• Alex Pipkin, PhD
  • 06 Janeiro 2021

 

Alex Pipkin, PhD



A estrutura basilar que suporta uma sociedade educada, civilizada, culta, verdadeiramente progressista, e econômica e socialmente desenvolvida é a educação. Não deveria haver dúvidas.

Nesta base, semeiam-se as ideias que serão as políticas de amanhã.
Pragmaticamente falando, uma grande maioria de países logrou sair da armadilha da renda baixa e média-baixa, no exato momento em que investiu na transformação efetiva na educação, e em todos os seus níveis. A Coreia do Sul é um exemplo clássico.

Não parece existir possibilidade lógica de alcançarmos desenvolvimento econômico e social sem a discussão profusa e o alcance de aderência aos princípios seculares que conduzem as nações ao aumento de produtividade e as inovações no modo de pensar, e de fazer mais, melhor, mais rápido, com menores custos e, principalmente, pela descoberta e materialização de novas formas de produzir e ofertar produtos, serviços e experiências inovadoras com utilidade.

Recursos herdados de Deus e da natureza são importantes, porém esses encolhem ou extinguem-se. Mais fundamental ainda são os recursos e as capacidades que são criadas pelo talento e pela engenhosidade das ideias e do esforço inovador humano.

Tomando-se o segmento da educação universitária, toda vez que aludo a questão do fosso das ideias coletivistas e contraprodutivas que estamos submetidos, pela abissal ditadura do pensamento esquerdizante, surgem vozes de “especialistas” e outros entendidos em distintas áreas do conhecimento, a fim de alertarem-me de que “talvez eu esteja exagerando”.

Sorte que sou avalizado por vários Maracanãs lotados, de professores que confirmam - e sofrem - dessa mesma percepção minha.

Não me deixo abalar pelos “da casa”, visto que minha própria experiência de 30 anos no ensino universitário, e em formações em cursos de mestrado e de doutorado, ensinaram-me que a jovem e a velha elite educacional “progressista” é imune e intolerante as ideias e aos objetivos dissonantes de suas convicções bondosas, equivocadas, e acima de tudo, quiméricas.
O ataque ao pensamento amplo e à liberdade de expressão daqueles que pensam distintamente desses, dá-se em todas as áreas do conhecimento, inclusive na minha área, em gestão e negócios.

Todos aqueles que têm convicção, estudo e conhecimento das ideias comprovadas que movem o mundo para frente, e se opõem aos falsos progressismos da turma de justiceiros sociais da bolha do “tudo é permitido”, mais cedo ou mais tarde serão calados, isolados e afastados do doce e quente mar vermelho dos iguais.

Fique “tranquilo”, não se trata de uma questão de conhecimento e de experiências acadêmicas e de mercado robustas, é a singela rixa de não pertencer ao clube inglês da igualdade e do pensamento mágico, ideologizado e improdutivo.

Não tenho os fatos e os dados “científicos” no Brasil, mas pesquisas nos Estados Unidos apontam que a desproporcionalidade de “progressistas justos” versus conservadores e liberais é de 32 vermelhos e rosados para cada conservador/liberal.

Não há como promover uma mudança transformacional com desequilíbrio tão abusado.

Os conservadores foram e continuarão sendo exorcizados dos ambientes acadêmicos.

A pureza e o romantismo dos “bondosos de Iphone”, transformam-se em fúria quando seu “esprit de corps” é confrontado pelos pensamentos divergentes e, especialmente, quando esses são embasados no conhecimento, na lógica e nas experiências comprovadamente bem-sucedidas.

Como não miro possibilidades de alteração deste triste panorama no curto e no médio prazos, sou pessimista quanto ao nosso futuro; na verdade um realista lógico.

A universidade, que significa totalidade, deveria ser um espaço de pensamento e estudo desta totalidade, não um confortável lugar dos iguais para fazer aquilo que sabem: doutrinar.

A universidade tem se constituído numa vasta plantação das sementes do rancor e da discórdia, por sua predisposição ao coletivismo que logicamente conduz à demagogia e a uma intolerância que se transforma numa fobia da liberdade de pensamento e do próprio mundo.

Atualmente, os alunos são “ensinados” a serem exploradores de caverna de suas próprias identidades, o que retira-lhes toda a curiosidade e as possibilidades do mundo que existe fora de suas cabeças.

Enfim, meu realismo tem sido inócuo, porque a doença no afrodisíaco paraíso universitário se alastra: a hipertrofia ingênua da personalidade de jovens idealistas e inexperientes se agiganta com o “moderníssimo” fenômeno da retração intelectual.

E o país? A gente vê depois...

