Gilberto Simões Pires
INSTRUMENTOS ANALÓGICOS E DIGITAIS
Os mais conservadores, do tipo que ainda estão mais familiarizados com os instrumentos -analógicos- que medem o RISCO FISCAL do nosso empobrecido Brasil, já devem ter percebido que o ponteiro está na posição -ALARME- indicando, portanto, que a situação das nossas CONTAS PÚBLICAS é simplesmente pavorosa. Já os mais modernos, que preferem os instrumentos -digitais-, não estão conseguindo pegar no sono porque os sons emitidos pela forte SIRENE não permitem qualquer forma de descanso.
GAMBIARRAS
Ora, em condições normais, independente da preferência -analógica ou digital-, o correto seria se todos os -moradores- do nosso imenso Brasil se preocupassem com a necessária PREVENÇÃO para evitar que a SIRENE do estridente ALARME viesse a ser disparada. Pois, infelizmente, não é o que acontece: em todas as vezes que a SIRENE tocou, os condôminos, ao invés de exigir uma pronta e imediata solução do problema, têm se mostrado plenamente satisfeitos com as -gambiarras- que, historicamente, são utilizadas com o propósito de empurrar a encrenca para sabe lá quando.
VONTADE POLÍTICA OU HABILIDADE POLÍTICA?
Assim, os FUGITIVOS DOS PROBLEMAS que corroem o nosso Brasil por todos os cantos, valem-se, constantemente do velho CLICHÊ de que a solução das nossas crônicas encrencas dependam de VONTADE POLÍTICA do Chefe do Executivo, quer seja ele presidente, governador ou prefeito. Ora, antes de tudo o mais correto seria usar o termo HABILIDADE POLÍTICA e não VONTADE. Ainda assim, o que acontece é que tanto a HABILIDADE quanto a VONTADE POLÍTICA dos governantes esbarra: 1- nos nojentos DIREITOS (alguns protegidos por Cláusulas Pétreas) impostos pela Constituição; 2- na não rara MÁ VONTADE dos ocupantes do Poder Legislativo; e, 3- no entendimento IDEOLÓGICO dos ministros do STF.
PÁTRIA E FAMÍLIA
Como fui ensinado que o amor à Pátria é nutrido com a mesma intensidade que é devotada à família, onde todos fazem o máximo possível para que seus dependentes prosperem social, humana e economicamente, entendo que este mesmo comportamento precisa ser exercido quando alguém impede que o Brasil busque a JUSTA ROTA do crescimento e do desenvolvimento. E quem coloca obstáculos -alguns intransponíveis, por determinação da CF de 1988, precisa ser atacado com muita e persistente força até que o caminho seja desobstruído.
NOVA CONSTITUIÇÃO
Estou convencido, portanto, de que enquanto não forem removidas as CLÁUSULAS PÉTREAS, a nossa Constituição vai continuar barrando totalmente, quer a VONTADE POLÍTICA quer a HABILIDADE POLÍTICA. Mais: Cláusulas Pétreas, repito, só podem ser retiradas com uma NOVA CONSTITUIÇÃO, ou seja, a possibilidade de que isso seja alcançado com o uso de uma ou mais PECs (Proposta de Emenda Constitucional) é simplesmente igual a ZERO. Ou começamos a tratar de uma NOVA CONSTITUIÇÃO, ou nada pode ser feito.
Paulo Moura, em Dextra
Com o fracasso da tentativa de impeachment de Bolsonaro em 2020, a oposição recuou na mesma medida em que o Palácio do Planalto reagiu, e mudou seu modelo estratégico de 2019 (pressionar o establishment com ajuda das ruas) para o modelo de 2020 (cooptar o centrão, ganhar o comando do Congresso e apartar a aliança do parlamento com o STF).
A nova estratégia de Bolsonaro está em curso e, tudo indica, se completará com sucesso com a provável vitória de seus aliados para os comandos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
A segunda fase da estratégia do governo começa dia 2/2, supondo-se a vitória de seus candidatos. Se confirmada a vitória, o passo seguinte é trazer os aliados do centrão para ocupar ministérios e, em seguida, botar para andar as pautas do governo no parlamento, que Rodrigo Maia manteve engavetadas em 2020.
