Recentemente dois fatos estão tomando conta da mídia de modo marcante e insistente: as olimpíadas do Lula, que começarão daqui alguns dias, e a eleição presidencial norte-americana. As olimpíadas, elucubradas por Lula ou por algum de seus companheiros como o foi a Copa do Mundo do 7 x 1, tem feito brotar aos montes trapalhadas e desacertos oriundos do improviso, da incompetência, do despreparo das autoridades cariocas, notadamente do prefeito Eduardo Paes.
O alcaide, infeliz nas suas graçolas que beiram a grosseria tenta minimizar o caos dos apartamentos da Vila Olímpica, os transtornos no trânsito, os problemas do decantado Veículo Leve sobre trilhos – VLC e muito mais que vem acontecendo. Por tudo isso Paes devia receber o título de prefeito mais desastrado do Brasil.
Para piorar a situação, malgrado o enorme aparato de segurança que baixou no Rio de Janeiro, os assaltos continuam prejudicando e apavorando a população e infernizando atletas e turistas. É a vergonha nacional da violência urbana mostrada ao planeta mesmo antes das Olimpíadas começarem.
Quanto a eleição presidencial norte-americana parece que se dará no Brasil onde se votará em Hillary Clinton. Donald Trump é mostrado como um demônio branco, rico, um bufão desbocado, dotado de retórica forte contra os adversários. Isso lembra dentro das devidas proporções uma figura nossa conhecida que adicionou ao nome a alcunha de Lula.
Na verdade, Luís Inácio Lula da Silva é mais desbocado no quesito palavrão e sua riqueza e patrimônio não têm a mesma origem nem o tamanho da de Trump, o magnata que não gosta de imigrantes ilegais nem de mulçumanos, "sujeito perigoso" que deseja que "a América volte a ser grande". Em todo caso, Trump nunca usou a expressão, "nunca antes nesse país" ou se comparou a Jesus Cristo.
Tem também um traço no discurso de Trump que o faz detestado no Brasil latino-americano: ele encarna a direita e é politicamente incorreto, o que quer dizer que fala o que as pessoas não falam por temor de ficar mal socialmente ou serem punidas, mas pensam e sentem.
Trump, do qual se dizia que não conseguiria os delegados suficientes para obter a indicação do Partido Republicano e, se conseguisse seria barrado, já ultrapassou Hillary nas pesquisas. Sua identificação com o eleitorado se deve a alguns fatores como, por exemplo, a insegurança dos norte-americanos depois do trágico ataque de 2001 às Torres Gêmeas, o surgimento do Estado Islâmico e seus atentados terroristas, as alterações culturais e morais que esbarraram na ética tradicional.
Segundo análise de Peter Hakim presidente emérito do Diálogo Interamericano, publicada no O Estado de S. Paulo em 14 de fevereiro de 2016:
"Muito republicanos se sentem confusos e desconfortáveis com a legalização do casamento gay, com a legalização do uso recreativo da maconha e estão apreensivos com a imigração e as mudanças demográficas que estão transformando uma nação predominantemente cristã, branca e de língua inglesa, numa sociedade de múltiplas línguas, cores e culturas".
Hillary foi oficializada como candidata presidencial do Partido Democrata. Na cerimônia Obama fez um discurso altamente elogioso para sua ex-secretária do Departamento de Estado Americano, hipotecando-lhe precioso apoio.
Curioso lembrar que em 2008, quando disputava a presidência da República com Hillary, "Obama dizia que ela era capaz de qualquer coisa para ser eleita, ironizava sua antipatia e a criticava por ficar do lado das grandes corporações, enquanto trabalhadores perdiam emprego" (Folha de S. Paulo – 28/07/2016). Ela retrucava dizendo que era perigoso alguém inexperiente como Obama chegar a tão algo cargo e o criticava por ter ligações com um empresário acusado de corrupção.
Na convenção de Filadélfia o clima era visivelmente feminista e no seu discurso, cercada por mulheres, disse Hillary: "deixe eu dizer que posso ser a primeira mulher presidente, mas uma de vocês será a próxima". Em um cartaz erguido estava escrito: "Madam Presidenta".
