• Alex Pipkin, PhD
  • 14 Julho 2020

 


Li comentário de um Sr., referente à artigo em que critico às decisões autoritárias de governantes, e o isolamento social drástico com fechamento da economia gaúcha imposto por eles, inferindo minha insensibilidade frente mais de 70 mil mortes.

Assim quero, mais uma vez, esclarecer minha visão sobre os fatos.


Esse Sr. chama-me de bolsonarista, e acusa-me de exagerado e “sonhador” em relação a minha preocupação com a perda de liberdades individuais.

Vou repetir: especificamente em relação ao RS, não tenho dúvidas de que as iniciativas implementadas pelo governador e pelo prefeito de POA em relação ao combate ao vírus, foram totalmente exageradas!

Não acredito na ciência sem evidências comprovadas; não acredito em previsões histéricas baseadas em análises estatísticas que partem de premissas equivocadas, e reitero que o isolamento social drástico, com a paralisação da economia, causará maiores males do que benefícios a SAÚDE INTEGRAL (física/econômica/social) da população gaúcha.

Os modelos epidemiológicos elaborados por médicos e cientistas, por si só, já apresentam algum tipo de viés de confirmação. (Honestamente, se fosse médico, creio que isoladamente cairia nesse mesmo "risco", pois a formação e a missão do médico é salvar vidas com base na saúde física!).

Mas os modelos empregados por eles assumem que todas as pessoas têm chances iguais de se infectar, além de desconsiderarem circunstâncias idiossincráticas de cada contexto econômico e social. Há, por exemplo, amplas evidências de que jovens dificilmente contraem a doença na mesma proporção e gravidade de idosos acima dos 60 anos, portadores de outras comorbidades.

Quando tais modelos (com dados incorretos e/ou mal calculados) são utilizados por políticos para atuar em meio a situações de crise, não hesito em afirmar que muitas vezes são utilizados de forma populista e eleitoreira.
Aqui no RS e em POA, ninguém vai me fazer não enxergar aquilo que transparentemente enxergo e repudio. A pretexto da saúde, esses jovens governantes estão exercendo suas amplas liberdades de capar nossas vitais e inegociáveis liberdades individuais.

Não consigo ver lógica e inteligência, por exemplo, em observar grandes supermercados superlotados operarem, enquanto se proibi que pequenos mercados possam trabalhar, a fim de garantir o sustento desse pequeno empresário e seus familiares. Nada mais ESSENCIAL para esses micro, pequenos e médios empreendedores que o trabalho que provê o pão de cada dia!

Se alguém conseguir explicar o "racional" dessa decisão, poderia repensar... impossível!

E tem gente que aprova atos ditatoriais e desproporcionais desses jovens burocratas, focados em mandar prender indivíduos que desejam - porque precisam comer! - simplesmente exercerem seus direitos de poderem trabalhar!

A grande verdade é que governantes tomam decisões sem atentar para as consequências não intencionais de tais deliberações. O planejador central não quer atentar para a total imprevisibilidade da distintiva ação humana! Mas eles, demagogicamente, insistem...

Não, caro Sr., não sou insensível, mas procuro recorrer a razão e a lógica do real conceito de vida, e de suas inseparáveis dimensões saúde e economia, não aos puros instintos, a fim de não me deixar abalar pelo viés da disponibilidade, julgando os perigos e os riscos da Covid-19, com base nas histórias sensacionalistas da mídia interessada. A realidade da vida econômica se impõe de forma inequívoca!

Não, meu caro Sr., não sou insensível. Pelo contrário, considero-me um humanista "racional”, pois penso que os governantes deveriam elaborar políticas e decidirem por aquelas que factualmente trazem as melhores consequências para todo o tecido social de uma determinada comunidade. Sim, consequências são resultados mais benéficos para toda a sociedade no presente e no futuro.

Embora o número de mortes da Covid-19 impressione o Sr., a mim causa pânico ver na capa de um "jornal" do RS, de 13/07/2020, que a economia do RS perde 123 mil empregos formais em três meses de pandemia!!

Aterroriza-me que empresas de todos os portes estejam fechando e quebrando, destruindo cadeias de suprimentos e indústrias, e solapando vidas e sobrevivência de vidas econômicas humanas de indivíduos e de grupos familiares.
Milhares de doentes de câncer deixaram de adotar tratamentos precoces; outras doenças respiratórias e enfermidades infantis não foram examinadas... Futuras mortes certas...

