• Érika Figueiredo
  • 25 Maio 2022

 

Érika Figueiredo

 

            No último sábado, palestrei no 1° Forum da ABRAJUC (Associação Brasileira de Juristas Conservadores), no Clube Militar do Rio de Janeiro, sobre ativismo judicial. Na ocasião, falei sobre decisões equivocadas de juízes e desembargadores, bem como de Ministros de Tribunais Superiores, em diversos julgamentos.

Discorri, sobretudo, acerca do pensamento equivocado de muitos julgadores, que ao invés de aterem-se à letra da lei, ao que ali está escrito e determinado, tecem elocubrações e ampliam interpretações, na hora de aplica-la, fazendo-o de acordo com seu próprio ponto de vista, de um modo ostensivamente inconstitucional .

Ocorre, nesse momento, aquilo que o grande Antonin Scalia, juiz da Suprema Corte americana,integrando-a de 1986 até a sua morte, em 2016, chamava de comportamento de reis: estes aplicadores do Direito consideram que a lei está a seu serviço (e não ao contrário), pois enxergam-se como verdadeiros ungidos por Deus, tais quais os monarcas absolutistas do passado.

Temos visto decisões desprovidas de fundamentação legal, dissociadas da realidade e ancoradas, única e exclusivamente, nos pensamentos dos magistrados que professam-nas. Tais decisões atingem a sociedade em um dos pilares da civilização: a segurança jurídica.

O direito romano, a cultura grega e a tradição judaico-cristã formam o tripé que conduziu a civilização, por milhares de anos, até o tempo atual. Com base nos valores alcançados , pelos ensinamentos adquiridos, criamos meios de convivência em comunidade e de dissolução de conflitos sociais.

Aprendemos que há algo maior que nos norteia e rege, e que a vontade do homem é formatada por regras superiores a este, devendo o mesmo adequar-se, a fim de ser aceito, no meio social. Isso é indiscutível.

No entanto, eis que , de uns tempos para cá, o ativismo judicial, que nada mais é do que abuso de poder, por meio de julgadores, fez-se presente no meio jurídico, e juízes que comportam-se como reis, entendem estar acima das constituições e das leis.

Acontece que o juiz está longe de ser rei. Este exerce uma função pública, para a qual prestou um concurso ou foi escolhido por critérios pré-determinados, como ocorre com desembargadores conduzidos pelo quinto constitucional, e ministros de tribunais superiores. Em quaisquer destes casos, ele deve seguir a legislação, aplicando o que está descrito nas leis e na constituição de seu país, por meio de uma interpretação.

Interpretar não significa inovar, preencher lacunas, fazer analogias “in malan partem” ou, pior ainda, arvorar-se a criar o que não existe. Interpretar é agir dentro dos estritos limites da lei, valendo-se, conforme o próprio Scalia ensinava, do originalismo e da textualidade.

O que seria isso? Originalismo é ater-se ao que a lei originalmente quis dizer. Sem suprir lacunas. Sem inventividades. Da mesma forma que textualidade é interpretar o texto da lei, sem incluir palavras ou expressões que ali não se encontram. Ou seja: VALE O QUE ESTÁ ESCRITO, sem que se tente perquirir a vontade do legislador, a intenção daquela lei (caso não esteja claramente descrita), ou coisa que o valha.

Entretanto, os ungidos por Deus (porque ao sentirem-se com a capacidade de utilizar as leis a seu serviço, é assim que comportam-se certos julgadores), não percebem que, ao agirem dessa forma, retiram da sociedade a tal segurança jurídica, de que falávamos acima: os indivíduos passam a não saber o que esperar das decisões.

Em uma sociedade na qual não se encontra segurança jurídica, automaticamente não se vislumbra a paz social. E onde não há paz, há barbárie. Se decisões, não baseadas em leis anteriores a estas, podem ter impacto na sociedade, então não se sabe o que pode acontecer, em seguida.

