de jornada daqueles que "trabalham" no SETOR PÚBLICO.


CRISE FISCAL
Se esta decisão já seria considerada como absurda em tempos de normalidade econômica, mais absurda, e nojenta, se torna neste grave momento de CRISE FISCAL que o país está atravessando, onde a nossa empobrecida economia está totalmente prostrada, com altíssimo grau de mortalidade de empresas e empregos.


MEIA, BOCA PEQUENA E ZERO BOCA
Pois, para 7 de 11 ministros do STF pouco importa se a economia brasileira não está funcionando ou operando à MEIA-BOCA, com inúmeras atividades à BOCA-PEQUENA e outras tantas à ZERO-BOCA.


AUSÊNCIA DE JUSTIÇA
O que causa maior espanto, além da total e incompreensível AUSÊNCIA DE JUSTIÇA que impera no STF, é a adoração pela PROIBIÇÃO de tudo que deveria ser LIBERADO ou PERMITIDO. Vejam que enquanto as atividades que PRODUZEM RENDA são PROIBIDAS DE FUNCIONAR, as atividades que SE LOCUPLETAM dos produtos e serviços estão PROIBIDAS de qualquer redução de salários e jornadas. Simples assim.

PROIBIDO PRODUZIR
Se levarmos em conta que boa parte da PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS está PROIBIDA em vários estados e/ou municípios, por consequência a arrecadação de impostos sobre a renda e consumo não acontece.

QUADRO DANTESCO
Diante deste quadro dantesco, onde a produção/arrecadação de impostos é insignificante, o governo federal ficou com a OBRIGAÇÃO de arcar com DESPESA DE PESSOAL, tanto de trabalhadores do SETOR PRIVADO quanto do SETOR PÚBLICO e APOSENTADOS.


TRATAMENTO ABSURDAMENTE DESIGUAL
Os empregados do SETOR PRIVADO, como se sabe, diante da brutal inatividade, aceitaram REDUÇÃO salarial na tentativa de preservar seus empregos. Os demais, incluídos aí os autônomos e informais, estão recebendo, de FORMA -EMERGENCIAL- um auxílio no valor de R$ 600,00, por tempo determinado.
Já os SERVIDORES PÚBLICOS, aos quais o STF PROIBIU qualquer redução salarial e de jornada, seguem recebendo, de FORMA -PERMANENTE- seus gordos vencimentos.


PRIMEIRA CLASSE
Observem que os PRIVILEGIADOS SERVIDORES PÚBLICOS, além da empregabilidade totalmente garantida, se dividem em 3 CATEGORIAS: 1- os que ganham ALÉM-TETO; 2- os que ganham o TETO; e, 3- o restante, que ganha um não menos fantástico SUB-TETO. Pois, a estapafúrdia decisão do STF simplesmente OBRIGA o governo federal a PRODUZIR MOEDA (via endividamento público) para atender a magnífica e desenfreada GASTANÇA. Que tal?

  

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 25 Junho 2020

 

Acho que nunca tivemos uma realidade tão "faz de conta" como a atual!
Porém, para explicar esse "faz de conta", é preciso mesmo recorrer à lógica e à razão.

Primeiro, pela falência da grande mídia, que por meio da omissão dos fatos como eles são, e pela desonesta divulgação sensacionalista do que lhe convém comercial e ideologicamente, faz com que os indivíduos sejam 24 h por dia, 7 vezes por semana, bombardeados incansavelmente pela distorção dos acontecimentos, criando pânico, medo e terror.

Esse nojento terrorismo permissivo, faz com que você enxergue uma pseudoverdade, graças às opiniões e aos medos motivados pelas crenças e visões que estão marteladamente fresquinhas na sua memória, facilmente acessíveis.

Segundo, por evidente, nossas crenças e expectativas ideológicas afetam nossa percepção da realidade. Ativa-se o tradicional viés de confirmação que, literalmente, cega-nos para os fatos objetivos. Pragmaticamente, a realidade está no olho de quem a vê!

Nesse mundo pandêmico, os apologistas da destruição alardeiam informações e achismos sobre o vírus, a "ciência", e a suposta realidade, contorcendo os dados que inquestionavelmente são ambíguos, ignorando características idiossincráticas e certos padrões, objetivamente enfatizando aqueles que os interessam e descartando os demais.

