O planeta em geral e o RS , em particular, experimentam desde março um pânico imposto a população por muitos políticos , pela mídia em peso e por uma parte de médicos possivelmente bem intencionados em relação a pandemia do novo coronavírus. Nós médicos, quando prescrevemos uma conduta, sempre devemos avaliar riscos e benefícios do tratamento indicado. Não podemos prescrever um tratamento que reduza a mortalidade de uma dada doença ( um câncer , por exemplo) em talvez 30% ,se os tratados possam ter efeitos colaterais insuportáveis ou mesmo mortais em quantidade similar a essa.
Chegou-se ao ponto de leigos discutirem contra e a favor de tratamentos para a covid-19 e a conduta médica perante a pandemia passou a ser ideológica , assistindo-se médicos falsificarem pesquisas ( Lancet), administrar doses mastodônticas ( cavalares foi pouco) no intuito de “prejudicar” trabalhos com o uso de uma droga: a hidroxi-cloroquina (HCQ), As outras drogas que são prescritas pela ralé da Medicina (ivermectina e corticóide) são de “centro-direita” e admissíveis em alguns pacientes , menos , é claro, nos pacientes do SUS. No outro lado, há um grupo de médicos especialistas em cardiologia, bioestatística, AIDS, oncologia , professores de educação física etc.. que defendem a quarentena como a salvação de vidas. É a ciência, bradam! E os jornalistas os entrevistam e acreditam. Cheguei a “ver” um jornalista pedir desculpas aos ouvintes/leitores por entrevistar um médico e político que pensa diferente , pois tomar conhecimento de suas opiniões poderia colocar a população em risco. Afinal , “fique em casa” é cool e pela vida. Os que divergem dessa opinião devem ser calados e espezinhados a todo custo.
Nenhuma sociedade médica em suas diretrizes de tratamento para uma dada doença deve defender o uso de drogas com nível de evidência C. Traduzindo : “a melhor nota é A e a pior é D”) , apenas A. Como justamente é o caso da HCQ e da ivermectina no tratamento da COVID-19. O médico do paciente deve pesar os benefícios nos estudos que leu versus os baixíssimos riscos dessas drogas nas doses adequadas ( não mastodônticas ), uma vez que elas têm décadas de emprego clínico seguro. Sem dúvida , prescrevê-las não é cientificamente comprovado. Porém , Isso está longe de ser fake-news como querem muitos jornalistas e alguns médicos cool.
O RS em 15/3/2020 com NENHUMA morte por covid-19 optou pela quarentena/ distanciamento social horizontal seguindo conselhos cools., modernos , “científicos”, “em prol da vida” . Infelizmente , a conduta empregada de científica não tem nada e de medieval tem muito. Embora possa parecer lógico que se não entrarmos em contato com ninguém, a doença desaparecerá com os primeiros mortos, isso é impraticável pois profissionais de saúde, frentistas, vendedores e produtores de alimento entre outros não podem parar e de cada 10 infectados apenas um tem sintomas, o que mantem o ciclo da epidemia. Qualquer estudante de segundo ano de Medicina , mesmo EAD como os atuais, sabe que uma epidemia só acaba quando 20-60% da população tiver tido contato com o agente ou vacine-se a população contra o mesmo. No caso do coronavírus , essa chamada imunidade coletiva parece ser, a cada novo estudo publicado, inferior mesmo a esses 20%. A prestigiadíssima “Revisão Cochrane” sob encargo da OMS avaliou o valor da quarentena/distanciamento social horizontal/lockdown na pandemia de covid-19 e outras epidemias virais e concluiu que esta conduta é evidência D (“nota pior que a cloroquina”), com muito baixa evidência que funciona e que todos os estudos realizados até então eram de muito baixa qualidade não devendo jamais servir para diretrizes societárias. E agora, e a ciência ?
Segundo a Cochrane, o distanciamento social adotado no RS poderia reduzir a mortalidade da doença em 30% caso o vírus “precisasse “ contaminar 70% da população e tivesse uma “capacidade de transmissão” de 3. Por sorte nossa , talvez nem 20% precisem ser contaminados e a transmissão do vírus é muito provavelmente inferior a 2 na média.
