• Claudia Safatle
  • 30/01/2009
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ECONOMIA PIORA COM RAPIDEZ

S?sombrias as expectativas do governo para a atividade econ?a deste ano. Haver?ecess? entendida como dois trimestres consecutivos de Produto Interno Bruto (PIB) negativo, ou seja, o ?mo trimestre de 2008 e o primeiro de 2009. Sobre isso, as d?as que ainda existiam est?se dissipando. O que n?est?laro ?or quanto tempo essa recess?vai durar. Nesse aspecto, os economistas oficiais divergem. H?uem acredite que a produ? poder?oltar a reagir logo no segundo trimestre. Outros enxergam uma recupera? apenas em meados do segundo semestre. Parte da resposta depender?o ajuste de estoques, que s?ver?erminar entre abril e maio. Os progn?cos, portanto, pioraram sensivelmente do fim do ano passado para c?O que talvez explique o ativismo do governo na produ? de id?s e elabora? de medidas para enfrentar os fatos e, com isso, minimizar a onda de desemprego que ?sperada para os pr?os meses. Diante dessa realidade, j??se nega com a mesma veem?ia de antes a possibilidade de 2009 chegar mesmo a n?ter crescimento algum. Isso n??sperado, mas n??mposs?l. O n?l de dispers?das expectativas para o produto vai de zero a 3%, exclu? a meta de crescimento de 4% este ano estabelecida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mesmo o rebate do crescimento de 2008 para 2009 (carry-over), que era calculado entre 1% e 2%, n?deve ocorrer. No ?mo trimestre do ano passado o PIB foi negativo e o carregamento tende a ser pr?o de zero. O mais prov?l ?ue o pa?possa crescer uns 2% este ano. Qualquer coisa acima disso est?e tornando um desejo distante, alimentado por quem nutre esperan?de uma retomada do crescimento econ?o mundial no in?o do segundo semestre. A partir desse cen?o ?ue o Comit?e Pol?ca Monet?a (Copom) administrar? redu? da Selic. Da leitura da ata divulgada ontem fica claro que o risco, agora, pesa bem mais sobre a atividade econ?a do que sobre a infla?. Esta n?vai subir, mas tamb?n?deve despencar, pois quase 40% do ?ice depende da infla? passada (que vai corrigir pre? administrados, alugu?). Do lado externo, as proje?s est?mudando tamb?rapidamente, embora ainda n?oficialmente. O super?t comercial estimado, de US$ 14 bilh? dificilmente ocorrer?Pelo p?imo desempenho das exporta?s nas primeiras semanas do ano, n?ser?urpresa se as contas de com?io ficarem apenas equilibradas. Situa? que assustou o governo, levando-o ?esastrada iniciativa de restabelecer o uso de licen?pr?a de importa?, medida que teve curt?ima dura?. As contas externas, por? n?chegam a ser um problema. N?enquanto o pa?tiver US$ 200 bilh?em reservas cambiais. O d?cit em conta corrente do balan?de pagamentos pode, inclusive, ser inferior aos US$ 28,3 bilh?de 2008, pela queda dos gastos com viagens internacionais e redu? da remessa de lucros. A economia est?endo movimentada pela demanda interna, que ainda n?sentiu plenamente os efeitos da crise, sobretudo nas atividades que independem do cr?to. O temor que toma conta dos economistas oficiais ?e que esta tamb?est?om os dias contados. O esfriamento do consumo dom?ico depender?a evolu? do mercado de trabalho, cujos progn?cos s?desconfort?is. Os primeiros indicadores do IBGE sobre desemprego vir?muito ruins, adiantam t?icos do governo. Nos segmentos dependentes de cr?to, registra-se retra? da produ? industrial de at?0% nas ?mas semanas. O cr?to, que embalou o consumo interno nos ?mos anos, ficou muito mais caro. Todo o sistema banc?o aumentou substancialmente os seus spreads (taxa de risco, produto da diferen?entre a taxa de capta? e de aplica? dos recursos), contabilizando uma eleva? da inadimpl?ia futura, decorrente do desemprego que acreditam que vir? Como n?h?ar?tro, cada banco fez o que lhe deu na cabe? Os dados coletados pelo governo mostram que o Banco do Brasil foi o que mais aumentou seu spread, que era de 7,6% em janeiro, subiu para 32% no in?o de novembro e diminuiu para 27,3% no fim do ano passado. A Caixa Econ?a Federal aumentou de 12,5% para 16,4% de janeiro para novembro de 2008. Entre os grandes bancos privados, o HSBC liderou no tamanho da taxa, que saiu de 40,6% no in?o de 2008, saltou para 54% em outubro e refluiu para 40,4% em novembro. O Bradesco veio em seguida, com spread que subiu de 16,6% em janeiro para 35,8% no auge da crise, caindo para 30,4% no fim de novembro, conforme dados levados ao presidente Lula em dezembro. O governo criou um grupo de trabalho para propor medidas que reduzam os spreads banc?os. ?bom lembrar que os spreads aqui s?elevad?imos h?nos e a receita para estimular a redu? ?onhecida. H?mpostos e compuls?s demais incidentes sobre os ativos dos bancos, al?de gorda margem de lucro. Embora o BC tenha liberado cerca de R$ 99 bilh?em dep?os compuls?s para dar liquidez aos bancos, de outubro para c?esse n?foi um dinheiro destinado aumentar a oferta de cr?to, mas para os grandes bancos proverem os pequenos e m?os de liquidez. Mesmo que o BC libere mais compuls?s, o sistema, totalmente avesso a risco, n?sair?mprestando ao setor privado para alimentar produ? e o consumo. No in?o de dezembro o BC liberou ?pressas R$ 6,2 bilh?em compuls?s para o BNDES poder financiar o setor privado. O dinheiro, por? est?plicado em CDI do Banco do Brasil porque o BNDES tem seu pr?o ritmo de avalia? de projetos. O governo tem procurado agir em v?as frentes para evitar a recess? Est?o seu papel. Mas precisa ter serenidade para n?criar mais incertezas e, como lembrou o ex-presidente do BC Arm?o Fraga, poder usufruir de um bom per?o de queda de juros. O ideal mesmo seria ter as condi?s fiscais para poder ousar numa pol?ca monet?a antic?ica. * Diretora-adjunta de Reda? e escreve ?sextas-feiras.