Percival Puggina

30/11/2013
Esses brasileiros são como filhos de novela, do tipo que rejeita a mãe. Embora o tempo presente os condene, veem-se como corregedores do passado. Incapazes perante o futuro, dedicam-se a amaldiçoar os que vieram antes. Obviamente, serão sucedidos por aqueles que os amaldiçoarão. O século 20, leitor amigo, jogou o Brasil num torvelinho de lamúrias e malquerenças, num imprescritível ajuste de infinitas contas. Há alguns anos, conversando aqui em Porto Alegre com destacado empresário mexicano, num evento da ADCE, perguntei a ele sobre a situação dos astecas na contemporânea sociedade de seu país. Meu interlocutor era um homem alto, desempenado. Com sua tez avermelhada faria bom papel representando um índio do oeste norte-americano em filmes da década de 50. Olhou-me surpreso e respondeu com outra pergunta: E eu tenho cara de espanhol?. Não, ele não tinha cara de espanhol, nem eu tinha mais perguntas a fazer. Fui. Serviu-me a lição e a tenho sempre em mente quando se fala sobre a questão do índio e do negro no Brasil. Estimam os estudiosos, sabe-se lá como, que havia cerca de 3 milhões de índios por estas bandas, no ano do Descobrimento. Hoje restam 896 mil puros, contados e recontados. Isso é bom ou ruim? O Brasil é um país por todos os motivos destinado à miscigenação. E o pequeno número de índios puros é, ainda assim, certamente maior do que o número de portugueses da gema. Percorre-se o Brasil e é visível, onde se vá, a existência de dezenas e dezenas de milhões de caboclos, cafuzos, mulatos. São empresários, acadêmicos, jornalistas, artistas, operários, agricultores, integrados à nação e expressando sua realidade social. Numa sessão do Congresso Nacional, em dia de votação importante, a câmera da tevê passeia sobre um plenário onde os pardos talvez formem a bancada majoritária, notadamente quando das regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste. O governo da União, dominado por corregedores do passado, acaba de enviar ao Congresso uma lei determinando que todos os concursos públicos para provimento de cargos federais reservem 20% das vagas para negros e pardos. Com isso - suponho que pensem assim - está feita justiça. Um tipo de justiça sempre proposta para viger contra o direito alheio. Nunca com renúncia a qualquer direito de quem decide. Já tramita na Câmara, por exemplo, projeto que pretende criar cotas raciais nas eleições parlamentares. Não o aprovarão porque isso afeta as próprias reeleições. Será que o STF ou o CNJ aprovariam cotas nos concursos para a magistratura? E o governo? O governo, que propõe a lei, tem uma única e solitária ministra negra entre 40 pastas e secretarias com status de ministério. O grande Chesterton dedica um capítulo de Os Hereges à questão das raças. Lá pelas tantas, escreve: Todos os mais autênticos ingleses se aborreceriam ou escarneceriam abertamente se começássemos a falar sobre anglo-saxões. (...) A verdade disso tudo é muito simples. A nacionalidade existe, e nada neste mundo a relaciona a raça. E cita Timothy Healey: Nacionalidade é algo pelo que as pessoas morrem. O Brasil, porém, vai deixando de ser a nação pela qual morreram tantos antepassados nossos para se tornar um amontoado de corpos sociais em conflito, sob a fraudulenta reengenharia social dos corregedores do passado. Está se oficializando como um país racista, onde a identidade fundamental passa a ser a cor da pele. ZERO HORA, 1º de dezembro de 2013

