• Dartagnan da Silva Zanela
  • 20 Dezembro 2023

 

Dartagnan da Silva Zanela

        Todos conhecemos o velho, e sempre atual, "Mito da Caverna", presente nas páginas do livro VII da "República" de Platão, que nos conta o causo de uma certa "galera galerosa", que estava agrilhoada em um buraco bem fundo, com as ventas voltadas para o fundo desse buraco profundo, sendo assombrados pelas sombras projetadas na parede por meio de um mirrado feixe de luz.

Porém, todavia e, entretanto, um dia, um dos abençoados da caverna, num golpe de sorte, ou por um milagre, conseguiu desfazer-se dos grilhões e, zaz, conseguiu dar o fora da dita-cuja e aí, foi um Deus que nos acuda.

Como havíamos dito, todos conhecemos essa alegoria. Alegoria essa que nos apresenta uma imagem mais do que perfeita da jornada que nos leva a libertação da alma humana do abismo frio de ignorância que, muitas e muitas vezes, nos aprisiona.

Cárcere esse que nos impede de ter os vitrais da nossa alma inundados pela luz do conhecimento da Verdade, que se encontra além das gélidas paredes cavernosas de nossa presunçosa estupidez.

Nunca é demais lembrarmos que conhecer é uma jornada. Uma jornada onde, entre medos e relutâncias, vamos gradualmente renunciando a tudo aquilo que nos faz sentir acomodados, que barra o início dessa perigosa, e fabulosa, aventura.

Repito: uma perigosa e fabulosa aventura, porque quando abrimos o nosso peito para as possibilidades até então impensadas por nós, é mais do que natural que nos sintamos receosos, com medo de descobrirmos que até a véspera estávamos redondamente enganados sobre um montão de coisas que tínhamos como certas e inquestionáveis.

E assim agimos porque nos esquecemos que conhecer é, antes de qualquer coisa, um ato onde procuramos nos manter abertos para aprender algo que os demais desconhecem.

Desconhecem, ignoram que desconhecem e tem uma raiva danada de qualquer um que ouse tocar no assunto.

Aliás, seguindo por esse caminho, podemos dizer que Bilbo Bolseiro, de "O Hobbit", vivenciou com seus amigos anões, uma aventura análoga à que nos é apresentada por Platão.

O pequeno Hobbit, confortável em sua vida "pequeno-burguesa", vivendo num buraco (estiloso pra caramba), bem acomodado em sua rotina pra lá de segura. Aí, de repente, ele se vê envolvido em uma jornada que transformou sua vida e transubstanciou a sua alma de fio a pavio.

Ele nunca mais foi o mesmo.

Pois é, feliz ou infelizmente, nós não somos o senhor Bilbo. E mesmo que Gandalf nos apresentasse, detalhadamente, o porquê nós deveríamos nos embrenhar numa pedregosa jornada de autoconhecimento, bem provavelmente acabaríamos dando de ombros e continuaríamos afetuosamente abraçadinhos aos grilhões da nossa tão amada estultice a respeito da vida, do mundo e, principalmente, a respeito de nós mesmos.

Enfim, somos pra lá de teimosos. Tão teimosos que as mulas empacadas passariam vergonha se estivessem perto da gente.

Por essa razão, imagino eu, a Divina Providência resolveu intervir nos entreveros da nossa amada caverna existencial, enviando o seu Filho amado para quebrar o nosso galho.

Ora, se somos lesados ao ponto de não almejarmos ter nossas vistas tocadas pela luz da Verdade, Ele, que é o Caminho, para fora da caverna perdição, a Verdade, que dissipa as sombras da perversão, e a Vida, que dilata os nossos corações apequenados pela soberba, resolveu adentrar a caverna da "Cidade dos Homens", que se esparrama em nosso coração, com a luz da "Cidade de Deus".

Lembremos, que uma cidade, antes de qualquer coisa, é a comunhão dos corações dos homens em torno dos tesouros que cada um carrega nos átrios e ventrículos do seu coração, conforme nos ensina Santo Agostinho e, por isso, na primeira cidade, temos os pútridos frutos do nosso degradante e deformante amor-próprio e, na segunda cidadela, temos o amor a Deus, o amor ao próximo e, é claro, seus aquilatados frutos.

Enfim, no Santo Natal, celebramos a encarnação do Verbo Divino que não encontrou abrigo na "Cidade dos Homens" e, por isso, teve de nascer numa gruta, em uma caverninha em Belém.

