Certamente uma das mais pesadas e polêmicas frases dita aos 4 ventos pelos libertários mundo afora é “IMPOSTO É ROUBO.” Se considerarmos a forma como ele nos é retirado forçadamente e sem chance de defesa, e se atentarmos às consequências de não acatar a “ordem” dada, o imposto é sim um roubo. O monopólio da violência dá ao estado essa possibilidade, para não dizer premissa, para retirar do cidadão parte de algo que não lhe pertence. Mude o sujeito da frase é terá caracterizado um ladrão.
Advogados me corrijam se estiver errado, mas temos os tipos de roubo: furtos ou assaltos. Os impostos indiretos, ou seja, aqueles que o consumidor paga sem sabe que esta pagando se assemelham ao furto; enquanto os impostos mais diretos e escandalosos, tal qual era a CPMF é são hoje ainda IPVA, IPTU, ITBI etc, são assalto mesmo, à mão armada e sem chances de defesa!
Sempre se escuta uma tia bem intencionada dizer que “aceitaria pagar impostos se recebêssemos de volta as contrapartidas. É assim na Suécia.” . Também me perdoem os amigos psiquiatras, mas ela certamente sofre da “Síndrome de Estocolmo”, com o perdão do trocadilho. É a paixão doentia por aquilo que pode lhe fazer o mau. Certamente o modelo escandinavo é menos pior do que o nosso “tropicaliente”, mas não torna o ato de tributar menos imoral. Tributados não são os produtos/serviços; quem é tributado é o próprio cidadão! É sobre nós que a carga pesa.
Se o imposto é ou não roubo, não há consenso. Mas claramente há coisas que o imposto não é (ou não deveria ser), e muitas delas o governo insiste em ignorar.
Só para começar:
Existe uma imoralidade indissociável da cobrança de tributos: ao encarecer o preço final das coisas, os impostos dificultam o acesso das pessoas aos avanços civilizatórios, desde os mais simples aos mais complexos. Somos tributados a todo momento: água tratada, luz, remédios, combustível, comida, roupas, educação, tratamentos de saúde, habitação, veículos, passagens aéreas e terrestres, ferramentas, maquinário e uma infinidade de itens que não teria linhas suficientes para citar.
Pragmaticamente falando, impostos deveriam ser a fonte arrecadatória para pagar aquelas atividades definidas pela sociedade como sendofunções do Estado. As sociedades precisam então impor aos seus respectivos estados o limite; além de fiscalizar os gastos e questionar com veemência cada aumento alardeado como sendo para “o bem comum”. O “bem comum” é um álibi historicamente terrível e sob o seu pretexto foram cometidas enormes atrocidades. E nada nos fará melhor que um Brasil com menos impostos.”
* Arquiteto, urbanista e diretor de Comunicação do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte.
O chamado resultado primário das contas públicas, nas quais governo federal tem de longe o maior peso, mede a diferença entre receitas e despesas, mas excluídas destas últimas um de seus componentes mais importantes, os juros da dívida pública. Esse resultado primário é usualmente positivo ou superavitário. Caso contrário, toda a conta dos juros se acrescentaria à dívida pública.
Assim, é costumeiramente divulgado como superávit primário, com o que ilude muita gente, a começar da imprensa que o divulga. A razão é que o cidadão comum desconhece o conceito, em particular o que significa nesse caso o adjetivo primário. Com isso, o que fica para muitos é a impressão enganosa de que as contas públicas são superavitárias. Trata-se de uma tremenda enganação, pois o resultado final dessas contas, aquele que leva em conta os juros da dívida pública, é tradicionalmente negativo ou deficitário. É o chamado déficit nominal, fiscal ou final, que também é o critério de avaliação das contas públicas que predomina internacionalmente.
Essa enganação é agravada porque o termo superávit primário nem sempre cabe nas manchetes de jornais. Outras vezes, como no rádio e na televisão, quem o anuncia se esquece de falar o adjetivo primário. E surgem notícias deste tipo: “superávit do governo no mês tal foi de tantos por cento do PIB”. Ou “governo faz novo superávit”. O adjetivo é ignorado e a enganação se torna explícita.
A atenção dos analistas e do cidadão comum deveria ser mais focada no déficit final e no respectivo aumento da dívida pública. Mas, o superávit primário é pregado e adorado pelo mercado financeiro, que com sua profusão de notícias e análises influencia muito o noticiário. Ele sabe que a dívida pública nunca será paga, só rolada e ampliada, e assim o que lhe interessa mesmo é se os juros serão pagos. É a primeira coisa que o governo faz, pois quebraria se não o fizesse. Assim, por conta dos juros sempre sobra um déficit que vira dívida adicional, e assim segue o barco do endividamento público, sempre mais carregado.
O mercado financeiro também quer saber se a dívida não crescerá além do razoável, e o superávit primário lhe serve como parâmetro dessa avaliação. Quanto maior for, maior será a capacidade de o governo pagar parte dos juros em dinheiro e não só com mais papéis de sua dívida.