Afinal, somos o país do futuro - que nunca chega!

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  • Vitor Bertini
  • 01 Janeiro 2021

Vitor Bertini

 

2020, EU PRECISO ESCREVER 

Hoje eu preciso escrever; e na escrita que choro, o abraço que não posso,

as mãos que não alcanço.

Hoje eu preciso escrever; e no canto do pássaro que canta só, triste,

me afastar por amor.

Hoje eu preciso escrever; longe te ver, sentir, saudade de gente

que amo sem conhecer.

Hoje eu preciso escrever; na mão que abana, no olhar que busca, na lágrima que brota,

nas crianças, a esperança.

Hoje eu preciso escrever; rezar perdão pelo que não sei, pelo que fiz

e pelo que não pude fazer.

Hoje eu preciso escrever;  pelos beijos que, tenho certeza, ainda darei – em ti, meu amor,

e em todos vocês.

HOJE, O TEMPO

Amado sempre será quem percebe meu passar; o agora que já vai,

o amanhã que virá.

Amado sempre será quem acolhe meu passar; ontem, lembrança,

amanhã, esperança.

Amado sempre será quem se encanta com meu passar; na vida que fiz, sorte, amanhã, norte.

2021, EU PRECISO CANTAR

Hoje eu preciso cantar; e no canto do meu dizer, o abraço, o riso aberto,

as mãos que vou poder.

Hoje eu preciso cantar; e no verso do pássaro que saúda a manhã, alegre,

despertar meu amor.

Hoje eu preciso cantar; perto te ver, sentir, tocar, juntos,

sorrir e chorar.

Hoje eu preciso cantar; no gesto que afirma, no olhar que diz vem,

na vida que nasce, sempre, a esperança.

Hoje eu preciso cantar; rezar gratidão pelo que não entendo, pelo que não sei,

e pela certeza do que virá.

Hoje eu preciso cantar; por todos beijos que darei em vocês e nos seus, amores meus,

neste singelo Feliz 2021.

 

* Publicado originalmente em  https://ahistoriadasexta.substack.com

 

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 30 Dezembro 2020

Gilberto Simões Pires

           

INÍCIO DE UMA NOVA DÉCADA

Segundo informa a Real Academia Espanhola, a entrada de 2021 marca o início de uma nova DÉCADA. Pois, sem entrar no mérito desta DISCUSSÃO CIENTÍFICA, desde já deixo bem claro que depois das agruras que marcaram o ano de 2020, muito me agrada a afirmação da RAE. Mais: confesso que estou colocando todas as FICHAS no ano de 2021, que inicia na próxima 6ª feira. 

ESTRELA DE 2021

Se o ASTRO DE 2020, no mundo todo, foi o CORONAVÍRUS, a ESTRELA DE 2021, por antecipação, é a VACINAÇÃO EM MASSA, que ao ser concluída promete acabar de vez com os MITOS E VERDADES no que diz respeito ao uso obrigatório de máscaras, da obediência ao distanciamento individual (e não social) e ao uso demasiado do álcool em gel.

MARCOS REGULATÓRIOS

Sob o aspecto ECONÔMICO, se for levado em conta apenas os MARCOS REGULATÓRIOS - já aprovados e/ou que em breve serão aprovados- isto por si só garante que a NOVA DÉCADA será extremamente PROMISSORA. Algo, diga-se de passagem, jamais visto no nosso país, a considerar que em matéria de INFRAESTRUTURA falta quase tudo no nosso empobrecido Brasil.  

BRASIL DO FUTURO

Mais: admitindo que os novos presidentes da Câmara e do Senado resolvam dar efetiva celeridade quanto 1- às REFORMAS TRIBUTÁRIA E ADMINISTRATIVA; 2- à privatização da Eletrobrás; 3- à independência do Banco Central;  e, 3- aos marcos regulatórios do gás natural e da cabotagem (aprovados por uma das Casas Legislativas, mas ainda falta o aval da outra), aí já teremos uma base extraordinária de lançamento do BRASIL DO FUTURO . 

LEILÕES JÁ AGENDADOS

Somando tudo isto com a fantástica AGENDA DE LEILÕES montada com muito afinco pelo ótimo ministro Tarcísio de Freitas, da INFRAESTRUTURA, a probabilidade de que o ano de 2021 venha a ser um GRANDE ANO para o nosso Brasil é simplesmente IMENSA. Portanto, sem medo de errar, aposto todas as FICHAS NESTA NOVA DÉCADA que se inicia.   

 

*Publicado originamente em Ponto Crítico, edição de 28/12/2020

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 28 Dezembro 2020

 

Alex Pipkin, PhD

 

Sim, eu sei. 

