CONTRIBUINTE BRASILEIRO BANCA 142 SENADORES E APOSENTADOS

Diário do Poder e comentário do editor

12/03/2017

 

O Diário do Poder relata

Além dos 81 senadores no exercício do mandato e outros quatro licenciados por mais de 120 dias, o contribuinte paga por mais 61 senadores aposentados como Aloizio Mercadante (PT-SP), José Sarney (PMDB-AP), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Jorge Bornhausen (ex-PFL, atual DEM-SC). Até 1999, parlamentares conseguiam emplacar a aposentadoria com só oito anos de contribuição. Agora é proporcional.

Ex-senadora e ex-ministra de Dilma, Ideli Salvatti (PT-SC) ficou no Senado por 7 anos. Hoje recebe aposentadoria de R$ 7,7 mil por mês.

Gerson Camata, ex-senador pelo PMDB do Espírito Santo, por exemplo, recebe aposentadoria integral de R$ 33,7 mil por mês.

O salário de senadores é de R$ 33,7 mil, além da cota parlamentar a título de “ajuda de custo” e auxílio-moradia de R$ 95 mil/mês.


Comento

 
O realidade descrita acima é proporcionalmente pequena, como uma mancha de óleo no oceano da Previdência Social. A aposentadoria do senadores (e creio que igualmente dos deputados federais) sequer é encargo da Previdência. Mas é uma mancha de óleo que a gente vê e aponta com sentimento de revolta. É dinheiro do mesmo contribuinte. É dinheiro, também, dos impostos pagos pelos aposentados e pensionistas.

Essa regalia dos parlamentares é um despropósito. Ademais, nenhuma atividade é tão desgastante, tão nociva, tão perigosa que permita "aposentadoria" proporcional após oito anos de contribuição. E integral aos 24 de mandato parlamentar em qualquer nível! A sociedade precisa manifestar-se contra. Se os congressistas querem resguardar seu futuro com uma aposentadoria complementar, que façam o próprio plano privado.
 

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Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Gilmar Mendes sustenta que Michel Temer pode retornar à Presidência da República na hipótese de perder o mandato no julgamento sobre a cassação da chapa vitoriosa na disputa presidencial de 2014. Segundo Gilmar, Temer pode manter seus direitos políticos intactos. Assim, poderia candidatar-se ao Planalto numa eleição indireta feita pelo Congresso Nacional, onde dispõe de ampla maioria.

Gilmar Mendes, hoje um dos principais conselheiros de Temer, falou sobre o tema à agência Reuters. Na sua avaliação a comprovação do uso de caixa, potencializada pelos depoimentos de delatores da Odebrecht à Justiça Eleitoral, afeta a chapa Dilma Rousseff—Michel Temer como um todo.


“Evidente que o vice participa da campanha”, disse o ministro. “Mas quem sustenta a chapa é o [candidato a] presidente, o cabeça de chapa.” Por esse raciocínio, a caracterização do abuso do poder econômico levaria à cassação dos dois integrantes da chapa. Mas apenas Dilma, deposta pelo Senado há seis meses, ficaria inelegível. Seria dela, não do seu vice, a responsabilidade pelo ingresso de verbas de má origem na caixa registradora do comitê. Prevalecendo esse entendimento, Temer não seria alcançado pela inelegibilidade.

Gilmar Mendes, que também é ministro do Supremo Tribunal Federal, disse que não há dúvida quanto à forma de preenchimento do cargo de presidente em caso de cassação da chapa. A Constituição prevê que, durante a segunda metade do mandato, a eleição tem de ser indireta e conduzida pelo Congresso Nacional.

A defesa de Temer vinha sustentando a tese segundo a qual a contabilidade da campanha do vice deveria ser apartada das contas da cabeça de chapa. Relator do processo, o ministro Herman Benjamin torce o nariz para a tese. Que se tornou dura de roer depois que os delatores da Odebrecht deixaram claro que a construtora repassou milhões por baixo da mesa ao comitê encabeçado por Dilma.