Presidenta faz lembrar que tivemos pela primeira vez uma mulher eleita e reeleita. Aguardando seu impeachment ela foi a pior entre todos os demais presidentes, um pesadelo político que arruinou o Brasil. Não dá para compará-la a Hillary, é claro, mas é bom lembrar que a seletividade com relação a homem ou mulher, branco ou negro, pobre ou rico, não é critério válido para definir alguém como ideal para um cargo público. O que se precisa é de uma pessoa competente, experiente, cujo objetivo se volte para o bem comum.
Quanto a Trump é bom dizer, que quem tem Lula não deve jogar pedra nos políticos de outro país. Mesmo porque, são os norte-americanos que decidirão quem deve ser seu presidente da República e não nós.
* Socióloga
(Publicado originalmente no Estadão)
Em matéria de cinismo, marqueteiro e "presidenta" se equivalem.
Dilma, quem diria, logo dará adeus às ilusões. Nas campanhas eleitorais em que se elegeu e reelegeu graças aos préstimos de João Santana, inventor de patranhas, foi vendida por ele como a "gerentona" mais habilitada a pôr o País nos eixos e guiar a classe operária ao paraíso. Acusada de ter cometido crimes funcionais, o que está para interromper seu mandato, responde pela irresponsabilidade de, por culpa da roubalheira do partido que a adotou, o PT, ter gerado a quebradeira e o desemprego generalizados que condenaram a Nação às piores crises ética, econômica e política da História. E ela ainda se agarra à imagem de ser "pessoalmente honesta", que começa a desabar.
Por ironia da História, uma grave acusação foi feita por esse gênio da lorota de fancaria, cujo depoimento ao juiz Sergio Moro, da Operação Lava Jato, deu mais uma pista concreta de que, de fato, a campanha dela, que ele criou, produziu e dirigiu, foi financiada por dinheiro roubado, de propina de fornecedores da Petrobrás. A iminente homologação da delação premiada do mágico do marketing, de sua mulher, contadora e sócia, Mônica Moura, e de muitos executivos da empreiteira Odebrecht, entre os quais o presidente, Marcelo, prenuncia o fim do refrão com que Dilma enfrenta o impeachment: não levou vantagem financeira em nada nem tem conta em banco no exterior.
Para convencer policiais, procuradores e juiz, o marqueteiro, chamado de Patinhas na juventude pela fértil originalidade de letrista de música popular, na passagem de sucesso pelo jornalismo e na maturidade de publicitário milionário, decidiu abrir o bico como um "canário" da Máfia da Sicília em Chicago. E o faz de maneira cínica, idêntica à usada para inventar a torpe falsidade de um Brasil irreal de pleno emprego, redução da pobreza crônica e competente e honesta gestão dos recursos públicos. Tudo isso foi pago com o fruto do maior assalto desarmado aos cofres públicos da História, que levou à beira da falência a maior estatal do País.
Joãozinho Patinhas teve o desplante de confessar ao juiz que mentiu em depoimento anterior, após se entregar desembarcando do Caribe, "para não destruir a Presidência", uma aparente expressão de lealdade. Mas que, na verdade, continha, de um lado, o compromisso com a força-tarefa de comprometê-la. E, de outro, a ameaça de que se dispunha a "cantar", como um vil delator mafioso, que Dilma disse desprezar. "Eu, que ajudei de certa maneira a eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a Presidência, trazer um problema. Nessa época já iniciava o processo de impeachment, mas ainda não havia nada aberto, e sabia que isso poderia gerar um grave problema até para o próprio Brasil", depôs.
A primeira versão de "Tucano" (nome da cidade baiana onde ele nasceu, adotado como codinome nas planilhas do banco de propinas da Odebrecht) não se sustentava nas próprias pernas: segundo a narrativa, o dinheiro depositado em suas contas teria sido ganho em campanhas no exterior e o pago pelo PT foi sempre legal.