No mundo do faz de conta, os grupos de pertencimento se apoiam nesses dados ambíguos para justamente fazer o que mais gostam: polarizar por meio de falácias.

São as ideologias e as visões de mundo que decidem o que pode ou não ser observado como realidade. São essas que regularmente distorcem e embaralham a falta de reflexão, apontando em direção dos efeitos, escondendo as genuínas causas das "coisas".

Escrachadas mentiras que semideuses dogmáticos preconizam, transformam-se em certezas absolutas em mentes, corações e mãos de incautos e interesseiros, paladinos da moral superior!
Não, não tenho medo do patrulhamento ideológico. Minha consciência, meus estudos sérios e lógica FUNDAMENTADA, além dos fartos fatos comprovados, impelem-me a não acreditar nos poderes sobrenaturais de burocratas despreparados, principalmente virgens em termos de visão e de experiências pragmáticas de mercado.

Não confio nessa "inteligência central superior" desses meninos em definir aquilo que é certo e errado para decidir sobre a minha própria vida. Principalmente, porque não devo e não quero deixar escorrer por entre os dedos da minha mão meus cruciais direitos e liberdades constitucionais! A tirania pode ter vida longa... e sangrenta...

Enfim, eu continuando acreditando na razão, na CIÊNCIA e nos fatos objetivos!

Por isso estou realmente cansado e apavorado de que tanta gente (algumas que reputo inteligentes!) tenham abandonado os fatos e estejam acreditando nas verdades efêmeras de políticos despreparados e de seus especialistas do "beija-mão", e certamente, de órgãos tão políticos quanto eles, tais como a "científica" OMS! "S" de salada!

Esgotei desses falsos moralistas, puritanos de araque, e de uma mídia podre que trocou a simplicidade da objetividade real, pela corajosa, bestial e nefasta clareza e pureza moral que atende às suas parciais verdades e as suas narrativas ideologizadas e interesseiras.

Desisti desses "jornalistas" formados pelos irmãos do sangue vermelho, transformados em analistas políticos dos fatos da vida (exceto quando quero dar uma boa gargalhada!), leitores de duas páginas de "O Capital", e exclusivamente de algumas outras orelhas de livros encarnados, substituírem a informação dos fatos objetivos, por suas defeituosas e fanáticas interpretações subjetivas com base em suas supostas superioridades morais.

O achismo tomou conta do século XXI!! O falso moralismo quer se impor sobre a incontestável primazia dos fatos e do estudo e investigação genuínos!

Desculpe-me, rapazes! Mas objetivamente eu não quero abrir mão de uma verdade inquestionável: eu prefiro manter a minha liberdade de escolher do que ser guiado por suas bondosas subjetividades!

 

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  • Fernando Fabbrini
  • 25 Junho 2020

 

O passado tem sua própria forma e não se transforma.


Em 1521, na ilha filipina de Mactán, soldados da armada de Fernão de Magalhães, tendo à frente o próprio, lutaram nas praias contra nativos chefiados por Lapu-Lapu, líder tribal.

O explorador combatia em nome do rei da Espanha; o cacique defendia a aldeia da invasão estrangeira. Antonio Pigafetta, escrivão da esquadra, no seu “Relazione del Primo Viaggio Intorno al Mondo” de 1525, conta que a coisa virou uma carnificina pavorosa. Lapu-Lapu e Magalhães morreram e foram esquartejados; poucos sobraram da refrega.

Os espanhóis construíram lá um memorial com a placa: “em 27 de abril de 1521, o grande navegador português Hernando de Magallanes, a serviço do rei de Espanha, foi aqui assassinado por nativos filipinos”. A poucos metros de distância ergue-se a estátua de Lapu-Lapu: “em 27 de abril de 1521, o grande chefe Lapu-Lapu repeliu aqui o ataque de Hernando de Magallanes, matando-o e expulsando suas forças”. É desse jeito que as histórias são contadas e as estátuas erigidas.

Recentemente, ativistas enfurecidos destruíram monumentos de personalidades cujas biografias os incomodavam. Tolice: a história não é escrita de marcha-a-ré. Se no passado, sob determinadas circunstâncias ou movido por convicções fulano fez isso ou aquilo, é impossível apagar o episódio demolindo pedestais. São marcos de outros tempos e modos; referências sobre as quais devemos, sim, refletir e aprender.