Foi assim na Russia de Stalin, quando os juízes passaram a decidir contra a lei e a Constituição, e a favor do Partido Comunista, apesar dos Gulags, da fome do caos. Foi assim na Alemanha de Hitler, quando juízes saudavam o fuhrer e davam as costas para a população, decidindo de olhos vendados aos horrores ao redor, ao Holocausto, aos campos de concentração, ao abuso de poder.

            Tem sido assim, no mundo todo, a despeito de termos tantos exemplos, na História. Mas o homem deu as costas à tradição, lembram-se? E com isso, deu as costas aos ensinamentos que a História traz. Quase nada tem sido feito, para coibir tantas ilegalidades. E o preço a pagar será alto.

Se, no mundo atual, vivenciamos discursos apocalípticos, acerca de vírus, aquecimento global, superpopulação e outras narrativas, ao recepcionarmos os abusos de poder, por certos membros do judiciário, damos a estes salvo conduto para decidirem as nossas vidas, conforme bem entenderem, valendo-se, inclusive, dessas circunstâncias, para agir em desacordo com a lei.

Contudo, algo essencial e inescapável deixou de ser considerado: esses indivíduos não foram eleitos pela população. Não cumprem mandato eletivo, não podem ser destituídos. Possuem cargos vitalícios, e decisões que, em muitos casos, não são passíveis de reexame.

Ao decidirem sobre as vidas das pessoas, instrumentalizando o Direito como lhes convém, estão invadindo competências que não são suas, pois vivemos sob a égide do sistema da tripartição dos Poderes. Judiciário, Legislativo e Executivo possuem funções distintas, e um Poder não pode invadir a seara do outro.

Portanto, toda vez que testemunharmos um julgador inventando o que não está descrito nas leis, sob o argumento de que está preenchendo lacunas, tais lacunas somente se fazem cabíveis, nas hipóteses contidas nas fontes do Direito, e destas não fazem parte as ideias do aplicador das referidas leis. Ele deve ater-se ao que foi criado pelo legislador.

O abismo é logo ali, e a continuidade desse círculo vicioso que vem se formando , em nossa Justiça,dando origem a uma verdadeira JURISTOCRACIA (uma forma de poder baseada no que emana do Judiciário), trará consequências nefastas , de proporções inimagináveis, à sociedade. Que Deus nos ajude.           

*       Érika Figueiredo PE Promotora de Justiça no Rio de Janeiro.

**      Este artigo foi publicado originalmente no excelente Portal Tribuna Diária e enviada ao site Conservadores e Liberais pela autora.          

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 21 Maio 2022

 

Alex Pipin, PhD


Uma das piores coisas da nossa “modernidade” é que ela nos impede de compreender e de focar o básico e o eficiente.

Palavras utilizadas excessivamente, com significados desvirtuados, só servem como um exercício retórico, que inibe a capacidade de pensamento reflexivo e apodera ainda mais o glamorizado efeito “aparência”.

Políticos populistas e juízes suspeitos arrotam aos quatro cantos as palavras democracia e Estado de Direito, enquanto executivos experimentados e novatos verbalizam automaticamente as “senhas” estratégia, vantagem competitiva, propósito, inovação, e por aí afora.

Mas quem poderia ser contra tais platitudes pouco úteis sem o devido significado e as atitudes e as ações que as respaldam?

No entanto, cabe alertar que, tais palavras com sentido opaco e deturpado podem representar desde o fim dos direitos democráticos até a morte de uma efetiva economia de mercado.

Neste leque de obviedades, uma das palavras mais utilizadas no meio empresarial é estratégia.

Muitos executivos a entoam retoricamente, poucos a praticam.

Estratégia, parece-me, tem sido uma espécie de sinônimo de uma nobre lista de desejos, de determinadas aspirações econômicas, atualmente ainda mais contraditórias com os objetivos do “queridinho ESG”, similarmente confundido com estratégia competitiva.

Muito embora alguns tenham decretado a morte da estratégia, em razão das constantes e turbulentas mudanças geopolíticas e nos mercados, ela é, ao contrário do que se pensa, cada vez mais essencial para o alcance de uma lucratividade organizacional superior, que no frigir dos ovos é o que conta.

Sim, o que importa é o lucro, não o empolado propósito.

