• Dr. Tercio Genzini
  • 14 Julho 2014

Há poucos minutos, entre uma consulta e outra, ouvi batedores da Polícia Militar fechando a Avenida 23 de Maio em São Paulo. Nada mais que cinco pistas fechadas. Como nunca vi antes, nem de madrugada, nos 15 anos que atendo neste consultório, a Avenida 23 de Maio, a mais movimentada de São Paulo estava vazia.

Fiquei perplexo, e o paciente seguinte que me perdoe, mas fiquei aguardando na janela, desconfiado e certo que teria uma decepção...e tive! Não preciso descrever que o ônibus da seleção brasileira passou, com toda a pista livre pra eles, escoltado por mais de dez batedores da PM além do helicóptero Águia.
Pois é, um ônibus com cerca de 30 milionários a bordo, quase todos morando no exterior, cuja função é jogar futebol, tratados como verdadeiros heróis, de uma forma completamente diferente do que qualquer outra profissão possa almejar !

Nós médicos somos descartáveis, tratados como qualquer um pelo nosso governo federal, substituídos por quem nem comprovação que é médico precisa ter! Enfermeiros, paramédicos, bombeiros, policiais e todos que dão a vida pra salvar outras, nem se fale ... são arrochados e massacrados trabalhando sem condições e ganhando uma miséria. Professores - ah, coitados dos professores! - nem faço comentários a respeito pois precisaria de um lençol para conter as lágrimas. Cientistas, engenheiros e outros que fazem crescer nosso país e trazem tecnologias para melhorar nossas vidas, têm, como única esperança, serem contratados por uma multinacional e tratados como estrangeiros.

E lá vão eles, triunfantes ..quem? Os jogadores de futebol! Ah sim, em todos os jornais, revistas, TVs, estarão estampados os heróis de nossa Nação! Mas o que eles fazem mesmo? Salvam vidas? Educam? Trazem segurança ou saúde? Criam Leis, lutam por melhores salários ou desenvolvem tecnologias para melhorar a vida do povo? Não, jogam bola!

E para explicar para uma criança que é mais importante estudar que jogar bola? Realmente, não sei mais! Porque eu... aprendi tudo errado!


Diretor do Grupo HEPATO - Cirurgia Hepatobiliopancreática e Transplantes de Órgãos na empresa Hospital das Clínicas de Rio Branco, Cirurgia Hepatobiliopancreática e Transplantes de Órgãos Abdominais na empresa Hospital Alemao Oswaldo Cruz e Diretor do Serviço de Hepatologia, Cirurgia Hepatobiliopancreática e Transplantes de Órgãos Abdominais no Hospital Bandeirante
 

Continue lendo
  • Leo Iolovitch
  • 13 Julho 2014

O Mingau não sorria, mas tinha um defeito de prótese, que dava a impressão que sempre estava sorrindo. Era atarracado, tratava todo mundo por “meu nego”, era simpático, ninguém sabia se era casado ou não, nem onde morava. Dele só duas coisas eram certas: Era funcionário da CRT – Companhia Riograndense de Telecomunicações, que chamava de “a Companhia” e cada noite aparecia com uma mulher diferente. Sua aparência era entre o “graças a Deus” e o “mais ou menos”, o sorriso artificial era duro de aturar, por isso mesmo era difícil entender como sempre tinha uma mulher diferente a seu lado, embora elas também não fossem grande coisa... Sobre isso comentava: “as menos bonitas são mais carinhosas”.

Dizia que seu segredo era simples: “Meu nego, não tem mulher que não queira ter um telefone. Quando elas dizem que não têm, eu faço cara de espanto, e digo: “Mas como? Deixa comigo, eu trabalho na Companhia”. E a partir daí, meu nego, o jogo tá ganho...” E dava uma gargalhada, mostrando mais ainda a dentadura parelha.

De uma hora para outra ele desapareceu. Parece que foi porque o dono do bar quis cobrar uma conta, que vinha sendo rolada e enrolada, com a eterna promessa de instalação de um telefone comercial. Nunca se soube que ele realmente tenha conseguido instalar algum.