Evidentemente que os jovens têm sido manipulados e incitados ao limite a exercerem seu idealismo juvenil. 

Da mesma forma, eu sei que a grande mídia sensacionalista estimula a culpa burguesa e a indignação emocional através de sua narrativa de opressores versus oprimidos, a fim de acirrar o racha social.

Sim, eu sei que apesar de muitos desacreditarem, pela singela observação da realidade, estamos mesmo caminhando para o socialismo, por parcelas. E embora sem a guerra violenta pregada por Marx - mas a luta não é mais oculta - se continuarmos no mesmo compasso, brevemente chegaremos a terra vermelha prometida.

O destino final é exatamente aquele do totalitarismo, da falta de liberdades, da violência e da pobreza.

Todos os incentivos têm ido de encontro ao sistema econômico capitalista - não ao clientelismo e ao capitalismo de compadrio - aquele que reduziu drasticamente a pobreza global nas últimas décadas. 

Homens e mulheres da moral superior sem moral, revoltam-se contra o progresso econômico, material e social, apontando o lucro dos empresários capitalistas como imoral e responsável pelas desigualdades sociais. 

Baseados em um fanatismo romântico, eles desconhecem que o lucro, além de ser a alavanca estimuladora das inovações que melhoram a vida social, envolve justamente a avaliação dos indivíduos-consumidores sobre tal contribuição e resultado para suas vidas e para o bem-estar coletivo.

Eles se esquecem de que só lucram aqueles que recebem a preferência voluntária desses consumidores.

No capitalismo de verdade, distintamente do nosso capitalismo de compadrio - somente ganha dinheiro quem cria utilidade real, tais como empreendedores que investem e correm riscos para sistematicamente trazerem novas soluções para o benefício de consumidores e de toda a sociedade.

Como eles não sabem disso? Será que falam e defendem uma coisa, mas fazem outra? 

Estou confuso! Não compreendo como jovens - e adultos iludidos - podem ser ferrenhos apologistas do marxismo, aludindo revolução social, incompatibilizando-se com outras pessoas e até mesmo com familiares, por vezes chegando às raias da violência, ao mesmo tempo em que desfrutam individualmente das delícias culinárias, de roupas e de acessórios modernos e de novos serviços que só se tornaram possíveis graças aos processos inovadores inerentes ao sistema capitalista. Mal sabem eles que a inovação para Marx era o retorno ao bucólico paraíso tribal.

Não compreendo como jovens inteligentes podem cair na enfadonha retórica rubra marxista, diferentemente de adultos frustrados e ressentidos, que exalam inveja e rancor do sucesso individual dos outros, enquanto que seus fracassos individuais são sempre provocados e por culpa de outros.

Lembro sim de Churchill e de sua análise sobre o sistema "igualitário": "O socialismo é a filosofia do fracasso, a crença na ignorância, a pregação da inveja. Seu defeito inerente é a distribuição igualitária da miséria".

Queridos jovens, Marx preconizava o coletivismo, ou seja, todas essas benesses individuais capitalistas deveriam ser retiradas de você em prol da satisfação dos objetivos dos grupos e do coletivo.

Ah, sim, tenho certeza que vocês todos estão morando no quarto da casa ou do apartamento de um colega da mesma corrente ideológica, não é mesmo?

Não suponho que todos vocês sejam do tipo "esquerda festiva", ou como cunhou meu amigo Constantino, da turma da "esquerda caviar".

Não desejo que estejam todos acometidos de problemas psíquicos. Freud faz tempo, afirmava que a Negação e a Projeção constituem-se nos mecanismos de defesa mais primitivos utilizados pela mente humana. Elementar.

Aliás, primitivo é o pensamento e a civilização que esses jovens e adultos discursam e retoricamente enaltecem, dos sofismas do igualitarismo e da frugalidade das tribos, ainda que não abram mão de suas roupas de grife descoladas, de seus óculos que encenam pretensiosamente uma (pseudo) intelectualidade, e claro, de seus tênis All Star ou Puma para desfilarem nos bares da hora com os outros membros da turma violenta da bondade.

Bem, essa turma do beautiful people deveria, pelo menos, ser mais honesta e lógica, assumindo nas suas ações concretas aquilo que diz. Que coisa horrorosa. Mas aqueles que pensam não são intolerantes, tampouco violentos.

Assim como nas ações, falta a lógica da realidade quanto ao sistema capitalista que esses violentos bondosos insistem em querer derrubar: o capitalismo, por meio da destruição criativa e do lucro, é o único sistema capaz de estimular as pessoas a pensarem em ser grandes e criarem grandes coisas para si próprias e para a sociedade.