No Brasil o superávit primário surgiu no primeiro mandato de FHC, quando o Plano Real trouxe o fim da inflação elevada, a qual aliviava o valor real das despesas públicas. O fim desse alívio evidenciou o gravíssimo problema fiscal, sintetizado pelo déficit final e pelo maior endividamento a que leva. E a necessidade de maior superávit primário serviu – nessa e noutras vezes, como também serve no momento –, para “justificar” aumentos da carga tributária para reforçá-lo.
Um superávit primário ampliado por mais impostos leva a outra enganação. Tal superávit costuma ser divulgado pela mídia como a economia, esforço ou poupança que o governo faz para pagar os juros de sua dívida. Ora, é sabido que governos se primam pela gastança e não pela poupança. Quem economiza, poupa e se esforça mesmo é o contribuinte ao “tossir” os impostos ampliados. Aliás, também é um absurdo chamar o cidadão de contribuinte, pois dá uma ideia de voluntariedade do pagamento.
Quanto a isso os anglo-saxônicos são mais explícitos e se consideram “tax payers” ou pagadores de impostos. Mas, como se percebe, economizam no tamanho das palavras, e precisamos de um termo mais conciso e contundente para substituir contribuinte. Que tal “impostado” ou “impostaxado”?
Concluo com os números mais recentes sobre o assunto, olhando apenas o governo federal, exclusive empresas estatais, mas incluindo o Banco Central e o INSS. 2014 terminou com um déficit(!) primário de 0,37% do PIB, ou seja, houve um déficit mesmo sem contar os juros nas despesas. Essa porcentagem pequena foi um dinheirão, R$ 20,5 bilhões, pois o PIB é grande. No primeiro trimestre de 2015, veio um superávit primário de 0,35% do PIB no período, sinalizando o ajuste fiscal em andamento.
Mas, o déficit nominal ou final passou de 4,92% do PIB de 2014 para 8,56%(!) do PIB do primeiro trimestre de 2015. Essa elevação veio principalmente da conta de juros, em face dos sucessivos aumentos da taxa básica, ou Selic, e de prejuízos que o governo teve com operações cambiais, também contados como juros. Como resultado, a dívida mobiliária federal interna, fora do Banco Central, avaliada pela chamada “posição de carteira”, subiu mais R$132,9 bilhões(!) no primeiro trimestre deste ano, o que equivale a cerca de cinco programas Bolsa Família.
Isto é parte da outra história que precisa ser contada aos “impostados” ou “impostaxados”, também iludidos pelo superávit primário. Vão pagar mais impostos, assumir uma dívida pública maior e talvez nem percebam que há muito mais por ajustar nas contas públicas do país.
* Economista e consultor do Espaço Democrático
espacodemocratico.org.br
(Publicado originalmente em www.pontocritico.com)
LEITORES COMO TESTEMUNHAS
Os leitores/assinantes do Ponto Critico são testemunhas do quanto tenho me esforçado (desde o ano 2002), através dos meus editoriais, para mostrar e explicar que os programas sociais e econômicos, defendidos e adotados pelo PT, partido que insiste com modelos falidos, infalivelmente levariam o nosso país a experimentar uma grave crise.
DEMONSTRAÇÃO CLARA
Mais: em praticamente todas as vezes que teci comentários e/ou observações sobre os programas defendidos e implementados pelos presidentes Lula e Dilma, mostrei, com clareza, o quanto as propostas petistas continham um forte -viés ideológico-. Infelizmente, a sociedade brasileira só veio a entender muito recentemente o quanto percebeu que foi brutalmente enganada.
PRAZER SOCIAL E ECONÔMICO
Passado o efeito das drogas pesadas, que levou muita gente daqui e do exterior a viver uma -falsa- felicidade, um grande número de pessoas, ao acordar do sono profundo, promovido pelas injeções do -prazer social e econômico- se deu conta de que as embalagens das -medidas neocomunistas- tinham como base de sustentação o tripé composto pela MENTIRA, INCOMPETÊNCIA E CORRUPÇÃO (não necessariamente nessa ordem).
INFERNO REAL E VIRTUAL
A partir daí o resultado que o país começou a assistir foi o seguinte:
1- a CORRUPÇÃO falou mais alto, a ponto de deixar grande parte dos já cooptados bastante nervosos e revoltados;
2- a MENTIRA ficou escancarada por resultados altamente manipulados; e,
3- a INCOMPETÊNCIA foi sendo melhor compreendida pelos efeitos nefastos das medidas;
LAVAGEM CEREBRAL
Ainda que muitos brasileiros continuem fortemente apaixonados pelo -neocomunismo-, decorrente da poderosa lavagem cerebral que sofreram ao longo desses últimos doze ou quinze anos de pregação, o fato é que o PT, pelo menos, ficou de tal forma manchado, que já não consegue conquistar muitos corações e mentes.
INFERNO REAL E VIRTUAL
Até o grande e maior líder petista, o ex-presidente Lula-, junto com seu dileto -poste-, denominado Dilma Rousseff, perderam valor de mercado. Vivem, como deixam claro a cada aparição pública, um verdadeiro inferno. Ambos ardem num inferno real, nas ruas, e num virtual, através das potentes Redes Sociais.