Recentemente me contaram que ele teria morrido.

Hoje, com um “crachá da Companhia”, não iria mais conseguir conquistar ninguém e sua lábia teria de ser outra.

Além das noivinhas do Mingau, quantas e quantas pessoas deixaram de ter seus telefones instalados por conta de uma estatal ineficiente. Nos lençóis do Mingau muito suspiro e gemido foi trocado por um alô hipotético... Se estivesse vivo provavelmente estaria participando de algum “Forum em Defesa da Empresa Pública” ou coisa no gênero, para defender “A Companhia” e, provavelmente, comer alguma ativista de cabelo crespo e calcanhar encardido. 

Sempre que há eleições e vem a propaganda eleitoral, nem parece que o Mingau morreu, surge uma saudade surda da estatal ineficiente, que deixou todos nós sem telefone, que, de tão raro, era até incluído na declaração de renda. Dá até vontade que toquem todos os atuais celulares e telefones ao mesmo tempo, para despertar os que dormem esse sono da estupidez.Ao ouvir essas manifestações contra as privatizações, fica a impressão que, assim como o Elvis e a Elis o Mingau também não morreu. Ele voltará com aquela conversinha, para seduzir quem queira ser comido em troca da ilusão de uma promessa de funcionário de estatal.

Então o Mingauzinho vai reaparecer, com um crachá da Companhia, os olhos umedecidos pela má fé e o conhaque vagabundo, dirigindo-se para alguma mulher de graça perdida, porém com o discurso oportunista já devidamente atualizado, dizendo apenas:
“E aí, beleza ?”

www.olivronanuvem.com.br
 

Continue lendo
  • Carlos Ramalhete
  • 13 Julho 2014

Gambá é um bicho que é muito atropelado. Não é difícil entender o porquê, quando se os vê atravessando a estrada, rebolando e jogando aquele rabão feio e pelado de um lado para o outro. Carcaça de gambá atropelado é uma dessas coisas que só urubu pode achar apetitoso, mas que são frequentes o suficiente para que quem viaja muito sempre as veja.

Em ambientes controlados, refrigerados e limpos, vemos outro tipo de carcaça animal: belas peças de alcatra e picanha, penduradas nas vitrines dos açougues. Tão bonitas que acho que o urubu iria demorar para entender que é para comer.

O problema começa quando o tratamento dado às alcatras começa a ser estendido a seres humanos, como fazem os muitos homens que tratam as mulheres como coisa, como peças de carne expostas em açougues. É um problema sério, que só pode ser combatido fazendo com que eles percebam que elas são muito mais que peças de carne. Reafirmando a sempre existente dignidade feminina que eles negam.

Infelizmente, há quem ache que a solução é passar de alcatra a carcaça de gambá atropelado. Como triste exemplo, sábado teremos uma passeata de carcaças de gambá em Curitiba, quando a edição local da “Marcha das Vadias” vai tentar desfazer o que resta de respeito à dignidade feminina, com direito a senhoras seminuas, com frases de efeito rabiscadas pelo corpo, berrando como almas penadas e assustando as crianças, os cachorros e mesmo algum gambá ou urubu perdido na cidade.

O equivalente masculino talvez fosse uma passeata de barrigudos de cuecas, com o controle remoto numa mão e a latinha de cerveja na outra, arrotando e coçando as partes, como forma de protesto contra a falta de reconhecimento da dignidade masculina. E, mesmo assim, seria um mal menor que a “Marcha das Vadias”, porque a dignidade feminina é infinitamente maior que a masculina. Sua negação – em grau menor pelos donjuans de porta de botequim e em dose máxima pelas vadias urrantes – é um atentado maior que a da masculina, por ser mais digno o alvo do atentado.

Costumo dizer que o feminismo tirou a mulher do pedestal e a arrastou para o açougue; as “vadias”, querendo ser carcaças de gambás atropelados, são apenas a versão já farsesca do mesmo erro fundamental de querer fazer a mulher descer ao nível do homem, achando que isto seria uma forma de melhorar sua situação social. A imbecilidade machista deve ser combatida pela afirmação da dignidade e da capacidade feminina, não pela imitação do pior do sexo masculino.

