O passado tem sua própria forma e não se transforma.
Em 1521, na ilha filipina de Mactán, soldados da armada de Fernão de Magalhães, tendo à frente o próprio, lutaram nas praias contra nativos chefiados por Lapu-Lapu, líder tribal.
O explorador combatia em nome do rei da Espanha; o cacique defendia a aldeia da invasão estrangeira. Antonio Pigafetta, escrivão da esquadra, no seu “Relazione del Primo Viaggio Intorno al Mondo” de 1525, conta que a coisa virou uma carnificina pavorosa. Lapu-Lapu e Magalhães morreram e foram esquartejados; poucos sobraram da refrega.
Os espanhóis construíram lá um memorial com a placa: “em 27 de abril de 1521, o grande navegador português Hernando de Magallanes, a serviço do rei de Espanha, foi aqui assassinado por nativos filipinos”. A poucos metros de distância ergue-se a estátua de Lapu-Lapu: “em 27 de abril de 1521, o grande chefe Lapu-Lapu repeliu aqui o ataque de Hernando de Magallanes, matando-o e expulsando suas forças”. É desse jeito que as histórias são contadas e as estátuas erigidas.
Recentemente, ativistas enfurecidos destruíram monumentos de personalidades cujas biografias os incomodavam. Tolice: a história não é escrita de marcha-a-ré. Se no passado, sob determinadas circunstâncias ou movido por convicções fulano fez isso ou aquilo, é impossível apagar o episódio demolindo pedestais. São marcos de outros tempos e modos; referências sobre as quais devemos, sim, refletir e aprender.
E, se necessário, transformar a vida de forma prática e madura – e não com birrinhas. Desse jeito só repetiríamos a estupidez do rei que matava mensageiros que traziam más notícias em vez de ouvi-las, rever estratégias e agir melhor.
Quando a história é cruel e repugnante, não devemos esquecê-la – nem tampouco maquiá-la. Fiéis a isso, arquitetos alemães projetaram em Berlim o “Topografia do Terror”, memorial do holocausto inaugurado em 2010. Trata-se de uma construção seca, insípida, quase sem graça – tudo premeditado. Apesar de grande parte da obra estar ao ar livre, é proposital também a ausência de áreas verdes, substituídas por insólitos canteiros de pedras. Há reproduções tétricas de calabouços da Gestapo e registros dos horrores dos campos de prisioneiros.
Os visitantes – muitos jovens, como no dia em que fui lá – mantêm-se num silêncio pesado, encarando o terrível período. Tudo sem escusas, sem joguinhos tecnológicos que divertem o público nos museus de hoje. Sem filtros, diria. Paira no ar uma dura lição. Ninguém sai de lá “aliviado”.
Perto de nós será construído um memorial dedicado às vítimas do desastre da Vale em Brumadinho. Mas, já? Pouco mais de um ano após a calamidade, corpos ainda sob a lama, indenizações em discussão? Por respeito aos mortos, a seus familiares e pela gravidade da catástrofe, é essencial que seja explicitada, com clareza, a real intenção da obra. Ela educa, alerta, contribui para prevenir futuros acidentes? Qual a lição que fica? Quem a está bancando e para quê?
Espera-se que a mensagem subjacente desse memorial não se restrinja a metáforas arquitetônicas e museológicas, eufemismos cenográficos para incorporar estranha leveza à tragédia ou insinuar que tudo não passou de uma lamentável fatalidade. Tal formato poderia transmitir a ideia enganosa de que alegorias virtuais amenizariam a indignação, as saudades e as carências ainda em curso.
Num famoso pôster criado por um artista gráfico nova-iorquino, um imenso palavrão domina quase toda a área do cartaz. A expressão chula, entretanto, foi desenhada em letras elegantes, com brilhos, dégradés. Ficou linda. Porém, logo abaixo, vem o texto irônico: “a boa execução não resolve a má ideia”. (“You can’t save a bad idea with a good execution”). Embora embelezado com firulas, não teve jeito: o palavrão continuava sendo um palavrão; a maquiagem não conseguiu disfarçá-lo.
Fatos históricos têm características próprias; é impossível apagá-los ou enfeitá-los. Sejam edificantes ou vergonhosos, deprimentes ou alentadores, através deles só nos cabe aprender – com a atenção e a humildade do bom aprendiz.