Não basta vencer, é preciso fazer a agenda do governo avançar no parlamento. Controlar o parlamento não é suficiente. O Palácio do Planalto precisa impor a dinâmica das votações e debates no Congresso para controlar um dos vetores centrais da conjuntura e botar a oposição para correr atrás do governo, em vez de ficar gerenciando as crises que a oposição cria e se defendendo das consequências políticas e econômicas da paralisação das reformas.
Para isso funcionar, dois requisitos se fazem necessários:
1 – O presidente precisa definir que reformas vai estimular, pois sua ambiguidade em relação às pautas do ministro Paulo Guedes e os freios que ele mesmo impôs à tramitação das reformas administrativa e tributária emitem sinais controversos para o mercado e muito claros para o centrão;
2 – Remover dos seus cargos os militares dos postos que envolvem coordenação política e relações com o Congresso e substituí-los por operadores do centrão.
Não se engane o leitor, a provável vitória de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco para o comando da Câmara e do Senado é obra de Arthur Lira e Alcolumbre. Os generais do governo são meros coadjuvantes e observadores desse jogo e, para consolidar as novas bases estratégicas do governo, também não se engane o leitor, convém ao presidente entregar ao centrão, “ministérios que dão voto”, como se diz no jargão político.
Antevendo essa dinâmica, a oposição política e midiática, resolveu não esperar e tirou da gaveta novamente a já fracassada tentativa de impeachment do presidente Bolsonaro. Trata-se de reprise do mesmo filme de 2020, cujo roteiro é o seguinte:
A estratégia da oposição tem claros limites e, apesar do estardalhaço da mídia, tem tudo para repetir o fracasso de 2020.
Aproveitando-se da epidemia do Covid19, a mídia cria um ambiente de terror na opinião pública. A imprensa é coadjuvada por Doria, que aumentou 69% os gastos publicitários
A estratégia da oposição tem claros limites e, apesar do estardalhaço da mídia, tem tudo para repetir o fracasso de 2020.
Em primeiro lugar, como já dito, sem o comando da Câmara e do Senado, a oposição perde o controle da pauta do Congresso.
Em segundo lugar, a aliança do Congresso com o STF será substituída por uma aliança do Congresso com o Executivo.
Em terceiro lugar, com toda a artilharia contra ele, apesar de sofrer uma queda em seus índices de aprovação (como em 2020), esses índices não baixam de 30% e, complementarmente, o presidente se mantém na liderança isolada dos rankings eleitorais para 2022 com cerca de 28% das preferências, sem que a população abençoe nenhum dos pretendentes da oposição com mais de 12%, segundo as pesquisas mais recentes.
O mapa da dinâmica do jogo é esse, mas há, no horizonte, algumas variáveis que requerem atenção do presidente. O socorro emergencial às pessoas físicas e jurídicas vítimas das quarentenas acabou e o limite fiscal para reeditá-los é crítico, sem a aprovação de reformas que apontem para a geração de receitas e a redução do déficit público (nem que seja em perspectiva).
A pressão da mídia e de Doria por uma nova onda de lockdowns se explica pelo objetivo de aprofundar a crise econômica e o desemprego, já crescente como consequência de 2020, e manter o clima da opinião pública receptivo a um possível impeachment do presidente, mesmo sem a oposição deter o comando do Congresso.
No entanto, essa estratégia de Doria e da oposição implica em provocar quebradeira de empresas e mais desemprego. Em São Paulo, o aumento do ICMS patrocinado por Doria e a decretação de bandeira vermelha à noite e nos fins de semana, já está levando empreendedores às ruas contra o governador.
Esse fator, se bem usado politicamente pelo presidente, que sempre alertou para as consequências nefastas do fechamento da economia, pode se converter num problema para Doria, principal inimigo de Bolsonaro e que comanda a locomotiva da economia nacional, embora padecendo de crescente antipatia do eleitor paulista e paulistano.
O jogo está posto. Aos movimentos senhores jogadores.
*O autor é cientista político com doutorado em Comunicação Social e titular do excelente Dextra.jor.br, recomendado por este site.
Luiz Guedes da Luz Neto
Estamos ainda no início do ano de 2021 e muitas pessoas estão animadas com a perspectiva de um novo ano e com a possibilidade da realização dos seus planos. Quando se referem ao ano de 2020, tenho escutado de muitas que esse ano não teria acontecido. Como assim?