Muitas cirurgias foram adiadas, e o aumento das taxas de abuso de drogas, álcool e violência familiar são evidentes e claros. O acréscimo do número de suicídios é ainda espantoso.

Caro Sr., o que me pasma DE VERDADE, é a escassez de apreensão da realidade da vida e, portanto, da constatação de que as respostas dos governantes gaúchos a crise do coronavírus são ridículas, autoritárias e desproporcionais, com nocivas consequências para gerações de gaúchos e gaúchas.

Seria mesmo eu um insensível?!
   

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  • Prof. Ubiratan Jorge Iorio
  • 13 Julho 2020



Tempos estranhos como o que estamos vivendo servem muitas vezes como avisos, qual luzes vermelhas a nos alertarem para alguns ensinamentos úteis que, em épocas normais, não notaríamos, ou, então, que só perceberíamos aos poucos e depois de muito tempo. Uma dessas informações é que essa pandemia está fazendo o autoritário solitário e reprimido, que existe lá no fundo do peito de muitas pessoas, sair do armário e se exibir como um malabarista de semáforo, com a diferença de que os objetos repetidamente lançados para cima e aparados não são bolas ou quaisquer outros objetos sem vida, mas nós, cidadãos assustados e acuados diante de uma estrovenga desconhecida e assustadora vinda da China.

Assim, sentimentos dos mais primitivos e secretos, vindos dos recônditos de algumas almas, costumam aflorar nessas ocasiões em políticos, economistas, especialistas e em todo o tipo de gente, de síndicos de prédios até jornalistas, de porteiros até vigilantes, em uma primavera de despotismo em que florescem robustas e floridas ordens, comandos, controles, proibições, obrigações e tudo o mais que possa agredir nossas liberdades individuais.

Como deve ser delicioso para essa gente mandar fechar o comércio, obrigar todos a usarem máscaras, multar quem se atrever a sair nas ruas, retirar surfistas do mar, prender senhoras que passeiam na areia e muitos outros comandos bizarros, extravagantes e que restringem a nossa liberdade em nome da “ciência” e do “bem comum”! (O leitor haverá de entender as aspas).

A propósito do papel do Estado e desse movimento de saída do armário dos mandões antes enrustidos, vale lembrar a introdução de Ludwig Von Mises ao terceiro capítulo de As seis lições, que trata do intervencionismo:

“Diz uma frase famosa, muito citada: ‘O melhor governo é o que menos governa’. Esta não me parece uma caracterização adequada
das funções de um bom governo. Compete a ele fazer todas as coisas para as quais ele é necessário e para as quais foi instituído. Tem
o dever de proteger as pessoas dentro do país contra as investidas violentas e fraudulentas de bandidos, bem como de defender o país
contra inimigos externos. São estas as funções do governo num sistema livre, no sistema da economia de mercado”.

Vejam bem, Mises admitia certas funções do governo em sociedades de pessoas livres. Hayek, por sua vez, não poucas vezes, ao criticar o keynesianismo, usava a expressão políticas de desespero para classificar as recomendações intervencionistas dos seguidores de Keynes, mas sempre fazia questão de alertar para o perigo de que essas medidas se perpetuassem, como se esse desespero fosse permanente. Essa - exatamente essa – é a grande aflição que os liberais estão sentindo nos últimos meses.

Em tempos “fora da curva”, como guerras, pestes e pandemias, nenhum liberal que tenha os pés no chão deixa de reconhecer a necessidade de alguma ação do aparato estatal. O problema é que, com base inequívoca na evidência, mesmo quem não sabe quem foram Mises, Hayek ou qualquer outro economista liberal sabe que o Estado, quando mete o bedelho em qualquer coisa, por meio de políticas e controles, dificilmente se retira, mesmo quando não há mais qualquer justificativa para alegação de desespero.