*Publicado originalmente em O Tempo de BH e enviado pelo autor.
A Primeira Guerra Mundial provocou uma crise teórica entre os marxistas. Eles esperavam que os proletários se unissem na luta contra a burguesia, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário: os operários se voltaram uns contra os outros.
Mas quem teria "alienado" dessa forma a classe trabalhadora, fazendo com que ela servisse aos "interesses do capital"? Segundo a Escola de Frankfurt, nada mais nada menos que a Civilização Ocidental.
A Primeira Guerra Mundial representou uma crise teórica para o marxismo, pois este esperava que os trabalhadores se unissem contra seus empregadores, mas o que aconteceu foi exatamente o contrário: os trabalhadores se uniram uns contra os outros. A grande pergunta que surgiu foi a seguinte: quem alienou os trabalhadores desta forma? Um alienado[1], segundo o marxismo, é alguém que renunciou aos seus direitos de classe para dá-los a outra pessoa. Quando ele para de lutar pelos seus direitos de classe, está servindo a outra classe. Quem alienou o proletário, o pobre? A resposta do marxismo: a civilização ocidental.
Dois pensadores diferentes encontraram a mesma resposta para o dilema da alienação: o primeiro foi Antonio Gramsci, que na URSS viu os limites da teoria marxista, tomando consciência da necessidade da mudança de cultura para a implantação da mentalidade socialista; o outro foi Georg Lukács, que em união com Felix Weil, fundou, em 1923, o Instituto para Pesquisa Social[2], contando também com a colaboração de outros pensadores, tendo como objetivo o estudo da civilização ocidental com o intuito de destruí-la. Este Instituto também ficou conhecido como escola de Frankfurt, tendo como principais membros Max Horkheimer, Theodor Adorno, Herbert Marcuse, Erich Fromm, Wilhelm Reich[3].
Mas, voltando à crise do marxismo após a Primeira Guerra, uma das tentativas de solução foi oferecida pelo fascismo: o otimismo nacional. Tal empreitada ficou caracterizada pela tentativa de se criar uma sociedade justa, um estado totalitário, através da bandeira do otimismo nacional, da raça, do nobre selvagem. Hitler, por exemplo, considerava que o cristianismo abastardou a nobreza da nação alemã.
A nação alemã, que Hitler liga diretamente aos gregos admirados por Nietzsche, tem a nobreza do pagão pré-cristão, do bárbaro, que rejeita a civilização racionalista. Hitler admirava o trabalho de Nietzsche, o valor do não racional, das trevas, das forças ctônicas[4]. A partir do homem que tem força, que se libertou dos grilhões da racionalidade, Hitler promovia a possibilidade de criar uma nova nação a partir da fidelidade à própria raça, às próprias origens.
Uma segunda reação à crise marxista foi a reação pessimista[5] da Escola de Frankfurt, que via na civilização ocidental como algo extremamente negativo[6]. A tentativa de descontrução do mundo ocidental era a força de seu trabalho, através da proposição da Teoria Crítica como um caminho a ser adotado, numa atitude de constante crítica e destruição ante a civilização ocidental. Se ela cair, o mundo será melhor. A escola de Frankfurt, porém, não tinha um projeto para o pós-destruição, pois também acreditava no poder criativo do mal, na certeza de que se houvesse destruição, a ordem, de alguma maneira desconhecida, iria surgir.
Horkheimer e Adorno escreveram um livro chamado A Personalidade Autoritária[7], buscando apresentar uma íntima ligação entre a civilização ocidental e o fascismo, conseguindo, através de um contorcionismo lógico, convencer as pessoas de que o capitalismo, a civilização ocidental e o cristianismo são a verdadeira origem do fascismo[8]. Ao perceber que os americanos nutriam um verdadeiro horror diante do fascismo, não medindo esforços para lutar a favor da liberdade contra qualquer governo autoritário ou totalitário, a Escola de Frankfurt encontrou um caminho para difundir seus propósitos.
Horkheimer e Adorno buscam convencer os americanos de que os próprios americanos são os maiores fascistas. No já citado livro Personalidade autoritária, criam uma escala de fascismo, mensurando os graus, os traços de fascismo em cada pessoa[9].
