• Maria Lucia Victor Barbosa
  • 08 Agosto 2015

 

A corrupção no Brasil tem uma longa trajetória, que aliada à impunidade nos infelicitou ao longo dos séculos. Sem me alongar sobre o tema recordo que o Estado brasileiro teve desde seu início ação centralizadora e tuteladora da Nação. Tudo dependia do governo e, assim, o comércio e a indústria estavam atados às autorizações, às tarifas protecionistas, às concessões, o que facilitava o suborno. Em essência nada mudou.

Em 2002, o PT chega à presidência da República jactando-se de ser único partido ético que vinha para acabar com as mazelas da política brasileira. E melhor: à frente do partido havia um “pobre operário” capaz de salvar a pátria, um padroeiro dos pobres e oprimidos.

Contudo, pode-se dizer que nunca antes nesse país houve um partido tão corrupto quanto o PT. Os petistas institucionalizaram a corrupção e convidaram aliados políticos e a inciativa privada para abrir franquias de roubalheira.

A força e a impunidade do PT se deveram basicamente a três fatores: a ilusão gerada pela propaganda, através da qual Lula da Silva foi endeusado. A inexistência de oposições, tanto partidárias quanto institucionais. A falta de cultura cívica do povo sempre dependente do Estado paternalista e indiferente aos escândalos de corrupção dos poderosos.
Além da corrupção o governo petista expandiu os males do Estado Brasileiro: o patrimonialismo, o nepotismo, a burocratização e, sobretudo a incompetência. Tudo sob a imagem da perfeição, das maravilhas que o magnânimo pai Lula prodigalizava aos desvalidos salvando-os da miséria.

Nos porões do poder, porém, muito mais lucravam os que Lula, para efeitos externos, chama de elites, várias das quais se associaram em contubérnios com a companheirada de modo nunca visto. E, assim, roubou-se em milhões, em bilhões, em avantajadas cifras no país do dá-se-um-jeito.

Primeiro, articulou-se o mensalão ou compra de congressistas como forma de sustentar o projeto de poder do PT. Inabalável, mesmo sob o efeito das condenações do STF onde se notabilizou o ministro Joaquim Barbosa que logrou enviar para a cadeia maiorais do PT como José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, João Paulo Cunha, além dos auxiliares dos criminosos, Lula logrou eleger uma mulher que não consegue sequer proferir um pensamento coerente.
Com ela deu-se o terceiro mandato de Lula da Silva. Foi o tempo do descalabro com todos os possíveis erros que se pode cometer em economia. Mesmo assim, Rousseff, com pouca margem de votação se reelegeu montada nas mentiras e no terrorismo politico do marqueteiro João Santana, que atribuiu ao adversário o apocalipse brasileiro que se vê agora é da autoria da criatura de Lula e dele próprio.

O presidente de fato seguiu inimputável, sempre a repetir que não viu nada, não sabia de nada, não ouvia nada, enquanto a inflação, o desemprego, a inadimplência vão infelicitando eleitores e não eleitores do PT.
O megaescândalo do petrolão estilhaçou a Petrobrás, orgulho nacional, tomada de assalto pelo aqui citado contubérnio. Mas, assim como o ex-ministro Joaquim Barbosa surgiu alguém que fez a diferença, o juiz Sérgio Moro, destacando-se também o trabalho da Polícia Federal e de procuradores na 0peração Lava Jato. Nesta ação inédita no Brasil estão indo para cadeia não só doleiros e auxiliares da rapina chamados de operadores, mas também presidentes das maiores empreiteiras, seus diretores e ocupantes de altos cargos na Petrobras.

Possivelmente, o povo tomaria conhecimento desses fatos com indiferença se não fosse o esboroar da economia, pois é certo que não há governo que resista quando a economia vai mal. Junte-se a isso a inconformidade popular que não aceita pagar pela incompetência governamental e temos o resultado da última pesquisa Datafolha, na qual Rousseff aparece como a pior presidente que o Brasil já teve, com 71% de reprovação e só 8% de aprovação.
É dito, falseando a questão, que um impeachment da inoperante presidente levaria ao caos institucional. Quando Collor, com grande participação do PT, sofreu o impeachment por muito menos do que hoje ocorre, as instituições ficaram intactas.

Falso também a presidente dizer-se intocável porque foi eleita pelo voto. Uma coisa é autoridade legal, outra é autoridade legítima. No momento ela não é mais legitimada pela população e o que se chama de crise política pode ser traduzida por crise de representatividade. Ela não representa mais o povo cansado de seu estelionato eleitoral e de sua incompetência.