Quando pergunto por que elas afirmam que o ano passado não teria acontecido, costumo ouvir que o ano de 2020 foi muito ruim, que deveria ser riscado da vida delas.
Lamento dizer às pessoas que estão com o mesmo pensamento acima mencionado que o ano de 2020 aconteceu, independente de elas quererem ou não. Além disso, arrisco dizer que 2021 pode se tornar uma nova versão de 2020, uma espécie de 2020.2, se as pessoas não começarem a exigir o cumprimento dos seus direitos fundamentais de primeira geração, em especial os direitos relacionados à liberdade de ir e vir, à livre iniciativa, à liberdade de expressão, à propriedade privada etc.
Importante, para que 2020 não se repita, que a população combata efetivamente uma falácia muito alardeada no ano passado e que continua a ser em 2021: de que a economia pode ser deixada para depois. Com essa narrativa mentirosa e maliciosa, vários governantes promoveram uma das maiores quebras de empresas e aumento do desemprego no Brasil e no mundo, além da supressão dos direitos fundamentais supramencionados.
A quebra da economia (ou pelo menos um grande abalo) não é uma alternativa para as pessoas, pois todos estamos inseridos na economia, de alguma forma. Até mesmo o ente estatal está inserido nessa realidade, pois é, em regra, financiado pela arrecadação dos tributos (impostos + taxas + contribuições) e, a atividade econômica sofrendo uma diminuição, há reflexo direto também na arrecadação dos tributos, no financiamento da máquina pública. Então, antes de repetir slogans apresentados nas mídias, pense um pouco sobre.
Sem emprego e renda, as pessoas não têm como alimentar-se adequadamente, como tratar da saúde, como ter acesso a medicamentos, a atendimento médico-hospitalar, tratamento odontológico, entre outros.
Ademais, é importante, no ano de 2021, uma ampla auditoria nas contas públicas para verificar a legalidade e regularidade das compras ocorridas durante o período de pandemia, no qual houve uma frouxidão nas regras das compras realizadas pelos órgãos estatais. Como efetivamente o dinheiro público foi empregado nesse período? Essa pergunta precisa ser respondida adequadamente.
Medidas legais também podem e devem ser questionadas pela população, em especial quando são contrárias à lógica do bem comum. Um exemplo típico de conduta governamental, que apesar de legal, é contrária à população, foi o aumento descomunal da alíquota do ICMS no estado de São Paulo. Depois da pressão de vários grupos, o governo daquele estado publicou no dia 15/01/2021 decreto revogando os reajustes para insumos agropecuários, hortifrutigranjeiros, energia elétrica e medicamentos genéricos. Isso mesmo, o governo de São Paulo tentou aumentar o ICMS sobre medicamentos genéricos, não obstante ter sido o governador de São Paulo “eleito” por algumas revistas como o “grande benemérito” da vacina contra o Covid-19.
Afirmar que o ano de 2020 não aconteceu significa, na prática, anistiar os gestores públicos que tomaram medidas ilegais e abusivas contra a população, gerando milhares de desempregados e aumentando a dependência de auxílios governamentais, a exemplo do auxílio emergencial.
Lockdowns não serviram ao intento alardeado pelas autoridades públicas, que seria o controle da taxa de contágio do vírus e, com isso, menos mortes. Serviu apenas como um mecanismo de quebra dos empreendimentos, em especial dos pequenos e médios, que não têm caixa suficiente para sobreviver a um período longo de fechamento. E você sabe qual o custo do desemprego?
Um estudo interessante, realizado na crise do subprime (2008), abrangendo os anos de 2008 e 2009, publicado na revista Harvard Public Health, afirma que houve um aumento em 83% das chances de novos problemas de saúde, condições relacionadas ao estresse, como AVC, hipertensão, artrite, problemas emocionais, psiquiátricos, enfarto. Além disso, o risco de morte também aumentou consideravelmente. Vale a pena a leitura do estudo mencionado. Clique aqui para ler. As premissas do estudo são válidas para a crise criada pela resposta governamental ao COVID-19.