Herbert Marcuse, outro grande expoente da Escola de Frankfurt, escreveu um livro chamado Eros e Civilização, na década de 50, no qual traça, com toda clareza, o programa da revolução hippie, da revolução sexual, do pacifismo. Marcuse propõe uma junção do pensamento de Freud e Marx ao defender a tese de que o americano é puritano e que por reprimir o sexo é extremamente agressivo. Para superar tal agressividade, os americanos precisam fazer guerra. Como o sistema capitalista precisa de mercados, as guerras são úteis para o imperialismo americano conquistar o mundo. A repressão sexual seria um dos meios para manter o sistema capitalista de pé, segundo Marcuse, pois ao tornar as pessoas agressivas, leva a guerras e, automaticamente, acaba por atrasar a implantação da nova sociedade marxista no mundo.
É preciso, então, que o homem reprimido, puritano, faça sexo. Daí surge o lema de Marcuse: faça amor, não faça a guerra[10]. A revolução hippie é fruto direto do pensamento de Marcuse. Segundo ele, fazendo sexo os jovens iriam se tornar pacifistas, não fariam guerras, o que faria com que o sistema capitalista caísse. Assim, o movimento hippie e Woodstock, que pareciam ser fruto da decadência do modelo da sociedade americana, fruto do capitalismo decadente e materialista, na realidade são fenômenos inoculados na sociedade americana pelos marxistas.
A Escola de Frankfurt buscou, dessa forma, alavancar a revolução marxista mudando a forma de a pessoa se relacionar com a sua própria sexualidade, pois percebeu que ao impor um novo padrão de sexualidade, a implantação da sociedade socialista se tornava mais fácil[11]. Porém, não é verdade que ao destruir a moral sexual, surja automaticamente uma sociedade melhor. Para que os jovens da década de 70 transgredissem, violentassem a própria consciência, as regras morais, eram necessárias altas doses de drogas para que a libertinagem sexual fosse vivenciada. Só assim diziam não à moral cristã, conservadora. Os jovens de hoje, infelizmente, estão numa situação diferente, pois muitos já experimentaram o fundo do poço: mesmo na mais tenra idade já há pessoas deprimidas e que, desiludidas pela experiência do hedonismo, acabam por perceber, desde cedo, que o prazer não responde à sede de sentido de vida que lhes é peculiar[12].
Referências
1. Conforme o dicionário Michaelis, o primeiro significado de alienar é o de “tornar alheios determinados bens ou direitos, a título legítimo; transferir a outrem".
2. Sozial Forschung. Quando alguém ouve falar dos pensadores ligados a esse Instituto dificilmente os relacionará com o marxismo clássico, uma vez que usam um marxismo heterodoxo, que não luta especificamente no campo econômico, mas no campo cultural, assim como acontece com Antonio Gramsci.
3. Um pensador contemporâneo que tem certa relação com Frankfurt é Jürgen Habermas.
4. Relativas aos deuses inferiores, subterrâneos, opostos aos deuses do Olimpo.
5. São tão pessimistas que veem perversões nos atos mais simples da vida. Para Adorno, por exemplo, o simples fato de assobiar demonstra o desejo de dominar a música.
6. A escola de Frankfurt parece ser uma versão atualizada do pensamento gnóstico: o gnóstico vê que o mundo tem algo de errado, mas afirma que o problema está no próprio mundo e não nos indivíduos, pois afirma que o mundo foi mal feito, criado por um deus mau a partir da matéria. O caminho gnóstico propõe a libertação das garras do mundo através do conhecimento, da gnose. A escola de Frankfurt não acredita em demiurgos, mas sim em sistemas que não funcionam. O mundo está estruturado de forma má, alicerçado em um sistema que não funciona: a cultura ocidental, que faz com que o mundo seja mau.
7. ADORNO, Theodor W.; FRENKEL-BRUNSWICK, Else; LEVINSON, Daniel; SANFORD, Nevitt. The Authoritarian Personality, Studies in Prejudice Series, Volume 1. New York: Harper & Row, 1950. W. W. Norton & Company paperback reprint edition (1993) ISBN 0-393-31112-0. No vídeo da aula, a autoria deste livro é atribuída a Horkheimer e Adorno.
8. O fascismo, como já visto, é fruto da crise do comunismo, sendo uma revisão do pensamento comunista.
9. Para ilustrar a escala, basta dizer que os traços de fascismo são caracterizados pelos seguintes elementos: valorizar a família (mostram que a autoridade do pai é sinal do totalitarismo social), valorizar a religião, a propriedade privada, mercado livre, valores da moral sexual tradicional. O fascismo parece assim ligado intimamente à moral judaico-cristã.