A história atual, endossada por Mônica Moura, é mais lógica: em 21 de julho, o casal admitiu ter recebido no caixa 2 US$ 4,5 milhões para quitar uma dívida da campanha de Dilma em 2010. Naquela mesma quinta-feira, o engenheiro Zwi Skornicki, tido pela força-tarefa da Lava Jato como operador de propina do esquema da Petrobrás (dito petrolão), contou ao juiz Sergio Moro ter depositado, de 2013 a 2014, em conta do casal no exterior US$ 4,5 milhões para saldar parte de uma dívida que o PT lhe ficou devendo durante a campanha.
O valor coincide, mas não o recurso ao "caixa 2", conversa mole de estelionatário confesso, que sempre doura a pílula, tentando desviar a acusação para alguma infração menor. Assim fazem quaisquer flagrados em crime mais grave. Deixo ao atento leitor a decisão sobre a quem dar fé: quem pagou ou quem recebeu a bolada?
Em matéria de cinismo, marqueteiro e "presidenta" se equivalem. O "Feira" dos registros da propina da Odebrecht se arvorou a dar lições de contabilidade fora da lei ao maior especialista em lavagem de dinheiro da Justiça brasileira. Ele disse que milhares, quiçá milhões, de políticos não prestam contas de campanhas corretamente à Justiça Eleitoral. Recorreu a metáforas dignas de sua imaginação: fariam uma fila de Brasília a Manaus, equivalente à Muralha da China, ficando aptos a ser fotografados por satélite. Seria mais persuasivo se delatasse pelo menos uma centena dentre os "98%" dos candidatos, que ele considera trapaceiros como ele.
Os exageros de João do milhão o qualificam como mestre da patroa em desfaçatez. Terá sido de sua lavra a explicação que Dilma deu para o fato de, como presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, ter autorizado a compra da refinaria de Pasadena à Astra Oil? Por que não ocorreu a ela, a conselho de sua protegida Graça Forster, exigir do ex-diretor internacional, Nestor Cerveró, relatório mais detalhado tecnicamente do que o que ela definiu como incompleto, antes de autorizar negócio lesivo ao patrimônio nacional?
Agora recorreu ao estilo de Lula, ao assegurar no Twitter: "Não autorizei pagamento de caixa 2 a ninguém. Se houve pagamento, não foi com meu conhecimento". Esse argumento é fátuo. O professor José Eduardo Martins Cardozo devia ter-lhe ensinado que, no caso, ela será acusada de ter-se beneficiado do dinheiro ilegal na campanha. À Rádio França Internacional, Dilma disse que, feito dois anos após o pleito, o repasse não a atinge, omitindo que a propina pagou dívida contraída para a própria eleição.
A confissão de Santana, Mônica e Skornicki revela que o mantra profano dos partidos acusados – o de terem recebido doações legais e aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – é mentiroso. Parte dessas doações se originou de propinas e as tidas como legais podem ter usado o TSE como lavanderia de dinheiro do furto.
Na edição de 22 de julho último, Zero Hora publicou uma entrevista do jornalista Paulo Anunciação, sobre o Arquivo Vasili Mitrokhin, em particular sobre as atividades do escritor Josué Guimarães como agente nos anos 70. Chama a atenção que, no título da entrevista, foi recortado o trecho que o jornalista enunciou na primeira frase da resposta à última pergunta do entrevistador. O que ele disse, como consta do texto na íntegra, é que “o documento que faz referência a Josué Guimarães não diz que ele era espião ou agente contratado ou que recebeu dinheiro dos soviéticos. Apenas diz que foi incluído na rede da agência (KGB) em Lisboa.” Não é necessário ser um estudioso de espionagem para saber que alguém que foi incluído na “rede da agência” era, no mínimo, um colaborador da KGB, o que é o mesmo que afirmar que desempenhava algum tipo de atividade de espionagem. Pensar diversamente é incorrer em vício de confusão. Mas, como disse, a entrevista segue e trata de elucidar o tema.