O Planalto passou a opera rem favor da protelação do julgamento. Gilmar Mendes não exclui a hipótese de o processo se estender até o ano eleitoral de 2018. Ele acredita que o relatório de Herman Benjamin “dificilmente” ficará pronto “antes do final do semestre”. Por quê? “Como ele abriu, pode ter pedidos de novos depoimentos por parte das partes, e provas e perícias. Há possibilidade de delay (atraso)”.

Gilmar afirma, de resto, que os ministros do TSE podem pedir vista do processo, o que contribuiria para retardar o julgamento. “Não é de se excluir que (o processo) dure até o ano que vem”, disse.

 

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CÂMARA AUMENTA CARGOS DE CONFIANÇA PARA DEPUTADOS

Nilson Sebastian/Ag. Câmara

06/03/2017

 

O Congresso Nacional é constituído por 513 deputados federais e 81 senadores e para atenderem a esses 594 senhores, segundo o ministério do planejamento, em dezembro de 2015 existiam 24.896 servidores ativos que custaram R$ 5,4 bilhões. Considerando também os 10.360 servidores inativos que custaram R$ 3,5 bilhões o custo total com essa imoral e criminosa usina de gastos públicos foi de R$ 8,9 bilhões.


Câmara aumenta cargos de confiança para deputados
Diretores da Casa trabalham até no sábado para concluir proposta encomendada por Rodrigo Maia que ampliará número de vagas a serem preenchidas por funcionários escolhidos por parlamentares e partidos. Mudança foi costurada na campanha da nova Mesa DiretoraSem alarde, o novo comando da Câmara prepara, a toque de caixa, mudanças na estrutura administrativa da Casa para garantir aos deputados o direito de contratar mais funcionários de sua confiança e ampliar as vagas destinadas às lideranças partidárias. A manobra, que deve inicialmente criar de 200 a 300 novos cargos de livre nomeação, faz parte das promessas de campanha da chapa vencedora, do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Os parlamentares têm pressa em aprovar as modificações, que também estão atreladas à distribuição das comissões, a serem instaladas nos próximos dias.

A pedido de Maia, diretores das áreas de Recursos Humanos e Pessoal da Câmara se reuniram, neste sábado (4), para discutir uma proposta a ser apresentada à Mesa Diretora na próxima semana. Caberá a esse órgão, e não ao plenário, decidir sobre o assunto. A estratégia se baseia na combinação de duas modificações. A ideia é transformar cerca de 100 funções comissionadas (FCs), privativas de servidores efetivos da Casa – concursados e os funcionários que entraram na casa antes da exigência de concurso público – em cargos de natureza especial (CNEs), para funcionários contratados livremente pelos parlamentares, por secretarias ou lideranças. Além da conversão das FCs em CNEs, também se articula a divisão desses cargos comissionados, de modo a multiplicar o número de contratados.

Os CNEs são divididos em diferentes níveis de remuneração. Um CNE 7, por exemplo, ganha R$ 18 mil. Já um CNE 15 recebe cerca de R$ 3 mil. Pela proposta, cujo detalhes ainda não foram divulgados, além da transformação das FCs em CNEs, será possível dividir os CNEs – os novos e os já existentes – em vários. Um CNE 7 poderia ser transformado em vários CNEs 15 e permitir a contratação de até seis servidores de confiança. Integrantes da Mesa Diretora que defendem as medidas argumentam que as mudanças não vão implicar aumento de gasto público. Alegam que o mesmo valor será repartido entre mais pessoas.

Mas não será bem assim, advertem servidores efetivos: a Câmara gastará mais com outros benefícios, como auxílio-creche e alimentação, para mais funcionários. Ou seja, seis servidores de R$ 3 mil (CNE 15) custarão mais que os R$ 18 mil de um CNE 7, para ficarmos com o mesmo exemplo. Com a mudança nas regras, apoiadores de Rodrigo Maia pretendem ampliar seu espaço na área legislativa, como as lideranças partidárias, as novas secretarias e comissões temáticas da Casa.