Nem alcatra, nem gambá: mulher.
inguardia.blogspot.com
 

Continue lendo
  • Flávio Quintela
  • 11 Julho 2014

Nossa decadência parece não ter limites. A última fronteira foi cruzada – fomos humilhados no que éramos considerados deuses, e o país do futebol assistiu à goleada das goleadas. Tudo parece culminar para a aniquilação completa das virtudes no Brasil.

Este é o castigo final para o país que não se prepara para nada. No período de uma década algumas nações do mundo foram capazes de gerar mudanças profundas e positivas em suas histórias. Em quase doze anos o PT não só paralisou o Brasil, mas empurrou-o para trás. Os governos petistas foram tão competentes como nossa seleção, e temos tomado gol atrás de gol.
1 x 0 – Educação
Quando o PT começou a governar o Brasil éramos o último colocado no exame PISA, ocupando o 40o lugar. Durante esses doze anos vários países foram adicionados à lista de participantes, e o Brasil conseguiu se manter nas últimas colocações, sempre próximo à 60aposição. Não houve melhoras, nem conquistas, nem planos, nem ações, nem nada. A educação brasileira foi tratada pelos governos petistas com o maior descaso possível.
2 x 0 – Inflação
O país que havia enfrentado uma inflação absurda e que conseguiu estabilizar a moeda através do Real viu a demolição sistemática dos pilares que sustentavam nossa economia. Se na área da educação houve abandono, aqui foi pior: houve a ação do pior tipo, com as piores consequências. Os governos petistas, especialmente o de Dilma Rousseff, abandonaram as práticas econômicas saudáveis, e hoje temos uma inflação anual que caminha novamente para dois dígitos.
3 x 0 – Liberdade de Expressão
Por trás do governo existe um partido que tem em seu DNA a censura e o desrespeito à única garantia contra governos despóticos. Por mais que Lula e Dilma falem em respeito à imprensa, o PNDH, o Marco Civil da Internet e as tentativas de regulação da mídia mostram que o discurso presidencial é nada além de vazio.
4 x 0 – Propriedade Privada
Quilombolas, indígenas, MST e MTST são alguns exemplos de como a propriedade privada no Brasil está deixando de ser algo concreto para se tornar um conceito difuso e circunstancial. Muitos proprietários rurais estão perdendo suas terras injustamente, num verdadeiro gol contra do PT, que escolheu mimar os ditos movimentos sociais que formam hoje a maior força civil armada do Brasil.
5 x 0 – Diplomacia
O Itamaraty já foi considerado exemplo mundial de excelência em diplomacia. Por questões ideológicas os governos petistas abandonaram esta excelência e passaram a flertar com tiranos e déspotas de todos os tipos. As relações com as nações europeias e com os EUA foram mantidas em fogo brando, enquanto Irã, Cuba e Venezuela foram contemplados com nossos maiores esforços e nossa maior atenção. Em vez de fortalecer o Brasil diante dos grandes optaram por tentar nos alçar à liderança dos párias.
6 x 0 – Segurança
O Brasil chega a 2014 com a marca impressionante de 56.000 assassinatos por ano. Somos responsáveis por 10% de todas as mortes violentas do planeta. Morrem no Brasil, em um ano, mais pessoas do que em guerras inteiras. Chechênia, Angola, Iraque, Israel-Palestina – nada é páreo para o Brasil petista. A leniência na aplicação das leis, o desarmamento da população e o sentimento geral de impunidade foram o solo perfeito para essa experiência macabra.
7 x 0 – Corrupção
O partido que pregava a virtude conseguiu fazer tudo de forma oposta ao que se propunha. Não só se aliou a diversos inimigos políticos antigos, que de abomináveis passaram a excelentíssimos, como implementou o Mensalão. Mas isso não seria suficiente. Em vez de expulsar os criminosos de sua estrutura, o PT defendeu e ainda defende seus membros condenados, afrontando a mais alta corte judicial do país e, por extensão, todos os brasileiros que ansiavam por justiça.
7 x 1 – ?
Esta seleção manchou uma história de glória com a maior das vergonhas. Em vez de apenas perder, conseguiu entrar para a história pela porta de trás, batendo recordes negativos. Fizeram com a camisa amarela de cinco estrelas o que o governo atual faz com nossa democracia: mancharam para sempre. Somente muitos anos de trabalho sério poderão reverter um resultado tão ruim, na política e no futebol.
Fica a pergunta: será que marcaremos nosso gol em outubro, e demitiremos toda a “comissão técnica”?

