• Percival Puggina
  • 26/08/2014
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AVENIDA CASTELO BRANCO OU DA LEGALIDADE?

 


 A Câmara Municipal de Porto Alegre deve deliberar sobre o projeto de mudança de nome da Avenida Castelo Branco. Motivo: uma desavença entre dois vereadores do PSOL e o falecido ex-presidente da República, que cumpriu mandato entre 11 de abril de 1964 e 15 de março de 1967.

 Os dois edis implicam com o nome da avenida. Ela lembra um marechal do Exército Brasileiro, chefe de operações da FEB durante a 2ª Guerra Mundial e o primeiro dos governantes militares brasileiros entre 1964 e 1985. Alegam que o marechal participou de um golpe e que, embarcado nesse golpe, chegou à presidência. Ora, quantas cidades e logradouros públicos homenageiam o Marechal Deodoro? Também ele, no seio de um golpe contra a monarquia constitucional, chegou inconstitucionalmente à presidência. O marechal Floriano, destinatário de iguais homenagens póstumas, participou dos mesmos eventos cívico-militares. Como vice-presidente, assumiu o poder na renúncia de Deodoro, exercendo o governo como ditador de fato e prorrogando o próprio mandato para muito além do tempo constitucional previsto para si. Nada diferente a assunção de Vargas em 1930, no bojo de uma revolução, e sua longa ditadura até 1945.

 No Rio Grande do Sul, com Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros, tivemos três décadas de governos estaduais sob constituição não democrática e eleições fraudadas. E não há cidade gaúcha sem rua ou praça que os reverencie.

Castelo Branco foi eleito presidente, em sessão conjunta do Congresso Nacional, recebendo 361 votos de um total de 388, numa eleição em que os congressistas poderiam escolher o candidato que bem quisessem (inclusive houve votos para Juarez Távora e Eurico Gaspar Dutra). Entre os eleitores de Castelo Branco alinharam-se ilustres brasileiros, como JK, Ulysses Guimarães, Plínio de Arruda Sampaio (ex-PT e depois PSOL, recentemente falecido), Tancredo Neves e Franco Montoro.

É um caso de lanterna na popa, segundo a consistente imagem concebida pelo saudoso Roberto Campos.


 


Ana Nely Castello Branco Sanches -   01/09/2014 18:18:00

LOGO, LOGO, VOU TER QUE MUDAR O MEU SOBRENOME!!!

Peter W. Rosenfeld -   30/08/2014 15:41:02

Há muitos anos nossos políticos, ou muitos deles. não enxergam nada mais que seus contra-cheques de fim de mês,(valendo mencionar que seu (dos contra-cheques) valores são absurdos em relação ao que fazem. O fato de o Mal. Castelo Branco ter sido o primeiro dos militares a governar a nação, e suas atitudes, fizeram com que a nação fosse realmente para a frente ! E ele insistiu em permanecer no cargo pelo que a lei determinava, e por isso nenhum dos militares que o sucederam governaram por mais tempo (Getúlio Vargas, tão incensado, não teve essa grandeza...)

cloe espirito nsanto brizolla -   30/08/2014 13:20:18

Amigo Percival. Não tinha conhecimentos desta briga política mas já imaginava que seria algo parecido. Tantas coisas para se preocupar, como por exemplo, investir na conservação das ruas da cidade com material de qualidade.O recapeamento que fazem, no dia seguinte está se "desmanchando". As rodovias federais, idem. Perda de tempo com picuinha. Na minha opinião o nome deve permanecer.

Fábio Coutinho Rosado -   29/08/2014 22:13:03

Meu caro, Puggina: Muito oportuna e bem lembrada a tua colocação. Quantos foram os "golpistas " e "ditadores" que governaram em regime de exceção? Então teremos que mudar o nome de nossas principais ruas, avenidas e praças. Será que estes vereadores não teriam coisas mais importantes para ocupar o seu tempo, ou a saúde, educação e segurança do município estão plenamente atendidas e a população satisfeita? Citação: Em 1965, o marechal Castello Branco leu no jornal que um de seus irmãos, funcionário da Receita Federal, ganhara em cerimônia pública um automóvel Aero Willys. Era o agradecimento de sua classe pela ajuda que dera na elaboração de uma lei que organizava a carreira. Paulo Castello Branco, filho do presidente, costumava contar que o marechal telefonou para o irmão, dizendo-lhe que deveria devolver o carro. Ele argumentou que se cada fiscal da Receita tivesse presenteado uma gravata, o valor seria muito maior. Castello interrompeu-o: - Você não entendeu. Afastado do cargo você já está. Estamos decidindo agora se você vai preso ou não. (Citado por Elio Gaspari – Folha de São Paulo de 10 de julho 2005) Seria interessante os nobres vereadores saberem quem foi Castello Branco e suas realizações no período de governo. Abraços, Fábio.

Odilon Rocha -   29/08/2014 13:58:40

Percival É um caso de lanterna na popa movido a debilidade mental! Abraço