EFEITOS EXTRAORDINÁRIOS
Quanto às propostas, que em nenhum momento deixei de expor, continuam exatamente as mesmas, ainda que o governo resista de todas as formas.
Repito: - O sucesso econômico e social do nosso país depende, exclusivamente, da LIBERDADE. Quanto menor for a intervenção do governo, em todas as áreas, e quanto maior trânsito livre for dado ao mercado, o resultado será magnífico. Solução, aliás, já testada em vários lugares do mundo, com efeitos extraordinários.
Seria bom se isso fosse apenas uma especulação. No entanto, isto é história. Passada e presente.
Como temos dito o Manifesto Comunista é apenas uma síntese do pensamento marxista. Nele é possível conhecer ao menos em resumo o que pensa o socialismo sobre vários assuntos. Por sua síntese o conhecereis. Logo, não podemos esperar daqueles que o consideram uma exposição de verdades qualquer simpatia com o cristianismo. Nele está escrito:
Mas o comunismo quer abolir estas verdades eternas, quer abolir a religião e a, moral, em lugar de lhes dar uma nova forma e isso contradiz todo o desenvolvimento histórico anterior.[1]
Se uma ideologia diz que quer abolir verdades eternas, religião e moral ela está declarando abertamente uma guerra ao cristianismo, porque ele proclama verdades eternas, é uma religião e apresenta um código moral. Nada mais lógico.
E quando essa ideologia se apossa do Estado e de seus recursos bélicos, com certeza levará esse conflito da esfera do pensamento para esfera da realidade física e social. Em outras palavras, se as ideias do Manifesto se concretizam, o ataque aos cristãos é inevitável.
Seria bom se isso fosse apenas uma especulação. No entanto, isto é história. Passada e presente.
A rejeição de qualquer tipo de religião pelo marxismo é uma necessidade de sua própria natureza. Como definiu James W. Sire em O Universo ao lado, o marxismo é o naturalismo na prática, uma visão do mundo sem espaço para Deus ou para qualquer coisa que não seja matéria. Se o cristianismo está certo, então o marxismo está errado e isso, segundo os seguidores de Marx, seria inconcebível.
“Posso entender”, escreveu um pastor que passou anos sendo torturado por sua fé, “Posso entender que os comunistas prendam padres e pastores como contra-revolucionários. Mas por que os padres foram forçados a dizer a missa sobre excrementos e urina, na prisão romena de Piteshti? Por que cristãos foram torturados para tomarem a comunhão com esses mesmos elementos? Por que a obscena zombaria da religião?” (Era Karl Marx um satanista?, p. 47). Respondo. Porque ele é anticristão em sua essência.
Marx era ateu muito antes de ser comunista.[2] “Numa só palavra: odeio todos os deuses”, escreveu ele em sua tese de doutorado.[3] E fez do ateísmo o fundamento para o seu socialismo. Por isso comunismo tornou-se sinônimo de perseguição religiosa e a morte aos cristãos ainda é uma realidade nos países que conservam a ideologia comunista[4]. Todo esse ódio concreto dos governos ao cristianismo tem como fonte o ódio concreto do próprio Marx. “Para Marx, de qualquer forma, a religião cristã é uma das mais imorais que existe”[5]
Lênin, que pôs em prática o pensamento marxista dizia que “toda ideia religiosa é uma abominação”. E acrescentava:
A guerra contra quaisquer cristão é para nós lei inabalável. Não cremos em postulados eternos de moral, e haveremos de desmascarar o embuste. A moral comunista é sinônimo da luta pelo robustecimento da ditadura proletária.[6]
Se a educação foi se tornando cada vez mais antirreligiosa e cada vez mais anticristã, devemos isso, em boa parte, ao marxismo. É quase impossível hoje fazer um curso em uma universidade sem ser inoculado com uma forte dose não de mero ateísmo, mas de um anti teísmo doentio que responsabiliza o cristianismo por todos os males da humanidade.
Os detentores das cátedras de história, geografia, direito, sociologia, psicologia, filosofia, política e mesmo matérias aparentemente inócuas, fazem ataques constantes aos cristãos. Não admira o grande número de ateus na faixa etária pós faculdade.
Quer um exemplo de educação marxista antirreligiosa?
A escola soviética, constituindo instrumento para dar educação comunista às gerações, não pode, por princípio, ter outra atitude em face da religião que a de luta intransigente. A base doutrinal da educação comunista é, com efeito, o marxismo, e ele é inimigo irredutível da religião. O marxismo é materialismo, disse-o Lenin; como tal, impiedoso inimigo da religião, à exemplo dos enciclopedistas do século XVIII ou do materialismo de Feuerbach.[7]
O anticristianismo marxista não é acidental. Ele é essencial. Não é um desenvolvimento pós Marx. É o próprio Marx despejando seu ódio anticristão sobre os que acreditam em Deus. “Desejo vingar-me Daquele que governa lá em cima”, escreveu ele em um de seus poemas da juventude. Como muitos ateus, ele dizia não crer em Deus, mas o odiava por via das dúvidas. E esse ódio foi e continua sendo a causa do sangue cristãos, derramado através do mundo e da história.