Ele, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, é a luz que vem romper o véu da noite mais escura da vida, da nossa vida, para que possamos viver verdadeiramente sob a Sua luz se, é claro, humildemente estivermos dispostos a ficarmos com o peito aberto, permitindo que nosso coração seja para Ele uma manjedoura, onde possam ser firmados os alicerces da "Cidade de Deus" em nossa alma, em nossa vida.

É isso. Fim de causo. Feliz Natal.

*        O autor, Dartagnan da Silva Zanela é professor, escrevinhador e bebedor de café. Mestre em Ciências Sociais Aplicadas. Autor de "A VERTICALIZAÇÃO DA BARBÁRIE", entre outros ebooks.

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 18 Dezembro 2023

 

Gilberto Simões Pires

RELEVÂNCIA

Levando em boa conta que grande parte dos leitores/assinantes do PONTOCRITICO.COM estão espalhados por todos os cantos do nosso imenso Brasil, isto é o bastante para que destine comentários e/ou opiniões sobre questões que envolvem o meu estado - RIO GRANDE DO SUL- apenas e tão somente quando acontece algo considerado como RELEVANTE e como tal julgo necessário que muitos brasileiros entendam, analisem e tirem o melhor proveito.  

 AUMENTO REAL DE 15%

Como boa parte dos brasileiros já tomou conhecimento, o governador do RS, Eduardo Leite, está focado, dia e noite, na CRIMINOSA MISSÃO que tem como meta AUMENTAR A ALÍQUOTA DO ICMS, de 17 para 19,5%. Pois, antes de tudo é preciso lembrar que -MATEMATICAMENTE- estes 2,5 PONTOS PERCETUAIS representam um ABSURDO AUMENTO REAL DE 15% para os já massacrados PAGADORES DO ICMS. 

 IMPOSTOR

Lamentavelmente, a postura e o desejo do governador gaúcho revelam que se trata de legítimo IMPOSTOR. Atenção: antes que eu seja acusado de estar INSULTANDO o governador Leite, me antecipo em dizer que em todos os dicionários é considerado, literalmente, como IMPOSTOR -aquele que se aproveita da credulidade e da ignorância de outrem para ludibriá-lo; mentiroso, hipócrita. Mais: é aquele que demonstra ou pratica impostura; embusteiro.

SURTO TRIBUTÁRIO

Como se isto não bastasse, Eduardo Leite, no sábado último, 16, foi tomado por um SURTO TRIBUTÁRIO e mandou publicar, repentinamente, DECRETOS COM CORTE DE BENEFÍCIOS. Segundo Leite, a medida foi adotada com a finalidade de GARANTIR( ???) NOVAS RECEITAS CASO NÃO SEJA APROVADO PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, o AUMENTO DE 15% DA ALÍQUOTA DO ICMS (17% para 19,5%). De novo: tudo isso e mais um pouco faz de Eduardo Leite um verdadeiro IMPOSTOR, de um MENTIROSO, DE UM EMBUSTEIRO e outras coisas mais. 

 IMPOSTORES

Além da grande mobilização o povo gaúcho, mais do que nunca, precisa promover uma grande pressão junto aos deputados estaduais para que não aprovem este CRIMINOSO AUMENTO DE 15% DE ICMS. Caso contrário (nem pensar) os parlamentares gaúchos estarão também se declarando como IMPOSTORES. Atenção: amanhã, 19, está prevista a votação da estupidez na ALRS. Todos os gaúchos precisam se fazer presentes!

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 18 Dezembro 2023

 

Alex Pipkin, PhD
Má formação/lacuna universitária, cegueira intelectual e/ou doença da mente; escárnio.

Indivíduos que se dizem defensores da liberdade, são francos apoiadores do comunismo.

Eles não sabem como a liberdade de pensamento e expressão - não - funciona neste sistema ditatorial. “Liberdade total”, desde que não vá de encontro a única “verdade” imposta pelos ditadores de plantão.

Perdoem, eles não sabem o que dizem!

Não, não pensem que estou me referindo a jovens idealistas e inexperientes, com seus 20 aninhos.

Estou falando de mulheres e de homens velhos, que repetem mentiras e falácias que ouviram de algum sentimentalista utópico, e que persistem em romantizar o comunismo, os mesmos que nunca se deram o trabalho de o investigar seriamente.

Eles sofrem do mesmo fenômeno que aqueles que viveram o regime. Foram submetidos a uma grotesca lavagem cerebral.
Os regimes comunistas no mundo assassinaram mais de 100 milhões de pessoas!

