(Publicado originalmente no Estadão)
Tivesse mantido a aura de médico sanitarista, prefeito bem-sucedido de Ribeirão Preto (SP) e ás do diálogo e da composição, Palocci teria todas as condições para disputar a sucessão de Lula em 2010. Tinha um patrimônio pessoal: sólidas relações em três mundos cada vez mais embolados, o político, o empresarial e o financeiro. E tinha um patrimônio herdado de Lula: o crescimento econômico de 7,5% naquele ano.
Seria imbatível dentro do governo, da base aliada e do próprio PT, já que José Dirceu tinha a máquina do partido, mas jamais foi próximo o suficiente de Lula para ser lançado por ele à Presidência e começou a balançar já no início da era petista, quando seu braço direito, Waldomiro Diniz, foi flagrado pedindo propina… a um bicheiro. Dirceu foi afundando até ser tragado pelo mensalão. Quanto mais ele submergia, mais Palocci emergia.
Dirceu caiu da Casa Civil de Lula em junho de 2005 e Palocci caiu da Fazenda menos de um ano depois, metido numa casa suspeita no bairro mais rico de Brasília e em figurinos bem diferentes do jaleco do médico do bem, cara bonachão, maridão exemplar, político acima de qualquer suspeita. Segundo o caseiro Francenildo Pereira, a tal casa era usada para orgias à noite e para acomodar pastas de dinheiro durante o dia.
O destino ainda deu uma segunda chance a Palocci. Por intermédio de Lula, virou o cérebro da campanha de Dilma Rousseff, caiu nas graças dela e voltou por cima a Brasília: do antigo Ministério da Fazenda, subiu para a chefia da Casa Civil, no Planalto. Mas ele desabou de novo, agora sob o peso de contas milionárias, empresas mal explicadas e negócios esquisitos que, tantos anos depois, continuam vagando como fantasmas – dele e do PT.
O “Italiano”, como Palocci é chamado nos e-mails da Odebrecht, deveria ser o guardião da economia nacional, mas cuidava era das contas milionárias do PT e era pau para toda obra da maior empreiteira do País. É suspeito de dar jeitinhos para ajustar regras de IPI numa medida provisória, favorecer a empresa no nebuloso negócio dos navios-sonda e mergulhar até no projeto de submarinos da Marinha, o Prosub. Como “é dando que se recebe”, Palocci é acusado pelos investigadores de dar uma força para a Odebrecht com uma das mãos e embolsar uma gorda porcentagem com a outra.
Lá atrás, com a queda de Dirceu e de Palocci em 2005 e 2006, Lula chegou a namorar a tese de um terceiro mandato, mas os amigos e o bom senso entraram em campo para dissuadi-lo dessa saída “bolivariana” e só restou para sua sucessão em 2010 o nome de Dilma, que não tinha a liderança política de Dirceu nem a habilidade pessoal e o trânsito de Palocci. Uma tragédia.
A vida não é feita de “se”, mas impossível não derivar para uma reflexão quando Palocci é preso pela Lava Jato: se fosse realmente grande, como se imaginava, ele poderia ter sido o candidato do PT à Presidência em 2010 e toda a história poderia ter sido muito diferente. Mas Palocci, segundo o despacho de Moro, preferiu usar as campanhas e os mais altos cargos da República para achacar empresários, fazer negócios escusos e amealhar a bagatela de R$ 128 milhões (fora os R$ 70 milhões ainda em investigação) para o PT. Moral da história: ao tentar eternizar o partido no poder, ele se transformou no oposto – em agente decisivo para ameaçar o PT de extermínio.
Publicado originalmente em http://rodrigoconstantino.com/
O inglês é um povo diferente mesmo. Responsável pela civilização ocidental como a conhecemos, em grande medida, foi esse povo que nos forneceu dois dos grandes estadistas que impediram, em seus respectivos tempos, o declínio de tal civilização: Churchill e Thatcher. Essa, aliás, tinha sempre razão mesmo: não queria a união forçada com o resto da Europa. A mulher sabia das coisas, e por isso não é enaltecida pelas feministas, apesar de ter sido pioneira em tudo, independente, bem-sucedida. É porque era conservadora.