Para abolir as verdades eternas, a religião e a moral, conforme diz o Manifesto Comunista, o comunismo persegue, prende, tortura e mata desde o primeiro momento em que chegou ao poder. Assim foi, é e será. Não podemos como cristãos esperar nada melhor da parte dele.
[1] MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Global Editora, 1986, p. 35
[2] ZILLES, Urbano. Filosofia da religião. São Paulo: Paulus, 1991, p. 123.
[3] WILSON, Edmund. Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Companhia das Letrs, 2006, p. 147.
[4] MARSHALL, Paul, GILBERT, Lela e SHEA, Nina. Perseguidos – o ataque global aos cristãos. São Paulo: Mundo Cristão, 2013, pp. 35-74
[5] MCLELLAN. David. Karl Marx – Vida e pensamento. Petrópolis: Vozes, 1990, p. 54
[6] V. Souvenirs, de Clara Zetkine sobre Lenine, 1929.
[7] E. I. Petrovsky. L.Éducation athée à l’école – Sovietskaia pedagógica, 1955, nº 5
Pastor, jornalista, professor de teologia e história no Vale da Bênção. Palestrante nas áreas de apologética, seitas, escatologia, Israel e vida matrimonial. Colaborador da Bíblia Apologética de Estudos. Articulista das revistas Povos e Apologética Cristã. Criador do curso de Apologética Aplicada pela FAETESF e locutor da rádio Saber & Fé. Autor dos livros Lições de Amor e Novas Lições de Amor (casais), Israel Povo Escolhido, Visitação de Deus e Quem é o Perdido?
Os mineiros tinham, até bem adiantado o século XX, uma técnica infalível para proteger-se nas profundidades da rocha: os canários. A pequena ave, mais sensível que o homem à falta de oxigênio e aos gases tóxicos, morreria primeiro que estes se nas minas houvessem gases venenosos ou demasiado monóxido de carbono. Se os mineiros vissem os canários morrerem ou asfixiarem-se, sabiam que deviam abandonar a mina à toda velocidade. O canário era o primeiro que sofria por um mal que acabaria por matar a todos.
Em Skopje, na ex Iugoslávia, encontrei certa vez um ancião que havia sobrevivido à história eriçada de guerras de seu país. Me contou o segredo de sua sobrevivência: “Quando os judeus são perseguidos ou escapam – disse com sua boca desdentada – é hora de fazer as malas”.
O ancião iugoslavo tinha razão: na história moderna os judeus foram os “canários” do mundo. Elementos minoritários e vulneráveis da sociedade, os judeus foram sempre o primeiro alvo dos movimentos de destruição e desumanização. Na Inglaterra covarde do “apaziguamento”, Winston Churchill denunciava o verdadeiro caráter da Alemanha Nazi. Um regime que começa perseguindo os judeus – dizia Churchill – cedo ou tarde ameçaria a liberdade e a vida de todos.
A temperança moral do mundo é posta à prova. Se os judeus podem ser perseguidos ou assassinados impunemente – raciocinam os tiranos – então pode-se passar para o próximo passo. Todas as grandes ditaduras de nossa época – nazismo, stalinismo, esquerda, direita – tiveram os judeus como o alvo predileto e como coelhinhos da índia de sua violência assassina. Todas terminaram por causar milhões de mortos de todas as nações.
Se o gás mata o canário, cedo ou tarde matará o mineiro. E isto é o que sucede hoje em dia com o fundamentalismo islâmico. O integralismo é o novo totalitarismo que ameaça as sociedades ocidentais. Sob um verniz de conceitos religiosos, o fundamentalismo é uma doutrina política totalitária e fascista. Israel e os judeus foram seu primeiro alvo e, graças à indiferença do mundo, agora o flagelo estende-se por qualquer lugar como uma impiedosa epidemia.
Quando israelitas morrem despedaçados pelas bombas terroristas, o mundo cala. Vozes de condenação se levantam contra Israel e não contra os assassinos. Os algozes e não as vítimas recebem a solidariedade do mundo. O judeu entre as nações ocupa o mesmo lugar que o judeu entre as gentes: o eterno culpado, o vilificado, o causador de problemas. Israel é acusado de causar o terrorismo islâmico. Na realidade, o estado judeu é sua primeira vítima e é um campo de provas para os assassinos.
A covardia e a indiferença do mundo em lidar com o terrorismo, convenceu os assassinos de que poderiam atacar os Estados Unidos, a Europa e a Ásia.
Assim, o terrorismo – que poderia ter sido entendido com uma ação combinada e enérgica – converteu-se em um mal em escala mundial.