Correio Popular de Campinas 10/julho/2014

Flavio Quintela é bacharel em Engenharia Elétrica, escritor, tradutor de obras sobre política, filosofia e história, e autor do livro “Mentiram (e muito) para mim“
 

Continue lendo
  • Enio Meneghetti
  • 09 Julho 2014

Às vésperas das finais da Copa, tudo o que podia ser comentado acerca do desempenho de nossa seleção já o foi.

O que soa estranho é a grande preocupação de certos setores em negar o uso político/eleitoral do clima criado com a realização da “copa das copas” em solo brasileiro. Desde insinuação de “traidores da pátria” àqueles que ousam dizer que o atual governo buscava dividendos políticos com a festança, até negações do que há de mais óbvio na história da humanidade, o uso político do esporte.

Afinal, desde que na Roma antiga, quando foi cunhada a expressão “pão e circo”, passando pelas atrocidades cometidas por Hitler poucos anos depois de ser frustrado pelo desempenho superior demonstrado pelo norte americano afro descendente Jesse Owens, nos jogos olímpicos de Berlim em 1936 – apenas para citar dois fatos - é que se sabe que governantes usam o esporte para faturar politicamente.

Então não surpreende quando o governador Tarso Genro vem a público apresentar números esquisitos acerca da arrecadação gaudéria com o evento. Nosso governador anunciou solenemente que a Copa trouxe R$ 1 bilhão de arrecadação para o Rio Grande. A previsão inicial era que viriam 200 mil pessoas. Tarso agora diz que vieram "350 mil, dos quais 160 mil estrangeiros". Acho bem questionável afirmar – de acordo com a afirmativa do governador – que 190 mil brasileiros de outros estados tenham vindo ao RS assistir os jogos realizados em solo rio-grandense...
Mas vamos supor que viessem os 200 mil estrangeiros da previsão inicial. Ora, cada um teria de ter gasto R$ 5 mil para totalizar R$ 1 bilhão. Mesmo aqueles que ficaram acampados, os argentinos que dormiram no carro, ou os que sequer tinham dinheiro para voltar.

Em entrevista ao UOL Esporte, o presidente do CDL de Porto Alegre, Gustavo Schifino, disse que apesar do bom fluxo de pessoas, os gastos dos turistas ficaram restritos a alimentação e hospedagem e a Copa pode dar prejuízo no RS: "Estamos abaixo da previsão. Inicialmente a ideia era ficar entre R$ 95 milhões e R$ 101 milhões em volume de vendas.” Além disso, como a abertura dos jogos ocorreu no dia 12 de junho, dia dos namorados, a data acabou perdida no calendário dos comerciantes. Os jogos do Brasil resultaram em ponto facultativo e isso também reduziu as vendas no mercado interno.

No Rio de Janeiro, foi detectado efeito semelhante. A estimativa do CDL Rio é de que as perdas cheguem a R$ 1,9 bilhão. A entidade acredita que o faturamento diário das lojas deve cair entre 50% e 70%. De acordo com o presidente do CDL Rio, Aldo Gonçalves, não apenas os feriados municipais, em dias de jogos, que atrapalham as vendas mas a própria Copa, por tirar a atenção dos consumidores. “As pessoas não estão pensando em comprar roupas, um vestido, um terno, carro. Elas estão focadas nos jogos". Com refeições a R$ 1, no Rio de Janeiro, o Restaurante Cidadão da Central do Brasil, mantido pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, que subsidia as refeições, perceberam os turistas no local. Nas últimas semanas o restaurante passou a ser frequentado por turistas de várias nacionalidades, em busca de refeição farta e barata. Café da manhã por R$ 0,35, e almoço a R$ 1, bebida incluída. São argentinos, colombianos, peruanos e equatorianos, que gostam de gastar pouco e ficar bem alimentados.