Pandemias servem para alimentar o poder dos tiranos e déspotas que são obrigados a ficarem escondidos em tempos normais. Isso é fatal, porque o poder não é mais do que a manifestação política do processo de ação humana, que possibilita a explosão dos instintos primários. Em outras palavras, o que os zelosos defensores da “saúde pública” e do “bem comum” desejam e que não mais precisam esconder, é decidir o que as outras pessoas podem, não podem e têm que fazer. É um fetiche pelo poder, aberração que costuma habitar a personalidade de muitos que exercem cargos políticos e públicos. É como uma tara sexual, uma volúpia incontida de dominar os outros e de sentir êxtase quase orgásmico quando sua vontade é imposta sobre o maior número possível de pessoas.

O que farão quando a pandemia se despedir e ameaçar dissipar seus poderes especiais? Que frustração os abaterá? Afinal, se antes da pandemia comiam angu e bebiam vinho “sangue de boi” e agora, durante ela, desfrutam de lagostas e de vinhos franceses de boa safra, irão se conformar a voltar ao angu e à zurrapa de antes? O poder, ah, o poder...

Não podemos nos iludir. Depois da pandemia, os políticos - que ela tanto está mal acostumando - continuarão tarados por mandar, maníacos por proibir e lunáticos por aparecer na mídia, a não ser que os pagadores de impostos, que são os eleitores, os coloquem no devido lugar em que devem estar em uma sociedade de homens livres. E é por essa razão que, desde já, os liberais devem alertar para os riscos que a liberdade está enfrentando.

Dado o aviso – que espero ser consensual entre os liberais de verdade – copio e colo, para deleite (ou revolta) do leitor, uma lista de projetos escalafobéticos apresentados à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nestes tempos também escalafobéticos.
 

Anexo

1. Reduz o valor das mensalidades de prestação de serviços educacionais na rede privada do Estado, proíbe a cobrança de multas, juros e encargos e possibilita o trancamento de matrícula enquanto perdurarem as medidas de enfrentamento à pandemia de COVID-19 (Isa Penna – PSOL)
2. Obriga as instituições de ensino superior e pós-graduação da rede privada do Estado a reduzir o valor das mensalidades cobradas durante o Plano de Contingência do Estado de São Paulo para Infecção Humana pelo novo Coronavírus - Covid-19. (Leci Brandão – PC do B)
3. Proíbe as instituições de ensino superior e pós-graduação da rede privada do Estado de cobrar multas, juros e encargos sobre o valor das mensalidades durante o Plano de Contingência do Estado de São Paulo para Infecção Humana pelo novo Coronavírus - Covid-19 (Leci Brandão – PC do B)
4. Obriga as instituições de ensino superior e pós-graduação da rede privada do Estado a manter as bolsas de estudo parciais ou totais aos seus alunos durante o Plano de Contingência do Estado de São Paulo para Infecção Humana pelo novo Coronavírus - Covid-19. (Leci Brandão – PC do B)
5. Obriga as instituições de ensino superior e pós-graduação da rede privada do Estado a aceitar pedidos de trancamento de matrícula durante o Plano de Contingência do Estado de São Paulo para Infecção Humana pelo novo Coronavírus - Covid-19. (Leci Brandão – PC do B)
6. Torna obrigatória a redução proporcional das mensalidades da rede privada de ensino durante o Plano de Contingência do Estado de São Paulo para Infecção Humana pelo novo Coronavírus - Covid-19. (Rodrigo Gambale – PSL)
7. Autoriza o Poder Executivo a proceder a internação de pacientes infectados pela COVID-19 na rede privada de hospitais quando requerida por médico credenciado do Sistema Único de Saúde - SUS em caso de inexistência de leitos na rede pública. (Marcia – PT)
8. Cria a Fila Única Emergencial para Gestão de Leitos Hospitalares, abrangendo os sistemas público e privado, a fim de assegurar a utilização, controle e gerenciamento pelo Sistema Único de Saúde de toda capacidade hospitalar instalada no Estado, com o objetivo de garantir acesso universal e igualitário à rede hospitalar frente à pandemia do novo coronavírus - Covid-19. (Monica da Bancada Ativista – PSOL)
9. Autoriza o Poder Executivo a criar a Central Única de Regulação e a Fila Única Estadual para internação de pacientes com suspeita ou contaminação por COVID-19 em UTIs. (Edmir Chedid - DEM)
10. Autoriza o Poder Executivo a requisitar leitos hospitalares privados para atendimento de pacientes da rede pública e do SUS, bem como vagas de hospedagem para funcionários da saúde, no período de combate à Covid-19. (Carlos Giannazi – PSOL)
11. Autoriza o Poder Executivo a intervir na rede privada de saúde para garantir atendimento a casos graves de COVID-19. (Isa Penna – PSOL)
12. Permite a internação de pacientes infectados pela Covid-19 na rede privada de hospitais, quando requerido por médico credenciado ao Sistema Único de Saúde, em caso de inexistência de vaga na rede pública. (Tenente Nascimento – PSL)
13. Reduz o valor das tarifas de pedágio nas rodovias estaduais enquanto perdurar o estado de calamidade pública decretado no Estado em decorrência da pandemia do novo coronavírus - COVID-19. (Delaegada Graciele – PL)
14. Suspende temporariamente a cobrança das tarifas de pedágio nas rodovias estaduais enquanto perdurar o estado de calamidade pública decretado no Estado em decorrência da pandemia do novo coronavírus causador da COVID-19. (Luiz Fernando T. Ferreira – PT)
15. Isenta de cobrança de pedágio nas rodovias estaduais os veículos de propriedade de servidores e profissionais das áreas da saúde, da segurança pública e do sistema prisional durante o período de surto de coronavírus - Covid-19. (Carlos Giannazi – PSOL)
16. Suspende a cobrança de pedágio nas rodovias estaduais concedidas à iniciativa privada durante o período de surto de coronavírus - Covid-19 (Carlos Giannazi – PSOL)
E, para fechar o desfile de horrores,
17. Altera a Lei nº 10.705, de 28 de dezembro de 2000, que dispõe sobre a instituição do Imposto sobre a Transmissão "Causa Mortis" e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos - ITCMD, visando à mitigação dos efeitos da pandemia do novo coronavírus - COVID-19 no âmbito do Estado. (Paulo Fiorilo – PT)