Ademais, é importante, no ano de 2021, uma ampla auditoria nas contas públicas para verificar a legalidade e regularidade das compras ocorridas durante o período de pandemia, no qual houve uma frouxidão nas regras das compras realizadas pelos órgãos estatais. Como efetivamente o dinheiro público foi empregado nesse período? Essa pergunta precisa ser respondida adequadamente.
O poder de polícia e o monopólio da força do estado não devem ser utilizados contra a população, especialmente quando fundados em medidas arbitrárias e, muitas vezes, contrárias às verdadeiras evidências científicas. E ciência não é um credo, que não pode ser contestado. Ao contrário, é da essência da ciência a contestação, a verificação dos dados e das hipóteses com o fim de responder, da melhor forma possível, ao problema de pesquisa.
Porém, vários governantes escolheram as suas “ciências” e, de forma arbitrária, submeteram a população a medidas sanitárias ineficazes (imposição de lockdowns, fechamento das atividades econômicas consideradas, pelo estado, como não essenciais – essa seleção em si mesma é extremamente arbitrária e autoritária), sem admitirem contestação, em flagrante desrespeito aos valores democráticos.
Espero que em 2021 as pessoas deixem de ser passivas e se tornem cidadãs. Cidadãos que reivindiquem os seus direitos e que saibam organizar grupos de pressão para pressionar os governos a adotar medidas razoáveis em prol da sociedade civil, e não apenas em favor dos seus credos científicos e desejo de mais poder. Caso contrário, outros 2020’s poderão se repetir.
*O autor é mestre em Direito Econômico pela UFPB e advogado.
Alex Pipkin, PhD
O economista Armen Alchian foi certeiro quando afirmou que o êxito ou o fracasso de um determinado projeto não dependem necessariamente de uma grande habilidade ou incompetência, e sim de “circunstâncias fortuitas”. Os processos aleatórios são onipresentes em todas as esferas da nossa existência.
Analisando os acontecimentos da minha vida, sem dúvida, eu consigo identificar alguns eventos aleatórios, aparentemente inconsequentes, que me conduziram a grandes mudanças na minha trajetória.
Assim acontece com países, empresas e indivíduos.
Contudo, é bom não dar sorte para o azar. Estudo, preparo, experiências pragmáticas, vontade de fazer acontecer e foco são essenciais.
Mas nesse mundo da disrupção tecnológica, das cadeias globais de valor, da colaboração, da necessidade de complementação de recursos e de capacidades com parceiros estratégicos, e sobretudo, do império das inovações, é fundamental olhar para além do foco, que em algumas situações pode ser estreito.
Tendo sido afirmado que ninguém é uma ilha! Países, empresas e indivíduos dependem de uma rede de conexões com terceiros (vide o tema atual das vacinas!).
Eu diria que a mais grandiosa missão estratégica para as organizações, hoje, é justamente integrar e coordenar as iniciativas estratégicas com todos os membros da cadeia de valor estendida. E neste sentido, há farta literatura suportando que as inovações emergem exatamente dos relacionamentos colaborativos com os parceiros de negócios.
Oportunidades de inovar também podem surgir de encontros aparentemente aleatórios, misturando o foco do negócio a maravilhosa abertura para o desconhecido, projetando e testando novas soluções para os mercados.
Estamos basicamente falando do conceito de serendipidade, ou seja, uma circunstância ou capacidade de descobrir coisas boas por mero acaso, sem previsão.
É muito salutar que empresas eficientes pensem e atuem desta maneira, afinal de contas, são os negócios e as empresas que farão a diferença mais fundamental para a sorte econômica de um determinado lugar.
Entretanto, para que essas oportunidades possam se materializar, é vital ter a mente aberta e receptiva ao “inesperado e diferente”.
E é aqui que eu começo a entristecer e ficar desesperançado com relação aos indivíduos “modernos”.
Nossos homens e mulheres solidificaram as mentes e os corações. Jovens não mais atentam para o fato de que o conhecimento e as experiências deveriam fazê-los refletir sobre suas posições.
Atualmente, todos parecem conhecer “a verdade”, sendo essa diferente dependendo de seus grupos de pertencimento.
O que mais se vê são intolerância e ilusão, que tecnicamente eu chamaria de viés de confirmação. Claro, tenta-se provar que as nossas crenças e ideias - equivocadas e isentas de evidências - é que são as corretas.