Percival Puggina

29/11/2013
Você está surpreso? Eu não. Nunca levei a sério políticos e partidos que centravam sua estratégia rumo ao poder no ataque impiedoso à honra dos adversários e na afetação de virtudes excelsas. Muito escrevi sobre a conduta irresponsável dos que, sem qualquer escrúpulo ou discernimento, se apresentavam com lança-chamas e tonéis de gasolina ao menor sinal de fumaça que surgisse nas proximidades de seus oponentes. Mas a estratégia foi exitosa. A sociedade sentiu-se inclinada a crer na virtude dos acusadores, desatenta para o fato de que onde estiver o ser humano estarão presentes as potências do mal e do bem. E o que melhor detém a ação do mal é a certeza da punição. Na política não existe imunidade natural frente ao poder de corrupção. Nem frente à corrupção nos escalões do poder. O que funciona é a certeza de que as instituições estão moldadas de forma a identificar e punir os culpados. E o Brasil não chega em 63º lugar no ranking da honestidade sem uma bem consolidada cultura de impunidade. Em nosso país, a mentira é direito humano. A impunidade é cuidadosa construção. Lança fundações nos meandros de leis e códigos em cujos labirintos se orientam os bons advogados. Ergue paredes nos flagrantes não homologados por motivos irrelevantes. Lança pilares e vigas na permissividade das execuções penais e na benevolente progressão das penas. Ganha telhado quando a criminalidade é tanta que muitos delitos ficam banalizados, inclusive sob a ótica da sociedade e de seus julgadores. A maioria dos crimes praticados no país sequer é notificada pelas vítimas. O telhado protetor da impunidade foi, assim, posto e bem posto. Somos um estranho país onde é acusado de criminalizar os movimentos sociais quem comete a inaudita violência de descrever o que fazem. Somos um país onde condenados passeiam livremente nas ruas porque não há vaga nos presídios. E não se constroem presídios. Pois o rumoroso processo do Mensalão realiza a façanha, depois de sete longos anos, de chegar ao período de sentenças definitivas, transitadas em julgado. Não faria o menor sentido discutir, aqui, a correção das condenações. Quase todas foram proferidas por ministros do STF indicados pelo governo do partido dos réus. Ambos, governo e partido reconheceram os crimes. O próprio Lula, em 12 de agosto de 2005, no auge do escândalo, falou à nação: Eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis, das quais nunca tive conhecimento. (...) Não tenho nenhuma vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas (há vídeo no YouTube com o título Lula pede desculpas). No mesmo dia, Tarso Genro, no exercício da presidência do PT, anunciou a refundação do partido e disse que este iria punir cada um dos envolvidos em denúncias de corrupção e caixa dois para financiamento de campanhas (Agência Brasil, 12/08/2005). O atual Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, na edição da revista Veja de 20/02/2008, em longa entrevista às Páginas Amarelas, reconheceu: Teve pagamento ilegal de recursos a partidos aliados? Teve. Ponto Final. É ilegal? É. É indiscutível? É. Nós não podemos esconder esse fato da sociedade. Agora, desmentem a si mesmos! Adotam uma estratégia desesperada, que fala em presos políticos, tenta criminalizar o STF, pretende denegrir a imagem do ministro Joaquim Barbosa, e deseja vitimizar os presos perante a opinião pública. É o derradeiro desserviço prestado pelos réus do Mensalão e seus companheiros a uma nação que precisa vencer a impunidade. Talvez pretendessem sair deste processo sentenciados a fazer o que melhor fazem: distribuir algumas cestas-básicas ao povo. _____________ * Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

Percival Puggina

22/11/2013
JOGUINHO DE PALAVRAS PARA ENGANAR BOBOS Percival Puggina Os petistas tinham as privatizações como um dos males do século e símbolos do neoliberalismo. Agora, que aparentemente caiu a ficha, e o PT começa a privatizar o que encontra pela frente. Incapazes de reconhecer o quanto atrasaram a infra-estrutura do país e o quanto atrapalharam os governos anteriores, os petistas proclamam que agora, as concessões atentem ao interesse público, ao passo que antes, elas atendiam ao interesse das empresas. Retórica para enganar bobos. Todas as concessões atendem ao interesse público porque o desempenho do setor privado é superior. E todas atendem aos interesses privados, inclusive as promovidas pelo PT, porque, caso contrário, as empresas não participariam das concorrências e dos leilões.