*Em julho 2020
**Publicado originalmente em https://www.ubirataniorio.org/index.php/artigo-do-mes/397-jul-2020-pandemia-e-tirania (blog do autor)
***O autor é doutor em Economia pela FGV
 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 10 Julho 2020

 

Não adianta... quero ser otimista nessas manhãs gélidas, escuras e desérticas de Porto Alegre, mas não tenho evidências de que o Brasil conseguirá mudar de rota, rumo a estrada das genuínas liberdades individual e econômica. Na verdade, os fatos apontam na triste direção contrária.

É exatamente por isso que fico alarmado com a facilidade com que gente que reputava como racional e inteligente, deixou-se levar pelos apelos bondosos e humanitários de togados ativistas e de governadores e de prefeitos, tomadores de decisões objetivamente autoritárias e desproporcionais, que acabaram por decepar nossas ESSENCIAIS liberdades individuais, sob pretexto de combater a Covid-19.

Partindo-se da premissa que as medidas de isolamento social drástico fossem até bem-intencionadas, no sentido de preservar "100% vidas", faltam a essas autoridades a compreensão dos exemplos históricos e cabais de que toda e qualquer ação humana tem consequências intencionais e não intencionais.

Pessoalmente, como desacredito na "ciência do isolamento", acho que os governantes jogaram eleitoralmente para a torcida, pelo patente desconhecimento do real funcionamento de uma economia de mercado, e pela falta de uma apreensão mínima de que a vida, inevitavelmente, possui suas umbilicais e inseparáveis dimensões da saúde física, econômica e social. Também me parece transparente que algumas dessas autoridades tinham a intenção de paralisar a economia, forçando o seu respectivo colapso, a fim de colherem os frutos políticos de tal atrocidade.

Nunca é demais alertar que burocratas estatais tomam decisões críticas sobre a vida econômica e social dos indivíduos, sem sentir e responsabilizarem-se pelo resultado de seus autoritários decretos e escolhas equivocadas.

Na vida pragmática real, a ordem surge de movimentos espontâneos que ocorrem "desorganizada e imprevisivelmente" por meio da ação de distintos desejos e objetivos individuais de cada cidadão, sabedor de suas próprias circunstâncias e de seu contexto idiossincrático. Não é pela canetada de burocratas que as pessoas agem! Nós, seres humanos, factualmente reagimos a todas as regulamentações e ordens impostas pelos governos, e nossas reações resultam em resultados que podem ser bem diferentes dos resultados pretendidos pelos burocratas estatais.