Mas todo o rastro autoritário, de violência, de escassez de liberdades, de subjugação e de mortes, é negligenciado em prol de uma causa idealista, que continua sendo “moderna”. Similarmente, é moderno se mostrar ressentido.

Moçoilos e moçoilas, e membros do grupo LGBTQIA+, passeiam pelas ruas do mundo com camisetas estampadas com a face de Che Guevara. Tragicômico. Eles desconhecem o matador.

A turma progressista não viveu, nem se deu o trabalho de investigar sobre a coerção e a repressão gigantescas impingidas pelos sistemas coletivistas.

Eles não sabem do que se trata: da abolição das classes e da propriedade privada. Assim, querem viver dos resultados do sistema capitalista, ganhando mais e mais dinheiro, porém, virando o cocho.

Não sabem e não estão dispostos a compreenderem como, de fato, resolvem-se os problemas econômicos e sociais, mas o negócio do negócio deles, é demonstrar e gritar para todos seus sentimentalismos, sua benevolência quanto ao povaréu.

Aliás, fazem de conta que o progressismo é aquele único espaço de atendimento as necessidades dos mais carentes. Erro crasso!

Ah se eles soubessem que a fome é característica marcante de todos os sistemas coletivistas. São as (des)políticas econômicas de esquerda, estúpido! Vejam, por exemplo, a Venezuela, a Argentina Kirchnerista.

Para todos esses executores de sentimentalismos grosseiros, os sistemas coletivistas não fracassaram, só não foram implementados na sua essência… ou são sucessos mal explicados.

Eles, evidentemente, não sabem do que se trata, mas a visão romantizada do comunismo/socialismo, aponta que eles ainda não “funcionaram bem”, porém, pela nobreza da causa, ainda haverão de funcionar.

Seria mais ou menos como ainda esperar pelo Messias Stalin, um grande revolucionário idealista, que só se equivocou pelo seu tempo.

Eu ouço tudo isso e tento ficar quieto. Sim, às vezes é impossível me fantasiar de hiena. Simples assim.

 

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  • Sílvio Lopes
  • 15 Dezembro 2023

 

Sílvio Lopes

         Foi durante o dilúvio, portanto, nos tempos bíblicos, que a humanidade viu surgir o primeiro símbolo da paz. Para saber se as águas haviam baixado, Noé enviou uma pomba e esta, de volta, confirmou que sim ao trazer no seu bico um ramo de oliveira. A paz, enfim, havia retornado à terra.

Desde então, o homem tem vivido em busca de simbologias que o identifiquem, ao seu grupo, seu país, sua forma de pensar e agir, sua cultura, hábitos e costumes. A bandeira, diga-se, é o símbolo maior de um país desde o século XIII, quando a Dinamarca tornou um "pano honorável" no seu símbolo nacional, eivado de significados e glórias.

Reverenciar a bandeira nacional é, pois, honrar e respeitar a toda uma nação. Quando pisoteamos ou ateamos fogo nela, estamos ofendendo esta nação e desprezando sua história, suas lutas e conquistas. Hoje, no Brasil, virou moda enxovalhar nossa bandeira em praça pública como forma de contestar e tripudiar sobre os valores da Pátria.

Essa iconoclastia ideológica vem de longe, gestando consigo o sonho de nos tornar, os humanos, um só povo, submissos a um só tirano, e nos subtraindo todos os direitos, exceto um: silenciar e obedecer. Nós, brasileiros, temos agora essa magna e patriótica missão: resistir e, impostergavelmente, destruir esses lanceiros do demônio que nos querem tornar escravos de suas beligerantes e fascínoras ideologias.

A hora é agora: preservar nossa bandeira e o seu significado histórico de Ordem e Progresso. Jamais nos rendamos ao que prega essa ideologia satânica: a " Desordem Progressista".

*         O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista e palestrante sobre Economia Comportamental.

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  • Dartagnan da Silva Zanela
  • 13 Dezembro 2023



Dartagnan da Silva Zanela 
         O poeta Manoel de Barros dizia que ela gostava, mesmo, das coisas úteis quando elas se tornavam imprestáveis. Claro, ele não disse isso nesses termos xucros não; o poeta das "pré-coisas" confessou-nos esse gosto, daquele jeito que apenas ele sabia fazer.

