• Ricardo Sondermann
  • 13 Janeiro 2019

 


Em 26 de outubro de 1952, Winston Churchill vence as eleições e inicia seu segundo mandato como Primeiro Ministro da Grã-Bretanha, neste momento com 77 anos de idade. Em 09 de novembro de 1951, Churchill discursa em um banquete em sua homenagem, organizado pelo prefeito de Londres, em Guildhall[1]. Para muita gente, sua recondução ao cargo foi um pedido de desculpas de todo um país a seu maior estadista, seis anos depois de sua surpreendente derrota para os trabalhistas, quando acabara de liderar a pátria na Segunda Guerra Mundial. A derrota do Partido Conservador em 1945 fora interpretada como um sinal de que Churchill era visto como um líder ideal em situações de emergência, mas não em tempos de paz.

Nesta ocasião, Churchill declara que:

“(…) qualquer que seja a forma das coisas caminharem, não iremos faltar com o nosso dever, quão impopular este seja. Não são aplausos que procuramos ganhar ou votos que tentamos angariar, mas sim respeito e confiança. Isso não virá apenas com palavras, mas somente com ações que se sustentem pelos seus resultados, que não são conseguidos com o aceno de um bastão. É necessário tempo para uma nova administração entender e medir os fatos que nos circundam, em um arranjo confuso e ameaçador. É necessário mais tempo para que os remédios que propomos, e vamos propor, possam produzir efeitos curativos. Nada poderia ser mais fácil que este país, separado politicamente em partes, tremer e trepidar a caminho da falência e da ruína. … Sem duvida, o governo de Sua Majestade cometerá erros. Não vamos hesitar em admiti-los. Eu cometi erros de guerra. É, porém, sempre um conforto, em tempos de crise, sentir que se percorre o caminho do dever, de acordo com o conhecimento que lhe é concedido. Desta forma, não é preciso temer o que possa acontecer’.

Em 1º de janeiro de 2019, Jair Messias Bolsonaro tomou posse como o 38º presidente do Brasil após um processo eleitoral desgastante, conturbado e por vezes violento. O Brasil está mudando de mãos e no comando está a esperança da retomada de valores éticos, humanos e básicos, subtraídos do brasileiro comum por um grupo de políticos, magistrados e empresários interessados na construção de um socialismo mágico e impossível. O Brasil profundo disse não aos desmandos e a classe média, normalmente ausente da discussão e mais do que isso, da ação política, tomou as ruas, militou por votos, atuou nas redes sociais e no seu cotidiano, conquistando eleitores e trabalhando para seus candidatos. Todo este esforço foi recompensado com uma guinada não só à direita do espectro político (que eu pessoalmente acredito ser uma discussão ultrapassada, mas isto é tema para outro artigo), mas um retorno à discussão de valores que são essenciais a qualquer sociedade e que haviam se dissipado pelo policiamento do “politicamente correto”.

O Presidente Bolsonaro discorre que uma de suas prioridades “é proteger e revigorar a democracia brasileira, trabalhando arduamente para que ela deixe de ser apenas uma promessa formal e distante e passe a ser um componente substancial e tangível da vida política brasileira, com respeito à democracia”. A necessidade de mudanças no Brasil não pode ocorrer fora do ambiente democrático e do rule of law, ou o Império das Leis. Se as leis atuais não são mais adequadas a nossa realidade, deverão ser reformadas para atender a um novo momento cujos efeitos, não só o Brasil, mas o mundo inteiro, sente neste primeiro terço do século XXI. O presidente reafirma a importância deste sentimento quando diz que “esses desafios só serão resolvidos mediante um verdadeiro pacto nacional entre a sociedade e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, na busca de novos caminhos para um novo Brasil”.

