Sei que, para os lulistas religiosos, a ressalva preliminar que vou fazer n?adiantar?ada. Pode ser at?ida na conta de insulto ou deboche, entre as in?as blasf?as que eles acham que eu cometo, sempre que exponho alguma restri? ao presidente da Rep?ca. Mas tenho que faz?a, por ser necess?a, al?de categoricamente sincera. Ao sugerir, como logo adiante, que ele n?est?egulando bem do ju?, ajo com todo o respeito. Dizer que algu?est?aluco, principalmente algu?tido como sagrado, pode ser visto at?omo insulto, difama? ou blasf?a mesmo. Mas n??ste o caso aqui. Pelo menos n??inha inten?. ?que ?vezes me acomete com tal for?a percep? de que ele est?como se diz na minha terra, perturbado da id? que n?posso deixar de veicul?a. ?apenas, digamos assim, uma esp?e de diagn?co leigo, a que todo mundo, especialmente pessoas de vida p?ca, est?ujeito.
Al?disso, creio que n?sou o ?o a pensar assim. ?freq?e que ou?a mesma opini? veiculada nas ?as mais diversas, por pessoas tamb?diversas. O que mais ocorre ?er-se uma certa d?a sobre a vincula? dele com a realidade. Muitas vezes - quase sempre at?, parece que, quando ele fala neste pa? est?e referindo a outro, que s?iste na cabe?dele. H?lguns dias mesmo, se n?me engano e, se me engano, pe?desculpas, ele insinuou ou disse claramente que o Brasil est??u est?e tornando um para?. Fez tamb?a nunca assaz lembrada observa? de que nosso sistema de sa?j?tingiu, ou atingir?m breve, a perfei?, at?orque est?o alcance de qualquer cidad? pela primeira vez na Hist? deste pa? ter absolutamente o mesmo tratamento m?co que o presidente da Rep?ca.
Tal ? natureza espantosa das declara?s dele que sua fama de mentiroso e c?co, corrente entre muitos concidad?, se revela infundada e maldosa. Ele n?seria nem mentiroso nem c?co, pois n??igorosamente mentiroso quem julga estar dizendo a mais cristalina verdade, nem ??co quem tem o que outros julgam cara-de-pau, mas s?z agir de acordo com sua boa consci?ia. Vamos dar-lhe o benef?o da d?a e aceitar piamente que ele acredita estar dizendo a absoluta verdade.
Talvez haja sinais, como dizem ser comum entre malucos, de uma certa inseguran?quanto a tal convic?, porque ele parece procurar evitar ocasi?em que ela seria desmentida. Quando houve o tristemente c?bre acidente a?o em Congonhas, a sensa? que se teve foi a de que n?t?amos presidente, pois os presidentes e chefes de governo em todo o mundo, diante de cat?rofes como aquela, costumam cumprir o seu dever moral e, mesmo correndo o risco de manifesta?s hostis, procuram pessoalmente as v?mas ou as pessoas ligadas a elas, para mostrar a solidariedade do pa? Reis e rainhas fazem isso, presidentes fazem isso, primeiras-damas fazem isso, premiers fazem isso. Ele n? Talvez tenha preferido beliscar-se para ver ser n?estava tendo um pesadelo. Mandou um assessor dizer umas palavrinhas de consolo e somente tr?dias depois se pronunciou a dist?ia sobre o problema. O Nordeste foi flagelado por inunda?s tr?cas, o Sul assolado por seca sem precedentes, o Rio acometido por uma epidemia de dengue, ele tamb?n?deu as caras. E recentemente, segundo li nos jornais, confidenciou a algu?que n?compareceria a um evento p?co do qual agora esqueci, por temer receber as mesmas vaias que marcaram sua presen?no Maracan?
Portanto, como disse Pol?, personagem de Shakespeare, a respeito do pr?ipe Hamlet, h??do em sua loucura. N??aquelas populares, em que o padecente queima dinheiro (somente o nosso, mas a??vale) e comete outros atos que s? verdadeiro maluco cometeria. Ele construiu (enfatizo que ?penas uma hip?e, n?uma afirma?, porque n?sou psiquiatra e longe de mim recomendar a ele que procure um) um universo que n?pode ser afetado por cutucadas impertinentes da realidade. Not?a ruim n??om ele, que j?ornou c?bre sua inabal?l agnosia (n?sei de nada, n?ouvi nada, n?tive participa? nenhuma) quanto a fatos negativos. Tudo de bom tem a ver com ele, nada de ruim partilha da mesma condi?.
Agora ele anuncia que, antes de deixar o mandato, vai registrar em cart? todas as suas realiza?s, para que se comprove no futuro que ele foi o maior presidente que j?ivemos ou podemos esperar ter. Claro que se elegeu, n?revolucionariamente, mas dentro dos limites da ordem (?) jur?ca vigente, com base numa s?e estonteante de promessas mentirosas e bravatas de todos os tipos. N?cumpriu as promessas, virou a casaca, alisou o cabelo, beijou a m?de quem antes julgava merecedor de cadeia e hoje ? presidente favorito dos americanos, chegando mesmo, como j?ontou, a acordar meio aborrecido e dar um esbregue em Bush. Cad?s famosas reformas, de que ouvimos falar desde que nascemos? Cad? partido que ia mudar nossos h?tos e pr?cas pol?cas para sempre? O que se v? o que vemos e testemunhamos, n?o que ele v?Mas ele acredita o contr?o.
Acredita, inclusive, nas pesquisas que antigamente desdenhava, pois os resultados o desagradavam. Agora n? agora bota f? e certamente tem raz?- depois que comprou, de novo com o nosso dinheiro, uma massa extraordin?a de votos. N?creio que ele se julgue Deus ainda, mas j?eve ter como inevit?l a canoniza? e possivelmente n?se surpreender?se lhe contarem que, no interior do Nordeste, h?magens de S?Lula Presidente e que, para seguir velha tradi?, uma delas j?oi vista chorando. Milagre, milagre, principalmente porque ningu?vai ver o crocodilo por tr?da imagem