• Percival Puggina
  • 31/08/2014
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SOB A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

 

 Boa parte da fábula narrada por George Orwell em "A revolução dos bichos" transcorre durante o governo exercido por Bola de Neve e Napoleão, os dois porcos que comandam a revolução e assumem a direção de uma granja. Junto com eles, ascende um terceiro porco dotado de extraordinária força de persuasão, o Garganta, encarregado da propaganda.

 Nos últimos dias, dois fatos lançaram luzes fortíssimas sobre aspectos da realidade nacional, tornando impossível não extrair deles as devidas conclusões. São fatos que fazem lembrar o livro de Orwell e pensar se não estamos, há bom tempo, diga-se de passagem, sob uma revolução dos bichos, colocando a nação sobre quatro patas.

 No sábado, dia 23, à noite, no sempre interessante programa Painel, da Globo News, William Waack recebeu três economistas para uma conversa sobre o sistema tributário nacional. Entre eles o meu amigo Paulo Rabello de Castro, sempre brilhante, membro do Pensar+ e líder do Movimento Brasil Eficiente, organismo "que trabalha com propostas concretas para a Simplificação Fiscal e a Gestão Eficiente das despesas do Governo no Brasil". Lá pelas tantas, Paulo Rabello de Castro disparou: "Sabe por que o programa fiscal denominado "Simples" tem esse nome? Porque o outro sistema é o Complicado". Ou seja, o governo cria um programa simples porque ele sabe que adota um outro cuja complexidade onera o Custo Brasil. E ninguém faz coisa alguma para simplificar o complicado! Bola de Neve resolveria melhor.

 No domingo pela manhã, cai no meu Facebook texto do jornalista Alison Maia relatando conversa que manteve, em banco de delegacia, com um jovem de 14 anos detido por porte de arma. O que ouviu é de arrepiar até pelo de porco. Criado sem pai, por mãe problemática, em duas ocasiões procurou e encontrou emprego para poder se sustentar e estudar. Em ambas o seu patrão foi processado por contratar menor e ele teve que ir ganhar a vida nas ruas vendendo droga. O relato do jovem termina assim: "Então, seu Alison, guarde seus conselhos para esses safados que vocês votam e acham que menor não pode trabalhar, mas pode roubar, matar e traficar".

 Não sei de qual espírito de porco saiu essa ideia de que o trabalho pode fazer mal a um adolescente e, por isso, o impede de usar parte do dia para trabalhar aprendendo algum ofício. Aprender a trabalhar também é se educar. Toda experiência humana, com infindáveis exemplos, ensina que trabalho adequado à idade, por tempo limitado, em condições de segurança, só faz bem a quem o exerce. É preciso diminuir a quota de Gargantas nos poderes da República.
 


Tobias -   02/09/2014 18:01:38

O testemunho dado por esse garoto no banco da delegacia na qual seria autuado carrega em si uma mensagem mais do que clara: quem mais acaba sofrendo com as políticas de "proteção"e assistencialismo são as pessoas que mais deveriam se beneficiar delas. Os menores não podem trabalhar, mas são legitimamente impunes e tem suas fichas zeradas ao completar 18 anos. Lógica parecida aflinge as famílias que vivem hoje exclusivamente de apoio governamental, que não conseguem enxergar a corda que colocam no próprio pescoço ao se acomodarem por míseras centenas de reais, que facilmente seriam ganhos trabalhando, mesmo com bicos, gerando uma massa de deficientes econômicos que, mais tarde, será usada para a manutenção do governo assistencialista enquanto for de interesse deste.

Mauro -   01/09/2014 20:28:28

Sempre achei curioso o amor que vocês, conservadores, têm pelas obras de Orwell, um legítimo homem de esquerda. Mas para quem acha que ser de esquerda é ser a favor de autoritarismo, como vocês, deve ser uma idéia difícil de engolir.

Odilon Rocha -   01/09/2014 01:13:54

Se bem me lembro, li A Revolução dos Bichos aos 18 anos. Nunca mais esqueci. Para mim continua sendo a melhor explicação do embuste que é o socilaismo, seja em que vertante atual, prostituído, se apresente: neocomunismo, bolivarianismo (bolivarismo?), capitalismo de estado e por aí vai. Sobre o tributo simples, a máxima " se podemos complicar, por que simplificar?" continua sempre bem atual. Dizem que há quem ganhe com isso. Fácil deduzir porque não acaba, ainda mais aqui. Sobre o garoto de 14 anos, muita gente deveria enfiar a cara num buraco, morta de vergonha. Triste país que desafia qualquer lógica. Abraço

Marcos Melhado -   31/08/2014 22:21:29

Eu comecei à trabalhar com 13 anos, acorda às 5:30 hs da manhã, era feirante, nos intervalos estudava para ir bem nas provas do curso técnico eletrônica, depois fui fazer Engenharia, estudei 03 anos, sem qualquer apoio financeiro, não consegui me formar, continuei trabalhando, foram 15 anos na Ford, 10 na Motorola, me formei em Administração, o mercado presenciou a crise de 2008, e eu, o desemprego latente, que já me fez desistir deste País e de novos empregos, hoje estou no ramo do futebol profissional, ainda espero dar a volta por cima! abraços, Prof Percival, sou seu seguidor, pois tu tens a oratória e alma de um bom homem.

Jorge Thums -   31/08/2014 21:03:07

Trabalhar é algo que enobrece a pessoa. Meu pai, me levava com ele, para as plantações em terrenos baldios, que com muito esforço e suor se dedicava a cuidar. Lá aprendi, com 7 anos, o significado da palavra trabalho. Mesmo labutando todos os dias, não deixava de brincar e estudar. Digo que não morri e se hoje, tenho uma vida descente, foi por ter seguido os passos de meu pai.

Ana Nely Castello Branco Sanches -   31/08/2014 20:06:14

Para contornar isso, eu faço com que os meus filhos trabalhem em casa, nas tarefas domésticas. Quando tem altura para lavar copos na pia, começam com os de plásticos assim como talheres, exceto facas. Aos 11 anos já começam a cozinhar, mas não fazem frituras pois é perigoso lidar com óleo quente. Já sabem separar a roupa suja por tipo e cor e colocar na máquina. Sempre estou perto ensinando e fazendo junto. Nunca nenhum se machucou. Está funcionando muito bem.

Jader Filho -   31/08/2014 16:50:54

Na jugular!

Daniel Albuquerque -   31/08/2014 01:57:55

Perfeito... Parabéns!