Na mesma linha, o presidente empossado declara “que a construção de uma nação mais justa e desenvolvida requer a ruptura com práticas que se mostram nefastas para todos nós, maculando a classe política e atrasando o progresso. A irresponsabilidade nos conduziu à maior crise ética, moral e econômica de nossa história”. Inicia-se uma nova fase no Brasil, uma fase de reconstrução nacional.

Agora, o que Winston Churchill e Jair Bolsonaro têm em comum? Sabemos quem foi o grande líder inglês que, por sua obstinada condução, salvou o ocidente da terrível ameaça nazista e da possível supressão da liberdade. Churchill até hoje exerce fortíssima influência por seus exemplos de clareza, visão, resiliência e a intransigente defesa dos valores judaico-cristãos e ajudou a escrever a história ocidental por seus feitos e, literalmente, por meio de sua extensa contribuição literária.

Jair Bolsonaro têm à sua frente um livro, ou vários, a serem escritos. Sua atuação politica é conhecida no legislativo, mas pela primeira vez ascende a um cargo executivo e, justamente, ao mais importante deles. O presidente demonstra suas fortalezas e fraquezas e não esconde que formou um governo que pretende atender às necessidades do país.

Churchill, em seu segundo mandato, e Bolsonaro, se assemelham no tamanho da tarefa que assumiram, na humildade de reconhecer suas fraquezas e na tenacidade que, respectivamente, demonstraram e demonstram para superar dificuldades. A Inglaterra dos anos 1950 enfrentava escassez de alimentos, de carvão e de energia, alta taxa de desemprego e desesperança com sua economia. Além da ameaça nuclear da guerra fria, pairava sobre a Europa a tomada do poder pela ideologia socialista-comunista na Europa Ocidental, pela via democrática e na Europa Oriental, pela força das armas. Bolsonaro terá que desmontar uma estrutura corporativista, que oscila entre uma banda criminosa e uma ideológica de esquerda, interessada em um projeto de poder e não de governo. Assim como Churchill, Bolsonaro deverá tomar ações imediatas, mas que deverão gerar resultados lentos e de difícil cálculo.

Porém, “grandes marinheiros se formam no mar e não no porto”, diz um velho ditado dos mares. As criticas vazias, pouco fundamentadas ou motivadas por torcidas de um lado ou de outro serão frequentes e será necessário que este novo governo não esmoreça, não perca o rumo ou queira atender a demandas eleitorais de curto prazo ou no sentido de apaziguar os descontentes. Estas demandas virão da grande imprensa (despreparada do ponto de vista técnico e/ou intelectual), dos partidos de oposição, do funcionalismo publico e suas corporações (que obrigatoriamente perderão seus privilégios disfarçados de direitos) e dos tais indefinidos “movimentos sociais”.

Muitas criticas também virão da direita, uma vez que muitos dos novos recém-chegados ou autodenominados liberais efetivamente pouco entendem sobre o liberalismo, suas raízes, objetivos, filosofia e autores. Como nas hordas esquerdistas, onde espalham-se frases feitas e a ignorância, as hordas do lado direito reproduzem comportamentos parecidos. E bem, não se podem esperar muita luz e inteligência dos meios acadêmicos onde prevalecem as trevas e a ignorância há mais de trinta anos. Onde se plantam laranjas não nascem maçãs.

Iniciaremos agora os primeiros esperançosos e temíveis 100 dias de governo. Muito deverá ser feito e nos cabe apoiar, sugerir e interpretar todas as decisões tomadas aos olhos das regras modernas para a tomada de decisões: prestação de contas (accountabilty), verificações e balanços (checks and balances) e os resultados econômicos da proposição e aplicação de leis (law and economics). A receita do lado econômico é conhecida: austeridade e responsabilidade fiscal, governança corporativa, privatizações e a simplificação fiscal e legal em benefício de um ambiente de negócios mais livre. No lado social, o reforço à segurança pessoal, o direito à vida e de autodefesa, a reorganização do modelo educacional e a defesa e a proteção do direito de expressão, credo e gênero.
Presidente Bolsonaro: mãos à obra, pois o tempo é curto e a luta pela liberdade não pode esperar mais. O que disse Churchill em 1951 ainda vale hoje em 2019: “não é preciso temer o que possa acontecer”.

