• Juliano Oliveira, IL
  • 17/07/2021
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CUBA: A CULPA, PARA A ESQUERDA, É DO CAPITALISMO

Juliano Oliveira, IL

 

Países não possuem vontade própria. Países ou estados são apenas dimensões territoriais delimitadas por linhas imaginárias criadas por burocratas. Países não comercializam produtos ou serviços. Pessoas e empresas comercializam produtos e serviços. Se não houvesse barreiras protecionistas que obstruíssem a livre transação de bens e serviços entre produtores e consumidores dos diversos países, se “muros” não fossem levantados sob o argumento nacionalista de proteção à indústria nacional, todos estaríamos em melhores condições. As mentes mais brilhantes e as mãos mais talentosas do mundo estariam trabalhando para suprir cada uma de nossas necessidades e, melhor, na ânsia por conquistar parte do dinheiro que estamos dispostos a trocar pelo que têm a oferecer, reduziriam, por meio do emprego de tecnologias cada vez mais avançadas e de técnicas de otimização de processos, seus custos de produção, o que geraria uma pressão baixista nos preços de venda. Todos seríamos mais ricos.

Pode parecer estranho, mas Lula, o candidato preferido da esquerda brasileira, o amigo pessoal do ditador Fidel Castro, que, juntamente com Raul, impôs ao povo cubano uma vida de opressão e restrições de liberdades, pensa exatamente assim. Calma, caro leitor. Não se trata de Fake News, apenas de uma análise dos últimos acontecimentos.

Diante da recente explosão de movimentos que pedem por mais liberdade e pelo fim da ditadura que impera em Cuba desde a queda de Fulgêncio Batista, Lula, o ex-presidiário, disse que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deveria pôr fim ao bloqueio econômico imposto à ilha, que, segundo ele, tem prejudicado os cubanos e levado a população de Cuba à miséria, algo desumano, em especial, num período de pandemia.

Ao pedir o fim do embargo, Lula está, mesmo que de forma tácita, reconhecendo que apenas o livre comércio entre norte-americanos e cubanos pode resgatar os residentes da ilha da situação de penúria em que vivem. Paradoxalmente, Lula é o mesmo homem que, por ocasião da morte do ditador Fidel Castro (o tirano que impediu, entre cubanos e cubanos e entre cubanos e outros povos, quaisquer transações comerciais que fossem regidas pelo livre mercado), não economizou elogios à sua maneira tirana de governar e disse que o tinha como exemplo e que Fidel “foi o maior homem do século 20”.

Como apontou Roberto Rachewsky em artigo intitulado O embargo brasileiro ao Brasil, “Ao reclamarem o fim do embargo americano a Cuba, contraditoriamente, os socialistas estão defendendo o livre-comércio entre os países. E, não menos contraditoriamente, ao defenderem o socialismo, se mostram contrários ao livre-comércio entre as pessoas”. Bingo. Este é o duplo padrão do socialista Luiz Inácio Lula da Silva.

O fato é que não há fim de embargo econômico que possa resolver os problemas de que padecem os cubanos. Cuba pode transacionar com diversos outros países. Como apontou Diogo Costa em artigo para o Instituto Mises Brasil, “os cubanos podem comprar produtos americanos pelo México. Podem comprar carros do Japão, eletrodomésticos da Alemanha, brinquedos da China ou até cosméticos do Brasil”.

“Por que não compram? Porque não têm com o que comprar. Não é um problema contábil ou monetário — o governo cubano emite moeda sem lastro nem vergonha. O que falta é oferta. Cuba oferece poucas coisas de valor para o resto do mundo. Cuba é pobre porque o trabalho dos cubanos não é produtivo”.

O problema de Cuba, portanto (e há vários textos, disponíveis gratuitamente em excelentes plataformas liberais e libertárias, que explicam isso), nada tem a ver com o bloqueio americano. Tem a ver com o bloqueio que a ditadura mais longeva da América impôs ao seu próprio povo.

Lula, ao afirmar que transações comerciais com um país capitalista eliminariam as feridas que atormentam o povo cubano, faz o que sabe fazer melhor. Num só golpe ataca um espantalho (o malvado Tio Sam) pela escravidão que impera na ilha e exime seu já falecido amigo e demais companheiros, com quem possui profundas afinidades ideológicas, da responsabilidade pelas desgraças contra as quais luta o povo da ilha. No fim, Lula está apenas sendo o que sempre foi: um socialista que não esconde sua tara pela tirania e pelo poder e que joga no colo do capitalismo as desgraças que lhe permitem discursos de bom mocismo.

*    Publicado Originalmente em https://www.institutoliberal.org.br/blog/cuba-a-culpa-para-a-esquerda-brasileira-e-do-capitalismo/

**   Juliano Oliveira é administrador de empresas, professor e palestrante. Especialista e mestre em engenharia de produção, é estudioso das teorias sobre liberalismo econômico.