Percival Puggina

21/11/2013
Agora tem o Brasil das mulheres e o Brasil dos homens até nos discursos das autoridades, o Brasil dos negros, o Brasil dos brancos e o Brasil dos pardos, o Brasil dos héteros e o Brasil dos gays, o Brasil dos evangélicos e o Brasil dos católicos, Brasil com bolsa família e Brasil sem bolsa família e nem sei mais quantas categorias, tudo dividido direitinho e entremeado de animosidades, todo mundo agora dispõe de várias categorias para odiar! A depender do caso, o sujeito está mais para uma delas do que para essa conversa de Brasil, esquece esse negócio de Brasil, não tem mais nada disso! João Ubaldo Ribeiro O fato é que Cabral não tocou direto para as Índias. Tivesse seguido o riscado, o Brasil de hoje seria o paraíso tropical com que sonham alguns ambientalistas, antropólogos e militantes de qualquer tese que possa gerar encrenca. Os índios do mato continuariam disputando território a flechadas com os do litoral, que índio também gosta de praia, e os portugueses, sem quaisquer remorsos, comeriam seu bacalhau no Campo dos Cebolas. Mas os navegadores lusitanos (assim como os espanhóis) eram abelhudos e iniciaram seu turismo pelos sete mares. Os primeiros descobriram o Brasil e os segundos descobriram tudo ao redor do Brasil. Bem feito, quem mandou? Agora temos que conviver com leituras da história que nos levaram à situação descrita por João Ubaldo Ribeiro. Segundo elas, até o século 15, o zoneamento era perfeito - brancos na Europa, negros na África, índios na América e amarelos na Ásia. Cada macaco no seu galho. No entanto, graças à bisbilhotice ibérica, estamos nós, herdeiros de Caramuru, com contas imensas a pagar porque os justiceiros da história adoram acertos e indenizações promovidos com os bens alheios. Entre elas, a conta dos índios. Como é fácil fazer justiça expropriando os outros! O princípio segundo o qual o Brasil era dos índios e deles foi tomado pelos portugueses ganhou sensível impulso com os preceitos do artigo 231 da Constituição de 1988. Mas se o princípio estivesse correto e se quaisquer direitos originais de posse pudessem ser invocados, não sei se alguém, no mundo de hoje, ficaria onde está. Não me refiro sequer aos primeiros fluxos migratórios através dos milênios. Refiro-me às mais recentes e incontáveis invasões e guerras de conquista que marcam a história dos povos. E note-se que as guerras de conquista não geravam indenizações aos vencidos, mas espólios aos vencedores. Faço estas observações diante do que está em curso em nosso país com os processos de demarcação de terras indígenas. É o próprio Estado brasileiro, através de suas agências, reclamando por extensões mais do que latifundiárias e jogando nas estradas e na miséria legiões de produtores e suas famílias. É o braço do Estado gerando novas hostilidades no ambiente rural do país (como se já não bastassem as estripulias do MST). Índios e não índios merecem ser tratados com igual dignidade. Mas não se pode fazer justiça criando injustiça, nem se pode cuidar do país entregando o país. Não existem outras nações dentro da nação brasileira. E é exatamente isso que está em curso, sob pressão de uma difusa mas ativa conspiração internacional, conjugada com o CIMI e a FUNAI, que quer o Brasil e os brasileiros longe da Amazônia, por exemplo. Índio não é bicho para ser preservado na idade da pedra lascada, como cobaia de antropólogos, num profundo desrespeito ao natural processo evolutivo. Ou armazenado, como garrafa de vinho, numerado e rotulado, com designação de origem controlada. _____________ * Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

Percival Puggina

16/11/2013
Quem estabelece a narrativa histórica e comanda a leitura do passado, mais facilmente escreverá o futuro. É esse controle da versão mais conveniente que vem sendo imposto ao Brasil nos últimos anos. Até a exumação do cadáver de João Goulart serve, qualquer que seja o resultado, para se atrair atenção à narrativa que convém ao poder. Há uma ampla perspectiva demográfica para isso. Dos 200 milhões de brasileiros vivos, apenas 15 milhões tinham 18 anos ou mais em 1964. Os outros 185 milhões conhecem apenas uma versão dos fatos ocorridos naquele ano, e em parte dos anos seguintes. Foram capturados por um único relato. A versão que lhes é insistentemente repetida serve ao projeto de poder de quem a concebeu. Não é outra a tarefa dos comissários da História, integrantes da tal comissão que insiste em ser conhecida como Comissão da Verdade. Absolutamente justo que se prestem honras fúnebres ao ex-presidente. Ele morreu no exílio e não as recebeu. E será interessante observar as expressões emocionadas de antigos militantes da luta armada diante dos restos mortais do presidente a quem tanto desprezaram. Desprezaram, sim. Eles eram comunistas e Jango não. Viam-no como um fazendeiro tíbio, inseguro, inconfiável. Enquanto representou para os comunistas dos anos 60 um projeto de poder, Jango teve seu apoio. Fora do governo, foi ignorado pelos próprios companheiros à sua esquerda. Ninguém gastou um cartucho ou pegou um bodoque para restaurá-lo no posto presidencial. Jango foi deposto pelo Congresso Nacional e pelos militares. E novamente destituído de qualquer importância pela maioria de seus parceiros. Brizola brigou com ele. O irrequieto cunhado, que projetava sombra em Jango presidente, olhos postos no mandato subsequente, continuou a projetá-la no exílio. Era em torno de Brizola que se articulavam alguns dos que foram à luta. No exílio, Jango só era visitado por amigos de pouco ou nenhum poder de mobilização. Após sua queda, muitos dos que nestes dias o celebram em Brasília pegaram armas para reproduzir, aqui, as lições de sublevação revolucionária aprendidas em Cuba e na Rússia. No entanto, para a continuidade do projeto de poder ora em curso no Brasil é importante que esses inimigos da democracia dos anos 60 e 70 sejam aclamados como portadores dos mais elevados ideais libertários. Falso! Queriam implantar um projeto comunista no país, totalitário e muito mais brutal. Atrasaram a redemocratização. Aliás, a bem da verdade, a democracia tinha inimigos pelos dois lados da disputa. Uns aferrados ao poder, abusando da violência. Outros, sem nenhum apoio popular, buscando o poder pela violência, para impor um regime que, já então, havia gerado cem milhões de cadáveres no mundo. Felizmente nos livramos desse mal maior e a política venceu. Foi através da política que o país se redemocratizou, constitucionalizou, pacificou. E hoje convive com uma concentração de poder que, novamente, vai corrompendo a democracia. É fraudulento o empenho de mistificar a história, de ocultar o fato de que muitos dos que hoje nos governam eram revolucionários comunistas e zombavam da democracia, que diziam ser coisa burguesa. Sua afeição à ditadura dos Castro (cubanos) e sua devoção a Che Guevara (argentino) ficam bem representadas nos exames a que será submetido o ex-presidente Goulart. Neles estarão atuando peritos buscados a dedo na notória ditadura cubana de tantos cadáveres e na mal disfarçada ditadura argentina. ZERO HORA, 17 de novembro de 2013