O PT legou ao Brasil uma crise política de representatividade, uma crise econômica e uma crise de valores. A saída de Rousseff da presidência, dentro dos trâmites legais não é golpe. Golpe é sua permanência. Afinal, a emblemática segunda prisão de Jose Dirceu demonstrou que o PT nunca agiu em nome da causa, mas em causa própria. Não dá para suportar mais um governo assim. A causa caiu.

* Socióloga

www.maluvibar.blogspot.com.br
 

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  • Evaristo E. De Miranda
  • 07 Agosto 2015

(Publicado originalmente em O Estado de São Paulo de 25/07/2015)

A encíclica Laudato Si, do papa Francisco, emprega 74 vezes a palavra “natureza”, 55 vezes “meio ambiente” e uma só vez a expressão “Jesus Cristo”, aquela que designa a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Já o mestre, não divinizado, chamado apenas de Jesus, aparece 22 vezes, o mesmo número de citações de “tecnologia” e menos de metade da “ciência”, evocada 55 vezes. Contudo, a Academia Pontifícia de Ciências, com mais de uma dezena de Prêmios Nobel, parece não ter contribuído muito e não é evocada. A palavra democracia não existe no texto.

A encíclica é densa. A questão ecológica é abordada não apenas em sua dimensão “natural”, mas no contexto humano, social, político, religioso e cultural. Fato raro, o papa fala na primeira pessoa do singular e deixa de lado o “nós”, característico de pronunciamentos pontifícios. Ele se dirige a crentes e não crentes e evoca a responsabilidade de todos em gerir a Terra: nossa casa comum. E defende um crescimento econômico com temperança e sobriedade, fundado em mudanças de comportamentos.

A encíclica não usa uma única vez as palavras capitalismo e socialismo. Já alguns “ismos” são de uso amplo: consumismo, individualismo, relativismo, antropocentrismo, ceticismo. Sobre um documento que coloca muitos questionamentos, cabem algumas questões.

Ciente da complexidade do tema, o papa reitera: “Há discussões sobre problemas relativos ao meio ambiente, onde é difícil chegar a um consenso. Repito uma vez mais que a Igreja não pretende definir as questões científicas nem substituir-se à política, mas convido a um debate honesto e transparente, para que as necessidades particulares ou as ideologias não lesem o bem comum” (188). Pode-se indagar: os homens e as sociedades podem ser geridos por consenso? Quais ideologias lesam o bem comum? Quem pode identificá-las? Qual a diferença entre necessidades (termo da encíclica) e interesses (termo na mídia) particulares na temática ambiental?

O balanço ecológico do progresso planetário, logo no primeiro capítulo, é negativo, pessimista e pouco equilibrado. Ele fala de poluição generalizada provocando milhares de mortes prematuras. Contudo, mais generalizado ainda foi o aumento da esperança de vida e da educação em todo o planeta, acompanhando o crescimento industrial e a tecnificação da agricultura. Nunca se viveu tanto, nunca se comeu tanto nem se estudou e se votou tanto em todo o planeta.
Problemas de poluição não existiam em sociedades pré-históricas. Se eles são concomitantes ao desenvolvimento, também foram e são resolvidos pelos avanços da ciência e da tecnologia. O desenvolvimento econômico é essencial para generalizar essas soluções e não transferir problemas. A exportação de indústrias poluidoras para países periféricos, estratégia de limpeza ambiental praticada há décadas por nações desenvolvidas, não foi lembrada na encíclica.

“Em muitos lugares do planeta, os idosos recordam com saudade as paisagens de outrora, que agora veem submersas de lixo” (21). Essa afirmação parece um pouco reducionista quando consideradas as condições insalubres nas quais se vivia até o começo do século 20 na Europa e nas quais ainda vive grande parte da população mundial. Não há razão para não investir numa gestão mais eficiente dos resíduos e na redução de sua produção, mas as paisagens de outrora, mesmo na Europa, sem drenagem ou barragens, eram marcadas por enchentes, epidemias, doenças crônicas, períodos de fome, com pessoas subnutridas em hábitats insalubres, sem aquecimento ou energia elétrica.