Para reforçar a conclusão de que Josué, digamos, no mínimo, colaborava com a KGB, basta ler o prosseguimento da entrevista. Entre 1976 e 1980, segundo Anunciação, o escritor manteve 42 reuniões com os agentes Novikov, Budyakin a Bykov em três cidades/países diferentes. Não é pouco e, certamente, não se tratavam de reuniões literárias. Anunciação esclarece que Josué, de acordo com a nota transcrita por MItrokhin, ”conhecia bem a forma de trabalhar dos serviços secretos soviéticos, nomeadamente quanto às noções de segurança, conspiração e meios pessoais ou impessoais de comunicação.” Convenhamos, é um bom acervo de habilidades. E o próprio jornalista português arremata, de modo impositivo: “... a informação transmitida por Josué Guimarães era tida em alta consideração pelos soviéticos, pois se não fosse assim não teria tido tantas reuniões.”
Zero Hora merece um elogio pela iniciativa da entrevista, depois que repercutiu a reportagem do jornalista Vitor Vieira, do site Videversus. O jornal confirmou, entre outras coisas, que um ícone da literatura do Rio Grande servia à KGB e a um regime criminoso. Este fato não é nada abonatório. Ao final de suas declarações, Anunciação ainda avisa que segredos que os brasileiros gostariam de manter enterrados para sempre estão contidos no Arquivo Mitrokhin. Há muito material desclassificado sobre a América Latina à disposição de pesquisadores. Seria de esperar que Zero Hora se dispusesse a enviar algum profissional até Cambridge para fazer uma investigação sobre qual era o alcance da rede de espionagem soviética no Brasil. Sabemos que Josué Guimarães somente foi incluído na matéria de Anunciação porque o escritor, nos anos 70, vivia e atuava em Portugal.
A intranquilidade causada pela revelação sobre as atividades secretas de Josué Guimarães é compreensível e previsível, na medida em que todos os seus amigos integram um grupo cultural orientado por posições esquerdistas. O que não pode ser mais desconsiderado é que o próprio Josué confessou sua adesão ao comunismo ainda em 1952, quando escreveu Muralhas de Jericó, um diário de sua viagem à URSS e à China ocorrida naquele mesmo ano. Josué tinha, então 31 anos e trabalhava para a Última Hora, do Rio de Janeiro. O livro era inteiramente dedicado à exaltação das conquistas soviéticas e chinesas nos campos das relações de trabalho, inovação industrial, educação, liberdade e cultura.
Tudo mentira e propaganda. A publicação, que se deu apenas em 2001, pela L&PM, de Muralhas, tinha o objetivo de homenagear o escritor quando ele completaria 80 anos. Mas terminou configurando um depoimento definitivo sobre o quanto um jovem intelectual pode prostrar-se diante de uma ideologia facínora por razões inconfessáveis, uma vez que, em 1952, já era inteiramente conhecida do Ocidente a barbárie stalinista e o estado de terror genocida em que vivia a União Soviética. Stálin, que morreu em 1953, exterminou mais de 70 milhões de pessoas durante sua tirania e parte dos seus crimes seria denunciada, em 1956, por Nikita Krushov, no XX Congresso do Partido Comunista da URSS.
Mesmo assim, o editor de Josué Guimarães, Ivan Pinheiro Machado, ele próprio oriundo do Partido Comunista Brasileiro, com passagem pela Dissidência Leninista e, depois, pelo Partido Operário Comunista, não hesitou em fazer a homenagem ao companheiro, com o apoio financeiro do Instituto Estadual do Livro, administrado, à época, pelo governo marxista de Olívio Dutra. O fato mais assustador é que bem antes de 1952, três dos maiores documentos denunciando o totalitarismo comunista já haviam sido publicados e amplamente cobertos pela imprensa ocidental. Eram documentos literários que qualquer intelectual tinha o dever de conhecer: O zero e o Infinito (1940) de Arthur Koestler, Do fundo da noite (1941) de Jan Valtin e Eu escolhi a Liberdade (1946) de Victor Kravchenko. Seria interessante repassar estas informações para os amigos de Josué Guimarães, entre eles aqueles que rotularam as informações publicadas por Vitor Vieira sobre a reportagem de Anunciação como “balela” e “boatos”.