Suportados pela heurística da disponibilidade e pelo terrorismo midiático, grande parte dos nativos tupiniquins aceitou passivamente a perda de suas liberdades de ir e vir, de trabalhar e de se expressar, mesmo que inequivocamente isso signifique a falta de dinheiro para, inclusive, alimentar a si próprio e prover o mínimo necessário para a sobrevivência de suas famílias, no presente e no futuro.

Em minha singela avaliação, grande parte dos brasileiros perdeu a noção de que suas vidas passaram a ser ditadas, ipsis litteris, segundo a vontade de governantes que, infeliz e frequentemente, não apresentam traços de prudência, conhecimento e sabedoria que devem reger a vida econômica e social individual.

Os tentáculos estatais, além de destruírem a vida econômica dos indivíduos, agora podem avançar ainda mais, pelo aumento da intervenção em nossas vidas, regulando mais - não menos! - a economia e desestimulando a atividade econômica e a correspondente geração de empregos.

Regras trabalhistas sobre a definição de tipos de atividades "essenciais", horários de trabalho, exigências aos empregadores, bem como o aumento de impostos, vão ao encontro dessas consequências não intencionais e que afetarão os setores empresariais da indústria, do comércio, dos serviços e de todos os setores da vida verde-amarela.

Regulamentos estatais e do Pequeno STF, tais como o esdrúxulo projeto de lei das fake news, capando nossas liberdades de opinião e expressão, por exemplo, matam profissionais jornalistas, privando-os da liberdade de escrever e expressarem suas opiniões, além de acabarem com suas preciosas fontes de subsistência! Não existe abissal ameaça tão real e presente nesse país do que aquela apontada para o setor de tecnologia da informação... meu D´EUS!

Verdadeiramente, todo esse gigantesco número de decretos econômicos sobre nossas vidas individuais - afora os que estão por vir! -, mesmo que "bem-intencionados", trarão resultados extremamente nefastos para às liberdades individual e econômica, pois tais regramentos negligenciam as consequências não intencionais das ações desses governantes despreparados e populistas.

Pois é! Muitos brasileiros não se deram conta, ou não se importam com o fato de que essas intenções estatais puritanas, ao invés de resultarem em consequências positivas, estão efetivamente nos levando para um Estado socializante!

Cada vez mais, judicializa, burocratiza e rouba-nos as essenciais liberdades, a fim de que escolhamos pelo nosso livre arbítrio, como queremos viver, desenvolver nossos planos de vida e sermos felizes a nossa própria maneira!
Eu não temo me manifestar e contrapor-me a esse trágico estado de coisas, pois não quero viver, e tampouco desejo que meus filhos vivam, num regime que inevitavelmente só tem um destino - e certeiro: o do autoritarismo, da escassez de liberdades, da miséria, da pobreza e, portanto, da falta da crucial prosperidade econômica e social.

Claro, não a de burocratas estatais, mas dos comuns como eu e a grande massa da população brasileira!
 

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  • Fernando Fabbrini
  • 10 Julho 2020

 

Buscando encher o tempo dos alunos durante o recesso da pandemia, um professor de uma escola de arquitetura do país propôs um trabalho numa aula virtual. Tratava-se de um "para casa" no seu sentido mais que perfeito: um projeto de uma casa imensa, cheia de quartos, garagens, jardins. Sem dúvida, uma tarefa de grandes dimensões em concreto armado, fazendo com que os alunos ampliassem também as dimensões ainda limitadas de seus saberes arquitetônicos. Vigas, pilares, lajes, balanços! Puxa, que desafio!

Inacreditável: alguns alunos deram o golpe. Recusaram-se a fazer o trabalho alegando que o referido seria "racista", já que incluía quartos reservados aos serviçais imaginários da imaginária residência. Na verdade, não enxergaram a casa – imaginária, repito – como um aprendizado, e foram implicar com os imaginários quartos das empregadas.

E se o projeto fosse para um estádio de futebol? Depois de enrolarem por algum tempo, creio que esses alunos redigiriam: "Indignados com a proposta elitista de uma 'arena' – palavra que remete historicamente ao espaço de martírio de escravos inocentes – coletivamente encaminhamos nesta folha A4 o traçado quadrangular de um campo de futebol de várzea, genuinamente nacional. Sem gramado, arquibancadas, coberturas ou demais áreas reservadas às classes dominantes, o mesmo não terá fossos ou alambrados. Trata-se de um estímulo à liberdade, proporcionando a integração das massas sem preconceitos, além de evitar a ação perversa e violenta da polícia que reprime a manifestação popular".