Pasmem! Os “cientistas puros” (não terraplanistas!) nunca mencionaram que , se o distanciamento social funcionasse ( repito,caso funcionasse) sua grande função talvez não fosse reduzir o número de mortos pela doença , mas sim, distribui-los ao longo do tempo. E é exatamente isto que estamos assistindo em nosso país e estado. Nosso estado começou a quarentena em pleno verão (bactérias adoram verões, vírus são apaixonados por invernos) e o resultado do primeiro estudo de prevalência ( da UFPEL) mostrou que com mais de 20 dias de quarentena a doença praticamente inexistia no RS. 2/4000 ou 0,05% de positivos. Pasmem! Nesse momento foi mantida a quarentena o que poderia ter uma de duas explicações: preconceito (não acreditaram no próprio estudo), o que inicialmente é perdoável em ciência ou erro de interpretação dos resultados, o que é imperdoável em ciência, empurrando a epidemia para o inverno, o que indubitavelmente consistiu no maior erro de gestão de saúde da história do RS. Entre 15/3 e 31/5 , os médicos assistiram a maior epidemia de saúde de nossa história. Hospitais vazios UTIs vazias, ambulatórios despovoados. Os jornais assustavam a população com 70-80% de lotação de UTIs, quando a média histórica fora do inverno é superior a 95%. No inverno ultrapassa 100%. E a cada rodada de divulgação da “pesquisa de Pelotas” , é registrado uma redução de pessoas que cumprem o distanciamento social ( o censor do Pravda da quarentena não percebeu e divulgou esses dados !).É óbvio : são 4 meses e seguramente 2 deles desnecessários , mesmo para os que acreditam na Medicina Medieval! Fecharam-se escolas, quando comprovadamente crianças transmitem o vírus 10 vezes menos que adultos e a mortalidade entre elas é inferior a 1 para 1 milhão. Entre adultos provavelmente seja de 0,1% ( 1 em mil).
Mais grave ainda, o artigo da Cochrane enfatiza que não avaliou os efeitos colaterais (sociais, psicológicos, físicos, aumento de gravidade de outras doenças crônicas e agudas, desemprego etc...) da conduta tomada. Interessante que os muito preocupados com os efeitos adversos da HCQ, deveriam saber que de todas condutas existentes, a de longe mais carregada de efeitos colaterais, inclusive mortais, é a quarentena. É sabido com evidência grau A (“nota máxima” ) por estudos em vários países que quanto maior a taxa desemprego de uma dada população , maior a mortalidade em sua população economicamente ativa. No Brasil , estudo avaliando mais de 5000 municípios entre 2012 e 2017 , verificou que 30000 pessoas morriam a mais no ano seguinte a cada ponto percentual de aumento na taxa de desemprego. Os primeiros 2 meses ( até 15/5/20) de quarentena custarão a vida de aproximadamente 2800 gaúchos entre 18-60 anos até 15/5/2021, caso nosso estado mantenha a média nacional de desemprego. Isto é evidência grau A. É ciência.
Não entrarei no detalhe dos estimados 50.000/60.000 casos de câncer que terão retardado seu diagnóstico e, consequentemente, impedido sua cura em nosso País. Um determinado serviço privado de radiologia de Porto Alegre diagnosticava em média 14 casos por mês de câncer de mama. Em abril foi zero. em maio foram 2. Em 2021, teremos provavelmente 26 mulheres a mais com câncer de mama incurável diagnosticadas na nossa cidade. E a ciência? Não vou comentar o aumento nas taxas de femininicídio , depressão , suicídio e outros incontáveis danos psicológicos causados pelo medo dos políticos em lhes serem imputados mortes, da histeria da grande mídia (que tem, e muito, parcela de culpa) e da pseudo-ciência evidência D dos ouvidos por nossos governantes em Porto Alegre e RS.
Prof. Dr. Julio Pereira Lima , MD, PhD , FASGE.
Prof. Associado do Serviço de Gastroenterologia da UFCSPA/ Santa Casa de Porto Alegre.
Chefe do Serviço de Endoscopia Digestiva da UFCSPA/ Santa Casa de Porto Alegre.
Presidente da SIED (2016/2018).
2019 German Endoscopy Society Honour Award Carrier
2019 DGVS-Sektion Endoskopie Ehrenpreisträger
CONGRESSO REFORMISTA?
No ano passado, tão logo foi aprovada a (MEIA) REFORMA DA PREVIDÊNCIA, a maioria dos brasileiros, inclusive eu, acreditou que, mesmo com flagrantes restrições, o CONGRESSO NACIONAL dava sinais de ser REFORMISTA, ou seja, muito comprometido com as velhas e sempre adiadas REFORMAS ADMINISTRATIVA, TRIBUÁRIA, POLÍTICA, etc...