 

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  • Valterlucio Bessa Campelo
  • 25 Dezembro 2020

 

Valterlucio Bessa Campelo

 

Enfim, o monstro chegou. Era quase certo que viria, os homens da ciência já o pressentiam e aqui e ali avisavam aos poucos que queriam ouvir. Veio invisível, sem corpo, sem alma, sem voz. Mesmo materialmente ínfimo, instalou-se como um vendaval entre nós, revirando tudo, contorcendo tudo, afugentando todos. Sob seu mal, o mundo ficou deserto, a terra parou atônita. O que fazer?

O monstro reduziu toda a esperança a limites rasos, toda a coragem a reações instintivas, toda a razão a pequenos pedaços de certeza. Cada tentativa de luta implicou oferenda de vidas no altar da ciência obtida de supetão. Entre o saber observado nas macas e a ciência que pula processos, o vai e vem das defesas foi como um exercício de advinhas.

O monstro entrou em nossas mentes e aniquilou nossos sonhos. Através das televisões, ele nos acorrentou em nossas camas e sofás e nos alimentou de desgraça. A contagem diária nos portões de saída da vida nos tornou dependentes de uma curva macabra que teimou em crescer.

O monstro invadiu nossas almas e confrontou nossa fé, nos incutindo a dúvida, instalando porquês, testando nossas convicções. A perda de amigos e parentes deixou uma zona cinzenta, assim, como uma névoa que encobre a fatalidade.

O monstro torceu nossa coragem e nos intimidou. Nos fez cobrir nossos rostos e abaixar a cabeça, parecendo mais seres sendo humilhados do que pessoas que lutam. Nossos sorrisos não foram mais vistos, restaram olhares melancólicos, ansiosos, revoltados.

O monstro pegou nossas crianças e as prendeu em gaiolas. Elas não correm, não cantam, não brincam, não riem, não aprendem, apenas perguntam. Suas pequeninas mentes foram estancadas em seu desenvolvimento. Não se mede o dano ao jovem que virá, ao adulto em que se transformará.

O monstro impediu a cultura, silenciou vozes que nos animavam, congelou cenas que nos divertiam e entorpeceu a criação. André Malraux, escritor francês, disse certa vez que, sem cultura, o homem é facilmente escravizado. Faz todo sentido para o monstro.

O monstro solapou a verdade, distorceu-a e a pôs de joelhos perante os interesses globalistas. Organizações mundiais, a mídia mainstream e as big techs instituíram a verdade que se pretende ser. Nada que vemos e ouvimos é seguramente o que parece ser. Nenhuma informação escapa do crivo daqueles que, controlando os controladores da informação, decidem o que é e o que não é a verdade.

O monstro deu carona a outros monstros, os corruptos, os ladrões e oportunistas que vicejam dentro e em volta da administração pública. Pra todo lado se viu novos e velhos bandos aproveitando-se do rastro deixado pelo monstro, comendo seus restos, disputando com ele pedaços de dinheiros sujos de sangue coagulado.

O monstro emprestou-se à política, que o usou para promover governos malsãos e ditadores enrustidos. O monstro que dilui nossas células e empapa de gosma vermelha nossas entranhas, abriu uma porta para a tirania garantida em regulações de última hora, como se esta fosse, afinal, sua maior vitória.

O monstro se instalou na economia gerando miséria e mais mortes dela decorrentes. Como dançando uma valsa fúnebre, o monstro e a recessão disputam o aplauso demoníaco que virá para o mais belo ceifador de vidas.

Só o Amor resiste ao monstro. O Amor entre nós e a Deus, presente em todas as religiões. Neste Natal, que para os cristãos, principalmente, é a comemoração do Amor nascido ao mesmo tempo humano e divino, talvez tenhamos que pensar mais, refletir mais e redobrar nossa fé.

O Amor cristão é restaurador. Que seja então. Que restaure nossa esperança, nossas mentes, nossas almas, nossa coragem, as crianças, a cultura, a verdade, os governos, a política, a economia... que afaste as sombras e reconcilie a humanidade com Deus e a verdade.

Valterlucio Bessa Campelo escreve contos e opiniões em seu Blog www.valbcampelo.wixsite/conto

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  • Jorge Schwerz
  • 25 Dezembro 2020

Jorge Schwerz

 

A vida em outro País traz um enriquecimento pessoal sem igual.

A cultura, a língua, a gastronomia, a arquitetura, a história como um todo, possibilita-nos a imersão em um mundo completamente diferente do nosso e nos permite um grande crescimento, que se aprofunda com o tempo.