Reação de servidores efetivos

Um grupo de servidores efetivos questiona a legalidade e a moralidade da manobra. Em nota, a Frente Ampla de Trabalhadoras e Trabalhadores do Serviço Público pela Democracia afirma que o objetivo maior da proposta encabeçada pela Mesa Diretora é aumentar o “cabide de empregos” na Câmara e “desmontar” a estrutura administrativa da Câmara, reduzindo o peso dos concursados e ampliando o dos assessores indicados politicamente.

“O desmonte da estrutura administrativa da Câmara dos Deputados, iniciado pela Mesa Diretora presidida por Eduardo Cunha (PMDB), prossegue a passos largos na gestão de Rodrigo Maia (DEM). Órgãos da Casa tradicionalmente técnicos, encarregados de garantir a lisura do processo democrático, estão se tornando estruturas fantasmas povoadas de apadrinhados políticos daqueles que estão no comando”, denuncia a frente.

O grupo questiona a falta de estudo para embasar a decisão da Mesa. “Não se trata de reestruturação destinada a melhorar a eficiência dos órgãos, nem a tornar as chefias mais efetivas. Não houve qualquer estudo prévio sobre o funcionamento administrativo da Câmara. Trata-se, isso sim, do achincalhamento dos servidores de carreira da Câmara visando a intensificar a já desigual proporção de apadrinhados políticos na Casa. Trata-se de ingerência direta da Mesa Diretora na política de recursos humanos.”

Segundo a frente, há quatro vezes mais indicados políticos que servidores do quadro na Casa atualmente. “A Câmara conta hoje com 3.644 vagas de servidores efetivos em seu quadro, das quais 3.081 estão ocupadas por servidores ativos. A Mesa e as lideranças dos partidos contam com 1.671 vagas de CNEs, das quais 1.621 estão ocupadas. Em seus gabinetes, os deputados contam com 10.334 Secretários Parlamentares – também de livre nomeação. A atual Mesa, aliada de Eduardo Cunha, pretende agravar ainda mais essa distorção”, prossegue a nota.

Há informações de que essa gana por cargos já se estende aos terceirizados da Casa. Hoje, trabalham na Câmara dos Deputados 2.868 funcionários terceirizados, contratados para serviços diversos: limpeza, segurança, copa, recepção, telefonia e eletricidade, mecânica, jardinagem, design gráfico, tecnologia de informação etc. Os melhores salários são os dos encarregados, o que, segundo circula entre os servidores, seria o principal objeto de cobiça.

A direção-geral da Casa informou à reportagem na sexta-feira que estudava “formas de otimizar o trabalho e reorganizar o pessoal”. A assessoria do presidente da Casa, Rodrigo Maia, também foi procurada, mas ainda não houve retorno.

“Coisa de outro mundo”

Apontado como principal articulador das mudanças, o primeiro-secretário da Câmara, Fernando Giacobo (PR-PR), diz que o assunto não pode ser tratado “como se fosse coisa de outro mundo” e nega que a reestruturação que deverá garantir mais cargos de confiança para os parlamentares tenha sido solicitada pela Mesa, conforme apurou o Congresso em Foco. Ele também rechaça que a reorganização faça parte de promessas assumidas na eleição do novo comando da Casa.

“Acredito que o presidente Rodrigo Maia não tem compromisso de dar cargo para ninguém por causa de eleição. Eu muito menos, até porque fui candidato único. Não tive disputa nenhuma. Há reclamações por pessoas que estão com medo de perder as funções comissionadas. Mas ninguém vai cometer nenhum tipo de injustiça”, declarou.

De acordo com Giacobo, a mudança não vai implicar aumento de gastos. “Essa conversa é improcedente. A Casa não vai ter nenhum acréscimo de despesa a não ser corte de gastos. Tiramos daqui e realocamos ali. Não tem absolutamente nada com corte de FC para criar CNE.”