Agora os ingleses uma vez mais tomam uma decisão impactante. Será o começo da salvação da Europa novamente? Ninguém sabe ao certo. O futuro é imprevisível. A imprensa em geral, o establishment político, a elite intelectual e financeira, todos têm lamentado a decisão e muitos entraram até em pânico: o “fim da globalização”, alegam. Tenho resgatado artigos meus mostrando que não é bem assim, que há todo um contexto explicando a escolha dos ingleses, e que ela pode fazer sentido sim.
Mas, agora, vou tentar explicar as razões dos ingleses nessa decisão com base em uma única imagem. Mérito do meu amigo Roberto Rachewsky, que a publicou, comentando: “Elisabeth II carrega sua própria sombrinha, já a socialista Anne Hidalgo, prefeita de Paris, precisa de um serviçal para carregar a sua”. A rainha da Inglaterra, velhinha, pode carregar sua própria sombrinha, mas a jovem política precisa de assistentes apenas para isso. Como uma “presidenta” que conhecemos e que, felizmente, está afastada do cargo, diga-se de passagem *. Vejam:
Os ingleses não querem carregar a sombrinha dos outros. Entendeu? Eles querem uma rainha independente, capaz de andar com as próprias pernas, não esses políticos e burocratas encantados com o aparato estatal, uma neo-aristocracia que fala em igualdade o tempo todo, mas age como se fosse… da família real! Ou pior: com mais privilégios do que o rei ou a rainha.
Quer moleza, quer luxo, quer conforto? Então tem que trabalhar por isso! Cada um! Os ingleses já flertaram com o socialismo fabiano sim. Foi justamente quando Thatcher veio lhes salvar. Será que Nigel Farage será o novo resgate? Será que a Inglaterra vai produzir algum novo estadista que poderá liderar seu país – e por tabela o mundo, pois é sempre assim – na direção correta, para longe desse globalismo forçado com o poder todo concentrado nos políticos e burocratas em Bruxelas?
Não sabemos ainda. Mas enquanto esperamos – e torcemos – já podemos bradar: God Save the Queen!
* Eis a imagem que mostra nossa “realeza” tupiniquim, a “mãe do povo”, a representante “popular” que luta por igualdade:
Para Dilma não basta um serviçal levando a sombrinha. É preciso mais! Cada membro da família deve ter um, para mostrar como se constrói igualdade na prática. Esses socialistas…
(Publicado originalmente em pontocritico.com)
ASSUNTO PREDOMINANTE
Desde o momento em que foi divulgado o resultado da votação do referendo que decidiu pela saída do Reino Unido da Comunidade Europeia, os meios de comunicação do mundo todo tentam entender e explicar o que pode acontecer daqui para frente, não só no ambiente econômico europeu como também em todo o planeta.
ESPECULAÇÕES
Como ninguém consegue enxergar um palmo a frente do próprio nariz, diante do inesperado resultado, o que mais se vê, ou lê, é produto de especulações, que passam pelo total desconhecimento das razões que levaram mais da metade dos eleitores a se decidir pelo -Leave-, e vão até a presunção de que o divórcio representará o fim do mundo europeu unido.
CUSTO BUROCRÁTICO
Pois, no meu entender, de todos os motivos que levaram a maioria dos britânicos a se decidirem pelo desenlace, o mais inteligente, que os meios de comunicação estão sonegando à opinião pública, diz respeito ao tamanho do CUSTO e da FANTÁSTICA BUROCRACIA que se transformou a Organização denominada Comunidade Europeia, que ainda por cima limitou a liberdade econômica dos países realmente produtores.
ESTRUTURA -ESTATAL-
Aliás, bem antes de tomar qualquer partido, ou lado, sugiro que os leitores menos informados procurem esclarecimentos sobre o quanto representa em termos de competitividade a participação na UE. Procurem saber o que significa a faustosa estrutura administrativa -estatal- que foi montada em Bruxelas. A partir daí creio que ficarão ao lado dos eleitores que se decidiram pelo -LEAVE-.