Sociedades economicamente desenvolvidas têm meios para cuidar de sua biodiversidade, reduzir a poluição, proteger e manter limpos mares e rios. Elas universalizaram o saneamento básico com tecnologias avançadas de gestão de efluentes. Em países ricos, o ciclo de vida das mercadorias é planejado; o lixo é classificado e reciclado; ecossistemas são preservados e desfrutados por uma população com amplas garantias sociais e acesso a intensa vida cultural.
Ao associar o uso de insumos modernos na agricultura apenas a seus possíveis efeitos tóxicos, a encíclica não faz justiça à segurança alimentar conquistada por recordes de produção. Nem aos ganhos de qualidade nutritiva e sanitária e à queda no preço dos alimentos que esses mesmos insumos, frutos de ciência e tecnologia, permitiram obter, beneficiando, sobretudo, os mais pobres. Unilaterais, os oráculos consultados pelo papa não tiveram aqui e alhures o justo equilíbrio. “Para os países pobres, as prioridades devem ser a erradicação da miséria e o desenvolvimento social dos seus habitantes” (172), diz o papa. Como atingir esses objetivos sem crescimento econômico e novas técnicas e tecnologias? Por consenso?

O papa Paulo VI já evocara o tema ambiental, em 1971, na Pacem in terris. S. João Paulo II foi o primeiro a convidar para uma conversão ecológica, apesar de a mídia tratar a ideia como novidade da Laudato Si. Ele o fez em 2002, com o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, numa declaração comum pela salvaguarda da Criação, em Veneza.

Bento XVI tratou de ecologia ao longo de todo o pontificado. Graças a ele, o menor Estado do planeta tornou-se neutro em emissão de carbono e adotou metas ambientais ambiciosas. Não há indústria poluidora em seus 44 hectares (só faltava!). O papamóvel foi transformado em veículo flex. Painéis solares fornecem energia para a sala de audiências ao lado da Basílica de S. Pedro. Bento XVI também plantou uma floresta de 7 mil hectares na Hungria, destinada a compensar as emissões de gases de efeito estufa do Vaticano. Se o papa Francisco pode dirigir injunções ambientais aos outros países, é porque também, de certa forma, o Vaticano fez sua lição de casa.

*Evaristo E. De Miranda é pesquisador da Embrapa, doutor em Ecologia, é diretor do Instituto Ciência e Fé.
 

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  • Augusto de Franco
  • 07 Agosto 2015

(O autor foi o coordenador do primeiro Congresso do PT...)

O que está acontecendo com o PT não é um fenômeno isolado. Aconteceu com vários grupos da esquerda autocrática depois da queda do muro de Berlim. Sobretudo na América Latina, em que muitos dirigentes de organizações ditas revolucionárias enveredaram para o crime.

Conheci vários desses militantes que viraram bandidos. Daniel Ortega, da Frente Sandinista, hoje presidente da Nicarágua, foi um deles. Me lembro como se fosse hoje. Ele foi convidado de honra no I Congresso do PT (que coordenei), no final de 1991. Chegando lá, no Hotel Pampa, em São Bernardo, Daniel pediu logo ao tesoureiro do PT à época, se não podia arranjar umas prostitutas. Esse Daniel e seu irmão Humberto, eram teleguiados de Fidel, que lhes passava pitos, aos berros. Reuniões decisivas para o futuro da chamada revolução sandinista foram realizadas em Havana, sob o comando de Fidel. E enquanto as bases petistas da Igreja idolatravam por aqui os sandinistas como expoentes de uma nova espiritualidade dos pobres, esses bandidos assaltavam patrimônio público (inclusive passavam para seus nomes propriedades imóveis) do Estado nicaraguense.

O mesmo ocorreu com gente da Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional de El Salvador, que também está no governo. Aconteceu com o Mir (e com o Mir Militar) chileno, com alguns Tupamaros, com as FARC colombianas e, é claro, com a nova leva de bolivarianos, que não tinham tanta tradição de esquerda, como Chávez, Maduro e Cabello (mas aí já estamos falando de delinquentes da pior espécie, que inclusive chefiam o narcotráfico na região) e como Rafael Correa e Evo Morales. Bem, para resumir, aconteceu com boa parte das organizações e pessoas que frequentam as reuniões do Foro de São Paulo (fundado, não por acaso, um ano depois da queda do muro - e eu estava presente na reunião de fundação, no Hotel Danúbio).