[1] Guildhall: Edifício cuja construção foi iniciada em 1411 e concluída em 1440, e é o único edifício de pedra não pertencente à Igreja que sobreviveu até o presente. O complexo contém vários outros interiores históricos, além do salão, incluindo as grandes criptas medievais, a antiga biblioteca e da sala de impressão, os quais agora são usados como salas de eventos. Foi utilizada como tribunal, prefeitura e salão de conferências durante diversos séculos.

*Publicado originalmente em www.institutoliberal.org.br

** Ricardo Sonderman é empresário, formado em Administração e mestre em Comunicação pela PUCRS. Foi presidente do Instituto Liberdade, é membro do Instituto de Estudos Empresariais e autor do livro Churchill e a Ciência Por Trás dos Discursos - Como palavras se transformam em armas.

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  • Rosana Bensiman
  • 12 Janeiro 2019

 

A gente quer mudar de assunto, mas de repente... os cabeças do PT se mudam para o nordeste, o único reduto eleitoral que lhes restou.

Que interessante o condenado (e solto) José Dirceu ser agora conselheiro contratado da Governadora petista do Rio Grande do Norte.

Que interessante o petista Pimentel, ex governador que acabou de falir criminosamente MG, ser agora secretário estadual do governador da Bahia.

Que coincidência a carga gigantesca de relógios de detonação de explosivos seguindo para o nordeste, através do aeroporto de Guarulhos.

Que coincidência começarem os ataques terroristas em Fortaleza, logo o Estado onde o governador reeleito é um petista que no mandato anterior se entendia tão bem com o chefes do crime organizado do Ceará.

Que coincidência esse governador petista pedir ajuda militar ao governo federal, fingindo uma humildade que não tem.

Que coincidência sabermos que depois do envio da Força Nacional, há a possibilidade de o caos em Fortaleza demandar que seja feita Intervenção Federal no Ceará.

Que coincidência as votações mais importantes do novo governo federal no Congresso estarem marcadas para os próximos dias.

Que coincidência sabermos que uma intervenção federal em qualquer Estado impede votações no Congresso, e isso acarretará ao atual Presidente da República uma acusação de irresponsabilidade fiscal, já que a principal votação é a da Reforma da Previdência que está à beira do colapso financeiro.

Que coincidência a outra votação no congresso ser justamente sobre a liberação da posse de arma de fogo, que ameaça a supremacia do crime organizado que tem tido "exclusividade" de posse e porte (ilegais) nesses últimos 16 anos.

Que coincidência sabermos que se houver intervenção federal no Ceará, haverá blitz e repressão policial nas ruas, um prato cheio para a Gleisi Hoffman espalhar vídeos pelo mundo inteiro, dizendo que o atual governo federal é uma ditadura militar violenta e opressora, mas deixando de dizer que na realidade a repressão é aos bandidos que se transformaram em ousados incendiários e terroristas, que inclusive explodiram uma ponte com a intenção de derrubá-la.

Quantas "coincidências".
Só que não.

E o mais estranho disso tudo: o silêncio do cearense Ciro Gomes diante desse cenário de guerra dentro do seu próprio Estado, local da sua base política. Mas aqui não cabe injustiça. Cabe aguardar. O tempo dirá se é suspeito ou não o seu silêncio.

 

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  • Maria Lucia Victor Barbosa
  • 10 Janeiro 2019

 

Tudo se modifica lentamente através dos tempos. Surgem novas instituições, modas, artes, produtos e muito mais. Alternam-se ciclos de atraso e progresso ao longo da história o que, por sua vez, afeta a vida de cada ser humano. Como não poderia deixar de ser mudanças estão em andamento no Brasil e no mundo.