Estratégia para ser praticada e ser efetiva, necessita ser clara e compreendida por todos e em todos os níveis organizacionais.

Sem dúvida, estratégia não deve ser mais um plano “estético” revisado anualmente, completamente apartado da realidade operacional do cotidiano empresarial, também não um “ilustre propósito” organizacional.

Estratégia precisa ser operacionalizada, com o foco nas escolhas estratégicas realizadas anteriormente - que não devem ser extensas -, integrando todas as áreas da organização.

É evidente que tais escolhas devem ser revisitadas a cada dois ou três meses, tendo em vista alterações nos mercados e as eventuais mudanças de rumo, a fim de aproveitar oportunidades e/ou eliminar/mitigar as ameaças aos negócios.

De fato é a integração funcional - interna - de todas as funções organizacionais, juntamente com a integração - externa - com os parceiros de negócios, que faz a estratégia acontecer e ser bem-sucedida.

A estratégia diz respeito ao foco de todos na busca do alcance da resolução dos problemas para se atingir as escolhas estratégicas da organização no presente, a fim de que ela esteja melhor posicionada no futuro.
Repito, estratégia tem a ver com foco em um negócio, e ninguém pode ter a pretenção e a soberba de querer ser tudo para todos os consumidores/clientes.

É irônico constatar que hoje aparenta que a grande maioria das organizações (ou suas áreas de MKG/RH) aposta nas causas ESG - ambiental e social - como estratégicas para seus negócios; o que, a meu juízo, não é nem estratégia, tampouco seria para todos os tipos de negócios.

A Volkswagen, por exemplo, publicou recentemente uma propaganda do Polo com um casal homoafetivo, referindo-se à inovação, à diversidade e à evolução.

Penso que tal estratégia diz respeito a uma possível ampliação e diversificação de linhas de produtos; proximamente talvez um veículo para brancos, negros, asiáticos, judeus, enfim…

Uma vez que sou adepto do foco estratégico, ainda mais em um ambiente de crise, altamente inflacionário, minha sugestão estratégica seria justamente o oposto, ou seja, um ajuste e uma redução nas linhas - carros grandes, médios e pequenos - e nos respectivos modelos. Isso é foco!

Sempre parece salutar lembrar que existem boas e más estratégias, aquelas que conduzem a um crescimento lucrativo e sustentável e aquelas que corroem os resultados das organizações.

Portanto, muita atenção e cuidado com as palavras ao vento e, especialmente, com as “estratégias”!

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  • Gilberto Simões Pires, em Ponto Crítico
  • 19 Maio 2022

Gilberto Simões Pires

 

ALTA DE PREÇOS AO CONSUMIDOR

Influenciados fortemente pela MÍDIA ABUTRE e por ferozes adeptos do socialismo/comunismo, milhões de brasileiros entendem que a gritante e persistente elevação dos PREÇOS AO CONSUMIDOR, equivocadamente conhecida como -INFLAÇÃO-, fenômeno que corrói a renda e, por consequência, o poder de compra do povo brasileiro, tem como grande responsável o presidente da República, por conta da demoníaca MATRIZ ECONÔMICA imposta e conduzida pelo ministério da Economia.

FIQUE EM CASA

 

Embora já tenha dedicado inúmeros editoriais sobre este tema, sempre informando que a CAUSA desta fantástica desorganização econômica é fruto da DECISÃO CRIMINOSA DO -FIQUE EM CASA- imposta por maus governantes, volto ao assunto para informar que todos os povos que foram vítimas da mesma e cruel decisão do -FIQUE EM CASA- estão vivendo o mesmo pesadelo. Com um detalhe: a MÍDIA ABUTRE, quando noticia a -"TAXA DE INFLAÇÃO"- de algum país não aponta os governantes como responsáveis pela alta de preços de produtos ao consumidor.

