O ABRIL NEGRO DE 1999
?dito corrente que toda crise, juntamente com dificuldades e ang?as, traz consigo oportunidades, a serem descobertas e aproveitadas por pessoas inteligentes. J????comum perceber que quem perde uma oportunidade pode estar, sem se dar conta, alimentando velhos problemas ou criando novos trope? no pr?o caminho. Veja-se o caso do nosso Rio Grande, hoje ?voltas com a crise que se alastrou pelo mundo, a partir do estouro da bolha imobili?a americana. Segundo a Fiergs: a taxa de atividade industrial nunca caiu tanto, desde 1991; o n?l de emprego e a massa salarial est?em baixa; mais de 50% das ind?ias est?sendo for?as a dispensar pessoal; importa?s e exporta?s encolhem ... ?claro que n?poder?os passar inc?es por esse “tsunami” que varre o mundo (atingindo-nos com muito mais for?que a da “marolinha” anunciada pelo Presidente). Mas, certamente, sofrer?os menos se nossa economia n?estivesse enfraquecida, na sua excessiva depend?ia da produ? prim?a e sua vulnerabilidade ?secas, cada vez mais frequentes.
Alertas e propostas de mudan?n?faltaram, ao longo do tempo, bastando lembrar as da Fiergs – Projeto Sayad (1991), Reengenharia do RS (1994), Rearquitetura do RS (1998) – ou a recente Agenda 2020. Todas, infelizmente, insuficientes para vencer o tra?conservador de nossa cultura e incutir ambi? e ousadia ?aioria de nossos governantes. A trajet? hist?a do desenvolvimento de qualquer povo passa por pontos de inflex? para cima ou para baixo. Foi o que ocorreu conosco, h?ez anos - infelizmente na dire? errada - quando o poder p?co ga? veio a ser contaminado pela “estrat?a de desenvolvimento econ?o do governo democr?co e popular” do Senhor Ol?o Dutra e seu Partido dos Trabalhadores. Ent? o Rio Grande, conduzido por uma lideran?equivocada, deu as costas ?anela de oportunidades (embora fugidia, como se viu depois), que se abria para a economia nacional, em fun? das reformas constitucionais que viabilizaram as privatiza?s, as concess?de servi? p?cos e mais investimentos em infraestrutura.
N?vou detalhar os equ?cos da malfadada estrat?a petista – j? fiz ao publicar “Neocomunismo no Brasil” (Ed. Mercado Aberto, 2001) -, mas me sinto no dever c?co de rememorar o fato mais emblem?co desse lament?l trope?hist?o: o torpedeamento da implanta? do projeto Amazon, da Ford, em Gua?. ?doloroso, mas necess?o, lembrar o epis?, quando a insist?ia do Governo Ol?o em “renegociar” contratos j?irmados e sacramentados pelo Governo Brito – tanto com a Ford como com a GM – ensejou ao Governo da Bahia a publica? de um an?o, no Estad? “GM e Ford: venham para a Bahia, aqui se cumprem acordos”. De um s?lpe, o Governo petista perpetrava dois preju?s irrepar?is ao Rio Grande: no ?ito econ?o, matava no nascedouro a consolida? de um vigoroso “cluster” da cadeia automobil?ica, ao impedir que ?lanta da GM e ?ede da ind?ia ga? de autope?, viesse se juntar a Ford, com seu complexo de 27 sistemistas, capaz de produzir 250.000 ve?los por ano, com 9.000 empregos diretos e muitos mais indiretos; e, no plano conceitual, abalava a tradi? de “honrar o fio de bigode”, conquistada historicamente pelo povo ga?, debilitando um dos requisitos mais importantes para a capta? de novos investimentos.
Hoje, enquanto os baianos se preocupam com a parte dos empregos que, enquanto a crise n?passa, a Ford poder?er que dispensar, n?ga?s, temos que lamentar todos os empregos que a Ford deixou de gerar aqui e pensar como estaria melhor o Rio Grande, n?fosse o imperdo?l erro cometido em abril de 99. Um “abril negro”, que n?pode ser esquecido pelos ga?s, quando forem chamados ?esponsabilidade de escolher nossos governantes.
* Cidad?ga?.