Como novo “prefeito” da Câmara, o deputado diz que pretende economizar R$ 1 bilhão dos quase R$ 6 bilhões previstos para o orçamento deste ano. “Nossa ideia é devolver parte do orçamento ao Executivo para que ele possa aplicar em algumas ações que vão ser politicamente acertadas com a Câmara. Nesse primeiro semestre, vamos economizar em torno de R$ 450 milhões”, promete.

* Colaborou Patrícia Cagni

 

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Não há um só dia que deixe de chegar ao presidente Michel Temer algum novo “jabuti em cima de árvore”, no governo federal – de privilégios para grupos de servidores, de custo insuportável ao Tesouro Nacional, à aprovação de leis e medidas provisórias para atender ao lobby de empresários amigos. Temer desabafou em conversa com esta coluna: “O mal que os governos do PT fez a este país é incalculável!”. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

O adágio popular ensina que jabuti (ou cágado) não sobe em árvore, por isso, se está lá, “é enchente ou mão de gente”.

Impressionam Michel Temer as revelações sobre a compra e venda de medidas provisórias no balcão de negócios dos governos Lula e Dilma.

Em depoimento esta semana, Marcelo Odebrecht disse ter comprado a MP do Refis por R$ 50 milhões, para beneficiar sua empresa Braskem.

A venda de medidas provisórias para beneficiar empresas do setor automotivo já apareceu na Operação Zelotes, que investiga o Carf.
 

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O Supremo Tribunal Federal (STF) definiu, nesta quinta-feira (16), que o preso submetido a situação degradante e a superlotação na prisão tem direito a indenização do Estado por danos morais. No Recurso Extraordinário (RE) 580252, com repercussão geral reconhecida, os ministros restabeleceram decisão que havia fixado a indenização em R$ 2 mil para um condenado.

No caso concreto, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul (DP-MS), em favor de um condenado a 20 anos de reclusão, cumprindo pena no presídio de Corumbá (MS), recorreu contra acórdão do Tribunal de Justiça local (TJ-MS) que, embora reconheça que a pena esteja sendo cumprida “em condições degradantes por força do desleixo dos órgãos e agentes públicos”, entendeu, no julgamento de embargos infringentes, não haver direito ao pagamento de indenização por danos morais.

O Plenário acompanhou o voto proferido em dezembro de 2014 pelo relator, ministro Teori Zavascki (falecido), no sentido do provimento do recurso. Em seu voto, o ministro restabeleceu o dever de o Estado pagar a indenização, fixada em julgamento de apelação no valor de R$ 2 mil. Ele lembrou que a jurisprudência do Supremo reconhece a responsabilidade do Estado pela integridade física e psíquica daqueles que estão sob sua custódia. Ressaltou também que é notória a situação do sistema penitenciário sul-mato-grossense, com déficit de vagas e lesão a direitos fundamentais dos presos.

Indenização e remição

Houve diferentes posições entre os ministros quanto à reparação a ser adotada, ficando majoritária a indenização em dinheiro e parcela única. Cinco votos – ministros Teori Zavascki, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia – mantiveram a indenização estipulada em instâncias anteriores, de R$ 2 mil. Já os ministros Edson Fachin e Marco Aurélio adotaram a linha proposta pela Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, com indenização de um salário mínimo por mês de detenção em situação degradante.

Proposta feita pelo ministro Luís Roberto Barroso, em voto proferido em maio de 2015, substituía a indenização em dinheiro pela remição da pena, com redução dos dias de prisão proporcionalmente ao tempo em situação degradante. A fórmula proposta por Barroso foi de um dia de redução da pena (remição) por 3 a 7 dias de prisão em situação degradante. Esse entendimento foi seguido pelos ministros Luiz Fux e Celso de Mello.