FARSA
Entretanto, com o passar dos dias, semanas e meses, tudo aquilo que parecia ser um REAL E ENCANTADO COMPROMISSO foi ficando com cara de mais uma FARSA, do tipo MAIS DO MESMO. Para completar, o LEGISLATIVO ainda passou a contar com o apoio da instância máxima do PODER JUDICIÁRIO, que simplesmente resolveu desempenhar o papel que até então competia ao EXECUTIVO.
FUNDEB
Vejam, por exemplo, o caso FUNDEB, cuja PEC foi aprovada, na noite desta 3a feira na Câmara Federal, por 499 votos a favor e somente 7 votos contrários. Pois é, sem pensar minimamente na necessária DIMINUIÇÃO DE DESPESAS, 499 deputados resolveram criar mais uma brutal DEESPESA OBRIGATÓRIA, do tipo que nenhum santo é capaz de tornar DISCRICIONÁRIA.
ORÇAMENTO 100% ENGESSADO
Se for levado em importante consideração que o ORÇAMENTO FEDERAL já está 96% COMPROMETIDO, ou ENGESSADO, através de DESPESAS OBRIGATÓRIAS, caso a PEC do FUNDEB também venha a ser aprovada no Senado, aí não sobrará centavo algum para ser utilizado em qualquer outro tipo de gasto. Pode?
EXECUTIVO - UM PODER DESNECESSÁRIO
Ora, nem é preciso ser um bom entendedor para perceber que o PODER EXECUTIVO está se tornando totalmente DESNECESSÁRIO. Bastaria, como forma de economia, haver apenas um funcionário cuja única tarefa seria a de utilizar tudo que é arrecadado na forma de impostos e/ou endividamento público e, imediatamente, repassar para as contas que o CONGRESSO E O STF decidiram que devem ser pagas. Pronto.
O novo coronavírus, como inédito, traz uma série de desafios e de incertezas quanto ao seu enfrentamento e suas possibilidades de cura.
Contudo, pela objetiva constatação das evidências pragmáticas, é inquestionável que inexiste “ciência” genuína no que concerne aos tais picos e curvas da pandemia no país. Ou fechou-se a economia cedo ou tarde demais, e/ou o isolamento social drástico não funciona mesmo. Países como a Suécia, por exemplo, que não adotou o lockdown, tem curvas muito semelhantes aos EUA e a Itália, que entraram em lockdown.
Para mim, a grande questão refere-se a falta de apreensão da realidade da vida, ou seja, a vida humana é dependente da saúde física, claro, mas sem a economia girando para produzir e empregar gente, todos os indivíduos acabam perdendo seus negócios, seus empregos e a vital renda para comer e prosperar. Similarmente, como somos seres sociais, a escassez de vida social, acarreta em uma série de doenças psicossomáticas e outras ligadas ao aumento do consumo de drogas e de álcool para pessoas de todas as classes sociais e idades.
Justamente pela falta de comprovação científica do fechamento econômico como inibidor efetivo da propagação viral, e exatamente pela precisão científica da carnificina econômica de vidas humanas, é que tenho sido crítico severo das ações autoritárias e desproporcionais de governantes populistas, para dizer o mínimo.
De verdade, a pseudociência para proteger a “saúde pública”, tornou-se muito mais uma desculpa para jovens governantes aqui no RS, administrarem nossos modos de vida, para muito além de suas preocupações com o nosso bem-estar físico.
Não tenho constrangimento algum em afirmar que uma população de renda-média baixa como a brasileira, não consegue sobreviver com a economia num vai e vem faz mais de quatro meses. Todos nós conhecemos bem quem são os complacentes apologistas do “fiquem em casa”: castas e funcionários públicos do setor estatal, com seus salários desproporcionais garantidos, e jovens e velhos humanitários, escondidos de suas reais pretensões político-partidárias.
Todos aqueles que querem e precisam trabalhar para manterem seus negócios de pé, e seus empregos, são agora taxados de desumanos, materialistas, “capitalistas sem coração”, despreocupados com a vida dos outros, descompromissados com o coletivo.
Por detrás do véu da proteção à vida, exclusivamente da esfera da saúde física, encobrem-se sentimentos de ódio, de rancor e de ressentimentos àqueles que produzem e geram empregos, renda e riqueza!