Aliás, nada novo. Em 1620, o filósofo Francis Bacon, afirmou que “a compreensão humana, após ter adotado uma opinião, coleciona quaisquer instâncias que a confirmem, e ainda que as instâncias contrárias possam ser muito mais numerosas e influentes, ela não as percebe, ou então as rejeita, de modo que sua opinião permaneça inabalada”.
As mentes se fecharam! Desconsideram-se opiniões alheias, e mais, condenam-se.
Esta é a razão da desesperança, pois se não há troca efetiva de ideias, não existe evolução de ideias e inovações; há apequenamento nas tocas e estagnação.
É o contraditório racional e factível que nos faz evoluir; o experimentar e o refletir sobre visões distintas nos fazem descobrir em quê de fato acreditamos.
A liberdade de expressão está indo para o ralo, especialmente, pela pura rejeição a ideias diferentes daquelas que um indivíduo professa.
Com esta indecente situação, não só se tem mais divisão social, como também se colocam antolhos que impedem aos indivíduos aproveitarem as oportunidades aleatórias que nos permitem inovar, crescer e melhorar nossas condições humanas.
Valterlucio Bessa Campelo
Carlos Ayres Brito, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, hoje em dia superadvogado de supercausas junto aos supertribunais, disse em entrevista recente que, do ponto de vista jurídico, o presidente Jair Bolsonaro cometeu crimes de responsabilidade que justificariam um processo de impeachment contra ele. Abaixo alguns trechos da entrevista, retiradas do site da Folha de S. Paulo
“O povo diz ‘saúde é o que interessa, o resto não tem pressa’, a Constituição, que saúde é dever do Estado e direito de todos. Salta aos olhos: ele promove aglomerações, não tem usado máscara, não faz distanciamento social. Respostas como ‘e daí? ou, ‘não sou coveiro’ não sinalizam um caminhar na contramão da Constituição?”, questionou o ex-ministro do STF.
“Se o presidente não adota políticas de promoção da saúde, segmentos expressivos da sociedade —a imprensa à frente— passam a adverti-lo de que saúde é direito constitucional. Prioridades na Constituição não estão sendo observadas: demarcação de terra indígena, meio ambiente”, lembrou Ayres Brito.
Ainda de acordo com o ex-ministro do STF, o impeachment é a “mais severa sanção” e “tem explicação”. “Somente se aplica àquele presidente que adota como estilo um ódio governamental de ser, uma incompatibilidade com a Constituição. É um mandato de costas para a Constituição, se torna uma ameaça a ela. E aí o país se vê numa encruzilhada. A nação diz, “olha, ou a Constituição ou o presidente. E a opção só pode ser pela Constituição’, disse. Em outro momento, o ex-ministro afirmou que Bolsonaro merece um processo de impeachment pelo “conjunto da obra”.
O que vemos acima, sabe muito bem o ex-ministro, figurinha fácil diante de holofotes e microfones da imprensa, pode ser facilmente classificado no item falácia da ampliação indevida, proposto pelo filósofo alemão Artur Schopenhauer em sua dialética erística, publicada postumamente e popularizada como “38 estratagemas para ganhar uma discussão sem ter razão”. A julgar por sua entrevista, Ayres Brito é um falacioso descarado, que conta com o favor da mídia militante para reverberar seus falsos argumentos como verdadeiros.
Neste caso, Ayres Brito usa o estratagema da ampliação indevida. Trata-se, em síntese, do seguinte: Quanto mais genérica for a acusação, maior será a possibilidade de ataques a ela, portanto, a tese mais genérica é, também, a mais indefesa porque admite um número bem maior de ataques.
Quando, Ayres Brito diz que o “conjunto da obra” faz razão de pedir o impeachment ele, voluntariamente, abre um leque quase infinito de ataques ao presidente. Ou seja, qualquer declaração ou ação do Presidente em dois anos de mandato, pode ser apresentada como “prego” na construção da bomba que derrubaria seu mandato, embora, em si mesma nenhuma delas seja de fato relevante. Obviamente, Ayres Brito não faz essa argumentação medonha como jurista respeitável, ele fala como se ainda fosse filiado ao PT, onde militou por 18 anos. Seus antigos companheiros agradecem.