Ao contrário do que ocorre nos arredores dos estádios que recebem os jogos da Copa do Mundo, os comerciantes da região central de Campinas, em São Paulo, não têm motivos para comemorar nos dias das partidas. Em dias de jogo do Brasil, eles chegar a registrar queda de 80% nas vendas, principalmente nos segmentos bares e restaurantes. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Campinas e região (Sindivarejista), todos os setores sentem os reflexos dos jogos do Brasil. De acordo com o órgão, são quatro horas sem vender por partida.
Então, apesar do oba-oba da imprensa chapa-branca, o resultado do enorme investimento feito à custa do dinheiro de nossos impostos, pode ficar aquém do desejado.

Ninguém deve se sentir ofendido ao ver isso questionado.

http://www.eniomeneghetti.com
 

Continue lendo
  • Leonardo Faccioni
  • 09 Julho 2014

Há quem chame "heróis" os manifestantes que aí estão. Nunca vi herói que se escondesse em multidão. Observando bem, a relação entre as massas e os verdadeiros heróis, mesmo quando entremeada por instantes de glória e deslumbramento recíproco, é vitimada por uma constante tensão: a alma grande deve sempre lidar com o desprezo, a raiva e a incompreensão das maiorias.

O herói é um indivíduo que eleva suas qualidades para além do ordinário, uma alma que transcende. A multidão amorfa é o oposto: o perdimento das qualidades pessoais, a dissolução de tudo o que há de único e sublime, em favor de um denominador comum para com o mais vulgar e instintivo.

Sócrates foi um herói. Foram-no os profetas hebraicos. O herói dos heróis foi Jesus Cristo, o Verbo que por amor fez-se carne, e mesmo d'Ele a multidão quis a cabeça em plebiscito, porque era amor em verdade e a verdade não convém. Os heróis da ficção seguem o arquétipo: a multidão pode idolatrá-los durante algum tempo, mas finda invariavelmente a detestá-los (como sói acontecer aos ídolos, porque necessariamente contingentes). O herói é a formiga que se prepara para a aventura - "ad ventura", o porvir - e tenta demover a cigarra da situação confortável em que se encontra, repleto de compaixão. A cigarra nunca reage bem ao estímulo.

Se o herói pudesse confundir-se com a massa, não seria digno de tal nome. O ouro só é precioso porque difere das rochas entre as quais surge e com elas não se confunde; suas propriedades são exclusivas. É o único metal que resiste aos árduos processos do garimpo, o vestígio excepcional que, recusando-se a acompanhar os outros, agarra-se às calhas e repousa nas peneiras contra a pressão da enxurrada.

É por isso que os heróis, no mais das vezes, passam-se por reacionários. "Uma coisa morta segue a correnteza", dizia Chesterton, "é preciso estar vivo para contrariá-la".

O herói é sempre um, não muitos, jamais todos. Heróis podem unir-se, por que não?, mas seguem sendo cada qual receptáculo de sua virtude. O sujeito da virtude não é o bando; a companhia é a circunstância em que se manifesta.

Herói é este que segue ao lado, com a imagem (o autor se refere à foto do jovem chinês que, sozinho, enfrentou os tanques). Herói desconhecido, que, posto diante a uma corrente inescapável, feita com aço, sangue e ossos multitudinários, parou a marcha, frenou a coluna de blindados e, sozinho, disse "não". Reagiu, o reacionário! Não se deixou levar! Em seguida, tudo indica, foi vítima de um "ato isolado de vandalismo" bastante comum nos Estados totalitários - o Estado-legião, que se afirma a encarnação perfeita e sintética, o alfa e ômega do "interesse geral", da "consciência universal", do "bem de todos".

http://faccioni.blogspot.com.br/
 

Continue lendo