VÍDEO
A título de colaboração, eis o que informa o importante conteúdo deste vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=QbjYi1QrTWY). Mesmo que muitas dúvidas permaneçam, pois é impossível prever o que vai acontecer daqui para frente, ou até que o horizonte fique mais claro, só por aí é possível iniciar o entendimento da separação.
INFLUÊNCIA
De qualquer forma, o que já é possível deduzir é o efeito que a decisão tomada pelos britânicos pode influenciar eleitores de outros países que fazem parte da Comunidade Europeia. Mais: se os mais interessados em se divorciar virem o vídeo acima, certamente chegarão à conclusão do quanto é elevado o CUSTO de participação e o quanto é diminuta a LIBERDADE econômica.
PAPEL INSIGNIFICANTE
Ah, quanto aos problemas alegados, de que o nosso país pode enfrentar com o problema europeu, é bom que todos saibam que o Brasil tem um papel caricato no comércio internacional. Isto quer dizer, com todas as letras e números, que a nossa participação não passa de 1% dos negócios feitos no mundo todo. Insignificante, portanto.
Publicado originalmente em www.alertatotal.net
Na crônica intitulada "Impaciência" (Estadão de 19/06/16) Luis Fernando Veríssimo - não sei se com malícia ou não - traz uma eficaz armadilha para capturar a consciência dos ingênuos. Veja-se o ardil.
Ele começa evocando o cinema americano, lembrando as artificiais cenas de pancadaria que iludem a percepção dos expectadores. A alusão produz imagens mentais, estratagema útil para ativar, no leitor, a "percepção estética", que é uma das formas de enxergar o mundo - ao lado da percepção empírica, filosófica, científica, etc. (A "percepção estética", aliás, é a que prevalece em adolescentes e artistas; embora imprescindível, longe está de ser a mais importante.) Delimitado esse território para os movimentos da reflexão do leitor, ele passa a um paralelo: coloca de um lado, a "justiça" exibida nos filmes americanos (de soluções rápidas, como gostariam todos os indignados, mas tão ilusória quanto as cenas de pancadaria); de outro, a "justiça" brasileira, tida por morosa e desigual. "Mas a expectativa mais irreal que o cinema americano nos legou foi a da justiça rápida", diz ele.
E ainda faz algumas ponderações elegantes, o que enseja ao leitor desavisado tomá-lo por isento: "A impaciência com a morosidade da Justiça é compreensível mas nem sempre é cabível. A demora não é uma peculiaridade brasileira, e é antiga."
Depois, deixa mais claro a que vem: "(...) as idas e vindas de um processo judicial existem para prevenir o erro, proteger do arbítrio e garantir os direitos de todos até o último recurso (...) a Justiça americana, além de também não ser de cinema, peca tanto pela ausência de instâncias e trâmites quanto a nossa pelo excesso. Com o agravante que lá erros judiciais muitas vezes não recorridos podem resultar em sentenças de morte." É verdade. Mas a sua omissão de algumas pertinentes ressalvas deixa o argumento incompleto, impreciso e adaptável a qualquer causa. E aqui vai uma pista: a turma do Veríssimo só resolveu valorizar a complexidade processual (muitos recursos!) depois da recente decisão do STF que autoriza cumprimento de pena já a partir da condenação em segundo grau, levando os "companheiros " condenados na Lava Jato a perder a possibilidade de enrolar indefinidamente o judiciário.
Veríssimo critica o que chama de "sistema judicial esclerosado", mas pondera - quem quiser que o tome por imparcial - que as "delongas", causadoras de impaciência, "são o que nos protege de uma Justiça, digamos, cinematográfica demais [de respostas rápidas]."