Observe-se que algumas coisas até pouco tempo inimagináveis têm acontecido no país e, para isso, recordemos 2013. Naquele ano, de forma inusitada multidões foram espontaneamente às ruas para mostrar seu inconformismo, ainda que de modo difuso. Ninguém entendeu que o “gigante adormecido” emitia sinais de que estava acordando.

31 de agosto de 2016. Os brados ecoados por milhões de brasileiros nas ruas de todo país culminaram no impeachment de Dilma Rousseff. Como pior presidente do Brasil, juntamente com seu criador político, ela nos conduziu a pior recessão de nossa história e não há governo que resista quando a economia vai mal.

O impeachment foi como um míssil disparado no peito da esquerda, especialmente do seu maior partido, o PT, que a partir daí iniciou sua decadência.

Muitos outros sinais aconteceram mostrando que alterações eram processadas no âmbito político, comportamental e cultural. Pairava no ar um cansaço cívico na esteira da corrupção institucionalizada pelo PT, que tinha à frente seu puxador de votos, Lula da Silva. Sofria a população com o desemprego, a violência urbana, o cruel sistema de saúde. Nesse contexto ilusões derretiam na percepção das mentiras e farsas do governo petista.

Simultaneamente, agia no nosso nada exemplar sistema judiciário, com competência, integridade, inteligência e, especialmente através da lei, o juiz Sérgio Moro. Desse modo, poderosos da esfera econômica e política foram parar na cadeia, em que pese ações de ministros do Supremo que soltaram muitos meliantes de colarinho branco, ladrões da coisa pública acostumados a delinquir no país da impunidade.

2018 foi um ano marcante. Mais uma vez o improvável aconteceu. Em 7 de abril Lula foi preso, não por ser um perseguido ou coitadinho inocente, mas por fartas provas de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Outros processos pairam sobre ele e seus inúmeros advogados já bateram recordes em recursos, manhas e artimanhas para liberá-lo da cobertura da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Certamente continuarão se esmerando nessa azáfama. Afinal, nunca antes nesse país alguém teve tanto direito de defesa.

Porém, o grande fato histórico de 2018 foi a derrota da esquerda e a vitória de Jair Messias Bolsonaro. O candidato, que na versão de analistas e institutos de pesquisa não ganharia de modo algum, sendo derrotado no segundo turno se lá chegasse até por Marina Silva, foi eleito por quase 58 milhões de votos. Recorde-se que o PT não perdoa quem ganha dele.

A posse de Bolsonaro foi memorável. Assistida por milhões de telespectadores e em Brasília por centenas de milhares de pessoas. que para lá se deslocaram sem transporte pago ou mortadela, apenas com o fito de saudar o mito.

Rompendo o protocolo a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, discursou no parlatório em linguagem de libras cativando o enorme público com sua graciosidade, elegância, beleza e a promessa que continuará a se dedicar a projeto sociais.

Mudanças políticas, econômicas e sociais virão com o presidente Bolsonaro, o mais cobrado mesmo antes de assumir, o detestado pela mídia, o odiado pelo PT e suas hostes. Inclusive, ele continua sendo ameaçado de morte mesmo depois do fracasso do matador de aluguel que o esfaqueou.

Entrementes, mudanças estão em andamento no âmbito mundial e aqui. Nesse sentido merece ser citado o magistral artigo intitulado Outro ‘muro’ marxista que começa a ser derrubado, de autoria de Carlos Beltramo e Carlos Polo.

Mostram os autores, que “o ‘muro’ do marxismo cultural, não busca o controle dos meios de produção, como propunha Karl Marx, mas sim da forma de pensar das sociedades”. “O marxismo cultural foi se apoderando dos meios de comunicação e das universidades com esse propósito”. “Este autêntico ‘muro’ mental penetrou na cultura e nas instâncias de poder locais e internacionais, estendendo-se desde o público até os âmbitos mais privados, como a família e a sexualidade, com fim de controlar tudo e todos”.