É um exercício de tolerância também, visto que não há como criticar um povo que nasceu, cresceu e se desenvolve com um “protocolo” de pensamento muito diferente do nosso.

É ver e aprender. Descartar o que não serve e incorporar o que é bom.

Mas confesso, que uma coisa muito me incomodava, quando morei em Paris, durante dois anos, na função de Adido de Defesa e Aeronáutica: as Feiras de Natal, os conhecidos “Marchés de Noël”.

Que o leitor não entenda mal a minha colocação, as feiras de Natal são maravilhosas.

São iluminadas e decoradas para um Natal de sonhos. Nos trazem de volta à infância.

O que me incomodava era a falta de referência ao aniversariante, o menino Jesus.

Com o tempo aprendi que, sendo considerado um símbolo religioso, o presépio de Natal só é permitido nas igrejas ou dentro de casa, ou seja, fora do espaço público.

Era o Estado laico francês no seu dia a dia.

A revolução francesa trouxe os ventos iluministas que levaram à separação entre o Estado e a Igreja. A igreja católica ficaria impedida de influenciar o Estado francês, pois a razão deveria dominar a fé.

A ideia foi consolidada na lei de 1905, que oficializou essa separação.

Naturalmente, houve um oportuno “esquecimento” de que o nascimento e o crescimento do Estado francês têm muito a dever à religião católica.

Foi a partir do catolicismo que Clóvis I, considerado o primeiro rei francês, conseguiu unir as diversas tribos, estabelecendo o reino franco a partir da sua conversão à fé cristã. A França tornara-se a “filha primogênita da igreja”, a primeira nação católica na Europa, no ano 496 DC.

Ter a anuência do Papa significava poder, então imagine um País que teve 16 papas franceses na sua história.

Quando Felipe IV, Rei francês de 1285 a 1314, viu-se pressionado por dívidas junto à Ordem dos Cavaleiros Templários, foi com a anuência do Papa Clemente V, também francês, que ele eliminou aquela ordem de cavaleiros, tomando-lhes os bens e se livrando de dívidas incômodas.

Foi este Rei Francês que propôs a canonização do seu avô, Luís IX, que passou a ser chamado São Luís, no intuito de fortalecer o apoio dos cristãos ao seu reinado, bem como levou a sede da igreja para Avignon, a cidade dos Papas da França, que lá permaneceu entre 1309 a 1377.

Sem esquecer que, durante a revolução francesa, os bens da igreja foram tomados pelo Estado.

Ou seja, o Estado francês muito se beneficiou da Igreja Católica, mas tudo isto ficou esquecido na história.

Na verdade, parece que há um movimento para afastar Deus de tudo.

Lembro que o filho do meu Auxiliar, ao frequentar uma escola francesa, foi obrigado a esconder o crucifixo que levava consigo, pois não poderia portar o sinal da sua fé, publicamente.

Bem como a crítica, pouco sutil, de um General francês que, ao notar que um General brasileiro agradeceu a Deus o término de uma jornada de muito trabalho, disse que aquilo seria impensável para um oficial francês.

Como antecipei no início do texto, tolerância.

Na verdade, o que me chateava é que o francês ganha muito dinheiro com as Feiras de Natal. Há de tudo: gastronomia, artesanato, produtos regionais, decoração de Natal e presentes em geral.

Uma maravilha que tomava o coração de Paris, na Avenida Champs Élysées, e os principais pontos turísticos da cidade ao final do ano, durante quase um mês.

Na cidade de Strasbourg, chamada a Capital do Natal da França, o centro da cidade era fechado ao tráfego de automóveis, tal era a afluência de turistas nessa época.

Todo mundo ganha muito dinheiro com essas feiras, principalmente o Estado francês, que leva 46,1% de impostos do cidadão. A maior taxa da União Europeia.

Não há como negar a marca que a religião deixou na formação do Estado francês, mas parece que isso foi esquecido, como se a nação se distanciasse de si mesma, afastando-se da sua alma.

Parece que na luta para separar a Igreja do Estado, a sociedade francesa acabou por substituir o símbolo do menino Jesus por um símbolo de papel. O papel moeda do Euro.

Desejo um Feliz Natal a todos os leitores do Blog Ao Bom Combate! Que a comemoração do nascimento do menino Jesus, nos traga tempos melhores!

“O preço da liberdade é a eterna vigilância!”

 

*Publicado originalmene em aobomcombate.org

 

Jorge Schwerz é Coronel Aviador da Reserva da Força Aérea Brasileira; Mestre em Ciências pelo ITA; ex-Adido de Defesa e Aeronáutica na França e Bélgica; e Coordenador do Blog Ao Bom Combate!

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