E na preparação do seu "gran finale", o veneno vem de carona, à semelhança daqueles alimentos apetitosos sobre os quais, uma vez que decidimos comer, é melhor não pensar - gordura trans, sódio, muito açúcar branco e farinha refinada... Ele oferece uma ilação bem ao gosto do leitor médio, adicionando a gordurinha que vai obstruir as artérias do pensamento: "Talvez a impaciência com a demora do processo judicial no Brasil tenha se agravado com o novo protagonismo do Supremo, instigado a se agilizar para acompanhar o açodamento da Lava Jato e da Polícia Federal, e não perder sua relevância no vertiginoso jogo político brasileiro."
Belo truque. Na literalidade do texto, o "açodamento da Lava Jato e da Polícia Federal" tem status de ideia acessória, enquanto a ideia principal é o "agravamento da impaciência com a demora do processo judicial". Mas é principal só na literalidade, porque o que interessa mesmo ao propósito da crônica é o acessório, isto é, que o leitor fixe , residualmente, a imagem de uma Polícia Federal (e toda a Lava Jato) "açodada" e disposta a atropelar a lei para ficar mais cinematográfica. O cérebro do leitor, concentrado no principal, não critica o acessório, que vai grudando nos vasos da consciência.
Agora, em que se baseia Luis Fernando Veríssimo para acusar a Polícia Federal e a Força-Tarefa da Lava Jato de açodamento? Ele não explicita os pressupostos. Ah, mas é só uma crônica! Sim, um bom subterfúgio para difundir sem responsabilidade uma ideia. É o colesterol que vai esclerosar o discernimento do leitor ingênuo. Há outros resíduos ideológicos dos quais não me ocuparei.
No fim ele escancara: "Já temos o nosso justiceiro galã, o Moro, falta americanizar o resto." É o clímax. Eis um "argumento de erosão: ele não faz ataque frontal a Sergio Moro, o que poderia suscitar reação de quem tem um conceito bom do juiz. Mas se refere a Moro com expressões que o depreciam e o equiparam a personagem de um filme barato, encobrindo-o numa pátina de vulgaridade, erodindo a imagem que dele projeta na tela mental do leitor. Ora, chamar moro de "justiceiro" é reduzir a sua importância como magistrado. Chamá-lo de "galã" é introduzir, driblando a vigilância crítica do leitor médio, um estigma de vulgaridade na imagem do juiz. O que pretende Luis Fernando Veríssimo, quando insinua que a alta produção da Lava Jato iguala nossa justiça à caricata irresponsabilidade forense dos filmes americanos?
Ele está por completar 80 anos, motivo para ter-lhe respeito. E não quero me sentir minimamente parecido àqueles cretinos de esquerda que atacam com virulência o octogenário Ferreira Gullar, apenas porque o poeta (ex comunista) teve a grandeza, a honestidade intelectual, teve independência de caráter para fazer uma autocrítica e romper com a dogmática do socialismo. Assim, não vou adjetivar o cronista. Limito-me a lamentar que ele sirva a um projeto partidário que ataca a democracia.
E o faz, desta vez, erodindo a imagem de Moro e da Lava Jato.
"O comunismo é intrinsecamente mau" ("Divini Redemptoris").
"[O socialismo] é incompatível com os dogmas da Igreja Católica, pois concebe a própria sociedade como alheia à verdade cristã" [...] "Católico e socialista são termos antitéticos" [...] "Socialismo religioso, socialismo cristão são termos contraditórios. Ninguém pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e verdadeiro socialista" ("Quadragesimo Anno").
São palavras de Pio XI. Palavras infelizmente desprezadas no Campus da Universidade Salesiana que carrega o nome do Papa. O Campus Pio XI, em São Paulo [1], tornou-se de vez centro de reuniões da Frente Brasil Popular. Trata-se de uma orda de militantes, políticos, "intelectuais", ONG's, entidades sindicais e movimentos ditos "sociais" e "populares" que levanta "bandeiras" escrachadamente contrárias aos princípios e orientações da Igreja Católica e que está a serviço do totalitarismo comuno-petistas. Entre os membros da tal "Frente" estão velhos conhecidos: MST, CUT, Contag, Fora do Eixo, Mídia Ninja, Levante Popular da Juventude, UNE, Via Campesina, ABGLT (Associação de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), etc., etc. [2].