Percival Puggina

15/11/2013
Chico Buarque ocupou durante algum tempo funções privilegiadas na minha geração. Namoramos ao som de Chico. Amamos com Chico. Dançamos Chico. Mal, mas dançamos. Chico enternecia corações, a virtude trepidava, a gente era feliz. E sabia. Éramos sócios remidos no clube da eterna juventude e bebíamos cada lágrima nos olhos tristes de Carolina. Quantas vezes passei braço nos ombros de Pedro Pedreiro e caminhei com ele, penseiro das mesmas divagações! Há um enorme repertório, produzido por seu talento poético e musical que, a cada reprodução, me arrasta pelos pés se for preciso à minha juventude e à Porto Alegre dos anos 70. Foi nessa época, também, que se tornou conhecido o engajamento político de Chico e seu alinhamento com o partidão (PCB). Para ele e para muitos outros, foram tempos de interditos e censuras que tinham, cá entre nós, a marca do mau gosto. E de um inexplicável medo da música. Medo da música? Quem pode ter medo da música? Parodiando Stalin - quantas divisões tem um compositor que não sejam as dos compassos de sua canção? E a música de Chico, convenhamos, nunca produziu frêmitos revolucionários. Não, censurar Chico e tantos outros foi um erro. Mas não é essa a minha pauta. Quero falar do Chico engajado, sempre pronto a assinar qualquer mensagem de apoio ao comunismo e ao regime cubano. Resistiu e resiste até o última vilania dos ditadores vermelhos. Aquilo que nem Saramago suportou, a execução dos três negritos e a prisão de 75 periodistas e intelectuais independentes, ele engoliu com bom uísque e foi em frente. Ante o que levou Rigoberta Menchú à deserção, Chico deu de ombros. A mais do que cinquentenária ditadura castrista continua a lhe merecer incondicional reverência. A polêmica disputa jurídico-legislativa entre o grupo Procure Saber (formado por celebridades musicais como Chico, Caetano, Milton Nascimento, Djavan, Erasmo e Gil) e a Associação Nacional de Editores de livros reabre a discussão sobre o direito de escrever e o direito de não ser objeto da escrita alheia. E aí, queiram ou não os membros do Grupo Saber, entra a questão da censura, muito mal vista por todos enquanto estiveram sob seu infausto escrutínio. Não há como desfrutar, simultaneamente, as vantagens da celebridade e os benefícios do anonimato. *** Berthold Brecht, com brutal franqueza, ensinava que a solitária virtude de quem luta pelo comunismo é a luta pelo comunismo. Quaisquer outras às quais nós conservadores ainda tentamos, aqui e ali, atribuir algum valor são irrelevantes para Brecht. Pois bem, o objetivo final do comunismo é a eliminação da propriedade privada. O Manifesto Comunista deixa muito claro o que Marx e Engels pensavam sobre a posse individual de bens (que segundo eles só era viável para alguns por não ser possível para todos). Dirigindo-se à sociedade burguesa, afirmaram no Manifesto: Em resumo, acusai-nos de querer abolir vossa propriedade. De fato é isso que queremos. Tal é o generoso projeto marxista ao qual Chico Buarque adere. No entanto, direito autoral é uma legítima forma de propriedade. Tão propriedade quanto qualquer outra. Não deveriam os comunistas dar o exemplo, renunciando a seus direitos autorais? Ou estimulando sua desapropriação para, por exemplo, prover fundos ao Retiro dos Artistas, em suas tantas carências? O comunismo é uma ideia generosa e pródiga. Com os bens alheios. _____________ * Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.

