Sílvio Lopes
Na sociedade atual, não há mais lugar para a omissão, para os omissos e para os isentões de todas as cores e calibres. Em tudo precisamos (mais, devemos), tomar posição, lutar pelo justo, pelo correto, pelo que nos honre e dignifique enquanto criaturas de Deus, feitos à sua imagem e semelhança.
Os movimentos hoje em voga, pelo viés nitidamente niilista assumidos ante os valores da sociedade ocidental – bem caros a nós, brasileiros, seja no âmbito religioso/espiritual como legal, em acordo ao legado que abraçamos do Direito Romano – buscam solapar as bases dessa sociedade e sua maior e extraordinária conquista: a democracia. Uma democracia que, verdadeiramente, imprescinde das liberdades civis, portanto, que esteja vacinada contra a opressão e a coerção a que os chamados progressistas intentam submetê-la.
Por isso, nossa política de luta implica a tomada de consciência resoluta de todos para enfrentar o arbítrio e a tirania, por vezes, constituindo dissimuladas tentativas dos opressores antidemocráticos que, no discurso bem articulado e panfletário, louvam a democracia, mas o que querem, ao fim e ao cabo, é destruí-la, de maneira inapelável e definitiva.
Como bem profetizara o filósofo Henry Thoreau: " Pense por sí próprio; do contrário, outros pensarão por você, sem pensar em você ". Essa é bem a realidade que vivenciamos no Brasil, onde milhões de almas vegetam de um pra outro lado, imersas no seu mundinho mesquinho e sedentário de ambição e propósito de vida, enquanto esse berço esplêndido e rico que as embala está lhes sendo subtraído em tenebrosas e escandalosas transações.
É isso ou não Chico Buarque? Vigiai e orai. Esse apelo bíblico nunca esteve tão atual e necessário para que, enfim, possamos recuperar a democracia brasileira em risco de ser banida de vez por uma corja de abutres ressentidos e frustrados de sua própria condição humana.
* O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante de Economia Comportamental.