O Campus Pio XI já recebeu o ex-Presidente Luiz Inácio [3]. Neste mês de junho, ele acolheu novamente Valter Pomar. O ex-Secretário Executivo do Foro de São Paulo, da organização fundada por Lula e por Fidel Castro para transformar a América Latina na "Patria Grande" comunista [4]. Na imagem ao lado, ele aparece na companhia da deputada federal Luciana Santos - a primeira à esquerda - que é não só filiada, mas presidente do PCdoB - Partido Comunista do Brasil.
Pomar é figura de destaque no XXII Encontro do Foro de São Paulo, evento que está sendo realizado em El Salvador desde o dia 23 de junho, e que tem como anfitrião a "Frente Farabundo Martí para la Liberácion Nacional" (FMLN) - grupo terrorista guerrilheiro comunista que se transformou em partido político e atualmente dita as ordens no país (Cf. imagem) [5].
Um dos eixos do evento comunista é a proposta intensificar a ação dos tais "movimentos sociais" e "populares" para favorecer os interesses e ambições políticas do esquema comunista - no Brasil, transformá-los estrategicamente em "arma" para defender o mandato do fantoche do Foro de São Paulo, a Presidente Dilma Rousseff [6].
As reuniões "Frente Brasil Popular" no Campus Pio XI são uma amostra - entre tantas outras - da desgraçada invasão comunista dentro da Igreja Católica, sobretudo pelo assalto sorrateiro promovido pelos "apóstolos" da nefasta Teologia da Libertação. Porém, elas são mais que isso. São mais que uma ofensa ao Papa. São um açoite contra Aquele que aparece crucificado nas fotos dos conciliábulos comunistas.
REFERÊNCIAS.
[1]. Cf. Instituto Pio XI [http://unisal.br/unidades/pioxi/].
[2]. Cf. [http://frentebrasilpopular.com.br/conteudo/organizacoes-participantes/].
[3]. Cf. [https://www.facebook.com/FrenteBrasilPopular/posts/1783174441905347].
[4]. Cf. "A 'prestação de contas' do ex-Secretário do Foro de São Paulo" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/05/a-prestacao-de-contas-do-ex-secretario.html].
[5]. Cf. "Foro de São Paulo: comunistas se reúnem em El Salvador" [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/foro-de-sao-paulo-comunistas-se-reunem.html]; "Estratégia comuno-petista" [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/estrategia-comuno-petista.html].
[6]. Idem.
ARTIGOS RECOMENDADOS.
BRAGA, Bruno. "CDHM: 'Padre' do PT comanda 'trincheira' comuno-petista [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/cdhm-padre-do-pt-comanda-trincheira.html].
______. "Mariana: 'movimentos populares' e 'trincheira' comuno-petista [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/mariana-movimentos-populares-e.html].
______. "Genézio 'arrebanha' militância comuno-petista em Minas" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/08/genezio-arrebanha-militancia-comuno.html].
Não sei de algo mais abjeto que a traição. Que não seja o maior pecado ou o crime mais imperdoável. Mas nenhum outro pecado ou crime é tão emblemático como a traição, que eternizou a figura do seu protagonista mais famoso: Judas Iscariotes. Aquele que trai é indigno de si mesmo. Por isso ele é o menor de todos os miseráveis. Pois nos perdoarmos a nós mesmos é o maior de todos que possamos enfrentar. Não foi por outro motivo que o apóstolo traidor suicidou-se.
Neste tempo em que o pecado foi abolido de nossas cogitações - porque o diabo foi reduzido a uma figura folclórica, mitológica ou de ingênua crendice popular, para não dizer primitiva - e o crime tornou-se relativo - por exemplo, furtar para um partido ou uma causa que ele represente é um ato de heroismo - não seria de esperar que a traição ficasse na penumbra das abjeções que nos repelem a figura de um traidor?