E, se necessário, transformar a vida de forma prática e madura – e não com birrinhas. Desse jeito só repetiríamos a estupidez do rei que matava mensageiros que traziam más notícias em vez de ouvi-las, rever estratégias e agir melhor.
Quando a história é cruel e repugnante, não devemos esquecê-la – nem tampouco maquiá-la. Fiéis a isso, arquitetos alemães projetaram em Berlim o “Topografia do Terror”, memorial do holocausto inaugurado em 2010. Trata-se de uma construção seca, insípida, quase sem graça – tudo premeditado. Apesar de grande parte da obra estar ao ar livre, é proposital também a ausência de áreas verdes, substituídas por insólitos canteiros de pedras. Há reproduções tétricas de calabouços da Gestapo e registros dos horrores dos campos de prisioneiros.

Os visitantes – muitos jovens, como no dia em que fui lá – mantêm-se num silêncio pesado, encarando o terrível período. Tudo sem escusas, sem joguinhos tecnológicos que divertem o público nos museus de hoje. Sem filtros, diria. Paira no ar uma dura lição. Ninguém sai de lá “aliviado”.

Perto de nós será construído um memorial dedicado às vítimas do desastre da Vale em Brumadinho. Mas, já? Pouco mais de um ano após a calamidade, corpos ainda sob a lama, indenizações em discussão? Por respeito aos mortos, a seus familiares e pela gravidade da catástrofe, é essencial que seja explicitada, com clareza, a real intenção da obra. Ela educa, alerta, contribui para prevenir futuros acidentes? Qual a lição que fica? Quem a está bancando e para quê?
Espera-se que a mensagem subjacente desse memorial não se restrinja a metáforas arquitetônicas e museológicas, eufemismos cenográficos para incorporar estranha leveza à tragédia ou insinuar que tudo não passou de uma lamentável fatalidade. Tal formato poderia transmitir a ideia enganosa de que alegorias virtuais amenizariam a indignação, as saudades e as carências ainda em curso.

Num famoso pôster criado por um artista gráfico nova-iorquino, um imenso palavrão domina quase toda a área do cartaz. A expressão chula, entretanto, foi desenhada em letras elegantes, com brilhos, dégradés. Ficou linda. Porém, logo abaixo, vem o texto irônico: “a boa execução não resolve a má ideia”. (“You can’t save a bad idea with a good execution”). Embora embelezado com firulas, não teve jeito: o palavrão continuava sendo um palavrão; a maquiagem não conseguiu disfarçá-lo.

Fatos históricos têm características próprias; é impossível apagá-los ou enfeitá-los. Sejam edificantes ou vergonhosos, deprimentes ou alentadores, através deles só nos cabe aprender – com a atenção e a humildade do bom aprendiz.

*Publicado originalmente em O Tempo de BH e enviado pelo autor.
 

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  • Pe. Paulo Ricardo
  • 21 Junho 2020


A Primeira Guerra Mundial provocou uma crise teórica entre os marxistas. Eles esperavam que os proletários se unissem na luta contra a burguesia, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário: os operários se voltaram uns contra os outros.

Mas quem teria "alienado" dessa forma a classe trabalhadora, fazendo com que ela servisse aos "interesses do capital"? Segundo a Escola de Frankfurt, nada mais nada menos que a Civilização Ocidental.

A Primeira Guerra Mundial representou uma crise teórica para o marxismo, pois este esperava que os trabalhadores se unissem contra seus empregadores, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário: os trabalhadores se uniram uns contra os outros. A grande pergunta que surgiu foi a seguinte: quem alienou os trabalhadores desta forma? Um alienado[1], segundo o marxismo, é alguém que renunciou aos seus direitos de classe para dá-los a outra pessoa. Quando ele para de lutar pelos seus direitos de classe, está servindo a outra classe. Quem alienou o proletário, o pobre? A resposta do marxismo: a civilização ocidental.