Houve também outros “canários” na história moderna. Em 1938 o estado pacífico e democrático da Checoslováquia foi a primeira vítima de Hitler. Foi um balão de ensaio do Nazismo. Se Praga caísse, cairiam também Varsóvia, Amsterdam, Paris e Londres. No infame tratado de Munique, as potências democráticas claudicaram ante Hitler que, convencido de sua debilidade, sentiu-se confiante para lançar a Segunda Guerra Mundial.
A lógica de Munique continua viva, tanto na Europa quanto nos assassinos. Quando a voracidade de Hitler reclamava a Checoslováquia, França e Inglaterra assinalavam o pequeno país centro-europeu como o culpado de uma tensão que levaria à guerra. “Esse país insolente deve ceder – dizia Chamberlain, referindo-se à Checoslováquia – para salvar a paz”.
Praga foi forçada a ceder, a Checoslováquia desapareceu e assim começou a guerra. Hoje em dia a mesma lógica se aplica a Israel. Frente ao terrorismo, Israel deve ceder, para salvar a paz. A falácia desse argumento é óbvia: o fundamentalismo islâmico não busca tal ou qual reivindicação territorial, senão a destruição de Israel e do Ocidente em seu conjunto. Frente a esta realidade, o Ocidente e especialmente a Europa são suicidamente cegos.
Se, como a Checoslováquia, Israel cai ante o fundamentalismo, qual será o próximo passo? França, que tem em seu seio milhões de muçulmanos e onde os grupos fundamentalistas ganham cada vez mais poder? Inglaterra, onde imãs fundamentalistas queimam bandeiras inglesas?
O que o Ocidente parece não entender é que Israel é o campo de batalha onde lança seu próprio futuro. Se Israel cai frente ao terrorismo, então todo o Ocidente estará ameaçado. As mesmas redes de tráfico de armas e dinheiro que os terroristas usam para atacar Israel, são utilizadas para atacar os Estados Unidos e outros países ocidentais.
Im’ad Magnia, o assassino do Hezbollá que organizou o atentado à AMIA, foi ativo na rede que permitiu a tragédia do 11 de setembro. Ramzee Yussef, o líder do primeiro atentado às torres gêmeas em 1993 fez suas primeiras armas no Hamas. O Irã arma o Hezbollá e com as mesmas redes comandou o assassinato de dissidentes nas ruas de Berlim.
Em Istambul, a estratégia dos “judeus primeiro, depois o resto” é ensaiada com sangrenta eficácia: duas sinagogas são atacadas e só uns poucos dias depois alvos ingleses e turcos também o são.
Berlim e Jerusalém: Durante a Guerra Fria, o mundo pareceu ter aprendido. O Ocidente se deu conta de que Berlim era o canário que não podiam deixar morrer. Enquanto a ditadura comunista construía o muro de Berlim, John F. Kennedy visitou a cidade sitiada e clamou “Eu sou um berlinense”. Estava enviando uma mensagem clara e forte: Se Berlim é atacada, todo o Ocidente o é. Se deixamos Berlim cair, isolada e fechada em um mar de forças hostis, então nós seremos os próximos. Israel – curioso paradoxo – é como Berlim: um oásis democrático e ocidental rodeado de forças hostís e de um mundo árabe em crescente radicalização. Assim como Berlim podia ser deglutida pela “maré” soviética, Israel pode desaparecer sob 20 ditaduras árabes.
Porém, a lucidez do mundo – em especial da Europa – durou pouco. A cegueira judeofóbica não deixa ver o óbvio e empurra a Europa para uma espiral suicida. Em vez de olhar o problema na cara, os europeus consideram Israel como “um perigo para a paz”. Igualmente ridículo que houvesse sido considerar Berlim – e não aos que a ameaçavam- como um perigo para a paz. A mesma cegueira que fez com que Chamberlain chamasse Benes (o líder checoslovaco) de insolente e não a Hitler.
Aos franceses, que por moda ou ódio judeofóbico acusam Israel de ser “o país que mais ameaça a paz mundial”, lhes perguntaria: Se o Hamas vence, como deterão os fundamentalistas da França? Na mente dos fundamentalistas, a queda de Israel aplanará o caminho para futuras conquistas, no coração mesmo da Europa.
Devido à cegueira e à covardia de Munique, a França passou a ser de primeira potência do mundo a um patético país de terceira e a Europa perdeu para sempre seu espaço de preeminência. Agora, graças a seu anti-semitismo e à sua hipocrisia, permitirá ao fundamentalismo islâmico reinar sobre o continente.
A Europa pensa “se Israel não existisse, o mundo seria um lugar mais seguro” da mesma maneira que pensava “se a Checoslováquia não existisse, a Europa estaria mais segura”.
É tão ridículo como um mineiro que veja o canário sofrer se enoje com ele, em vez de pensar que ele e seus companheiros correm perigo.
A “correção política” e a covardia não deixam atacar o problema na raiz. Experts alemães realizaram, a pedido da União Européia, um estudo sobre os atos de anti-semitismo que assolam a União. A conclusão foi taxativa: elementos radicais muçulmanos estavam por trás da onda de violência anti-judaica e a “nova esquerda” dava legitimação e sustento ideológico aos ataques. A demonização de Israel nas mídias, coadjuvava a violência.