No caso, foi assim: "prefiro as máquinas que servem para não funcionar: quando cheias de areia de formiga e musgo – elas podem um dia milagrar de flores".

Há outras passagens na obra do poeta em que ele nos chama a atenção para a belezura, para a importância singular daquilo que não tem serventia alguma neste mundo escravizado pela batuta das funcionalidades mil, mas, confesso: essa é uma das minhas prediletas.

Bem, independente de todas as sutilezas captadas pelo poeta, e de todos os xucrismos rasurados pelo escrevinhador, verdade seja dita: quando a utilidade é elevada à condição de suprema categoria, tomando o lugar da beleza, da bondade e da verdade, a vida, inevitavelmente, torna-se uma estrovenga, uma tranqueira maquinal sem igual, porque tudo aquilo que preenche a vida de sentido e plenitude não pode ser reduzido para caber direitinho na caixinha das utilidades sem valia alguma.

Seguindo por essa trilha, penso que o filósofo Miguel de Unamuno colocou o dedo na ferida quando, de forma provocante, nos chama a atenção para os perigos que pairam sobre os corações que procuram colocar as utilidades vazias no centro da vida.

Dizia ele, no comecinho do século XX, que ao ver um bondinho passar, sabia muito bem qual era a sua serventia: levá-lo até a casa da sua mulher amada. Quanto a sua amada, ele sabia que ela não tinha utilidade alguma. E não tinha porque ele a amava com toda intensidade da sua alma. Se tivesse alguma utilidade, não seria sua musa, não seria a senhora do seu coração, mas apenas um brinquedinho que ele usaria, desumanizando-a, quando bem deseja-se, para obter algum prazer egoísta eventual.

E vejam como são as coisas: quantas e quantas vezes nós desprezamos algo, ou alguém, por considerarmos que essa informação, ou aquela pessoa, não teriam nenhuma serventia aparente em nossa porca vida. Infelizmente, tal atitude, é mais frequente do que gostaríamos de admitir e, por isso, não é à toa, nem por acaso, que a nossa capacidade de discernimento vem, dia após dia, ficando cada vez mais embotada.

Quando a categoria da utilidade toma o lugar da verdade, da bondade e da beleza, a poesia e a literatura tornam-se instrumentos políticos de qualidade duvidosa, a filosofia e as tradições religiosas viram meras ferramentas ideológicas de manipulação, e o amor acaba sendo tão somente um palavreado meloso e mal intencionado, usado por almas sebosas para servir-se maliciosamente do próximo.

Tendo isso em vista, o filósofo Byung-Chul Han nos lembra que uma sociedade obcecada pela utilidade das coisas, e das pessoas, é incapaz de compreender o que significa uma vida vivida com plenitude e intensidade; por isso, não nos impressiona nem um pouco ver como a sensação de cansaço e tédio encontra-se estampada nos olhos de muitos, que seguem suas vidas de forma sorumbática e num passo claudicante.

Dito de outro modo, de tanto reduzirmos a vida a categoria da serventia, acabamos por perder o real contato com as pessoas e terminamos, de quebra, por perder a proximidade conosco mesmo, com nossa humanidade.

É engraçado – na verdade não é – vermos as pessoas atarantadas, preocupadas em não perder seu precioso tempo, ao mesmo tempo que matam, sem dó, todo o tempo livre que dispõem dedicando-se a "utilíssimas preocupações".

Ninguém tem tempo para brincar com uma criança porque todos nós estamos ocupados com algo supostamente importante. Poucos são aqueles que realmente param para ver um filme, sem ficar dando aquela olhadela marota, para verificar as últimas atualizações das nossas redes sociais. Raras são as pessoas que tem disposição para ver um pôr do sol, em silêncio, com a pessoa amada, com os filhos ou com os amigos, porque estamos todos muito ansiosos com tudo aquilo que não começamos e nem iremos terminar. E assim, bem desse jeitão, matamos nosso tempo e, de brinde, a nós mesmos, destruindo o que há de mais precioso na vida.

Aliás, há uma cena no último episódio da série "The Ranch" (se não me falha a memória), da Netflix, onde o patriarca da família, Beau Bennett, está com um álbum de fotografias nas mãos dizendo para o seu filho, Colt Bennett, que não havia uma única foto naquela álbum de família onde ele estivesse junto com eles. Em todas as ocasiões especiais da família ele estava resolvendo alguma coisa "importante". Tão importantes que ele não lembrava de nenhuma. E ele perdeu tudo o que era especial em sua vida por coisas que ele não sabia o que eram, mas que receberam dele uma atenção descabida.