Dois pensadores diferentes encontraram a mesma resposta para o dilema da alienação: o primeiro foi Antonio Gramsci, que na URSS viu os limites da teoria marxista, tomando consciência da necessidade da mudança de cultura para a implantação da mentalidade socialista; o outro foi Georg Lukács, que em união com Felix Weil, fundou, em 1923, o Instituto para Pesquisa Social[2], contando também com a colaboração de outros pensadores, tendo como objetivo o estudo da civilização ocidental com o intuito de destruí-la. Este Instituto também ficou conhecido como escola de Frankfurt, tendo como principais membros Max Horkheimer, Theodor Adorno, Herbert Marcuse, Erich Fromm, Wilhelm Reich[3].

Mas, voltando à crise do marxismo após a Primeira Guerra, uma das tentativas de solução foi oferecida pelo fascismo: o otimismo nacional. Tal empreitada ficou caracterizada pela tentativa de se criar uma sociedade justa, um estado totalitário, através da bandeira do otimismo nacional, da raça, do nobre selvagem. Hitler, por exemplo, considerava que o cristianismo abastardou a nobreza da nação alemã.

A nação alemã, que Hitler liga diretamente aos gregos admirados por Nietzsche, tem a nobreza do pagão pré-cristão, do bárbaro, que rejeita a civilização racionalista. Hitler admirava o trabalho de Nietzsche, o valor do não racional, das trevas, das forças ctônicas[4]. A partir do homem que tem força, que se libertou dos grilhões da racionalidade, Hitler promovia a possibilidade de criar uma nova nação a partir da fidelidade à própria raça, às próprias origens.

Uma segunda reação à crise marxista foi a reação pessimista[5] da Escola de Frankfurt, que via na civilização ocidental como algo extremamente negativo[6]. A tentativa de descontrução do mundo ocidental era a força de seu trabalho, através da proposição da Teoria Crítica como um caminho a ser adotado, numa atitude de constante crítica e destruição ante a civilização ocidental. Se ela cair, o mundo será melhor. A escola de Frankfurt, porém, não tinha um projeto para o pós-destruição, pois também acreditava no poder criativo do mal, na certeza de que se houvesse destruição, a ordem, de alguma maneira desconhecida, iria surgir.

Horkheimer e Adorno escreveram um livro chamado A Personalidade Autoritária[7], buscando apresentar uma íntima ligação entre a civilização ocidental e o fascismo, conseguindo, através de um contorcionismo lógico, convencer as pessoas de que o capitalismo, a civilização ocidental e o cristianismo são a verdadeira origem do fascismo[8]. Ao perceber que os americanos nutriam um verdadeiro horror diante do fascismo, não medindo esforços para lutar a favor da liberdade contra qualquer governo autoritário ou totalitário, a Escola de Frankfurt encontrou um caminho para difundir seus propósitos.

Horkheimer e Adorno buscam convencer os americanos de que os próprios americanos são os maiores fascistas. No já citado livro Personalidade autoritária, criam uma escala de fascismo, mensurando os graus, os traços de fascismo em cada pessoa[9].

Herbert Marcuse, outro grande expoente da Escola de Frankfurt, escreveu um livro chamado Eros e Civilização, na década de 50, no qual traça, com toda clareza, o programa da revolução hippie, da revolução sexual, do pacifismo. Marcuse propõe uma junção do pensamento de Freud e Marx ao defender a tese de que o americano é puritano e que por reprimir o sexo é extremamente agressivo. Para superar tal agressividade, os americanos precisam fazer guerra. Como o sistema capitalista precisa de mercados, as guerras são úteis para o imperialismo americano conquistar o mundo. A repressão sexual seria um dos meios para manter o sistema capitalista de pé, segundo Marcuse, pois ao tornar as pessoas agressivas, leva a guerras e, automaticamente, acaba por atrasar a implantação da nova sociedade marxista no mundo.

É preciso, então, que o homem reprimido, puritano, faça sexo. Daí surge o lema de Marcuse: faça amor, não faça a guerra[10]. A revolução hippie é fruto direto do pensamento de Marcuse. Segundo ele, fazendo sexo os jovens iriam se tornar pacifistas, não fariam guerras, o que faria com que o sistema capitalista caísse. Assim, o movimento hippie e Woodstock, que pareciam ser fruto da decadência do modelo da sociedade americana, fruto do capitalismo decadente e materialista, na realidade são fenômenos inoculados na sociedade americana pelos marxistas.