Alunos vão à faculdade para estudar – e ela existe é pra isso, ué. Esses aceitam sua ignorância transitória, absorvem o conhecimento e aí viram bons profissionais na idade adulta. Já outros se sentem detentores de atributos intelectuais acima da média. São sapientes e geniais já no primeiro dia de aula. Infelizmente, devem encarar regras, disciplinas, provas e avaliações até a formatura. Por isso, ficam nervosinhos, impacientes, arrogantes. À menor contrariedade vão resmungar no Diretório Acadêmico, nas redes sociais ou em casa. Oremos para que, no futuro, não caiam nessas mãos os projetos de nossas casas.

Resumindo, esse episódio é mais uma amostra cômica do ativismo cada vez mais festivo que pulula pelos corredores de muitas de nossas universidades, seduzindo jovens incautos. Por falar em afazeres domésticos, quantos futuros arquitetos lavam ou passam suas próprias roupas, cozinham suas refeições, arrumam suas camas ou encaram a louça de casa?

É sabido que as empregadas viraram um luxo para a maioria da classe média. São outros tempos, felizmente. Havia, sim, exploração e desrespeito. No entanto, aqui e no resto do mundo, passada a pandemia, babás, cozinheiras, copeiras, arrumadeiras, cuidadoras, motoristas, vigias e acompanhantes serão recontratados pelas famílias que podem ou que necessitam fazê-lo.

Aliás, isso tem o nome de emprego – hoje com carteira assinada, direitos preservados, consciência profissional e legislação atenta a qualquer desvio. Releiam: escrevi "emprego", aquele velho sistema de ganhar a vida honestamente com esforço, responsabilidade, hora marcada, obrigações. Muita gente inventa desculpas filosóficas, ideológicas e sei-lá-mais-o-que para não encarar um.

*Fernando Fabbrini é roteirista, cronista e escritor, com quatro livros publicados. Participa de coletâneas literárias no Brasil e na Itália

** Publicado originalmente no jornal O Tempo de BH
 

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 07 Julho 2020

E O VENTO - DA PARALISIA ECONÔMICA - LEVOU...
Alex Pipkin, PhD

O pensamento mágico brasileiro é mesmo fantástico! Aludem odiar a política, mas adoram os políticos. Resquícios do pensamento mitológico dos salvadores da pátria; anseiam por um semideus terreno...

Verbalizam não gostar de política, mas observo que somos mesmo adoradores da Mãe Estado. Como disse esses tempos, a pauta econômica desse governo, de certa maneira, apontava para que o Estado começasse a sair um pouquinho de nós, mas nós, de forma geral, não queremos sair do Estado.

Apesar do aprendizado pela dor, especialmente do que restou da nossa economia dos últimos 20 e poucos anos de políticas econômicas nacional-desenvolvimentistas e socializantes, ainda não nos demos conta de que o dinheiro não nasce em árvores. A vertigem desértica é factual. Não há maná!

Evidente que com a crise pandêmica, o governo que vinha fazendo um belo trabalho, aliás, como manda o figurino na questão da gestão da dívida pública, com exemplar disciplina fiscal, teve que abrir o cofre. Natural. Abrir está correto, o problemão vai ser encontrar a chave para fechá-lo novamente.

O cidadão comum, tristemente ignorante em economia, acredita em "insensibilidade" dos homens do executivo, mas sem essa pedra fundamental, não há ambiente favorável para que investidores internacionais e patrícios coloquem o seu dinheiro por nossas bandas. Sem falar na Pequena suprema corte e na transparente insegurança jurídica gerada por esses onze homens e mulheres da capa preta, no que diz respeito a segurança e a garantia dos contratos firmados... Mas isso é complexo demais para agora.

A grande questão é que a bondade romântica quanto a natureza da vida, irá cobrar um preço muito alto na forma de vidas econômicas humanas. Inexiste vida integral sem saúde, sem economia e sem o social! Não há como separar o inseparável!