Não dando certo a revolução pela insurreição, pelo foquismo ou pela guerra popular prolongada, essa galera chegou à conclusão de que seria preciso fazer a revolução pela corrupção. Bastaria adotar a via eleitoral contra a democracia e depois assaltar o Estado para financiar um esquema de poder de longo prazo. O plano era simples: conquistar hegemonia sobre a sociedade a partir do Estado aparelhado pelo partido. O objetivo era claro: chegar ao governo pela via eleitoral, tomar o poder e nunca mais sair do governo. Para isso, entretanto, era necessário, além do tradicional caixa 2, fazer um caixa 3, encarregado de custear ações legais e ilegais, ostensivas e clandestinas, para controlar as instituições, comprar aliados, remover ou neutralizar obstáculos...

Afinal, pensaram eles: as elites não fizeram sempre assim? Para jogar o jogo duro do poder não se pode ter escrúpulos. Foi essa a conclusão de Lula, Dirceu e dos dirigentes petistas que tomaram o mesmo caminho. É claro que, como ninguém é de ferro e como não se pode amarrar a boca do boi que debulha, alguma compensação em vida esses bravos revolucionários mereciam ter. E foi assim que enriqueceram, abriram contas secretas no exterior para guardar os frutos dos seus crimes, adquiriram bens móveis e imóveis em nome próprio ou de terceiros e foram levando a vida numa boa enquanto o paraíso comunista não chegasse.

O ano de 1989 foi decisivo para essa degeneração política e moral da esquerda. Mas o que aconteceu não foi um resultado do somatório de desvios individuais. Não! Eles viram que seria muito difícil conquistar o mundo e assumir o comando de seus próprios países, contrapondo um bloco a outro bloco. O bloco dito comunista se desfez. A União Soviética derreteu em 1991. Ruiu tudo. E agora? Bem, agora - pensaram eles - seria necessário ter uma nova estratégia. E eis que surgiu uma ideologia pervertida, baseada numa fusão escrota de maquiavelismo (realpolitik exacerbada) com gramscismo. Eles, como operadores políticos, conduziriam a realpolitik sem o menor pudor, enquanto que pediriam ajuda aos universitários para dar tratos à bola do gramscismo (e reproduzir mais militantes nas madrassas em que se transformaram as universidades).

No Brasil, porém, parece que erraram no timing. Precisariam de mais uns três ou quatro anos para ter tudo dominado, dos tribunais superiores, passando pelo Congresso, pelo movimento sindical e pelos fundos de pensão, pelos (falsos) movimentos sociais que atuam como correias de transmissão do partido, pela academia colonizada, pelas ONGs que se transformaram em organizações neo-governamentais, por uma blogosfera suja financiada com dinheiro de estatais e por grandes empresas (com destaque para as empreiteiras, atraídas pela promessa de lucros incessantes quase eternos se estivessem aliadas a um sólido projeto de poder de longo prazo).

Não deu tempo. O plano foi descoberto antes que as instituições fossem completamente degeneradas. E chegamos então a este agosto de 2015, ano em que alguns desses dirigentes vão começar a assistir, de seus camarotes na prisão, o desmoronamento do esquema maléfico que urdiram.
 

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  • Leo Iolovitch
  • 06 Agosto 2015


Era criança e ficava com meu pai contemplando as estrelas, eu admirava extasiado aqueles minúsculos pontos brilhando no céu. As luzes da cidade impedem que se veja com a mesma nitidez, do que quando se está num local afastado, onde é escuro e olhar o céu torna-se um espetáculo deslumbrante. Na escuridão da noite passávamos algum tempo admirando a lua e as estrelas. Eu fazia perguntas e mais perguntas e o pai paciencioso respondia, desfrutando o prazer daquele diálogo.
Uma ocasião ele pediu que eu escolhesse uma estrela, identificasse uma dentre todas aquelas que eram objeto de nossa contemplação. Fiquei em dificuldade, mas ele insistiu: “fixa o olhar e escolhe uma, não precisa me mostrar”. Levei algum tempo, me detive numa e falei que já tinha escolhido. Perguntou se eu sabia bem qual era ela, ao que respondi afirmativamente. Ele esperou um pouco e disse a partir daquele momento aquela estrela era minha. Percebendo minha incredulidade ele reafirmou com a inquestionável autoridade paterna, dizendo que como existiam muitas, bastava eu querer que ela seria minha, ele estava me assegurando, usando um tom persuasivo tão convincente como um título de propriedade.

