• Tibiriçá Ramaglio
  • 30/01/2009
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ALEXEI GASTEV: O DR, MENGELE DA R?SIA BOLCHEVISTA

O combate ao fascismo (ou nazifascismo) sempre foi um elemento importante na propaganda socialista, que procura apresentar uma doutrina como ant?se da outra. Na Europa, por exemplo, os partidos comunistas italiano e franc?se apropriaram da resist?ia a Mussolini e Hitler, como se todos os partisans tivessem sido fervorosos adeptos do marxismo-leninismo. Mutatis mutandi, no Brasil, as esquerdas procuram fazer o mesmo com a luta contra o regime militar de 1964, aproveitando-se desse expediente n?s?m fins de proselitismo, mas tamb?para garantir a seus integrantes polpudas indeniza?s e pens?que j?icaram popularmente conhecidas como “bolsa-ditadura”, numa alus?ao “bolsa-fam?a”. Na realidade, o combate ao fascismo por parte do socialismo foi sempre circunstancial. Em vez de antit?cas, as duas doutrinas s?intrinsecamente semelhantes entre si, como comprova muito bem o excelente document?o “The Soviet Story”, de Edvins Snore, que se encontra dispon?l no YouTube. O filme mostra como o exterm?o de popula?s se tornou uma pol?ca de estado, tendo sido posta em pr?ca pelos bolcheviques na Ucr?a, antes de Hitler chegar ao poder na Alemanha. H?uitas outras semelhan? entre o nazismo e o comunismo e ?ecess?o divulg?as como forma de esvaziar a ret?a antifascista dos partidos de esquerda da atualidade. Ao terminar a leitura do portentoso “A Trag?a de um Povo – A Revolu? Russa 1891/1924”, do historiador brit?co Orlando Figes, possivelmente uma dasmaiores autoridades sobre o tema, fiquei impressionado com certas “experi?ias cient?cas” que os bolcheviques empreenderam na R?a e que permanecem desconhecidas do p?co brasileiro, a quem a hist? dos eventos desencadeados por L?n em 1917 costuma ser contada por uma perspectiva profundamente comprometida. Inicialmente, vale mencionar as experi?ias do engenheiro e poeta bolchevique Alexei Gastev (1882-1939) que procurou aperfei?r o taylorismo – a administra? cient?ca do trabalho –, adequando-o ?ealidade sovi?ca. Gastev esteve ?rente do Instituto Central do Trabalho, fundado em 1920, e desenvolveu esfor? no sentido de levar os trabalhadores a agirem como m?inas. De certo modo, foi o Josef Mengele do regime leninista. Nas palavras de Figes: “Centenas de cobaias, vestidas exatamente iguais, marchavam em colunas para seus pretensos postos de trabalho ?spera de ordens a serem dadas pelos zumbidos dos motores. Os homens recebiam li?s de como usar corretamente o martelo: a aula consistia em tentar segurar uma dessas ferramentas, presa a uma m?ina, que a movimentava a intervalos constantes. Ap?eia hora, todos j?inham internalizado o ritmo mec?co.” Se a algu?v??ente as imagens de “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, fica bem claro que a transforma? do oper?o num aut?o n?pode ser atribu? exclusivamente ao modo de produ? capitalista, como supunha o cineasta. Ali? como ensina o pr?o Figes, a palavra “rob?eriva do verbo russo rabotat, que significa trabalhar. Gastev considerava as m?inas superiores aos seres humanos e pensava que elas promoveriam o aperfei?mento da humanidade. Para o poeta-engenheiro, no mundo novo que a revolu? institu? n?existiriam pessoas, mas “unidades prolet?as”, que seriam “incapazes de pensar individualmente”, pois, na psicologia do proletariado, um “coletivismo mecanizado tomaria o lugar da personalidade individual”. A partir da?segundo Gastev, a necessidade de emo?s deixaria de existir e a alma humana n?seria mais avaliada atrav?de “um grito ou um sorriso, e sim por medidores de press?ou veloc?tros”. A utopia socialista, portanto, flertava com um verdadeiro holocausto ps?ico e – o que ?mportante enfatizar – esse pesadelo n?era um produto da mente do camarada St?n, o “suspeito habitual” quando se apontam os crimes do socialismo sovi?co. O pesadelo data da ?ca em que Vladimir IlitchL?n era o ditador. L?n tinha um grande interesse pela psiquiatria e por esse tipo de “experi?ias” que, a seu ver, contribuiriam para a cria? de uma nova humanidade. O cientista Sergei Sokolov (1897-1957) narrou um encontro de L?n com o c?bre I.P.Pavlov (1849-1936), que teorizou e enunciou o mecanismo do reflexo condicionado. O ditador queria saber do cientista se as experi?ias com o condicionamento ajudariam os bolcheviques a controlar o comportamento humano. “H?ndividualismo demais na R?a, resqu?o do passado”, disse L?n. “O comunismo n?tolera essas tend?ias perniciosas, que interferem em nossos planos. Precisamos aboli-las.” “O senhor gostaria que eu nivelasse a popula? da R?a? Que fizesse todos se comportarem do mesmo modo?”, perguntou Pavlov, chocado. “Exatamente”, respondeu Vladimir Ulianov, essa “figura humana extraordin?a”, como o definiu o ministro Tarso Genro, em seu livro “L?n – Cora? e Mente”.