10. Amor = sexo livre, revolução sexual.
11. É por isso que os marxistas infiltrados no meio eclesiástico precisam que não se viva o celibato dentro da Igreja. O celibato está sempre ligado a uma patologia, para que se viva uma vida devassa, pois deixando de viver o celibato automaticamente as pessoas abandonariam o imperialismo romano (católico e papal, falando mais claramente). O sistema espiritual, dentro da religião, é considerado um paralelo do sistema econômico americano. O sistema romano vive de oprimir os povos e romanizá-los. O papa e os padres conservadores vivem de oprimir os povos impondo a eles uma ortodoxia doutrinal e que está intimamente ligada à repressão sexual do celibato.
12. O que se vê hoje é um fenômeno de um renascimento de um movimento conservador. A geração mais nova é mais conservadora do que a geração que está no poder. Por isso o papa Bento XVI está investindo na juventude e não tem se dedicado tanto aos diversos problemas da geração que teve na formação pessoas que viveram ou propagaram esses movimentos revolucionários.
"Eu, e só eu, determino os direitos de vassalagem, entendeu? Você esquece que posso castigá-lo quando e quanto quiser?", dizia Llorenç de Bellera, um senhor feudal, personagem de Ildefonso Falcones no romance"A catedral do mar", que virou série na Netflix.
Mas a prepotência do personagem está em conformidade com a lei de seu tempo. Aliás, suas palavras foram pronunciadas depois de, com amparo da lei, ter desvirginado a noiva de um pobre camponês. Sim, no medievo, a lei legitimava o senhor feudal como potestade apta a acusar, julgar e castigar os "servos" do feudo, inclusive com a pena de morte.
Ambientada no século XIV, a obra de Falcones permite ao leitor um claro vislumbre do sistema feudal e da lei que regia a sociedade à época, ensejando-lhe reconhecer e valorizar esta inestimável conquista do processo civilizatório do ocidente: o "direito acusatório".
No "direito inquisitório" (idade média), uma única instituição (é o caso do senhor feudal), uma só cabeça concentra todos os papéis: de produzir provas, de acusar, de julgar e de executar a pena - o que torna inviável a defesa do acusado.
Mas a humanidade é a mesma. Foram as instituições que mudaram desde a idade média até hoje. Em boa parte do planeta, como concretização de uma visão moderna de democracia, vigora o "direito acusatório", em que, num processo criminal, são dados a órgãos diferentes os papéis de "investigar e produzir provas", "acusar", "defender" e "julgar".
Note-se que, sem essa separação de papéis, vira letra morta o que há na Constituição brasileira (art. 5º, LV), em que se prevê, para todo e qualquer acusado, direito ao "contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes".
Todo cidadão deveria não só conhecer, mas sempre ter presente a diferença entre "direito inquisitório" e "direito acusatório". Mas, se a maioria dos bacharéis em Direito desleixa esse conhecimento, tão caro à ordem democrática, será que se pode esperar mais dos outros?
O desleixo da maioria - ora por ignorância, ora por egoísmo – cria ambiente favorável para que ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) tenham rompantes de senhores feudais. É como se conduz Alexandre de Moraes no inquérito das fake news em desbragada ilegalidade.
Em flagrante agressão à Constituição, com a conivência de outros nove ministros, Moraes age, a um só tempo, como delegado de polícia, Ministério Público e juiz, comportamento que levou a ex-procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a comparar o STF a um tribunal de exceção, característico de regimes totalitários.
Ou seja, o STF, em vez de zelar pela Constituição (sua tarefa precípua), está transformando-a num livrinho inútil: o que cada um pode dizer ou fazer, o direito, a lei, o rumo do país é ditado por senhores feudais togados. Haverá, neste momento, algo mais grave acontecendo no Brasil?
A Associação Nacional dos Membros do Ministério Público e a Associação Nacional dos Procuradores da República tiraram nota contra Alexandre de Moraes, que riscou o inciso I do art. 129 da Constituição e afirmou que todos os tribunais podem abrir investigações criminais. É falso!