Em tempos de crises, agigantam-se movimentos coletivistas desejosos pela imposição de “mais igualdade” e, assim, surgem apelos vitimistas e invejosos em relação aos que se destacam por seus esforços e empreendimentos individuais e colaborativos com outras pessoas nas comunidades, orientados para a criação de empregos e de riqueza.
Não parece haver momento mais apropriado do que o virótico, para alardear odiosa e invejosamente, a ânsia por erradicar sistemas econômicos e sociais baseados nas liberdades individual e econômica!
O autoritarismo e a repressão estatal são então efusivamente comemorados pela conhecida trupe do “quanto pior melhor e do mais Estado”.
Por aqui, os jovens governador e prefeito, passam por cima das recomendações do setor empresarial, gerador de empregos e riqueza, contrários ao lockdown, e até distorcem informações de representantes de hospitais e do próprio Conselho Regional de Medicina, a fim de justificarem suas medidas autoritárias e restritivas, aludindo a então questionável falta de profissionais médicos.
Anteriormente, quando o isolamento social parecia trazer bons resultados, os méritos eram desses tiranetes, agora que há um aumento do número de mortes, eles jogam a culpa para a sociedade! Bizarro!
Enfim, os fatos têm demonstrado pra quem quiser ver, que o isolamento social drástico não inibe a propagação do vírus, no entanto, mata a economia e ceifa um maior número de vidas econômicas humanas.
Exatamente por tudo isso, não negocio minhas liberdades individuais, e importo-me com minha vida econômica, que esses jovens burocratas estão destroçando; verdadeiramente da grande maioria dos gaúchos.
Ao mesmo tempo, claramente percebo outros interesses em jogo, além dos efetivos rancores e ressentimentos da turma do “fiquem em casa”, impulsionados muito mais pela inveja social de todos aqueles que produzem, inovam e crescem, trazendo prosperidade para toda a sociedade.
Aliás, são esses que, inclusive, criam os recursos que coercitivamente são empregados para que a sociedade dos trabalhadores comuns continue bancando privilégios imorais de castas e de funcionários públicos; os mesmos que podem se dar ao luxo de ficarem em suas casas.
Eles as possuem, e despreocupadamente conosco, continuam pagando em dia as devidas obrigações com suas moradias...
Há uma frase que foi dita por Robert Kennedy: “I dream things that never were and ask why not?’” “Eu sonho coisas que nunca existiram e pergunto por que não?”
Essa é a diferença entre “sonhadores” e “progressistas”.
Entre seres que sonham sobre o que não existe, mas nada entendem de como implantar “coisas que nunca existiram”. Que nem pensam em testar suas ideias primeiro numa fábrica, num bairro, numa pequena cidade, numa Comunidade progressista. E se der certo, e somente se der certo, escalar sua ideia para cidades médias, grandes, Estados inteiros e somente depois para o país inteiro.
Robert Kennedy, pasmem, estava em campanha para a Presidência dos Estados Unidos.
Se você é um jovem sonhador que quer “salvar o mundo”, a resposta de todos nós que seríamos “salvos” por você é Não.
A última coisa que queremos é você impor, via leis, suas ideias não testadas em seres humanos a nível Estadual, Nacional ou Mundial.
Depois ficam frustrados, como crianças mimadas, devido às nossas resistências naturais e partem para a violência, a guerrilha urbana, a tomada do poder ou via a “gloriosa Revolução”.
Não sabem que ideias novas requerem mudanças, e sempre haverá resistências a mudanças e muitas com razão.
Mas sempre haverá alguns mais corajosos, mais empreendedores, menos avessos ao risco, com propensão natural a mudanças que aceitarão e serão os líderes naturais para os outros aceitarem.
Numa boa.
É isso que nós verdadeiros progressistas fazemos.
Vocês se dizem progressistas, mas não são.
Vocês sempre foram revolucionários com milhões de mortes nas suas consciências históricas, danem-se as consequências.
Nós queremos progresso constantemente, passo a passo.
Vocês querem a revolução de 1917.
A queda da Bastilha.
A revolução de Castro no Brasil.
E a estagnação total após a mudança, como se resolvesse tudo.
Não! Essa será sempre a resposta dos progressistas.
Seres humanos jamais irão aceitar uma ideia “revolucionária”, nunca antes testadas em seres humanos, como queria Kennedy, e de uma incompetência administrativa só.
Nós progressistas sabemos dessa resistência natural que existe na maioria das pessoas, e com razão.
Vocês querem leis impositivas, querem PECs para mudar a Constituição de cima para baixo, querem derrubar todos no poder, mas o progresso caminha de baixo para cima.