Voto-vista

O julgamento foi retomado hoje com voto-vista da ministra Rosa Weber, que mesmo apoiando a proposta sugerida pelo ministro Luís Roberto Barroso, viu com ressalvas a ampliação das hipóteses de remição da pena, e temeu a criação de um salvo-conduto para a manutenção das condições degradantes no sistema prisional. “Estariam as políticas públicas a perder duas vezes: as relativas aos presídios, em condições mais indesejadas, e as referentes à segurança pública, prejudicada pela soltura antecipada de condenados”, afirmou. Também na sessão desta quinta-feira, votaram nesse sentido o ministro Dias Toffoli e a presidente, ministra Cármen Lúcia.

O voto do ministro Edson Fachin adotou a indenização pedida pela Defensoria. Ele fez ressalvas a se criar judicialmente uma nova hipótese de remição de pena não prevista em lei. Adotou linha da indenização pecuniária de um salário mínimo por mês de detenção em condições degradantes. Citando as más condições do sistema prisional brasileiro – e do caso concreto – o ministro Marco Aurélio considerou “módica” a quantia de R$ 2 mil, acolhendo também o pedido da Defensoria.

A posição de Luís Roberto Barroso foi seguida hoje pelo voto do ministro Luiz Fux, o qual mencionou a presença da previsão da remição em proposta para a nova Lei de Execução Penal (LEP). Para ele, se a população carcerária em geral propor ações de indenização ao Estado, criará ônus excessivo sem resolver necessariamente a situação dos detentos. “A fixação de valores não será a solução mais eficiente e menos onerosa. Ela, será, a meu modo de ver, a mais onerosa e menos eficiente”, afirmou.

Na mesma linha, o decano do Tribunal, ministro Celso de Mello, ressaltou a necessidade de se sanar a omissão do Estado na esfera prisional, na qual subtrai ao apenado o direito a um tratamento penitenciário digno. Ele concordou com a proposta feita pelo ministro Luís Roberto Barroso, destacando o entendimento de que a entrega de uma indenização em dinheiro confere resposta pouco efetiva aos danos morais sofridos pelos detentos, e drena recursos escassos que poderiam ser aplicados no encarceramento.

Tese

O Plenário aprovou também a seguinte tese, para fim de repercussão geral, mencionando o dispositivo da Constituição Federal que prevê a reparação de danos pelo Estado: “Considerando que é dever do Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico, é de sua responsabilidade, nos termos do artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento”, diz. 

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(Publicado oroginalmente em midiasemmascara.org)

Finalmente depois de anos de apatia e imobilismo, Washington está estendendo a mão amiga, deveras necessária, aos cristãos do Oriente Médio. O presidente dos EUA, Donald Trump anunciou recentemente que será dada prioridade aos cristãos perseguidos quando se tratar de aplicar o status de refugiado nos Estados Unidos.

Cristãos e yazidis estão sendo expostos ao genocídio nas mãos do ISIS e de outros grupos islâmicos, que estão empenhados em uma campanha de grandes proporções para escravizar as minorias não muçulmanas remanescentes e destruir o seu patrimônio cultural.

Em 2006 o estudioso Hannibal Travis salientou:
"Lamentavelmente o Ocidente rejeitou a ideia de solidariedade para com os cristãos do Oriente Médio priorizando a diplomacia baseada em interesses petrolíferos e no conflito árabe-israelense. Assim sendo, os Estados Unidos, Grã-Bretanha e França têm ignorado as perseguições aos cristãos do Iraque, Líbano, Egito e Sudão, ao mesmo tempo em que correm para salvar os países muçulmanos ricos em petróleo como a Arábia Saudita e o Kuwait, bem como as minorias sitiadas como curdos, bósnios e kosovares. Até o dia de hoje sabe-se que as tropas americanas acantonadas no Iraque nem sempre intervêm para impedir a perseguição aos cristãos, talvez por não quererem ser vistos como "tomando o partido dos cristãos" e com isso provocar retaliações".

Por esta razão os assim chamados liberais no Ocidente -- e até mesmo cristãos -- começaram a se opor à medida.