O ministro do STF, Marco Aurélio Mello, foi voz isolada: "Inquérito das Fake News fere a Constituição. O Supremo não é absoluto", disse. E criticou Dias Toffoli, presidente do STF, pela instauração sigilosa do procedimento, sem conhecimento do colegiado, "em afronta à constituição e ao sistema acusatório". E refutou a designação de Alexandre de Moraes, para ele "escolhido a dedo e desrespeitando o sistema de distribuição automático, regra do Supremo."
E ainda tem outro pormenor: Alexandre de Moraes está investigando também pessoas cujo foro não é o STF, atropelando o princípio do juiz natural, o que configura abuso de poder e gera insegurança jurídica. E, para completar, há o covarde silêncio (ou calculada omissão?) dos presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia,
chancelando a quebra da ordem constitucional e a supressão do sistema acusatório, não ligando para a advertência de Rui Barbosa: "A pior ditadura é a do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer."
* Publicado originalmente em https://blogdopolibiobraga.blogspot.com/2020/06/artigo-renato-santanna-o-stf-e-quebra.html
LA RESISTENCE
O Brasil, guardadas as devidas proporções, vive um momento que mostra uma certa similaridade com o movimento -LA RESISTENCE- , formado por homens e mulheres francesas que lutaram contra as forças nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
RESISTÊNCIA BRASILEIRA
Aqui, a RESISTÊNCIA é formada por aqueles que, independente de gostarem ou não do presidente Bolsonaro, estão vendo o nosso empobrecido Brasil sendo brutalmente atacado pela descomunal força do STF, que já jogou por terra a HARMONIA e INDEPENDÊNCIA DOS PODERES, como reza o artigo 2º da Constituição Federal.
GUARDIÃO DA CONSTITUIÇÃO
Os RESISTENTES, que antes de tudo amam o Brasil e só querem ORDEM e LIBERDADE para que o país possa, enfim, crescer e se desenvolver, já deixaram bem claro que não querem o fim da Suprema Corte. Querem, apenas, que o STF cumpra o dever -constitucional- que lhe compete, qual seja de GUARDIÃO DA CONSTITUIÇÃO, conforme definido no art. 102 da CF.
MAIS DO QUE ÓBVIO
Ora, qualquer pessoa que seja dotada de razoável senso de justiça e/ou capacidade de raciocínio, por mais que não tenha formação em Direito Constitucional, não tem dúvida de que os 11 ministros do STF assumiram uma clara posição que tem por objetivo ACABAR DE VEZ com o atual governo e suas pretensões de transformar o Brasil num país mais justo e melhor para todos. Isto está mais do que óbvio.
INTERVENÇÃO
Faço questão de deixar bem claro que ao contrário do que muita gente pensa, principalmente a grande mídia, não sou a favor de INTERVENÇÃO MILITAR para governar o país. Luto e, portanto, sou totalmente a favor da INTERVENÇÃO no STF, que cometeu o grave crime de QUEBRAR com a importante e necessária HARMONIA ENTRE OS PODERES.
SIMILARIDADE
Resumo: na similaridade que existe entre a RESISTÊNCIA FRANCESA e a RESISTÊNCIA BRASILEIRA, o que temos é o seguinte: os franceses contaram com as Forças Aliadas para vencer os nazistas; os brasileiros tem o artigo 142 como grande aliado para vencer o STF. De novo: não quero INTERVENÇÃO MILITAR para governar o Brasil. Quero, como RESISTENTE, a INTERVENÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS no STF para que o PODER EXECUTIVO possa governar o Brasil.
Claro que não me refiro ao Covid-19. As redes sociais e os alarmistas já se encarregam de espalhar o terror e, lá de vez em quando, muito raramente, prestam uma mísera informação útil ao cidadão. Graças ao vírus chinês, fruto da canalhice de uma ditadura centenária, vivemos essa pandemia que exige mudanças de hábitos e seguimos em frente. O que está ao nosso alcance, fazemos: máscaras, isolamento, álcool-gel. Porém,devemos estar conscientes de que sobre o imponderável - infelizmente e filosoficamente - não temos controle algum.
Falo é do temido vírus Corrupt que assola a humanidade há séculos. O agressor atua caladinho nos quatro cantos do mundo, não poupa ninguém. Como os demais, aproveita-se das fragilidades do organismo social para invadi-lo. Nações com um sistema jurídico decente e onde o povo sabe que a cidadania é o melhor anticorpo são menos vulneráveis. Quando o vírus dá as caras, reagem de imediato e salvam-se todos.