Percival Puggina

14/11/2013
IPTU DE HADDAD E A VELHA MAROTAGEM PETISTA Recém chegado à prefeitura de São Paulo, o prefeito Haddad (aquele que se abraçou com Maluf como um filho abraça o pai), já trata de elevar as alíquotas do IPTU em até 20% para os imóveis residenciais e 30% para os comerciais. É a mesma marotagem adotada pelo PT quando Olívio Dutra assumiu a prefeitura da capital gaúcha. As primeiras coisas que o PT faz quando chega ao poder jamais são previamente anunciadas porque o levariam a uma inevitável derrota. O nome disso é estelionato eleitoral.

Percival Puggina

07/11/2013
Recebi, recentemente, uma notícia que muito me alegrou. Telefonou-me o prof. Sérgio Borja, presidente da Academia Rio-Grandense de Letras, para comunicar minha eleição para uma cadeira da nobre Instituição das letras gaúchas. Compartilho-a com meus amigos e leitores. Em essência, a causa determinante dessa jamais sonhada distinção é o apreço que vocês me dedicam. Espero, como acadêmico, servir mais e melhor à cultura do Rio Grande do Sul. A posse deve ocorrer no final do mês de março vindouro.

Percival Puggina

07/11/2013
Quem é esse bravo? Como resiste às afrontas que sofre? Como tolera a impotência de sua cidadania? Como consegue conviver com o desrespeito das autoridades e o desprezo que manifestam por sua inteligência e capacidade de discernimento? Como pode custear - além das despesas da própria manutenção e de sua família - tantos impostos, taxas, multas, tarifas, contribuições sociais, juros? Por que paga tanto por bens e serviços que noutros países custam muito menos e têm qualidade superior? Onde arruma fôlego, ainda, para fornecer fundos a tantas apropriações de recursos públicos nos descaminhos da corrupção? Como consegue conviver resignadamente com a criminalidade que, agindo em regime aberto, dita regras ao convívio social e o mantém em permanente regime fechado? O brasileiro é um forte. O brasileiro é um bravo ao qual vão, aos poucos, lentamente, quebrando a espinha dorsal cívica e destruindo o juízo moral. Até que se arraste, suplicante, mãos em concha, aos pés do todo poderoso Estado. Veja só como são as coisas, leitor. Em junho deste ano, já lá vão mais de três meses, esse cidadão, em inesperada eclosão, saiu às ruas e fez passear nas grandes avenidas do país o imenso cordel de suas mais do que justificadas contrariedades. Consequência: logo surgiram os bandidos e começaram a quebrar e saquear o que viam pela frente. Em poucos dias, refluíram os cidadãos. Nas avenidas antes repletas de povo só permaneceram os arruaceiros, os vândalos, os criminosos. Isso todo mundo viu acontecer. Disso todos fomos partícipes ou testemunhas atentas. O povo voltou para casa, retornou ao regime fechado de suas grades, alarmes, portões e cada vez mais caras apólices de seguro. O que muitos não perceberam foi o que passou a acontecer desde então, com a continuidade da ação dos novos senhores das avenidas, que deram início a novas, raivosas e destrutivas manifestações. Para onde orientaram sua fúria devastadora? Essa pergunta não é irrelevante. A resposta que dermos evidenciará a que interesses serve o vandalismo em curso no país. Quais são seus alvos no Rio de Janeiro? Lá, os objetivos são o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e o governador Sérgio Cabral (PMDB). E em São Paulo? Em São Paulo, o alvo do vandalismo é o governador Geraldo Alckmin (PSDB); o prefeito Fernando Haddad (PT) fica fora dos ataques. Mas no Rio Grande do Sul a situação se inverte. O alvo é o prefeito José Fortunatti (PDT), enquanto o governador Tarso Genro (PT) não suscita o menor interesse à fúria destrutiva dos arruaceiros. E em Brasília, contra quem se voltam os atos de vandalismo. Analogamente, ali temos duas autoridades que poderiam atrair atenção: o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e a presidente Dilma (PT). Ambos, no entanto, são desprezados pelos novos fascistas. Em Brasília eles atacam o Congresso Nacional. Meras coincidências? É preciso ser muito bobo para não perceber a quem servem. _____________ * Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+.