Por outro lado, fica o alvo – Bolsonaro, obrigado a se defender de todos os “pregos” argumentativos lançados diariamente, sem trégua, pela imprensa e políticos adversários. Aí está a falácia da ampliação. Ou Brito acha que a frase “não sou coveiro” derruba um presidente democraticamente eleito? Quem sabe, o não uso de máscara vira crime de responsabilidade? Soaria ridículo, se não fosse trágico. Na falta de motivos, ele apela para o meio ambiente, política indígena etc., somando tudo como um saco de batatas a que dá o nome de conjunto da obra.
Bem sabe Ayres Brito que, a não ser por novo salto triplo hermenêutico no STF, os argumentos elencados por ele mesmo são ridículos e “conjunto da obra” não enseja impeachment. Do contrário, a extensa trama político-administrativa que envolveu o mensalão teria derrubado Lula e a Dilma nem teria sido reeleita. Aliás, fica ele devendo o artigo que estaria tipificado o “conjunto da obra”.
Ciente disso, em outra frente, mais pragmática, mas no mesmo sentido, labuta agora o Deputado Rodrigo Maia, também conhecido pela alcunha “botafogo” nas planilhas da ODEBRECHT. Sugere o filho de César Maia (outro enrolado com a Justiça), que “não há como o governo escapar de uma Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI em razão da questão da falta de oxigênio em Manaus”. Maia, o novo/antigo aliado da extrema-esquerda quer criar o “fato determinado” que caracterize uma CPI, para que daí surja um eventual crime de responsabilidade capaz de motivar um pedido de impeachment. Se tudo sair como planejado, o Baleia Rossi estará a postos como presidente da Câmara dos Deputados para o serviço seboso.
Voltemos a Schopenhauer. Da falácia da ampliação indevida decorrem outras formas de ganhar o debate sem ter razão. Uma delas é a mudança de sentido de frases ou palavras. Tomemos a declaração do ex-ministro em forma de pergunta: “Respostas como ‘e daí?’ ou ‘não sou coveiro’ não sinalizam um caminhar na contramão da Constituição?” Ora, é obvio que as frases infelizes do Bolsonaro não são mais do que isso mesmo - infelizes. Vistas em seu contexto, cada uma das respostas dadas pelo Presidente foi, no máximo, indelicada. Que história é essa de “caminhar contra a constituição”? Neste caso, Brito altera o sentido da frase de Bolsonaro (Schopenhauer explica) e o ataca sem nenhuma lógica. Novamente, está sendo intelectualmente desonesto.
Em outro trecho, Ayres Brito insinua que o presidente “adota como estilo um ódio governamental de ser, uma incompatibilidade com a Constituição. É um mandato de costas para a Constituição, se torna uma ameaça a ela”. Notaram a palavra ódio colocada na frase sem cabimento? Ela apareceu aí do nada? Não. No melhor estilo descrito pelo filósofo alemão ela foi inserida como sinônimo de qualquer coisa que se queira, para que se possa atacar este “ódio” fantasioso. Que contorcionismo hermenêutico encontraria sentido neste “ódio governamental”? Entretanto, o sujeito – Bolsonaro, terá que se defender dessa sinonímia picareta criada apenas para atacá-lo.
Enfim, percebe-se ao olhar de modo um pouquinho mais apurado, que nos dias de hoje a “verdade” lida nos jornalões não existe. A grande mídia morreu. A imprensa mainstream renunciou ao seu melhor papel, o da informação, e dedica-se exclusivamente a militar por uma causa – o progressismo e a necessária eleição de governos de esquerda. Para isto, atrai, como vimos, uma autoridade do mundo jurídico, o que também já está em Schopenhauer (argumento da autoridade), que se presta ao serviço de construir em entrevista flagrantemente guiada, uma falácia ampliada indevidamente, visando sustentar a viabilidade jurídica de um impeachment contra o presidente que se elegeu e se sustenta contra todo o establishment.
Tristemente, aos 78 anos de idade, Ayres Brito empresta seu brilho e história como constitucionalista a este embuste que o conluio mídia-justiça-parlamento concerta contra o voto legitimo do povo brasileiro. Retorna sob aplausos às suas origens petistas.