Apesar de tal poderio que parece indestrutível, Beltramo e Polo entendem que este “muro” está começando a cair, como caiu o Muro de Berlim em 9 de novembro de 1989. Eles apontam como sinais disto, entre outros, “o Brexit, a eleição de Donald Trump, o triunfo de Viktor Orban como primeiro ministro da Hungria e a exclusão dos ‘estudos de gênero’ nas universidades, a derrota da legalização do aborto na Argentina, a eleição de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil”.

Diante da magnitude de tal mudança se pode compreender o choro e o ranger de dentes do PT e de seus satélites. Contudo, os detratores do presidente Bolsonaro gritam em vão porque mudanças acontecem. Felizmente.

* Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

 

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  • Renato Sant’Ana
  • 10 Janeiro 2019

 

Não tenho assistido a nenhum canal da Globo. É recomendação de um gastroenterologista sensato e preocupado com meu estômago. Daí, só no blog de Políbio Braga fiquei sabendo que Renata Lo Prete e Jorge Pontual, apresentadores do Jornal da Globo, protestaram ao vivo contra a ministra Damares Alves, que, em reunião com amigos, saliente-se o pormenor, falou: "Menino usa azul e menina veste rosa".

Segundo li, Lo Prete usou um vestido azul, fora do seu hábito, enquanto Pontual, correspondente da Globo em Nova York, vestiu terno rosa, o que ele usa de vez em quando.

Antes de mais nada, faça-se a mais ferrenha defesa da liberdade de imprensa, inclusive para garantir a insensatos que possam manifestar sua insensatez. Se eles passarem dos limites, nós daremos ouvidos ao nosso gastro...
Mas, qual é o espírito da coisa? A fala de Damares Alves, titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, foi feita enquanto brindava com amigos: reunião privada. Em tal circunstância, poderia ela dizer espontaneamente o que disse? É óbvio que sim! Alguém está obrigado a concordar com ela? É óbvio que não!

Ora, o conteúdo latente desse imbróglio é "ideologia de gênero", com a falsa afirmação de que masculino e feminino não passam de invenções da sociedade burguesa. Nos governos petistas, em nome da "livre orientação sexual", as escolas foram providas de material "didático" concebido para "erotizar as crianças" ou, mais exato e mais grave, "genitalizar a afetividade infantil", um modo de sequestrar a infância!

É a lógica do socialismo, em que o indivíduo é propriedade do Estado - vide os médicos cubanos do "Mais Médicos". Seguindo as diretrizes do Foro de S. Paulo e aplicando a doutrina de Antonio Gramsci, o petismo promovia assim a "apropriação gradativa das crianças pelo Estado", usando a patetice de alguns professores e ludibriando as famílias.

Comentário adicional: nunca se saberá se foi a maioria, mas é sabido que muitos eleitores homossexuais votaram em Bolsonaro. Porque viram que as suas legítimas inquietudes e reivindicações foram roubadas pelo esquerdismo para transformar no pacote vicioso da "ideologia de gênero".

E viram que, a partir daí, o seu injusto estigma social aumentou. Como não repelir o projeto lulopetista? Algo similar ocorreu, registre-se, com negros, deficientes e mulheres. Ninguém quer ser "idiota útil".

Volto à ministra. Seu ato, censurado pela Globo, celebrava com empolgação a mudança e a preservação de valores muito caros: a eleição do novo governo foi, sim, uma reação a um planejado combate desses valores. Aliás, muitos eleitores gostariam de ter votado em Winston Churchill, mas quem se apresentou com aptidão, vontade e coragem para dar um basta ao projeto de totalitarismo do PT foi Bolsonaro.