A reação das autoridades frente a este estudo mostra porquê a Europa vai direto ao desastre: a reportagem foi engavetada por considerar-se demasiado “ofensiva”. Em vez de fazer frente ao problema e tomar medidas enérgicas, a comissão encarregou outra reportagem “mais lanceada”.
Alguém dirá: “Sim, porém, e os palestinos?” “Eles são os oprimidos e não Israel”.
A atitude da Europa não tem nada a ver com os justos reclamos dos palestinos.
Também durante Munique os alemães dos Sudetes (região Oeste da Checoslováquia) eram considerados oprimidos. Eles foram a desculpa de Hitler para reclamar o desmantelamento do pacífico país centro-europeu, apesar de que Praga havia acedido a quase todas as demandas de autonomia dos germanófobos dos Sudetes.
Israel, tal como os judeus, não é odiado pelo que faz, senão pelo que é.
Israel é odiado por ser um oásis democrático e ocidental em um mar de ditaduras. Israel é odiado por apoiar-se em valores de humanidade e liberdade cercado de tiranias sangrentas. Israel é odiado porque apresenta um exemplo nefasto para ditadores e tiranos. Não são os defeitos de Israel o que os terroristas odeiam – os quais existem em abundância -, senão suas virtudes.
A intifada não foi lançada por causa da falta de negociações de paz, senão para fazê-las fracassar. Os atentados suicidas começaram em pleno processo de paz, foram causa e não conseqüência de seu fracasso. Aos olhos da Europa Arafat ganhou popularidade e legitimidade precisamente após rechaçar a paz e lançar uma guerra.
A falácia de que maiores concessões por parte de Israel deterão o terrorismo é tão óbvia quanto perigosa. Ainda os que cremos, como a autora destas linhas, na justiça do reclamo palestino e na necessidade de um Estado Palestino ao lado de Israel, devemos saber que o terrorismo – e a hostilidade da Europa – têm pouco a ver com essa reivindicação.
A solidariedade com os palestinos é, talvez, uma das maiores hipocrisias do século. A Europa que colonizou o mundo árabe, que oprime suas próprias minorias muçulmanas e que cala complacente frente às tiranias que assolam o mundo muçulmano, se descobre como campeã dos direitos humanos precisamente no tema palestino.
A Europa, que - como a França – interveio dezenas de vezes em suas ex-colônias africanas, lava suas culpas nas costelas de Israel. A Europa que inventou o colonialismo, o genocídio e o totalitarismo converte as vítimas em culpados.
A Europa jamais protestou quando os palestinos eram submetidos pelo Egito, Síria e Jordânia. Tampouco quando o Kuwait expulsou 300.000 palestinos de seu território. Só quando Israel é o suposto “perpetrador”, a solidariedade se faz ver.
Longe de ser solidária, a Europa trata outra vez de “apaziguar” assassinos. Os que pagam, são outra vez os judeus.
Se não temos canários – pensaria um mineiro néscio e suicida – então não haverá gás tóxico na mina. Se não existisse Israel – pensam europeus covardes e anti-semitas – então não haveria fundamentalismo islâmico.
Os europeus são – nas palavras do grande Milan Kundera – “os engenhosos aliados de seus próprios coveiros”.
Israel, é como disse um jornalista israelense, um país “on probation”. O problema não são os territórios ocupados, nem o conflito palestino. O tema é o direito de Israel existir. A legitimidade mesma da existência de um Estado Judeu. Nenhum outro país do mundo tem sua existência mesma questionada. Inclusive os que cremos na necessidade de entregar territórios em troca da paz, não devemos enganar-nos. A hostilidade da Europa não tem nada a ver com os territórios.
Em uma notória pesquisa, 19% dos italianos disseram que Israel deveria deixar de existir. Mais revelador que o resultado é propriamente a pergunta: Por que é legítimo para um pesquisador europeu pôr em dúvida o direito de Israel existir e não o da Índia, Síria, França ou Itália?
Israel tem que pedir permissão e perdão pelo mero fato de existir. Quem acompanha atentamente as emissões televisivas européias verá que já não se debate acerca de tal ou qual plano de paz, nem acerca de regras territoriais. O debate centra-se em deslegitimizar a existência do Estado.
A “nova esquerda”, que na realidade tem pouco de nova e muito de ranço stalinista totalitário, converteu em legítimo e cool o anti-semitismo e a deslegitimização de Israel. Os anti-semitas modernos já não são velhos nazis ou fascistas repulsivos, senão intelectuais progressistas e da moda. Como dizem Alain Finkielkraut, “é o tempo dos anti-semitas simpáticos”.
O filósofo judeu-francês – que, diga-se de passagem, é um antigo militante pela causa palestina – queixa-se amargamente: “os debates nos quais participamos não são discussões, senão tribunais”. Aceita-se a terrível irracionalidade de ser anti-semita como condição necessária para ser liberal e anti-racista. O “direito de solo” que os intelectuais judeus têm que pagar para serem aceitos continua subindo: se antes tinha que ser pró-palestino, agora há que franca e plenamente negar o direito a Israel de existir.