Ele surge nas pequenas ongs, nas pequenas empresas, nas Ongs, nas sociedades civis que vocês nem conhecem.
Queremos provas de que suas ideias funcionam, na prática.
Nós, por outro lado, queremos ver nossas ideias primeiro funcionarem em comunidades, em bairros ou em pequenas cidades que aceitaram ser cobaias.
Bem sucedidas, elas serão copiadas e adotadas espontaneamente, sem batalhas políticas como vocês estão fazendo.
Por isso acreditamos no progresso dia a dia, e não numa grande revolução Russa, Chinesa ou Cubana.
Onde a natural resistência humana foi “gloriosamente” vencida pelo genocídio de mais de 120 milhões de pessoas.
Não, jamais permitiremos vocês fazerem novamente o que fizeram aos milhões cujas vidas vocês desprezaram.
“Life matters?”, não para vocês.
Para que um único sonho fosse implantado, o de Karl Marx, o de Trotsky, o de Mao, o de Fidel Castro.
Nós também queremos incentivar ideias novas.
Mas aquelas que não ficam só no papel, e sim as que “pegam” por aceitação popular, que se alastram de comunidade em comunidade, que escalam naturalmente.
Nós, os verdadeiros progressistas, acreditamos não em sonhos, mas em pequenas realizações.
Como as que eu mostrei para os outros no “O Brasil Que Dá Certo”, livro que escrevi 30 anos atrás.
E continuei na minha coluna na Veja, dando esperança a alguns leitores, em vez de divulgar o ódio contra aqueles que progridem de fato e mostram o exemplo.
Vejo com tristeza a decadência do nosso jornalismo que deixou de ser progressista.
E se tornou autoritário, como se fossem os únicos autores da História.
São esses sonhos dos outros que estão destruindo o tecido social da Europa, dos Estados Unidos e do Brasil.
Se não voltarmos a valorizar aqueles que fazem o Brasil progredir, e parar de dar ouvidos àqueles que somente sonham, iremos tornar esse país um laboratório de experiências em seres humanos, destruindo os sonhos de todos nós.
Ninguém mais sonha com um Brasil melhor, por que não?
Por causa daqueles que somente sonham e nada testam nem realizam.
* Publicado originalmente no blog.kanitz.com.br
** Reproduzido em pontocritico.com
Na faixa dos 60 anos, meu amigo pertence à geração do grupo de risco, mas não parece. Boa-pinta e com saúde de sobra, participa de maratonas, escala cachoeiras, voa de parapente, essas doideiras. Divorciado, filhos criados, permite-se uma vida social animada em companhia de colegas do mesmo perfil atlético. Frequentando barzinhos, festas e clubes, mantém seus relacionamentos – sempre presenciais – em dia. No seu currículo de idoso tão moderno, registra-se apenas uma falha anacrônica: tem pavor de informática, computadores, celulares, aplicativos e congêneres eletrônicos.
Aí veio a pandemia e meu amigo, privado dos convívios humanos essenciais à saúde, entrou na fossa. A máscara o sufocava em três sentidos: no respiratório, no circulatório e no falatório, já que adorava bater pernas e conversar com a turma. Em abril, preso em casa, me ligou, disposto a se render finalmente às redes sociais – território onde jamais tinha se aventurado – para tentar mitigar a solidão.
- Como é esses troços de Facebook, Instagram? – perguntou, desanimado.
Expliquei que esse troço de Facebook já andava decadente, sobrou para os coroas como nós. Os jovens preferem o Instagram. Contei que, no meu caso, comecei a usar o Facebook para replicar minhas crônicas e acabei ganhando uma porção de leitores e novos amigos.
- Amigos, amigos, mesmo? – ironizou.
- São pessoas como nós, talvez meio sozinhas ou com tempo livre. Trocamos comentários, mostramos fotos da família, compartilhamos piadas... E assim vamos levando a pandemia. Quem sabe você até não arruma umas paqueras?
Relutante, ele criou um perfil, vi algumas postagens. Parecia que a coisa andava bem. De repente, sumiu. Ontem ligou-me de novo.
- Cheio de amigos via internet? – provoquei-o.
- Que nada. Uma chatice, isso sim.
- ??
- Ué, fiz tudo direitinho, escolhi uma foto minha mais jovem, na praia. Depois percebi que todo mundo põe foto mais jovem no perfil; não se pode confiar nas aparências. E surgiu muita bobagem, piadinhas idiotas, testes ridículos como “com qual pedra preciosa você se parece” ...