CONTINENTE EUROPEU

 

Pois, como bem diz e lembra o economista e pensador Igor Moraes, quem está assustado com a VARIAÇÃO DE PREÇOS AO CONSUMIDOR NO BRASIL, é bom que saiba que a "INFLAÇÃO" -ANUALIZADA- verificada no CONTINENTE EUROPEU, para o mês de abril, divulgada hoje, 18, ficou em +7,4%. Olhando país por país europeu, a Estônia fechou abril com alta -anualizada- de +19%; a França com +5,4%.; e o Reino Unido com alta de 9%, considerado um recorde em 40 anos, essencialmente devido aos preços da energia, o que aumenta a crise do custo de vida.

ITENS PRINCIPAIS

 

Igor destaca dois itens que mais colaboraram para a ALTA DE PREÇOS AO CONSUMIDOR: 1- ALIMENTOS: com +1,9% somente em abril/22 e acumulando +6,3% na região nos últimos 12 meses; 2- ENERGIA: com alta de +37,5% nos últimos 12 meses. Fazendo coro com o que venho repetindo à exaustão, Igor completa o seu comentário dizendo: A culpa todos sabemos: reflexo das políticas do "fique em casa" e mais recentemente dos conflitos na Ucrânia. Esse ciclo de alta no custo de vida ainda deve durar um tempo e vai gerar, no mundo inteiro, uma piora na distribuição de renda. Ao menos estamos percebendo que deixar para "ver a economia depois" sai caro.

NÃO SE TRATA DE CONFORTO COM A DESGRAÇA ALHEIA

 

O propósito das informações sobre o comportamento dos preços ao consumidor em outros países, que de antemão não difere das dificuldades que estamos passando, não se trata de uma busca de algum tipo de conforto usando como escudo a desgraça alheia, como diz o velho amigo e leitor Geraldo Stédile. Trata-se, isto sim, de explicar que o FENÔMENO não é brasileiro, mas mundial. Mais: a encrenca nada tem a ver com a PANDEMIA, mas com a forma estúpida imposta pelo criminoso -FIQUE EM CASA-, por maus governantes.

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  • Juliano Oliveira
  • 19 Maio 2022

 

Juliano Oliveira

 

A nossa grande mídia e seus jornalistas, que há muito deixaram de ter qualquer compromisso com os fatos, podem ser comparados, respectivamente, a um parque de diversões e a crianças birrentas, mimadas que, submersas no mundo da fantasia, não sabem distinguir entre a razão e a emoção e partem para o grito quando não veem seus desejos sendo realizados.

A nossa grande mídia, a mídia mainstream, já não tem qualquer credibilidade (ao menos para quem se importa com os fatos). O pluralismo de que fala é, na verdade, uma farsa. Apenas mais um golpe na já combalida liberdade de expressão. As distorções e as meias verdades são ferramentas sutis de uma defesa velada de uma democracia que não existe. Seus objetivos? Os mais nefastos. Destruir aquilo que promete defender. Falsear os fatos. Ignorar as mensagens que não fazem parte de seu matiz ideológico. Expor seus inimigos ou, dito de outra forma, qualquer um que seja contrário à narrativa impressa em sua cartilha ideológica e relegá-los ao ostracismo.

É por isso que alguém como Luiz Inácio Lula da Silva, o descondenado, é declarado inocente. É por isso que alguém como Jair Messias Bolsonaro é rotulado de ditador quando, em completa oposição a uma postura ditatorial, defende que cidadãos de bem possam portar armas para defesa de suas próprias vidas (uma vez que o Estado, historicamente, não é capaz de atender à necessidade de segurança de seus cidadãos, mas, em contradição, é ele próprio o responsável pelo assassinato em massa de inocentes que antes desarmou por decreto). Contradições flagrantes!!

Atacar os adversários, desacreditar as mensagens que não são compatíveis com sua narrativa ideológica – este é o verdadeiro papel da grande imprensa esquerdista. O Ministério da Verdade Orwelliano tem a função de selecionar aquilo que deve ser entregue ao público leitor e, se não consegue convencê-lo por meio de seus discursos, deve tentar fazê-lo por meio de censura (ou o leitor nunca leu notícias que comemoravam com êxtase as sentenças proferidas no âmbito do inquérito das Fake News?).