A sociedade e os meios de comunicação colaboram ativamente. “Quando Le Pen – líder da extrema direita francesa – atacava os judeus, era condenado unanimemente; quando Tarik Ramadam – pseudo intelectual muçulmano de esquerda – lança uma lista de ‘judeus suspeitos’, é convidado a explicar sua posição em ‘tout le monde en parle” (um programa da atualidade muito em moda na elite artísitica e intelectual francesa).
Se houvesse objetividade, se poderia lutar com a mesma força pelos direitos dos palestinos e pelo direito de Israel de existir livre e seguro, como um estado judeu e democrático.
Paradoxalmente, as posturas israelenses mais extremas se vêem fortalecidas por esta atitude. Se o que se nega é a existência mesma do Estado, inclusive em suas fronteiras de 1967, - pensa a extrema direita – então, de que serve fazer dolorosas concessões?
Se o que se deslegitimiza é Tel Aviv, então para que renunciar a Hebron? O argumento é logicamente irreprochável. Para que ceder territórios que se tenham no coração da consciência histórica judaica, se esse sacrifício não nos assegurará a paz, o reconhecimento e a segurança?
Frente a isto, a esquerda se vê esvaziada de argumentos e impelida aos extremos, e os que desejam um acordo baseado em concessões mútuas sentem-se como ingênuos que ignoram os verdadeiros motivos de seus adversários.
Quando o presidente francês Daladier voltou de Munique esperava ser linchado por sua claudicação ante Hitler. Em vez disso, foi recebido por uma multidão que o ovacionava por ter salvado a paz. Ninguém queria “morrer pela Checoslováquia”. Fingindo um sorriso, voltou-se para seu ministro das Relações Exteriores e murmurou: “Quels cons!” “(Que imbecis!)”.
As similitudes com a época atual são arrepiantes. Líderes que legitimam ditadores e assassinos são tratados como “heróis da paz”, enquanto asseguram um futuro de mais guerra e terrorismo. Me pergunto se enquanto desfrutava de seu orgasmo midiático anti-americano e anti-israelense, Jacques Chirac se havia voltado para Dominique de Villepin para dizer “Quels cons”...
Canários indóceis. Agora bem, suponhamos que em uma mina, os canários dizem basta! Basta de morrer para alertar os mineiros de perigos iminentes. Basta de sofrer, porque de todos os modos os mineiros não nos prestam atenção e seguem envenenando-se lentamente com os gases tóxicos da mina.
Basta de morrer gratuitamente, porque a triste verdade é que aos mineiros não importa.
Basta de asfixiar-nos por nada, porque a única coisa que recebemos é o ódio e não a solidariedade dos mineiros aos quais salvamos. Basta, porque os mineiros jamais aprenderão a lição e jamais entenderão que se nós morrermos, morrerão eles também. Basta, porque nem sequer cuidam de nós, para cuidarem-se a si mesmos.
Basta. Nos negamos a ser as cobaias da mina; vamos fazer o que fazem todos os demais: defender nossa própria vida antes de tudo.
Esta é a legítima eleição de Israel hoje.
* Pilar Rahola foi deputada no Parlamento espanhol pela "Izquierda Republicana Catalana" e
vice-prefeita da cidade de Barcelona. Escreve nos jornais El País, El Periódico e Avui (em
catalão). Dirige o programa de entrevistas na TV espanhola. Além disso, participa de
debates públicos e congressos internacionais sobre a temática da mulher e da infância. Tem vários livros publicados em catalão e castelhano.
** Tradução de Marcos L. Susskind
(Publicado oroginalmente em http://professorpaulomoura.com.br/coplexidade-e-imprevisibilidade-os-vetores-da-conjuntura/
O início do segundo mandato da presidente Dilma foi marcado por uma mudança qualitativa da conjuntura, cujo marco central é perda de popularidade e de apoio político do governo. Sob circunstâncias normais o protagonismo do jogo político costuma ser, sempre, do governo. O Executivo, quando sustentado por maioria no parlamento, é quem pauta o Legislativo e a sociedade com suas iniciativas e projetos. Circunstancialmente a oposição consegue protagonizar algum lance capaz de incomodar o governo, mas esses casos são exceções.
A inversão da balança do poder entre Executivo e Legislativo não é o único elemento (des)estruturante do novo quadro conjuntural. Transformações importantes também estão em curso entre os partidos e dentro dos principais partidos políticos brasileiros. O marco central dessa transformação parece residir na constatação, por parte dos principais players da política brasileira, de que o PT não é apenas mais uma das legendas partidárias nacionais, mas sim, uma organização movida por uma estratégia hegemonista, orientada por um projeto de perpetuação no poder que passa pela destruição dos demais partidos, especialmente do PMDB e do PP.