Acho que erramos feio no "time" do fechamento econômico. Teria sido mais sensato fechar no início da pandemia, com uma quarentena efetiva. O movimento da gaita abre-fecha é prejudicial, nefasto e colabora ainda mais para a devastação econômica. Ah, mas há ciência! Tudo que eu menos vi até agora, pragmaticamente, é ciência no isolamento social drástico, esse com evidências comprovadas.

No nosso país, teria sido mais saudável e economicamente mais científico, um distanciamento social controlado, sem o total fechamento das atividades econômicas. Num país de renda-média baixa como o Brasil, nem de longe se consegue aguentar quatro meses de fechamento econômico dessa espécie!

Pois é... Mas a carnificina econômica já começou! Destruição das cadeias de suprimentos (ah como não compreendem que esse é um sistema integrado, interdependente!), com projeção de queda histórica no PIB desse ano, devendo alcançar MENOS (-) 11% (!!) a depender da extensão do fechamento das atividades econômicas. Devastação do tecido industrial; o índice da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que mede a confiança dos negócios, caiu 25,8 pontos entre março e abril, e queda histórica no resultado das vendas do comércio no mês de abril, MENOS (-) 17% sobre março. Pasmem, mais da metade da população brasileira encontra-se sem emprego!

Tá! Horrível!! Mas o que vem pela frente, pós-pandemia e o tal novo "a-normal"?!
Seguramente, vamos reinaugurar a era dos acordos de fusões e aquisições e o respectivo aumento da concentração industrial.

Porém, em relação às pequenas e médias empresas, acho que veremos uma batalha darwiniana pela sobrevivência dos mais aptos. E, infelizmente, com muito sangue nos corações e bolsos empresariais!

As pequenas e médias empresas (PME´s) representam nada mais nada menos do que 99% de todas as empresas brasileiras, e empregam mais da metade da força trabalhadora formal, sendo responsáveis pela geração de 25% do PIB brasileiro!

De acordo com estudos econômicos sérios, pequenas e médias empresas não conseguem resistir - em média - nem a um mês de 30 dias paralisadas. Turismo, gastronomia, pequenos negócios de serviços... já ascenderam para o andar de cima faz tempo! A vaca já foi pro brejo faz mesmo horas. Sinal disso, é que as taxas de inadimplência entre as empresas brasileiras aumentam sistematicamente há 11 meses seguidos.

O alento e o motor de arrancada da crise vêm e virá do setor agrícola. A demanda crescente por alimentos permanece forte, e o setor vem mostrando, inclusive, níveis de crescimento durante a pandemia.

Bem, com o tamanho do buraco brasileiro, os ativos de empresas nacionais ficaram mais baratos, além da ajuda de um real desvalorizado em aproximadamente 35% desde o início do ano. Apesar disso, em razão da crise econômica global, não será tão singelo achar investidores internacionais, uma vez que esses passaram a relocalizar seus investimentos para seus próprios mercados.

Muito embora os apelos bondosos e sentimentais de brasileiros pertencentes às tradicionais castas políticas e empresariais sejam intensos, o horripilante "fiquem em casa", qualquer cego enxerga (aquele que quer ver!) que mesmo com as tentativas governamentais de salvar as empresas, o auxílio não será suficiente para manter respirando a grande maioria delas.

O sonho empreendedor de fundadores que nessa terra se instalaram, e de seus descendentes que prosperaram com seus negócios, desabou na canetada de jovens e não tão jovens burocratas estatais, em sua maioria despreparados e desprovidos de qualquer visão e experiências robustas para a compreensão real de como funciona genuinamente uma economia de mercado.

Pois é, a coisa tá feia e, infelizmente, a tendência é de piora!

Embora as empresas de tecnologias digitais e de logística expressa estejam realmente crescendo dentro dessa nova lógica de menor interação presencial, que tende a permanecer entre nós por bastante tempo em função do fantasma viral, o que parece certo é que qualquer tipo de interação, seja essa presencial ou à distância, entre empresas e seus mercados, seus clientes, seus fornecedores e seus parceiros nos respectivos ecossistemas empresariais, minguará de forma catastrófica!

O futuro breve e de longo prazo, tende a ter menos empresas, menos empregos, menor produção de produtos e serviços, menos consumo e, desgraçadamente, menor geração de riqueza e de prosperidade por terras verde-amarelas.