Cristãos autóctones no Iraque e na Síria não só estão sendo expostos ao genocídio nas mãos do Estado Islâmico (ISIS) e de outros grupos islamistas, como também tiveram seus pedidos de imigração para os países ocidentais postos em segundo plano pela ONU, vergonhosamente, sem causar nenhuma surpresa.

Um grupo de armênios do Iraque, por exemplo, fugiu de suas casas depois que o ISIS apareceu. Optaram por ir para Yozgat, Turquia. Em 21 de dezembro de 2015 o jornal Agos publicou a seguinte matéria sobre eles:
"Eles vivem em condições subumanas. A ONU não pode agendar nenhuma entrevista para pedido de imigração antes de 2022. Eles não sabem como irão sobreviver nestas condições por mais sete anos. A única coisa que eles querem é se reunir com seus parentes".

Yozgat, uma das cidades da Anatólia onde os armênios foram submetidos aos assassinatos mais abomináveis e exílio nas mãos dos muçulmanos durante o genocídio de 1915, é o lugar onde armênios se encontram novamente, desta vez lutando pela sobrevivência em meio ao desemprego, miséria, perseguição, intolerância e doença.

Sant Garabedyan, 23, disse que aos cristãos não são oferecidos empregos.

"Estive em Yozgat por dois meses. Somos em oito morando na mesma casa... Ninguém me contrata porque sou cristão. Minha esposa é caldeia e não usa crucifixo porque tem medo."

Alis Salciyan disse que eles deixaram o Iraque por temerem o ISIS.

"Estamos aqui há um ano. Ainda em Bagdá ficamos apavorados quando o ISIS invadiu o Iraque... Uma pessoa na rua viu o meu crucifixo e cuspiu no chão olhando nos meus olhos. Depois disso eu o tirei e o deixei em casa... Nós demos entrada em um pedido de imigração na ONU, no entanto eles marcaram a entrevista para 2022, apesar de terem feito outros agendamentos para o ano que vem. Somos obrigados a ficar aqui esperando por mais sete anos".

Gazar Setrakyan ressaltou que eles deixaram Bagdá na noite em que o ISIS invadiu a cidade: "quando os militantes do ISIS invadiram Bagdá, pintaram 'casa de cristãos' na porta da nossa casa. Ficou impossível continuar lá. Deixamos o nosso lar e três lojas, tivemos que fugir".

Lusin Sarkisyan disse que seu filho, que trabalhou para os americanos no Iraque foi alvo do ISIS. "Um belo dia militantes ISIS ameaçaram meu filho dizendo que matariam a sua família se ele continuasse a trabalhar para os americanos. Tivemos que fugir".

Sarkisyan acrescentou que os funcionários da ONU marcaram uma entrevista para avaliar um pedido de imigração para 2018. "Não sei o que vamos fazer até lá".

Mesmo quando os países europeus acolhem refugiados cristãos, eles não os protegem dos ataques de muçulmanos que ocorrem nos alojamentos de refugiados.

De acordo com os resultados de um levantamento, uma pesquisa do grupo de defesa cristão Christian Open Doors USA, os refugiados de descendência cristã e yazidi que fugiram da perseguição de lugares como a Síria e o Iraque continuam enfrentando ataques por motivos religiosos na Alemanha.

Desde fevereiro de 2016 cerca de 800 refugiados cristãos e yazidis foram atacados por outras etnias nos acampamentos e centros de assistência, de acordo com um boletim intitulado "Falta de proteção às minorias religiosas na Alemanha" realizado entre os dias 15 de fevereiro e 30 de setembro de 2016.

"Ao ser questionado sobre a natureza dos ataques, a agressão foi a palavra mais comumente citada, seguida por ameaças de morte, dirigidas diretamente aos próprios refugiados cristãos ou às suas famílias na Alemanha ou em seus países de origem.

"Ataques sexuais foram assinalados por 44 vítimas. Outras formas de perseguição compreendem insultos, ameaças em geral e agressões físicas que não haviam sido definidas como agressão. Dos entrevistados, 11% se sentiram intimidados por música alta/orações".