Sim, pelo raciocínio lógico. Mas "há mais coisas do que sonha nossa vã filosofia". A traição não se livrou da anistia concedida pelo relativismo moral. Que o traidor não seja condenado pelo pecado ou pelo crime que cometeu, porque não há pecado nem crime onde tudo é relativo. Mas continua sendo abominável.
Então eu digo que não pretendo julgar um traidor. Apenas manifesto uma repulsa universal à traição. Que se tornou, infelizmente, banal em nosso tempo que se pretende adiantado na civilização.
Não sufoco meu repúdio a professores que traem a confiança dos pais e se aproveitam da inocência ou imaturidade de seus alunos; a pastores que tosquiam suas ovelhas para se enriquecerem com promessas milagrosas; a clérigos que se refugiam de suas fraquezas, sua carência de fé, para perverter os fiéis que os procuram ao nível de suas baixezas, ou a serviço de uma ideologia que afronta a teologia; a quem se proclama vocacionado para ser público e só se interessa pelo particular que o poder estatal lhe propicia.
Não, eu não esqueci dos artistas e dos intelectuais. Nem dos Jornalistas. Last but not least. São eles as pessoas mais importantes do mundo desde que René Descartes destronou Deus e colocou o homem como o centro do universo. Cogito ergo sum (Penso, logo, existo). Com essa proclamação revolucionária a humanidade começou a escrever os capítulos de uma novela espetacular que até hoje, passados quase quatrocentos anos de sua epifania, continua em cartaz. Milhares de degolados na guilhotina por ordem de Robespierre, dezenas de milhares que tombaram sob as baionetas e os canhões de Napoleão Bonaparte, milhões de pessoas devoradas pelas guerras que envolveram a Europa inteira e a América do Norte, e dezenas, mais de uma centena de milhões de vítimas das revoluções que eclodiram ao redor do mundo - e ainda matam milhares de seres humanos até hoje - não deveriam nos advertir de que o mundo tornou-se bem mais perigoso desde que cogitamos pensar que somos o seu criador?
Minha modesta condição de simples indivíduo e cidadão comum me diz que sim. E me faz imaginar que a imensa maioria de meus semelhantes pensam tal como eu. Afinal, ser um iluminado, progressista é para poucos. Uma elite que despreza a democracia, que só interessa à maioria dos que não foram ungidos com a genialidade que a distingue do comum dos mortais. Dos deuses que a plebe rude recalcitra em não venerar.
Mas voltemos à temática da traição. E à primazia de seus pérfidos combatentes que faz tempo deixaram as trincheiras da luta armada para se infiltrarem nas escolas, nas universidades, na igreja, nos templos e, principalmente, nos veículos que comunicam a cultura das massas, que os jornalistas se especializaram em desinformar para atingirem um resultado que aqueles que os financiam pretendem.
São estes, muito mais do que empresários corruptos ou corruptores; que executivos de empresas estatais nomeados para atender seus padrinhos políticos; que pastores e padres devassos; que professores militantes que, covardemente, fazem proselitismo ideológico ao invés de ensinar seus alunos; são estes, os falsos jornalistas, que formam a infantaria da revolução cultural preconizada por Antònio Gramsci, ideólogo marxista que converteu a delirante profecia da luta de classes - que nunca vingou - em infiltração nas instituições que sustentam a civilização que eles querem destruir, a começar pela mais fundamental de todas - a família.
É isso mesmo, senhores. Não são os livros, os púlpitos, as cátedras, os palcos e muito menos os atores da política que moldam nossa cultura. É a chamada mídia. Nos jornais e revistas impressos, no rádio e na televisão, profissionais do charlatanismo, ignorantes e venais, são os jornalistas os oráculos acessíveis às massas que os consultam.
* Texto motivado pelo artigo Carta aos covardes, do escritor e jornalista Guilherme Fiúza - um desabafo polido, educado, uma catarse que desmistifica a suposta isenção desses profissionais da desinformação a soldo de interesses escusos; que tira a máscara da sua hipocrisia.