Já no Brasil tal vírus é endêmico na forma Corrupt-30%; faz parte de nossa cultura desde os tempos de Cabral. Aqui,para piorar, o danado vem exibindo mutações constantes, variando nas formas Corrupt-40%, Corrupt-50%, Corrupt-70% e até maiores, de potencial altamente danoso.
Nos anos recentes tivemos uma onda do Corrupt que arrasou o país. A voracidade com a qual ele agiu foi surpreendente. Instalado nos organismos públicos e privados contaminou empresários, políticos, tribunais, juízes, advogados, imprensa, opinião pública. O vírus ataca a mente do enfermo levando-o a pensar exclusivamente em si; uma combinação aguda e enlouquecida de prepotência, ganância, vaidade e descaso com seus semelhantes.
De aparência enganosa, dizendo-se aliado dos mais frágeis e humildes, o Corrupt penetrou onde quis e se alimentou à vontade de seus principais nutrientes: reais, dólares, euros, bitcoins. Mas também aceitava favores, empregos, sinecuras e cargos de boa-vida. Minando as reservas do povo, engordava e enriquecia os cúmplices.
Detectado com frequência por pesquisadores intrigados, o Corrupt brasileiro logo usava seus disfarces e passava-se por um bichinho bonzinho. Aplicava-se um reagente qualquer – como perguntas comuns sobre sua origem e sobrevivência - e ele esperneava, inventava acusações, disparava adjetivos contra quem o ameaçasse. Quando pego em flagrante inquestionável, sem saída, o Corrupt assumia sua forma mais violenta: simplesmente liquidava o responsável pela denúncia.
Iludido pelas artimanhas do Corrupt, o cidadão brasileiro só percebeu o tamanho do estrago quando o mal já estava feito. Em consequência dos altos piques do Corrupt o contribuinte procurava um hospital e encontrava – por exemplo - um estádio de futebol; um porto num país estrangeiro; uma obra de saneamento interrompida. Levava o filho à escola e pelas frestas do portão enxergava vestígios de refinarias sucateadas, escritórios luxuosos de empreiteiras e frigoríficos; malas cheias de dinheiro. Queria viajar numa estrada boa e segura, mas sua rota o conduzia a misteriosos sítios, apartamentos à beira-mar, países estrangeiros comandados por ditadores amiguinhos.
A vacina contra o Corrupt existe há tempos; faz parte do sistema imunológico humano desde nossos antepassados mais distantes. Agora, como prevenção em caso de desabastecimento por surtos, vale uma passada no seu banheiro. Lá provavelmente há um armário e um espelho. No armário, pegue a embalagem com o rótulo “Vergonha na Cara”. Olhando-se no espelho, engula uma dose e pense nos seus filhos, na sua família, na nação pobre e carente onde você habita. Costuma funcionar.
Entretanto, como no caso da cloroquina, azitromicina, corticoides e outros medicamentos em pesquisa por causa da Covid-19, a imunização definitiva contra o Corrupt depende do estado geral do paciente. Por isso, hábitos nocivos, caráteres fisiológicos e morbidades pré-adquiridas são determinantes. Nem sempre há cura, infelizmente.
*Publicado originalmente em 18/06/2020 em O Tempo de BH e enviado pelo autor.
Estava lendo um livro interessante, e resolvi destacar um trecho:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;”
Uma pena. Muitos afirmam que o texto fora redigido com esmero. Não sei ao certo, pois mereceu ser revisado quase uma centena de vezes. O fato é que hoje, apesar dos esforços de alguns bravos cavaleiros defensores da lei e da ordem, o livro encontra-se em desuso, num despudorado, melancólico e imerecido ocaso.
A compaixão de Deus guardará nossos dias e velará nossas noites! Que, como povo, possamos ter o dom da sabedoria para aprender com os erros dos outros!
Obs: graças a Deus, Ele (o Todo Poderoso Deus) ainda é lembrado como regente de nosso povo em seu Preâmbulo. Mas provavelmente isso também não passa de um detalhe. Afinal, para quem é capaz de negar a Deus, negar a Constituição que O cita vira missão banal.
Obs 2: para quem acompanhou os posts passados, observem que tento usar aqui, de forma curta e objetiva, os discursos poético e retórico para a difusão da mensagem. ??