O adversário da vez, no entanto, é ninguém menos que Adolfo Sachsida, o novo ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro. Por que motivo Sachsida seria o alvo da vez? Minha aposta está nesta resposta dada pelo economista a uma pergunta realizada pelo jornalista Lucas Berlanza em entrevista concedida em ocasião do lançamento de seu livro “Considerações econômicas, sociais e morais sobre a tributação”.

Vejamos qual foi a pergunta:

Como o senhor conceituaria a própria posição sócio-política? Quais são as suas principais referências e inspirações, que autores leu para formar suas opiniões e perspectivas?

A resposta:

“Sou um liberal clássico ou conservador. Tenho tremenda admiração por Hayek, que em minha opinião foi o maior economista do século XX. Também gostei muito de ter lido A Sociedade Aberta e seus Inimigos, de Karl Popper, e Liberalismo segundo a Tradição Clássica de Mises. Mais recentemente, gostei muito de ler Como ser um Conservador de Roger Scruton, e A Mentalidade Conservadora de Russell Kirk. Conheci a genialidade de David Hume ao ler seu impressionante Ensaios Morais, Políticos e Literários. Além disso, compreendi a dificuldade de se desmontarem certos argumentos lendo o excelente Dois Tratados Sobre o Governo,  de John Locke. Por fim, aprendi muito lendo os diversos trabalhos do Professor Olavo de Carvalho”.

A esta altura, acredito, não precisaria tentar esmiuçar ao leitor a razão de tanta cólera por parte da mídia mainstream. É por isso que, um dia após ter sido nomeado para o cargo, chamadas como esta buscam desqualificar o novo ministro, reduzindo seus discursos, dotados de grande conteúdo econômico, a achismos e reducionismos que, por serem usados à exaustão pela esquerda despudorada (desculpem-me a tautologia), já estão batidos. Nesta chamada, e fiquemos apenas neste exemplo, a jornalista e colunista da Folha, Mônica Bérgamo, despreza toda a formação econômica, política e intelectual do ministro e diz que seus discursos econômicos são repletos de machismo. Para dar sustentação às suas argumentações, faz recortes de entrevistas e aulas em que o ministro faz considerações de cunho econômico às diferenças existentes entre mulheres e homens no que diz respeito às condições que encontram no mercado de trabalho.

Para qualquer pessoa que tenha lido ao menos algumas páginas do que diz a boa teoria econômica (teoria austríaca) e que as tenha entendido, está claro que as empresas não podem se dar ao luxo de discriminar negros, pobres, mulheres ou quaisquer outros indivíduos por questões que não sejam de ordem puramente econômica. Não ficou claro? Explico.

Digamos que minha empresa fictícia de sorvetes esteja ofertando uma vaga de atendente e que os únicos requisitos para o preenchimento da vaga sejam possuir uma boa comunicação oral e facilidade de trabalho em equipe. Digamos ainda que dois candidatos, um negro e um branco, tenham se apresentado para a vaga. Por meio de um processo seletivo rigoroso, descubro que o candidato negro é o mais habilitado para o cargo. Possui ampla experiência, excelente comunicação oral e enorme facilidade de trabalho em grupo. Não obstante, por pura birra e preconceito, resolvo contratar o candidato branco. Menos experiente, não possui as habilidades de que preciso, mas não é negro. Puro preconceito, concordam? Eu também.

Agora surge, no entanto, a leitura do que ocorrerá depois disto. Minha empresa será menos produtiva porque resolveu comprar algo (a mão de obra, neste caso) que não lhe trará o retorno esperado. Num mercado totalmente desimpedido, o outro candidato, o negro, será contratado pelo concorrente que irá se destacar por ter à sua disposição uma mão de obra mais produtiva. Daí conclui-se que o mercado não pode ser preconceituoso (e, de fato, não o é). O mercado é sempre aberto a receber todos os candidatos. Negros ou brancos, pardos ou amarelos, mulheres, homens e outros gêneros (até mesmo alguns vermelhos encontram seu lugar no mercado para, logo depois, associarem-se a sindicatos e desafiarem os patrões que lhes deram trabalho).