Josué Guimarães morreu sem arrepender-se de suas atividades comunistas e sem inutilizar Muralhas de Jericó. Agora sabemos o porquê. Seus editores da L&PM, propriedade da dinastia dos Pinheiro Machado, uma editora assumidamente esquerdista - cujo patriarca, o falecido Antônio Pinheiro Machado Netto, atreveu-se a escrever, em 1985, um elogio em livro ao Muro de Berlim- também não imaginavam que viriam à tona os segredos de Josué Guimarães arquivados em Cambridge. Agora não é possível mais tentar erguer um véu de desdém ou de silêncio sobre o assunto, como pretenderam fazer Luiz Fernando Veríssimo, Flávio Tavares e David Coimbra. Ao contrário, o Arquivo Mitrokhin está lá na Inglaterra, disponível para pesquisa.
O caso ainda renderá muitas investigações sérias e , naturalmente, novas reportagens.
É difícil entrar sob a pele de próximo, mesmo com a melhor das intenções, sem nos despirmos de nossa própria pele. Como poderá um adulto, por exemplo, que nem consegue voltar a ser a criança que um dia foi, entrar sob a pele de outra criança que ele nunca foi?
No entanto, muito mais do que o nosso intelecto superior, esse exercício é que nos torna humanos. É ele que nos confere a dignidade da criação à imagem e semelhança do Criador. Um privilégio que há muitos anos vem sendo, impiedosamente, excluído da nossa herança divina.
Como nos defendermos desses assaltantes de nossa alma? Que nos espreitam há milênios?
A cada um, seu quinhão. A parte que me coube, humilde e antipática, foi o dom da ironia. Mas também é aquela que exige o menor sacrifício para desicumbir-nos do dever de prestar uma colaboração a serviço do bem.
Ironizar é jogar no mesmo campo do adversário. E nisso eu me julgo um privilegiado. Sinto que o campo é inclinado e, no sorteio, meu time joga a montante. Nada pode ser mais fácil do que meter bola no gol do adversário. Que só pode chutar a bola pro mato porque o jogo vale ponto no campeonato.
Ridicularizar um comunista é quase covardia. É como empurrar um bêbado ladeira abaixo. Como foi que os comunistas nos aplicaram uma goleada e nos empurraram ladeira acima? O que poderia ser mais surpreendente, tão irracional?
A política, é claro. Que está varrendo para a sarjeta seus profissionais, dos quais os comunistas se tornaram cúmplices na arte de nos enganar. Mas não deixaram de brigar na hora de diviir o butim.
Ridículos? Não. Como disse Fernando Pessoa: "Toda carta de amor é ridícula. Mas ridículo mesmo sou eu, que não recebo nenhuma carta de amor".
Nós é que somos carentes de quem nos represente. Ridículos somos nós.
(Publicado originalmente em http://www.bonde.com.br/)
De 1959 para cá, os cidadãos de Cuba que tentam fugir do paraíso socialista para o inferno capitalista (utilizem a tecla SAP de ironia, por favor) são chamados pelo regime de "gusanos". Para quem quiser ter uma noção sobre como é a vida de um gusano, sugiro a leitura de dois livros: "Filho da Revolução", de Luis Manuel Garcia, e "Antes que Anoiteça", de Reinaldo Arenas. Só para começar.
Ontem eu tive a honra de ser chamado de gusano em português. Para quem não sabe, verme. Sim, uma indignada militante feminista, suposta ex-aluna da USP, chamou-me de "verme" porque escrevi contra a doutrinação ideológica nas escolas. Receber tal xingamento é a prova de que estou no caminho certo.
Na minha coluna do último sábado — texto mais lido no ranking da Folha naquele dia —, afirmei que uma minoria militante quer transformar as escolas brasileiras em campos de concentração mental. Nada mais natural, para a militante Maria Dolores Zetkin, do que se referir a um adversário ideológico utilizando um termo de guarda de campo de concentração. "Verme" é como os prisioneiros eram chamados nos campos comunistas e nazistas — afinal, inimigos da esquerda merecem ser "extirpados da face da Terra", no dizer de Saul Alinsky, guru de Hillary Clinton.