Nós, pessoas comuns, precisamos atentar que a luta não é simplesmente entre a orfandade de Lula abrigada em siglas de esquerda e o Bolsonarismo confuso que tenta falar à sociedade pelas mídias alternativas, mas entre visões de mundo opostas. Uma, de ruptura coletivista, assassina, autoritária e globalista e, outra, de avanço reformista, liberal, democrático e nacional. Este é, afinal, o jogo que está sendo jogado no mundo inteiro. A escolha é de lado e não de personagens.
* Valterlucio Bessa Campelo escreve opiniões e contos em seu BLOG
** Enviado pelo autor
Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
MOVIMENTO - FORA BOLSONARO -
Desde o momento em que foi dada por encerrada a apuração dos votos que elegeram Jair Bolsonaro como presidente do Brasil, seus opositores deram início, com forte apoio da MÍDIA ABUTRE, a um MOVIMENTO com o -confessado- propósito de CASSAR, o mais rápido possível, a CHAPA VENCEDORA, ou seja, de uma só tacada tirar o presidente Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão.
APOIOS IMPORTANTES
Vale lembrar, e repetir à exaustão, que na medida em que o governo Bolsonaro tratava de dar seguimento ao programa que -vendeu- aos eleitores durante a campana eleitoral, o MOVIMENTO DA OPOSIÇÃO jamais deu trégua: seguiu, e segue como nunca, focado no IMPEACHMENT do presidente. Como se viu ao longo de 2020, as FORÇAS DO MAL, lideradas pela MÍDIA ABUTRE, que não se conforma com a perda de BILHÕES DE REAIS em publicidade governamental, e pelo indescritível presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ganharam o apoio do STF, cujos 11 ministros, de forma monocrática ou mesmo colegiada, resolveram acumular as FUNÇÕES DOS TRÊS PODERE
IMPEACHMENT
Ora, para que fique bem claro, a atitude de pedir e/ou exigir o IMPEACHMENT do presidente deveria caber aos seus eleitores, apontando como motivo o DESCUMPRIMENTO DAS PROMESSAS FEITAS DURANTE A CAMPANHA ELEITORAL. Pois, o que estamos vendo é o contrário: os OPOSITORES, motivados pela possível perda de privilégios e certos DIREITOS NOJENTOS E INCONCEBÍVEIS, se mostram indignados e insatisfeitos com as pretensões do governo, que não consegue colocar em prática o que prometeu.
NOTA PÚBLICA EMITIDA PELA PGR
Pois, ontem, como se cansado de tantos desmandos, o chefe da Procuradoria Geral da República , Augusto Aras, levou pânico ao STF ao emitir uma NOTA PÚBLICA cujo teor aponta o RISCO DE O ATUAL ESTADO DE CALAMIDADE PROGREDIR PARA O ESTADO DE DEFESA, previsto na Constituição, que pode ser decretado pelo Presidente da República a fim de PRESERVAR OU RESTABELECER "A ORDEM PÚBLICA OU A PAZ SOCIAL ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza". Tal recurso, sujeito à aprovação do Congresso em DEZ DIAS, permite ao presidente restringir direitos da população.
PERPLEXO
O curioso, mas nada surpreendente, foi o grito do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, se dizendo PERPLEXO COM A NOTA. "A sinalização de que tudo seria resolvido no Legislativo causa perplexidade", afirmou o péssimo ministro. Disse mais: - "Não se pode lavar as mãos, não é? O que nós esperamos dele (Aras) é que ele realmente atue e com desassombro, já que tem um mandato e só pode ser destituído, inclusive, pelo Legislativo", acrescentou. Que tal?
ARTIGO 142
O fato do ministro Marco Aurélio ter afirmado que é "impensável" qualquer decreto de ESTADO DE DEFESA no atual contexto, mesmo admitindo que esta providência está prevista no artigo 136 da Constituição, aí o membro do nojento STF, pediu, alto e bom som, que o presidente Jair Bolsonaro faça uso imediato do ART. 142 da Constituição. Como bem diz o bom jurista Ives Gandra Martins, o artigo 142 diz que -para a DEFESA DA DEMOCRACIA, do ESTADO E DE SUAS INSTITUIÇÕES, se um Poder sentir-se atropelado por outro poderá solicitar às Forças Armadas que ajam como Poder Moderador para repor, naquele ponto, a lei e a ordem, se esta realmente tiver sido ferida pelo Poder em conflito com o postulante". Que tal?