Sejamos sinceros, caro leitor. Não é difícil entender essa teoria básica de comportamento e incentivos, é? Até mesmo alguém que não tenha uma formação acadêmica tão respeitável e elogiosa como a do ministro seria capaz de entender isso.

Não os esquerdistas. Não os jornalistas que fazem parte da mídia militante, descolada dos fatos. Para eles, quanto pior, melhor. Apoiam-se no discurso de ódio (quando dizem que nós é que somos odiosos).

A propósito, o novo ministro já provocou a ira da esquerda ao mexer no vespeiro da Petrobras. Uma estatal que, há muito, devia ter sido privatizada. Algo alvissareiro para o Brasil.

 

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  • José Antonio Lemos dos Santos
  • 16 Maio 2022

 

José Antonio Lemos dos Santos

 

     Em artigo recente lembrei que nas eleições proporcionais você pode votar em um candidato e eleger outro. Neste artigo tentarei mostrar que estes desvios de intenções não são poucos e comprometem em muito a representatividade das eleições. Uso por base os dados das eleições de 2018 para deputados estaduais e federais em Mato Grosso.

Naquelas eleições Mato Grosso contou com 2.329.374 eleitores aptos a votar. Destes, 571.047 e 555.860 votaram nos candidatos eleitos a deputado federal e estadual respectivamente. Ou seja, naquelas eleições proporcionais menos de 1 em cada 4 dos eleitores de Mato Grosso (menos de 25%) elegeu o candidato em quem votou.

Ao contrário, daqueles mesmos 2.329.374 eleitores, 800.033 e 841.164 votaram nos candidatos não eleitos a deputado federal e estadual respectivamente. Ou seja, nas proporcionais os que não foram eleitos tiveram em seu conjunto muito mais votos diretamente neles que os eleitos. Mas se você foi um dos que não elegeu seu candidato, não deve ter ficado aborrecido pois os votos nas proporcionais nunca são perdidos. Mesmo sem saber, você ajudou os eleitos a completar os votos necessários à conquista de suas cadeiras, número dado pelo Quociente Eleitoral, no caso 185.158 para federal e 63.138 para estadual.

Nenhum demérito aos eleitos, afinal assim são as proporcionais aqui e nos países de democracia mais avançada. O grande problema fica com esta maioria de eleitores que indiretamente elegeu candidatos sem saber quem são, e foram decisivos nela. Por exemplo, mesmo o candidato mais votado para deputado federal que teve 126.249 votos, precisou de mais 58.909 votos dados a outros candidatos companheiros de chapa para completar o Quociente Eleitoral, sem os quais não seria eleito. Para se ter uma ideia, para esta complementação o mais votado precisou de mais votos de seus correligionários derrotados do que os 49.912 votos obtidos pelo federal eleito menos votado, o qual, por sua vez precisou de 135.246 votos dados a seus companheiros de chapa derrotados para se eleger. As proporcionais são assim, por isso a Justiça Eleitoral decidiu que nelas as cadeiras pertencem aos partidos e não aos candidatos. Porém mesmo assim podem mudar de partido, levando com eles os votos dados a outros que foram companheiros de chapa na eleição. Incompreensível! Mas essa é outra história.

Já o estadual mais votado alcançou 51.546 votos e mesmo sendo o mais votado precisou de 11.592 votos dados a seus companheiros derrotados. Mais que os 11.374 votos obtidos pelo estadual eleito menos votado. O qual por sua vez precisou de recorrer a 51.764 votos dados a seus companheiros de chapa derrotados. Quase 5 vezes os votos dirigidos diretamente a ele. E mesmo assim pode mudar de partido.

Sem demérito aos eleitos, assim são as proporcionais. O problema é que no Brasil suas regras e as listas dos candidatos por partido ou coligação, agora federação, não são facilitadas ao conhecimento do eleitor, que vota em um time de candidatos desconhecendo seus componentes. Assim, essa maioria de eleitores que não elegeu diretamente seus escolhidos acaba indiretamente elegendo outros sem saber quais poderiam ser, muitas vezes um que abomina, zerando a representatividade das proporcionais pois, ao fim, não expressa nem a escolha por candidatos individuais, nem a proporcionalidade política que deveria expressar. Pior, o eleitor fica com a pecha de não saber votar e ainda paga a conta. Por isso, para definir seu voto nas proporcionais é importante aguardar os TRE’s divulgarem oficialmente os candidatos, de preferência listados por partido ou federação.