A corrupção, nesse contexto, além de forma de financiamento desse projeto de poder, é usada pelo PT como ferramenta para destruir alguns dos principais personagens da política brasileira e seus partidos. O fato de que a filha de José Sarney, Renan Calheiros e Eduardo Cunha estejam envolvidos no escândalo do Petrolão e correndo sério risco de condenação e prisão introduz um ingrediente dramático ao jogo político, dada a centralidade desses personagens no controle do PMDB, partido que se constitui no fiel da balança da governabilidade há décadas; que se posicionou no controle do Congresso Nacional e usa suas posições no parlamento como arma para enfrentar o PT e barrar o projeto do partido de Lula.
A fragmentação da base alugada e as contradições e conflitos entre Calheiros e Cunha, nesse cenário, embora se constituam em elemento importante da disputa de poder dentro do PMDB e entre os partidos, interfere, de fato, como um elemento complicador para a articulação de vitórias em plenário por parte do Palácio do Planalto. Os peemedebistas se servem da confusão para encarecer o preço de seu apoio ao governo no parlamento.
A percepção, por parte dos demais partidos, da natureza do projeto de poder do PT levou ao isolamento dos petistas. O envolvimento do partido no escândalo do Petrolão está produzindo um abalo de grandes proporções na imagem e no poder do PT, cuja hemorragia em praça pública recém está no seu início e ameaça, inclusive, a própria existência da legenda.
Além disso, o conteúdo das medidas de ajuste fiscal a que o governo se vê obrigado a recorrer para corrigir as distorções econômicas produzidas a partir do segundo mandato de Lula constitui-se em mais um elemento desagregador do petismo, forçando-os a engolir suas próprias contradições para salvar seu governo moribundo, e gerando um uma fieira de traições e deserções puxadas pela saída de Marta Suplicy do partido.
Num cenário com esses ingredientes, o duro ajuste fiscal necessário e estratégico para que o país saia do quadro de inflação com recessão produzido pela política econômica petista virou moeda de troca nos jogos de poder intragovernistas. O vice-presidente Michel Temer, alçado à condição de articulador político do governo vem comemorando as parcas vitórias que costurou pescando votos na oposição para passar o ajuste fiscal, mas o fato é que os congressistas estão mitigando o ajuste das contas públicas com um jogo cínico no qual, ao mesmo tempo que aprovam as medidas do governo, paralelemente, aprovam outros gastos capazes de corroer o esforço fiscal e comprometer a saúde da economia e a sobrevida do governo Dilma.
O ministro Joaquim Levy, diante dessa situação, anuncia a necessidade de mais aumentos de impostos e de contingenciar R$ 78 bilhões do orçamento para compensar os novos gastos criados pelo parlamento. No entanto, logo encontra os limites de suas ameaças ao se defrontar com o risco de o remédio, nessa dose, matar o doente. Isto é, paralisar completamente o governo e asfixiar as forças de mercado já sobrecarregadas com a carga tributário escorchante que esfola o ímpeto empreendedor das empresas e indivíduos, desestimulados pela transferência descomunal transferência da riqueza socialmente produzida para sustentar um Estado ineficiente, gastador e corrupto.
Por mais malabarismos que faça o ministro Joaquim Levy e por mais que os editoriais da grande imprensa se esforcem para puxar as orelhas dos políticos que teimam em não colaborar para o sucesso do esforço fiscal, a cada dia que passa vai ficando claro que a variável política está impedindo o fechamento das contas que o ministro do Bradesco precisa entregar redondas.
Por outro lado, a reforma política, dessa vez pautada pelo Congresso como forma de conter o petismo e que aparentava dessa vez avançar em medidas saneadoras do jogo eleitoral, também, a cada dia que passa, vai se revelando um novo fogo de palha a ser apagado pelo balde de água gelada da falta de consenso entre os políticos sobre a ameaçadora mudança das regras com as quais se elegeram.
E, para tornar ainda mais complexo o cenário, o dono da UTC, empreiteiro Ricardo Pessoa, tido como capo do conluio de empreiteiras agenciadas pelo projeto de poder do petismo, assinou seu acordo de delação premiada revelando que dinheiro do Petrolão abasteceu os cofres da campanha da chapa Dilma/Temer, lançando a mácula da corrupção e da ilegitimidade sobre o mandato dos recém-eleitos, passíveis de cassação sem a necessidade de um processo de impeachment.
Não obstante essa possibilidade de desfecho judicial e a guerra de pareceres entre advogados de um lado e outro, o fato é que a possibilidade do impeachment, com ou sem a cassação do mandato da chapa eleita em 2014, segue pairando como um fantasma a assombrar as noites do petismo.
A inflação sobe, a recessão se aprofunda, o desemprego cresce, os panelaços se espalham pelo país, e dia 27 de maio próximo, mais um capítulo do movimento civil pelo impeachment terá seu desfecho com a chegada em Brasília da Marcha pela Liberdade, protagonizada pelo Movimento Brasil Livre, que pretende lotar a esplanada dos ministérios para pressionar o Congresso Nacional a acatar o processo de impedimento desse governo.
Assim, se alguém se julga tranquilo e confiante com o destino do ajuste fiscal e do governo Dilma, ou está mentindo ou não está entendendo nada.
(Grupo Pensar+)