Sempre que olhava para o céu ficava buscado a “minha” estrela, mas com alguma incerteza, de como poderia ser dono de algo que não podia tocar, que era intangível. Talvez estivesse precocemente intuindo uma questão de Direito Civil, de uma propriedade sem título, nem posse. Porém, a assertiva paterna afastava ou pelo menos diminuía minha dúvida de natureza dominial. Ademais, a questão era quase um segredo, entre eu, meu pai e aquela estrela, que fazia com que me sentisse rico; sem que - naquele tempo - soubesse aquilatar a dimensão daquela riqueza.

Passaram-se os anos. Na adolescência eu ri do episódio, quando me lembrei dele e o coloquei na conta de um pai que ludibriou o filho com uma conversa fiada, que poderia ter agido melhor dando uma bola ou uma bicicleta. Com a irreverência própria da juventude, me permiti pensar que o velho fora um sacana.

Mas o tempo passa, as coisas mudam e nós mudamos também. Porém, o céu permanece igual. O que pode mudar é a forma de observá-lo, que permite identificar coisas que outros não conseguem perceber.

No silêncio e na escuridão da noite posso desfrutar o privilégio da contemplação do firmamento, acalentar o gozo da minha riqueza extraordinária de ser o dono de uma estrela, que não necessita título, nem posse e, muito menos, obrigação de declarar no imposto de renda. É um patrimônio secreto que me exige apenas o exercício de procurá-la na imensidão do céu, localizá-la no meio da noite, para reafirmar o quanto é inquestionável a minha propriedade sobre a aquele tesouro, que recebi do meu pai.

Ao fazer este relato, estou desvelando parte de um segredo, mas que se revela apenas parcialmente, pois não disse onde ela fica e nem pretendo contar. Quem sabe talvez um dia, ou melhor, uma noite, possa localizá-la para os meus netos, se quiserem - ao meu lado - procurar estrelas no céu. 

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  • Augusto Nunes
  • 06 Agosto 2015

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/secao/direto-ao-ponto/

Conforme as circunstâncias e as conveniências, o companheiro José Dirceu jura ter feito o que nunca fez ou nega ter sido o que comprovadamente foi. Despejado da Casa Civil em junho de 2005, por exemplo, o doutor em luta armada que só atirou com balas de festim caprichou na pose de guerrilheiro condecorado para proclamar-se “camarada de armas” de Dilma Rousseff. Em novembro de 2010, no trecho do Roda Viva reproduzido no vídeo acima, amputou um bom pedaço da biografia com a frase espantosa: “Eu não era deputado no governo Fernando Henrique”.

“Eu fui eleito em 78?, acrescentou sem ficar ruborizado. Só se foi eleito Comerciário do Ano de Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, onde se entrincheirou na caixa registradora do Magazine do Homem entre 1975 e 1979, quando a decretação da anistia animou o falso Carlos Henrique Gouveia de Mello a restaurar o nome de batismo e retomar a militância política. Elegeu-se deputado federal em 1990. Derrotado na disputa pelo governo federal em 1994, assumiu no ano seguinte a presidência do PT.

Durante o primeiro mandato de FHC, o comandante do partido fez o diabo para impedir que o inimigo vitorioso governasse. De volta à Câmara em 1998, liderou a mais raivosa bancada oposicionista da história do Congresso: todos os projetos e propostas do presidente tucano foram rejeitadas pela tropa em permanente estado de beligerância. A menos que um gêmeo univitelino tenha assumido o papel do irmão durante esse largo período, as fotos que aparecem no fim do vídeo comprovam que o ex-deputado federal José Dirceu é capaz até de negar que José Dirceu foi deputado federal.
Coerentemente, o chefe da quadrilha do mensalão continua jurando que não chefiou a quadrilha do mensalão.

revisivelmente, o reincidente sem cura alcançado pela Operação Lava Jato agora faz de conta que conhece só de vista os diretores da Petrobras que nomeou, que nunca ouviu falar nos empresários que extorquiu disfarçado de consultor e que soube do Petrolão pelos jornais. Muita gente anda recuperando a memória em Curitiba. E se o guerreiro abandonado por oficiais e soldados rasos revogasse a opção pela amnésia?

“É mais fácil matarem Dirceu do que ele fazer uma delação”, garantiu nesta terça-feira seu advogado Roberto Podval. Aos 69 anos, José Dirceu pode descobrir que nada é mais difícil e mais absurdo que morrer na cadeia por Lula.
 

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  • Graça Salgueiro
  • 06 Agosto 2015

(Publicado originalmente em www.midiasemmascara.org)

Embaixada dos EUA é reaberta em Cuba no mesmo prédio onde deixou de funcionar, há mais de 50 anos.