*         O autor é arquiteto e urbanista, membro da AAU, professor aposentado.

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  • Alex Pipkin, PhD
  • 16 Maio 2022

Alex Pipkin, PhD


A demagogia, o populismo, as “verdades” românticas, assim como os desejos utópicos, são mais velhos do que andar para frente.

No entanto, o novo bastardo e devastador, é a velocidade e a extensão da disseminação com que tais ervas daninhas têm destruído as normas e a coesão social, e corrompido as verdades econômicas.?

De fato, na medida em que tudo parece ser construído socialmente, derrubaram-se os pilares que sustentavam as arraigadas virtudes do desenvolvimento cultural, econômico e social sadio e sustentável.

A responsabilidade em nível micro, do indivíduo, e macro, no sentido de nação, como valor fundamental, desapareceram, e com isso a confiança entre as pessoas nas relações interpessoais e nos negócios foi para o espaço.

A estupidez e a soberba da era do pós-verdade, autorizaram pessoas a viverem de acordo com suas “próprias regras”, e os países a adotarem políticas econômicas e sociais isolacionistas, introvertidas e danosas.

Ilusões e retóricas fáceis substituem os fatos e as evidências para explicar as frustrações, os fracassos e a prosperidade que nunca chega. Tudo isso abona a mentira e o autoengano, uma vez que os “culpados” são os outros indivíduos e/ou as outras nações, juízos do tipo “os yankees imperialistas”.

Romanescas falácias levam pessoas a verbalizar que seus insucessos devem-se a exploração dos “ricos”, e a acreditar que a globalização é uma das grandes vilãs do desemprego e das desigualdades sociais.?

?Embora seja uma expressão da natureza humana, culpar os outros exime de atitude e de ação responsável aqueles que deveriam agir para a resolução dos seus respectivos problemas.

Em períodos de crise, a busca por eventuais explicações e seus causadores se agiganta.

Pandemia, guerra, recessão econômica e o fenômeno inflacionário faz crescer a fantasia de que o protecionismo seja a saída “mágica”, a fim de criar empregos nacionais e conter o aumento generalizado de preços.

A alta da inflação é genuinamente uma situação mundial, sem dúvida, porém, não parece haver dúvida de que o livre comércio é essencial para reduzir preços para os consumidores, já que aumenta a concorrência e, fundamentalmente, possibilita o acesso a produtos de melhor qualidade, mais inovadores, a preços mais baixos.

Os fatos e as robustas evidências corroboram que uma maior abertura econômica conduz a uma maior concorrência, que age sobre os preços, mantendo-os mais baixos, alem de impulsionar as empresas a inovar constantemente para ficarem na vanguarda e alcançarem uma lucratividade superior.

A verdade é que o protecionismo beneficia os empresários do compadrio, avessos a competição, às custas dos consumidores; são esses grupos de interesse os maiores ganhadores da falácia protecionista.

Governos populistas culpam outros países por seus fracassos econômicos e enganam sua população por meio de políticas públicas protecionistas e “progressistas”.

É indispensável abrir a economia para possibilitar e potencializar as inovações, e dar aos consumidores melhores produtos, mais baratos e, nesse momento, conter o viés protecionista a fim de auxiliar a manter os preços mais baixos.

No nível individual, tristemente, as pessoas têm sido motivadas a pensarem que seus problemas e o sucesso em suas vidas são de responsabilidade de outros. Não, não somos vítimas, somos os donos de nossas próprias trajetórias. A guerra da escassez de confiança social precisa ter fim, e a mentira descarada necessita ser abatida.

Indivíduos e nações não são vítimas dos “outros”, e é cada vez mais preciso reverter tais falácias para que se possa reencontrar o caminho certo para o desenvolvimento econômico, social e cultural.

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