A Escola de Frankfurt buscou, dessa forma, alavancar a revolução marxista mudando a forma de a pessoa se relacionar com a sua própria sexualidade, pois percebeu que ao impor um novo padrão de sexualidade, a implantação da sociedade socialista se tornava mais fácil[11]. Porém, não é verdade que ao destruir a moral sexual, surja automaticamente uma sociedade melhor. Para que os jovens da década de 70 transgredissem, violentassem a própria consciência, as regras morais, eram necessárias altas doses de drogas para que a libertinagem sexual fosse vivenciada. Só assim diziam não à moral cristã, conservadora. Os jovens de hoje, infelizmente, estão numa situação diferente, pois muitos já experimentaram o fundo do poço: mesmo na mais tenra idade já há pessoas deprimidas e que, desiludidas pela experiência do hedonismo, acabam por perceber, desde cedo, que o prazer não responde à sede de sentido de vida que lhes é peculiar[12].

Referências
1. Conforme o dicionário Michaelis, o primeiro significado de alienar é o de “tornar alheios determinados bens ou direitos, a título legítimo; transferir a outrem".
2. Sozial Forschung. Quando alguém ouve falar dos pensadores ligados a esse Instituto dificilmente os relacionará com o marxismo clássico, uma vez que usam um marxismo heterodoxo, que não luta especificamente no campo econômico, mas no campo cultural, assim como acontece com Antonio Gramsci.
3. Um pensador contemporâneo que tem certa relação com Frankfurt é Jürgen Habermas.
4. Relativas aos deuses inferiores, subterrâneos, opostos aos deuses do Olimpo.
5. São tão pessimistas que veem perversões nos atos mais simples da vida. Para Adorno, por exemplo, o simples fato de assobiar demonstra o desejo de dominar a música.
6. A escola de Frankfurt parece ser uma versão atualizada do pensamento gnóstico: o gnóstico vê que o mundo tem algo de errado, mas afirma que o problema está no próprio mundo e não nos indivíduos, pois afirma que o mundo foi mal feito, criado por um deus mau a partir da matéria. O caminho gnóstico propõe a libertação das garras do mundo através do conhecimento, da gnose. A escola de Frankfurt não acredita em demiurgos, mas sim em sistemas que não funcionam. O mundo está estruturado de forma má, alicerçado em um sistema que não funciona: a cultura ocidental, que faz com que o mundo seja mau.
7. ADORNO, Theodor W.; FRENKEL-BRUNSWICK, Else; LEVINSON, Daniel; SANFORD, Nevitt. The Authoritarian Personality, Studies in Prejudice Series, Volume 1. New York: Harper & Row, 1950. W. W. Norton & Company paperback reprint edition (1993) ISBN 0-393-31112-0. No vídeo da aula, a autoria deste livro é atribuída a Horkheimer e Adorno.
8. O fascismo, como já visto, é fruto da crise do comunismo, sendo uma revisão do pensamento comunista.
9. Para ilustrar a escala, basta dizer que os traços de fascismo são caracterizados pelos seguintes elementos: valorizar a família (mostram que a autoridade do pai é sinal do totalitarismo social), valorizar a religião, a propriedade privada, mercado livre, valores da moral sexual tradicional. O fascismo parece assim ligado intimamente à moral judaico-cristã.
10. Amor = sexo livre, revolução sexual.
11. É por isso que os marxistas infiltrados no meio eclesiástico precisam que não se viva o celibato dentro da Igreja. O celibato está sempre ligado a uma patologia, para que se viva uma vida devassa, pois deixando de viver o celibato automaticamente as pessoas abandonariam o imperialismo romano (católico e papal, falando mais claramente). O sistema espiritual, dentro da religião, é considerado um paralelo do sistema econômico americano. O sistema romano vive de oprimir os povos e romanizá-los. O papa e os padres conservadores vivem de oprimir os povos impondo a eles uma ortodoxia doutrinal e que está intimamente ligada à repressão sexual do celibato.
12. O que se vê hoje é um fenômeno de um renascimento de um movimento conservador. A geração mais nova é mais conservadora do que a geração que está no poder. Por isso o papa Bento XVI está investindo na juventude e não tem se dedicado tanto aos diversos problemas da geração que teve na formação pessoas que viveram ou propagaram esses movimentos revolucionários.

 

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