De acordo com o testemunho de um refugiado do Iraque, ele recebeu ameaças de morte depois que muçulmanos viram que ele estava lendo a Bíblia:
"Eles queriam que eu me convertesse novamente ao Islã. O diretor do estabelecimento afirmou ser impotente e sem condições de me proteger. Como eu temia ser morto, relatei a situação a um assistente social que em seguida registrou a denúncia. As ameaças de morte se intensificaram. O intérprete tentou banalizar as ameaças e ocultá-las da secretaria do bem-estar social. O departamento então instruiu a gerência do estabelecimento a dar mais de si a fim de garantir a minha segurança. Ela não tinha condições para isso e por esta razão fui transferido para outro alojamento".

"Alguns muçulmanos disseram", segundo revelou um refugiado do Irã: o Islã nos permite derramar seu sangue, seu espírito e suas vestes são impuras".

Uma refugiada do Irã assinalou:
"No início todos eram bons conosco. Então perceberam que eu era cristã. Eles pegaram a água suja que usavam para limpeza e, do piso superior, jogaram-na em cima da gente... Não sei o que aconteceu depois disso. Até hoje (17 dias após o ocorrido) minha denúncia ainda não foi registrada".

Segundo o relatório, os yazidis, minoria autóctone, religiosa perseguida no Oriente Médio, também estão expostos a agressões e discriminação.

"Dos 10 refugiados yazidis, três foram ameaçados de morte, dois sofreram assédio sexual e cinco sofreram outras formas de perseguição. Seis relataram que ocorrências dessa natureza aconteceram repetidas vezes. Em três casos os criminosos eram refugiados como eles e nos outros três os familiares dos funcionários da segurança perpetraram os crimes. Cinco vítimas não registraram nenhuma denúncia por considerá-la inútil".

Integrantes do staff nos alojamentos de refugiados também estão envolvidos na discriminação. Quase um terço dos entrevistados disseram que o grosso da discriminação e violência vêm principalmente dos guardas dos alojamentos de descendência muçulmana. De acordo com o relatório:

"Em caso de conflito, um grande número de funcionários muçulmanos se solidarizam com seus irmãos muçulmanos, obstruindo ou minimizando as reclamações. Intérpretes influenciam o resultado dos procedimentos no asilo de forma ilícita e, por vezes, até se envolvem ativamente na discriminação dentro dos alojamentos".

Um cristão do Irã assinalou: "eu tive um problema e o denunciei reiteradamente aos canais competentes. Há uma pessoa que vive insultando nossas mães e irmãs. Ele disse que somos 'neciz' (impuros)".

"O quadro do serviço de segurança é formado integralmente por árabes e eles só ajudam seus patrícios", ressaltou um cristão da Eritreia. "Sempre que alguém faz algo de errado no alojamento, eles dizem: 'Foram os cristãos', ainda que não tenhamos feito nada".

Somente em raras ocasiões o prejudicado se dispõe a prestar queixa(17% ou seja: 129 pessoas) na polícia de acordo com o relatório.

"Se incluirmos os relatórios e queixas apresentados à administração do alojamento, apenas 28% (213) requisitaram a proteção das autoridades alemãs. 54% dos inquiridos (399) deram razões específicas para não registrar queixas: 48% estavam com medo, principalmente da recorrência de ataques ou de que a situação iria piorar ainda mais (36%). Outros motivos são a falta de oportunidades seguras para entrar em contato ou se comunicar com a polícia ou com as autoridades competentes devido a barreiras linguísticas e (14%) a impressão de que o relatório seria de alguma maneira inútil".

Em outros países europeus - entre eles Áustria, Suíça, França, Reino Unido, Suécia, Holanda, Itália, Espanha e Grécia - os refugiados cristãos e yazidis também estão expostos a ataques nas mãos de refugiados de descendência muçulmana.

O governo alemão também está rejeitando pedidos de asilo de refugiados cristãos, deportando-os injustamente, segundo um pastor alemão.