Por sinal, Zetkin tem toda pinta de ser um pseudônimo, a não ser que a militante seja descendente de Clara Zetkin, militante comunista agraciada com a Ordem de Lênin em 1932, já na ditadura de Stálin. Por sinal, o caixão de Clara Zetkin foi carregado pelos camaradas Stálin, Molotov, Voroshilov e Ordjonikdze — tudo gente boa. Alguém que se apresenta como Dolores Zetkin é mais ou menos como se eu assinasse Antônio Fidel Dzerzhinsky. Ou Paulo Guevara Alinsky.
Não me espanto que os militantes escolares estejam desesperados e pedindo a minha cabeça a cada quatro palavras. A crônica "Seu filho corre perigo", tanto na Folha quanto no Bonde (onde saiu com o título "A esquerda quer doutrinar nossos filhos"), esteve entre os meus textos mais lidos no jornal até hoje, perdendo apenas para o perfil do delegado Gerson Machado, pai da Lava Jato. Alguns Zetkins atacam o colunista, mas em número incomparavelmente os leitores compartilham e recomendam o texto. Professores, estudantes e pais de família sérios ainda são a grande maioria, e não aceitam a doutrinação ideológica nas escolas. Aliás, doutrinação é um termo muito fraco: o que existe hoje é um projeto de engenharia social à custa da saúde mental de nossos filhos.
Quando a verdade vem à tona, o militante esquerdista vai à loucura. Nem sequer uma celebridade acadêmica como Marilena Chauí consegue manter a linha: acaba dizendo que Sérgio Moro é um "agente do FBI" e por aí abaixo. Ela conseguiu ser pior do que seu companheiro Sibá Machado, que pelo menos delirou citando o órgão correto, a CIA. Daqui a pouco Sibá vai dar aula na USP.
Essa turma precisa urgentemente carpir uma data. Ou — para usar o gênero neutro, como eles gostam — carpir uma datx. É ridículx.
Porto Alegre abrigou, em 2005, o II Fórum Mundial de Teologia da Libertação - evento vinculado à realização do Fórum Social Mundial. Uma palestra parece ter chamado a atenção do público: a do já falecido Otto Maduro. O filósofo venezuelano conclamou - com uma abordagem "crítica" inclusive dos regimes socialistas-comunistas - uma espécie de "atualização" da teologia revolucionária, e exigiu:
"Uma teologia ousadamente libertadora tem que envolver o tema da homossexualidade e da homofobia" [1].
A Teologia da Libertação, não é segredo para mais ninguém, não é propriamente uma "teologia", mas uma arma comunista de conquista política [2]. Por isso, no discurso de Otto Maduro, a "homossexualidade" e a "homofobia" estão aparentemente em primeiro plano; a questão principal, contudo, é a transformação da sexualidade em "causa" - claro, dentro da chave da "luta de classes", do conflito entre "oprimido", "excluído" e "opressor", como se faz com o "povo", com o "trabalhador", "operário", "indígena", "sem-terra", "sem-teto", e tantos outros tipos modelados com "vitimização" para criar mais uma força mobilizadora e útil para o movimento revolucionário. É nesta perspectiva que se costura a bandeira LGBT-gayzista.
O método de ação é conhecido: inocular a "causa" dentro da Igreja Católica com agentes em todos os setores e níveis - comprometidos diretamente ou como "companheiros de viagem" - distorcer a fé e instrumentalizá-la, construindo uma plataforma de promoção de lideranças e de disseminação de propostas de engenharia social e comportamental, enquanto, simultaneamente, a moral cristã, um dos pilares de resistência e oposição, é corrompida.
O Fórum Social Mundial é dado como um "contraponto" ao Fórum Econômico de Davos; porém, ele é um braço do Foro de São Paulo [3]. A Teologia da Libertação, tida como "teologia" genuinamente latino-americana, é na verdade um engodo inventado para assaltar a Igreja Católica. Fórum Social Mundial e Teologia da Libertação têm em comum o caráter "instrumental": são criações dos comunistas para favorecerem o seu amplo e ambicioso esquema de poder.