Enfim, por essas e outras que "prefiro as máquinas que servem para não funcionar: quando cheias de areia de formiga e musgo – elas podem um dia milagrar de flores", porque vida vivida de forma maquinal pode ser muitas coisas, com mil e uma utilidades, mas nunca será uma existência digna de ser chamada de vida plenamente vivida.

*      O autor, Dartagnan da Silva Zanela, é professor, escrevinhador e bebedor de café. Mestre em Ciências Sociais Aplicadas. Autor de "A Bacia de Pilatos", entre outros livros.

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 11 Dezembro 2023

 

Alex Pipkin, PhD
        Participei de programa de rádio em que uma das temáticas abordadas foi referente aos reflexos da vitória de Milei na Argentina.

Confesso que sou mais pessimista do que a grande parte dos liberais. Espero que Milei, com a efetiva implementação de reformas estruturantes, consiga fazer com que a mentalidade peronista - uma mistura de nacional-socialismo com fascismo - tenha, pelo menos, o início de seu fim.

No sonho peronista, o Estado é a fonte provedora pela qual todos tentam viver às custas de todos os outros.

Os inimigos de Milei, são poderosos; todos aqueles que ululam contra o “famigerado” sistema capitalista.

Primeiro devo esclarecer que o “capitalismo” que vemos, por exemplo, na Argentina e no Brasil, está longe de ser, genuinamente, capitalismo, sistema econômico que visa ao lucro, e que se suporta na propriedade privada e nos mercados livres. É o sistema econômico onde ocorre a transformação econômica por meio do processo de destruição criativa, em que empreendedores criam novos produtos ou novas formas de produzir que florescem e suplantam o “antigo”, menos produtivo.

Para que haja incentivos para a geração de inovações, é condição “sine qua non” que os mercados sejam livres, a fim de prosperar a concorrência.

Qualquer sujeito com quantidade razoável de estudo e discernimento sabe que não há capitalismo sem mercados livres e sem a proteção e o estímulo à propriedade privada.

O que se vê na atualidade - e o que não se vê - é a existência de “empresas capitalistas”, porém, é o Estado grande que dita aos proprietários dos meios de produção, como esses devem utilizá-los.

Como se pode aludir ao capitalismo, quando o que mais se tem, pragmaticamente, são políticas econômicas intervencionistas, que regulam absurdamente, por exemplo, o que se pode comprar e/ou vender, a definição de políticas de preços, o estabelecimento de contratos entre empregadores e empregados? No Brasil, a segurança jurídica não só é lamentável, é vergonhosa.

O intervencionismo estatal é um dos maiores cânceres de países latino-americanos!

Por aí passam a “eleição” de empresas campeãs nacionais, subsídios sem fim, protecionismo comercial, incentivos a um sindicalismo retrógrado, e uma miríade de programas e regulamentos governamentais.

Inexiste liberdade econômica, tanto no Brasil quanto na Argentina, há ainda factualmente monopólios estatais - glorificados pelos mamadores da grande mãe Estado - e, sobretudo, a inexistência da virtude capitalista maior: a concorrência no mercado. Logicamente, é essa que força a adaptação e a melhoria empresarial.

É impressionante - e escandalosa - a retórica e a presença de planos e de estratégias governamentais grandiosas, que entregam mais legislação, e que vão de encontro ao empreendedorismo e a inovação.

Em mercados livres, a soberania do consumidor é quem julga quem deve ter sucesso ou quem deve fracassar nos mercados.

Milei terá um desafio hercúleo pela frente. Terá que baixar dos céus a taxa de inflação e privatizar estatais ineficientes. Mas terá que realizar muito mais do que isso. Precisará desregulamentar os mercados, reduzir impostos, e cortar e reduzir os gastos abissais do governo argentino.

Ele, objetivamente, necessitará dessocializar o país, e romper com o correspondente Estado regulatório, que impede que produtos e serviços sejam comercializados, e que impossibilita as inovações.

Milei demonstra clara ojeriza pelo Estado, prometendo tornar protagonistas os indivíduos e as empresas.

Tanto no país hermano, como aqui, os empreendedores são taxados tais quais sujeitos espertos e exploradores, “a la” Hobbes.

Milei terá pela frente a missão de inverter tal conotação, limitando o Estado argentino e, precisamente, transformando o empreendedor em um ser visionário, legítimo criador de riqueza.

 

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