Agora, seja por falta de honestidade intelectual, seja por desinformação (imperdoável em qualquer hipótese), Lo Prete e Pontual parecem não compreender os fatos e brigam com as legitimas mudanças do país. A forma de protestar até foi bem civilizada. Mas, se acertam na forma, erram no conteúdo. Eles são jornalistas ou militantes? Sim, os "transformers" da Globo, como diz Políbio, "transformaram-se em esbirros do lulopetismo e perderam a compostura".

Para finalizar, não sei como será o novo governo. Mas sei que haverá "liberdade de imprensa, até porque as urnas derrotaram o programa de governo que previa um controle da mídia. Se haverá ou não "imprensa livre" já é outra coisa, questão de atitude: "esbirros" não são livres por escolha própria. Também sei que o Estado não vai mais formatar a sexualidade das crianças, respeitando a família, que terá liberdade (oxalá, saiba exercitá-la!) para cuidar da educação dos filhos.


Renato Sant'Ana é Psicólogo e Bacharel em Direito.

*Publicado originalmente em http://www.alertatotal.net/2019/01/militancia-no-ar.html
 

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  • Gustavo Maultasch
  • 07 Janeiro 2019

 


Não adianta dar destaque para a primeira-dama, nem ela fazer o discurso em sinais e defender a inclusão de um grupo historicamente excluído. Bolsonaro podia nomear 22 ministros trans, não-brancos e gays, que ainda assim o esquerdista não reconheceria valor na medida. Por quê?

Por que essa inconsistência na esquerda, que deveria demonstrar aprovação a algo que, em princípio, casaria com os seus valores? Ora, porque esses valores da esquerda não são as verdadeiras prioridades da esquerda.

Antes de mais nada, o esquerdismo é uma seita de cunho estético, em que pessoas se reúnem para sinalizar virtude umas para as outras e para se pensarem detentoras do monopólio do bem. Já experimentou pensar-se assim? Não resolve problema social nenhum, mas faz um bem danado para o ego.

Sendo portanto uma seita narcisista, qualquer medida boa que venha do outro grupo precisa ser logo menosprezada, pois, espelho, espelho meu, não pode existir ninguém mais belo (ou progressista, ou incluidor social) do que eu.
Levado ao extremo, o esquerdismo torna-se cada vez mais auto-referenciado, cada vez mais preocupado com a mera sinalização virtude, cada vez mais aprisionado numa disputa interna para ver quem é o mais preocupado com a justiça social, quem é o mais lacre, como um computador que travou porque está em loop eterno, sem conexão com a realidade externa aos seus processamentos.

E o resultado disso é o dogmatismo, o fundamentalismo político que se vê na esquerda brasileira: para o esquerdista, será bom tudo aquilo que venha da esquerda, e ruim tudo aquilo que não venha. Vale até roubar dinheiro do povo, que você continua sendo “guerreiro” (só não vale fazer delação e assim prejudicar outros guerreiros, ok? Daí você perde o status de guerreiro).

E não adianta pensar na tal auto-crítica ou no voto crítico, porque auto-crítica na esquerda é como o cara na entrevista de emprego que é perguntado “qual o seu maior defeito?” e o cara diz: sou perfeccionista.

Para a esquerda, as coisas só dão errado porque eles não se esforçaram mais, não suaram mais, não souberam explicar o quão virtuosos seus planos são, entende? A qualidade de suas ideias e o fundamentalismo de sua seita nunca são questionadas. Lula é lula.

E só Marisa, só ela, poderia ser elogiada por qualquer coisa feita como primeira-dama. Não há ninguém mais bela do que ela, e ninguém mais do bem do que nós.