De acordo com a CBN News o Dr. Gottfried Martens, um pastor da Igreja Luterana Trindade em Berlim, realçou que o governo alemão está rejeitando praticamente todos os pedidos de asilo da maioria dos refugiados iranianos e afegãos de sua igreja, que esperam há anos na Alemanha para que o governo dê atenção aos seus casos.

O arcebispo de Aleppo, Jean-Clément Jeanbart, da Igreja Greco-Católica Melquita disse em uma entrevista:
"O egoísmo e os interesses submissamente defendidos pelos seus governos irão no final também liquidá-los. Abram os olhos. Vocês não viram o que aconteceu recentemente em Paris?"

Ao que tudo indica, eles não abriram os olhos. Parece que eles ainda estão em estado de negação. De acordo com dados do governo dos Estados Unidos, dos quase 11.000 refugiados sírios aceitos pelos Estados Unidos no ano fiscal de 2016, apenas 56 eram cristãos.

Quando alguém levanta a questão dos países ocidentais, tendo em vista os migrantes muçulmanos da Síria e do Iraque sem a devida checagem no tocante aos vínculos jihadistas, ao mesmo tempo em que se deixa para trás as vítimas dos jihadistas, cristãs e yazidis, esse alguém é acusado de ser "intolerante" e "racista". Mas o verdadeiro preconceito está no abandono dos perseguidos e inofensivos cristãos e yazidis do Oriente Médio, principais vítimas do incessante genocídio na Síria e no Iraque.

É verdade que os muçulmanos xiitas e até mesmo certos muçulmanos sunitas - em particular os não praticantes, moderados e seculares - também estão ameaçados pelo Estado Islâmico. Mas o ISIS e demais organizações islamistas não estão procurando destruir o Islã e acabar com os muçulmanos. Muito pelo contrário, eles visam institucionalizar ainda mais o Islã e até mesmo expandir a influência islâmica em outros países e estabelecer um califado (império islâmico) com base nas escrituras islâmicas.

Ajudar as minorias religiosas no mundo muçulmano não é apenas uma questão humanitária, mas também uma questão política de vital importância para o Ocidente. Há quem acredite que os EUA ou o Ocidente não deveriam se envolver na política do Oriente Médio.

No entanto, se o Ocidente continuar fazendo vista grossa à radicalização islâmica no Oriente Médio e Norte da África, o que ele espera que irá acontecer no próprio Ocidente?

Enquanto os islamistas continuarem atingindo "vitórias" pelas nações e enquanto os cristãos e demais não muçulmanos continuarem a ser exterminados, os islamistas amealharão mais poder e coragem de se expandir para a Europa e outras regiões do planeta.

A ideologia islâmica radical nunca para no lugar onde toma o poder. É uma ideologia genocida, imperialista e colonialista. Ela tem como meta matar ou subjugar todos os não muçulmanos que estejam sob seu domínio. A jihad islâmica começou no século VII na Península Arábica. Na sequência, por meio de massacres e pressão social, incluindo o imposto jizya e a instituição da dhimmitude, ela se expandiu por três continentes - Ásia, África e Europa - perseguindo um número incontável de povos autóctones.

Parece que uma das maneiras mais eficientes de parar esse paradigma é apoiar os cristãos e demais não muçulmanos do Oriente Médio. O Ocidente não só adquirirá um aliado importante no Oriente Médio como também enfraquecerá a influência política, militar e econômica dos islamistas.

Os países ocidentais deveriam receber de pronto e de braços abertos os cristãos e os yazidis - os principais alvos do genocídio - além disso também deveriam considerar maneiras de conferir poderes a eles em suas terras nativas, como por exemplo a criação de refúgios. Já está mais do que na hora de não só os EUA, mas todos os outros governos ocidentais finalmente enxergarem que os cristãos no Oriente Médio são uma extensão deles próprios.


Uzay Bulut, jornalista nascida e criada como muçulmana na Turquia, está atualmente radicada em Washington D.C.

Publicado no site do Gatestone Institute.
Tradução: Joseph Skilnik

 

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