No dia 20 de julho o presidente Obama selou com o ditador Raúl Castro o fim das hostilidades entre os dois países, reabrindo suas antigas embaixadas nos mesmos edifícios onde funcionavam antes. Da noite para o dia, Cuba foi cirurgicamente higienizada dos cartazes que antes xingavam e mandavam àquele lugar o país do Tio Sam. Nas ruas uns comemoravam, enquanto outros, lúcidos, diziam não acreditar em mudança real e benéfica para o povão, o cubano “a pé”. E estavam cobertos de razão.

Antes da reabertura das embaixadas Obama já havia retirado Cuba da lista de países que colaboram com o terrorismo internacional, fechando os olhos para os incontáveis terroristas, de todas as nações, que buscam abrigo na ilha caribenha por saber que lá não existe acordo de extradição com nenhum outro país do mundo. As FARC estão em Havana desde setembro de 2012, fingindo querer selar um acordo de paz com o governo colombiano, mas é desde lá, com o apoio irrestrito e orientações dos irmãos Castro, que o grupo narco-comunista faz negócios de armas e drogas, planeja novos ataques terroristas e elabora novas formas de tomada do poder, e a tudo isso o presidente apátrida Juan Manuel Santos diz amén.

No dia 26 de julho, a ditadura cubana comemorou o 62º aniversário do assalto ao Quartel Moncada, em Santiago de Cuba, a segunda fortaleza militar do país, cujo feito acabou num rotundo fracasso, e a centena de seguidores de Fidel Castro acabou morta ou na prisão, entre os quais o próprio Fidel. Em Las Tunas, junto à Praça da Revolução, o Ministério do Interior instalou um posto de “inspeção” para controlar possíveis manifestações contrárias à ditadura. A sala de navegação de internet não funcionou, e o empresa de telecomunicações informou com candura: “não há conexão”. Isso poucos dias depois do restabelecimento das relações com os Estados Unidos.

No mesmo domingo 26, uns 60 opositores foram detidos em Havana após a marcha das Damas de Branco. As mulheres assistiram a uma missa e depois se concentraram no parque Mahatma Ghandi para prestar homenagem aos opositores Oswaldo Payá e Harold Cepero, mortos há 3 anos e que, pelas circunstâncias, não há dúvida de que foram assassinados pela ditadura. Antes da marcha várias mulheres já haviam sido presas, bem como jornalistas independentes, e outros tiveram suas casas sitiadas pela Segurança do Estado para não participar dessas manifestações.

Obama também já fala em devolver a base naval de Guantánamo e mostra nítido interesse em suspender o embargo, embora para tanto necessite da aprovação do Congresso. A pré-candidata presidencial pelo Partido Democrata, Hillary Clinton, está muito empenhada em terminar com esse embargo, alegando que é preciso abandonar as “falidas políticas do passado”, e fará campanha na Florida, reduto de exilados cubanos, onde certamente não encontrará respaldo. Dois pré-candidatos republicanos, Jeb Bush e Marco Rubio, se opõem vigorosamente ao fim do embargo e Marco Rubio, que é cubano-americano, disse que se ganhar as eleições irá romper esse acordo feito com Obama.

Sempre me impressionou como governantes de países democráticos, que gozam de total liberdade para decidir seus destinos, possam apoiar uma ditadura genocida e terrorista como Cuba. E agora, com o apoio total do país mais poderoso do mundo, livrando os ditadores Castro de qualquer responsabilidade por seus crimes, com o apoio financeiro dado pelo Brasil com a ampliação do Porto de Mariel e do aeroporto José Martí. Com a consagração de Cuba no II Encontro da CELAC em janeiro do ano passado, Cuba, ou, mais precisamente, os velhos abutres Castro, renascem das cinzas como uma fênix macabra, que engorda suas arcas pessoais com milhares de euros e dólares, enquanto continuam oprimindo e encarcerando aqueles que clamam por liberdade, trabalho digno e o direito a três refeições por dia.

Cuba não tem nada a oferecer aos empresarios estrangeiros, ávidos por lucros, pois não produz nada além de miséria e fome. E prostituição como meio de sobrevivência. Para o cubano a pé nada mudou, nada vai mudar, enquanto o principal não for destruído: o maldito regime comunista e o fim do império castrista, do qual Obama é admirador e principal mantenedor, por isso dá tudo que lhe é exigido sem nenhuma contrapartida. 

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