- Nem arrumou uma paquera?
- Tem até umas moças bonitas, mas só ficam fazendo pose, segurando o celular na frente do espelho, exibindo roupas e decotes, tipo “olhem como sou linda” ...
- Puxou conversa?
- Xi! Você pergunta um negócio e elas só respondem daí a uma semana. Outras, no primeiro papo, já escarafuncham se a gente é casado, solteiro, disponível. Sem falar nos assédios e merchandisings das profissionais, tá cheio.
Eu o compreendo. O “novo normal” permanece repleto das anormalidades de sempre. Como na vida real, a virtual é palco para algumas personalidades meio espaçosas, vaidosas, superficiais. Mas há também nas redes uma turma ótima e divertida, pena que meu amigo não teve sorte. Entretanto, uma coisa valeu na sua breve experiência:
- Pouco antes de largar o Facebook, conheci uma mulher muito interessante. Inteligente, gosta de cinema, de livros, de vinho. Fazia natação lá no meu clube e nunca tinha reparado nela, acredita? Já fizemos até umas “lives”; um sorriso lindo! Depois descobrimos que somos vizinhos; mora no prédio aqui ao lado! O melhor de tudo: me cumprimenta todo dia pela janela!
O futuro – caso seja tão chato como alertam os pessimistas - continuará intragável para quem não se contenta com a fantasia colorida de telas digitais. Já vou avisando: nós, anormais, adeptos dos cinco sentidos, do calor humano, das emoções sinceras e do contato à flor da pele, resistiremos.
* Publicado originalmente em O Tempo de Belo Horizonte
** https://www.otempo.com.br/opiniao/fernando-fabbrini/o-novo-anormal
COMPLIENCE
A partir do momento que o mundo todo tomou conhecimento dos inúmeros atos de CORRUPÇÃO que assolou o nosso empobrecido Brasil, com grandes empresas envolvidas, boa parte delas, notadamente companhias de capital aberto, inclusive estatais, tratou, imediatamente de adotar o -COMPLIENCE-.
CONDUTA
Para quem não sabe, a palavra COMPLIENCE, ou -CONFORMIDADE- tem relação com a conduta da empresa e sua adequação às normas dos órgãos de regulamentação, com o propósito de corrigir e prevenir desvios que possam trazer conflitos judiciais para o negócio, sendo comumente atrelado à luta anticorrupção.
ESG
Mais recentemente, notadamente após o terrível acidente de Brumadinho, inúmeros players do COMÉRCIO MUNDIAL, passaram a dar atenção e/ou preferência, além do COMPLIENCE, às empresas comprometidas com o ESG - ENVIROMENTAL, SOCIAL AND GOVERNANCE -, ou, com as MELHORES PRÁTICAS AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA.
IMPOSSÍVEL DESMATAMENTO ZERO
Nesta semana, como se sabe, voltou a ganhar força, mais uma vez, o velho problema do DESMATAMENTO E DAS QUEIMADAS DA AMAZÔNIA, onde grandes empresas e investidores internacionais informam que para continuar comprando/investindo no Brasil exigem um -IMPOSSÍVEL- DESMATAMENTO ZERO.
PRESSÃO
Pois, em meio à pressão de investidores para que o Brasil ajuste a política ambiental com base no ESG, vários ex-ministros, como, por exemplo, Pedro Malan, Fernando Henrique Cardoso, Henrique Meirelles, Joaquim Levy e Zélia Cardoso de Mello, Rubens Ricupero, etc., e ex-presidentes do BC, como Armínio Fraga, Gustavo Loyola, Pérsio Arida e Ilan Goldfajn, assinaram um texto com os seguintes dizeres:
"Superar a crise exige convergirmos em torno de uma agenda que nos possibilite retomar as atividades econômicas, endereçar os problemas sociais e, simultaneamente, construir uma economia mais resiliente ao lidar com os riscos climáticos e suas implicações para o Brasil".
NADA FIZERAM
Ainda que não tenha nada de surpresa, o fato é que todos os que colocaram suas assinaturas na nota nada fizeram para DIMINUIR O DESMATAMENTO NO BRASIL. Ao contrário, durante os períodos que estiveram à frente de seus respectivos ministérios, tanto o DESMATAMENTO quanto as QUEIMADAS correram solto no ambiente da Amazônia. Pode?
*Publicado originalmente em pontocritico.com, no dia 15 de julho de 2020