Não bastará saúde física, a carnificina de vidas econômicas humanas matará para além da Covid-19! Pessimismo? Não sei... Acho que a lógica da realidade!

 

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  • Patrícia Lages, do R7
  • 06 Julho 2020

 

O projeto de lei que se apresenta como defensor da verdade e contra a disseminação de fake news na internet foi aprovado por 44 dos 81 senadores. E, para variar, alguns meios de comunicação noticiaram o fato de uma forma, no mínimo, curiosa, como é o caso da Folha de S. Paulo, que começa a matéria com a frase: “Em uma derrota para o governo Jair Bolsonaro, o Senado aprovou nesta terça-feira (30) o projeto de lei sobre fake news.”

O que importa para a Folha é ressaltar – e comemorar – que o governo foi derrotado, mas ao usar tudo e qualquer coisa para “provar” que o governo é antidemocrático, ocultaram o fato de que quem sofreu um forte golpe com essa aprovação foi a democracia. Afinal de contas, uma das premissas da verdadeira democracia – não da democracia fake – é o respeito à individualidade e à privacidade. São as ditaduras reais – não as que só existem na cabeça de alguns – que exercem controle sobre seus cidadãos, tirando deles até mesmo o direito à liberdade de expressão.

Ao longo dos anos, muita gente já vem abrindo mão de suas opiniões por conta do “politicamente correto”, que troca a verdade dos fatos por ilusões agradáveis, tudo em nome de um pseudo respeito ao próximo. Nas redes sociais não faltam pessoas que dizem preferir o tapa da verdade do que o beijo da mentira, mas isso é que não passa de fake news. Experimente dizer a verdade e você correrá o risco de ser “cancelado”.

E a verdade é que o projeto de lei das fake news esconde perigos reais, como a rastreabilidade, que acaba com o direito de sigilo nas conversas de qualquer pessoa. Mensagens privadas em aplicativos e redes sociais passarão pelo crivo de “checadores”, que poderão interpretar as conversas como desejarem, além de poderem usar os dados dos usuários como bem lhes convier. Sim, nós estaremos à mercê de “checadores”, enquanto muito adolescente que apoia o PL “em prol da verdade” acha que invasão de privacidade é quando os pais entram em seu quarto sem bater na porta...

Quem acha que isso não é nada porque “quem não deve não teme” e que, para não ter problemas, basta “dizer a verdade”, caiu direitinho na armadilha dos ditadores do judiciário. Afinal de contas, quem vai definir o que é verdade e o que é fake news? Quem vai fazer parte do “tribunal da verdade suprema”? Quem serão esses “checadores” das verdades absolutas?

Essa é mais uma distorção inexplicável que acontece em um país onde os cidadãos reclamam dia e noite dos desmandos dos políticos, mas, ao mesmo tempo, não percebem que, ao concordar – ou ficar inerte – com esse tipo de coisa, estão conferindo a eles cada vez mais poder. Além disso, ignoram completamente que a primeira função do Poder Judiciário é garantir os direitos individuais.

O governo brasileiro já nos cerca de todos os lados. Compre um carro, uma casa ou abra um negócio e o governo estará lá, levando sua parte, quer dizer, “fazendo sua parte”, que você já sabe bem qual é. Os governantes, por enquanto, só não têm acesso ao que fazemos dentro de nossas casas e é justamente aí que desejam entrar, afinal, essa lei esdrúxula poderá funcionar como uma escuta dentro da casa de cada um de nós, além de ser uma mordaça para que ninguém se atreva a dizer o que não convém às pessoas que terão o poder de decidir o que é verdade e o que é fake.

A Câmara dos Deputados tem o poder de engavetar esse absurdo e, em última instância, o presidente da República pode vetar um projeto de lei quando ele se opõe à Constituição ou contraria o interesse público. O presidente Jair Bolsonaro aventa a possibilidade de fazer uma consulta pública para que nós, o povo – de quem o poder emana em uma real democracia –, tenhamos a oportunidade de pôr fim a mais esta ideia delirante.

Por hora, aproveito meu direito à liberdade de expressão, pois, até onde sei, ainda é possível fazer isso sem sofrer represálias. Estejamos atentos ao que vem por aí.

Autora
Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

 

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