O vínculo do Fórum Mundial de Teologia da Libertação com o Fórum Social Mundial é ainda mais forte. Quem o assume é Leonardo Boff, celebre "apóstolo" da teologia revolucionária e do Foro de São Paulo [4]:
[...] "Nos anos 70 se organizaram os primeiros Fóruns Mundiais de Teologia da Libertação" [...] "Com o surgimento dos Fóruns Sociais Mundiais a partir de 2001 encontrou-se o espaço público para a continuação destes encontros globais" [5].
Os "apóstolos" da Teologia da Libertação tiveram uma atuação conhecida nas revoluções culturais e sexuais de décadas passadas. Para os "descrentes", que viram nisso somente atos de "rebeldia", a declaração de Otto Maduro, em Porto Alegre, é uma amostra de compromisso efetivo - agora com a militância LGBT-gayzista. Uma iniciativa estratégica, dentro de uma organização integrada ao Fórum Social Mundial - um centro de planejamento e ação de "movimentos" ditos "sociais", que têm vários núcleos pelo país. Passados mais de dez anos, qualquer um com um mínimo de percepção e discernimento é capaz de reconhecer o amadurecimento daquela proposta como questão comportamental - quem sabe dentro da sua própria paróquia [6]. Como ferramenta especificamente política, não é preciso muito empenho, basta ver como "homossexualidade" e "homofobia" estão sendo utilizadas até mesmo para defender o mandato da Presidente petista e fantoche do Foro de São Paulo, Dilma Rousseff. Uma das "trincheiras" é a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, comandada por um "apóstolo" da Teologia da Libertação [7].
REFERÊNCIAS.
[1]. "Teologia gay é tratada no Fórum Mundial de Teologia da Libertação", Adital, 25 de Janeiro de 2005 [http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=15127].
[2]. Cf. PACEPA, Ion Mihai. "A KGB criou a Teologia da Libertação" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/01/a-kgb-criou-teologia-da-libertacao.html]. Tradução do Capítulo "Liberation Theology" (15), que é parte do livro "Disinformation": former spy chief reveals secret strategis for undermining freedom, attacking religion, and promoting terrorism (WND Books: Washington, 2013); "As raízes secretas da teologia da libertação". Trad. Ricardo R. Hashimoto. Mídia Sem Máscara, 11 de Maio de 2015 [http://www.midiasemmascara.org/artigos/desinformacao/15820-2015-05-11-05-32-01.html]; "A Cruzada religiosa do Kremlin". Trad. Bruno Braga [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/04/a-cruzada-religiosa-do-kremlin.html]; "Ex-espião da União Soviética: Nós criamos a Teologia da Libertação", ACIDigital, 11 de Maio de 2015 [http://www.acidigital.com/noticias/ex-espiao-da-uniao-sovietica-nos-criamos-a-teologia-da-libertacao-28919/]; Departamento de Estado dos Estados Unidos. Washington. D.C. "Ações ativas soviéticas: The Christian Peace Conference". Trad. Bruno Braga. [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/07/christian-peace-conference-disseminacao.html]; NORRIS, Brian. "Crítica do "Christian Peace Conference". Trad. Bruno Braga [http://b-braga.blogspot.com.br/2013/07/critica-do-christian-peace-conference.html].
[3]. Cf. "Fórum Social Comunista 2016" [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/01/forum-social-comunista-2016.html].
[4]. Cf. "Os 'apóstolos' do Foro de São Paulo" [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/os-apostolos-do-foro-de-sao-paulo.html].
[5]. Cf. referência [3], nota II.
[6]. Cf. "A Teologia da Libertação e o 'apostolado' gayzista" [http://b-braga.blogspot.com.br/2015/07/a-teologia-da-libertacao-e-o-apostolado.html]; "Fátima, Nossa Senhora do Carmo e o 'ministério gayzista'" [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/07/fatima-nossa-senhora-do-carmo-e-o.html].
[7]. Cf. "Estratégia comuno-petista" [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/estrategia-comuno-petista.html]; "CDHM: 'Padre' do PT comanda 'trincheira' comuno-petista" [http://b-braga.blogspot.com.br/2016/06/cdhm-padre-do-pt-comanda-trincheira.html].
Postado por Bruno Braga às 11:16 PM