• Percival Puggina
  • 01/02/2009
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UMA DIFEREN? NADA SUTIL

“A discuss?se tornou pol?ca. (...) No momento em que a grande bandeira do neoliberalismo sucumbiu, que era a nossa submiss?total ao capital financeiro e ?suas necessidades desregulamentadoras, os pr?os promotores e ide?os desse modelo precisavam de um outro argumento para fazer oposi? e se apegaram nesse do Battisti. N??e pasmar que 99% dessas pessoas defendem impunidade para os torturadores” (Tarso Genro, ministro da Justi? em O Globo, do dia 26/01/2009). Com essas palavras politicamente esterilizadas, passadas no filtro da mais isenta sabedoria salom?a, o ministro Tarso Genro desqualifica toda diverg?ia ?ua solit?a e monocr?ca decis?de conceder ref? ao terrorista Cesare Battisti. Solit?a e monocr?ca. Ao decidir, o ministro contrariou o conjunto das autoridades nacionais que se manifestaram antes dele, ou seja, o Procurador Geral da Rep?ca e o Comit?acional para Refugiados (Conare, que ?m ?o composto por representantes de cinco minist?os do governo federal, Pol?a Federal, Caritas e Alto Comissariado da ONU para os Refugiados). Pelas contas do ministro deve haver um bom n?o de neoliberais e defensores da tortura no meio dessas personalidades que consideraram correto mandar Battisti de volta ?usti?que o condenou. Quem quiser conhecer a ficha criminal do refugiado, anterior ao seu ingresso no Proletari Armati per il Comunismo, deve acessar o blog do desembargador aposentado Walter Fanganiello Maierovitch onde h?m bem detalhado retrospecto das atividades do italiano como bandido comum e como terrorista. Os delitos pelos quais permanece condenado correspondem ?egunda fase de sua carreira, j?omo membro graduado de uma das muitas organiza?s terroristas que agiram contra as institui?s democr?cas de seu pa?nos anos 70. Darei um salto ret?o sobre a tal interven? de Carla Bruni em favor do conterr?o (ela jura que n?fez isso), outro sobre o perfil do advogado escolhido por Battisti, o bravo e estrelado companheiro Luiz Eduardo Greenhalgh, e outro ainda mais longo sobre o caso dos cubanos. Vamos ao centro do problema, que se resume no fato de que o jovem Cesare lutava por uma causa, praticando crimes que o pr?o ministro qualifica inaceit?is sob o ponto de vista do “humanismo democr?co”. No entanto, a causa era a ditadura do proletariado e a?a?s das raz?da raz?e do Direito e vamos ?da ideologia. Crime cometido por uma causa revolucion?a esquerdista parece subir v?os degraus na escadaria da considera? dos camaradas e descer outros tantos na da gravidade. Por isso Pinochet ?ualificado como o que de fato foi, um ditador, e Fidel ?clamado “el Comandante”. Cesare Battisti recebe do governo brasileiro a condi? de refugiado por ter praticado crimes com motiva? esquerdista. N?fosse assim, teria buscado outro advogado e n?estaria com certa esquerda nacional alinhada em sua defesa. Fosse ele “de direita”, teria recebido um p?os fundilhos. Battisti lutava por uma causa que j?he custou caro. Ele, como muitos, poderia ter morrido na defesa dos ideais que abra?. N??onito, isso? Sim, em tese, ?obre ter ideais pelos quais nos dispomos a morrer. No entanto, esse n?? caso. N?faz parte desta hist? o m?to inerente a quem se disp? morrer por seus ideais, mas a malignidade de quem, a ju? pr?o, sacrifica inocentes em nome de suas cren? pessoais. ?o crime de Battisti, dos homens-bomba, e de muitos que hoje recebem recompensas e reconhecimentos malgrado os delitos em que se envolveram. Zero Hora,01/02/2009