Gilberto Simões Pires
MÉRITOS
No nosso empobrecido Brasil, quando o Congresso Nacional aprova um bom projeto do governo, na maioria das vezes quem fica com os méritos são os deputados e senadores. Já quando algum projeto é reprovado, ou acaba sendo aprovado com mutilações que simplesmente desfiguram a matéria original, aí o que mais se ouve e lê é que o governo, e não o povo brasileiro, foi DERROTADO.
REFORMAS
Vejam, por exemplo, o que aconteceu com a REFORMA DA PREVIDÊNCIA: o texto que resultou aprovado é um ARREMEDO daquilo que é necessário para a saúde financeira do país. Entretanto, como outras REFORMAS, notadamente a TRIBUTÁRIA e a ADMINISTRATIVA, estavam na fila, aguardando o desfecho da PREVIDENCIÁRIA, o governo, na tentativa de obter algo que se possa chamar de VITÓRIA PARA O BRASIL, tratou de elogiar o Congresso dizendo que o mesmo era REFORMISTA. Nada mais falso, infelizmente.
A PRIMEIRA CLASSE FALOU MAIS ALTO
Agora, como se sabe, o que está na pauta de discussões na Câmara Federal, é a eterna REFORMA ADMINISTRATIVA, cujo projeto enviado pelo governo mostra apenas e tão somente a corretíssima preocupação de dar aos funcionários públicos, ou PRIMEIRA CLASSE, um tratamento MAIS JUSTO em comparação ao que acontece com os cidadãos da iniciativa privada, ou SEGUNDA CLASSE. E, como já era esperado, o CORPORATIVISMO falou mais alto informando que ninguém tasca na PRIMEIRA CLASSE.
PRIVILÉGIOS
Para confirmar o quanto a PRIMEIRA CLASSE manda e desmanda no país, mesmo que as mudanças propostas na REFORMA ADMINISTRATIVA só poderão atingir os funcionários públicos contratados a partir da eventual aprovação, ontem, o deputado Arthur Maia, relator da PEC 32, entre várias MUTILAÇÕES NO TEXTO ORIGINAL tratou de promover a retirada da possibilidade de se diminuir a jornada de servidores em até 25%, com a redução proporcional do salário. O relatório anterior, vale registrar, autorizava a medida para todas as carreiras do funcionalismo que não fossem consideradas exclusivas do estado. Na comissão, o dispositivo gerou críticas de parlamentares da oposição, que representam os PRIVILEGIADOS DE SEMPRE.
CONGRESSO REFORMISTA?
Este, infelizmente, é o nosso CONGRESSO, QUE NADA TEM DE REFORMISTA. Quando muito, o que sai de lá não passam de verdadeiros MONSTRENGOS. Para piorar, a MÍDIA ABUTRE entende que tudo que resulta aprovado nas DUAS CASAS é a vontade do POVO. E tudo aquilo que é rejeitado, ou caducado, é uma flagrante DERROTA DO GOVERNO. Pode?
ECONOMISTA DE MÃO CHEIA
Pois, dentro deste clima pavoroso, onde as CONTAS PÚBLICAS crescem sem parar, principalmente as DESPESAS COM PESSOAL, no programa RODA VIVA, que foi ao ar nesta semana, o ex-ministro do STF, Ayres Britto, disse que NÃO DEVERIA HAVER TETO DE GASTOS. E, acredite, Ayres Britto justificou da seguinte maneira: - "Primeiro o governo tem que ver quanto precisa gastar, e depois arruma de onde arrecadar". Que tal?