* Publicado originalmente no Facebook do autor
 

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  • Editorial Estadão (05/01)
  • 07 Janeiro 2019

 

O impeachment da presidente Dilma Rousseff será visto como o ponto final de um período iniciado com a chegada ao poder de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, em que a consciência crítica da Nação ficou anestesiada. A partir de agora, será preciso entender como foi possível que tantos tenham se deixado enganar por um político que jamais se preocupou senão consigo mesmo, com sua imagem e com seu projeto de poder; por um demagogo que explorou de forma inescrupulosa a imensa pobreza nacional para se colocar moralmente acima das instituições republicanas; por um líder cuja aversão à democracia implodiu seu próprio partido, transformando-o em sinônimo de corrupção e de inépcia. De alguém, enfim, cuja arrogância chegou a ponto de humilhar os brasileiros honestos, elegendo o que ele mesmo chamava de "postes" – nulidades políticas e administrativas que ele alçava aos mais altos cargos eletivos apenas para demonstrar o tamanho, e a estupidez, de seu carisma.

Muito antes de Dilma ser apeada da Presidência já estava claro o mal que o lulopetismo causou ao País. Com exceção dos que ou perderam a capacidade de pensar ou tinham alguma boquinha estatal, os cidadãos reservaram ao PT e a Lula o mais profundo desprezo e indignação. Mas o fato é que a maioria dos brasileiros passou uma década a acreditar nas lorotas que o ex-metalúrgico contou para os eleitores daqui. Fomos acompanhados por incautos no exterior.

Raros foram os que se deram conta de seus planos para sequestrar a democracia e desmoralizar o debate político, bem ao estilo do gangsterismo sindical que ele tão bem representa. Lula construiu meticulosamente a fraude segundo a qual seu partido tinha vindo à luz para moralizar os costumes políticos e liderar uma revolução social contra a miséria no País.
Quando o ex-retirante nordestino chegou ao poder, criou-se uma atmosfera de otimismo no País. Lá estava um autêntico representante da classe trabalhadora, um político capaz de falar e entender a linguagem popular e, portanto, de interpretar as verdadeiras aspirações da gente simples. Lula alimentava a fábula de que era a encarnação do próprio povo, e sua vontade seria a vontade das massas.

O mundo estendeu um tapete vermelho para Lula. Era o homem que garantia ter encontrado a fórmula mágica para acabar com a fome no Brasil e, por que não?, no mundo: bastava, como ele mesmo dizia, ter "vontade política". Simples assim. Nem o fracasso de seu programa Fome Zero nem as óbvias limitações do Bolsa Família arranharam o mito. Em cada viagem ao exterior, o chefão petista foi recebido como grande líder do mundo emergente, mesmo que seus grandiosos projetos fossem apenas expressão de megalomania, mesmo que os sintomas da corrupção endêmica de seu governo já estivessem suficientemente claros, mesmo diante da retórica debochada que menosprezava qualquer manifestação de oposição.

Embalados pela onda de simpatia internacional, seus acólitos chegaram a lançar seu nome para o Nobel da Paz e para a Secretaria-Geral da ONU.

Nunca antes na história deste país um charlatão foi tão longe. Quando tinha influência real e podia liderar a tão desejada mudança de paradigma na política e na administração pública, preferiu os truques populistas. Enquanto isso, seus comparsas tentavam reduzir o Congresso a um mero puxadinho do gabinete presidencial, por meio da cooptação de parlamentares, convidados a participar do assalto aos cofres de estatais. A intenção era óbvia: deixar o caminho livre para a perpetuação do PT no poder.

O processo de destruição da democracia foi interrompido por um erro de Lula: julgando-se um kingmaker, escolheu a desconhecida Dilma Rousseff para suceder-lhe na Presidência e esquentar o lugar para sua volta triunfal quatro anos depois. Pois Dilma não apenas contrariou seu criador, ao insistir em concorrer à reeleição, como o enterrou de vez, ao provar-se a maior incompetente que já passou pelo Palácio do Planalto.

Assim, embora a história já tenha reservado a Dilma um lugar de destaque por ser a responsável pela mais profunda crise econômica que este país já enfrentou, será justo lembrar dela no futuro porque, com seu fracasso retumbante, ajudou a desmascarar Lula e o PT. Eis seu grande legado, pelo qual todo brasileiro de bem será eternamente grato.

 

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