J??ara perceber que a marolinha come? a atrapalhar os planos continu?as de Lula. Vinha tudo, at?gora, em c?de brigadeiro. Ou em mar de rosas, como se diz. L?ora, o mundo endinheirado comprava o que sempre produzimos aqui dentro. O dinheiro que entrava gerava muitos empregos e, principalmente, muitos tributos! Os cofres dos governos, agindo como s?s escravagistas dos que trabalham, ficavam com mais de 37% do produto interno bruto. Uma barbaridade! Durante esses anos dourados, a Na? foi sangrada, sem d?m piedade. Foi um per?o extremamente favor?l para desvios de recursos p?cos, superfaturamentos, licita?s fraudulentas, comiss? compras de votos.
Se pelo menos o governo tivesse aplicado bem o que arrecadou... Mas isso n?aconteceu. De 2002 para c?a maior parte foi sempre destinada ao custeio dos Poderes, aos gastos com funcionalismo, a programas supostamente sociais, mas, na verdade, fontes permanentes de clientelismo e demagogia. O disfarce ? guerra ?obreza e projeto de inclus?social.
Essa inacredit?l lamban? escancarada e c?ca, que j?ai para mais de seis anos, n?havia encontrado ainda o menor eco na consci?ia c?ca de mais de 80% do eleitorado. Qual a causa desta anestesia? Por que o povo n?fica mais indignado? Porque a comunica? oficial diz a ele, o tempo todo, que a lamban??eral, antiga, e n??? atual governo.
Est?erto. Ela ?eral, mas, acima de tudo, muito brasiliense. Muito espalhada por l? infiltrada em todos os escal? onde ?ista com muita complac?ia, com muita leni?ia e com muita cumplicidade.
Muito dinheiro para grandes empresas. Muitos lucros para o sistema financeiro. Muitos projetos para profissionais. E, principalmente, muita presen?na m?a! E tudo sem vigil?ia do povo, em volta. Na ilha da fantasia. A for?da comunica? oficial ?mpressionante. Nossa Hist? est?heia de exemplos de bons comunicadores que conseguiram iludir muita gente. Brizola, por exemplo, tentou levantar as massas para desobstruir, por golpe, o impedimento constitucional que lhe vedava disputar as elei?s presidenciais marcadas para 1965. Sem essa tentativa de golpe, levada adiante por ele e Jango, n?teria havido a rea? de 1964! Hoje em dia, pela for?de vers?sempre repetidas, a atual gera? acha que o 31 de Mar?foi um golpe militar. N?foi. O verdadeiro golpe foi tramado por Brizola e deu errado. As For? armadas cumpriram o dever constitucional de manter os Poderes funcionando: Judici?o, Congresso e Executivo. O epis? de 1966, esse, sim, foi t?co de quem quer apoderar-se do governo. Quem d?olpe para chegar ao poder golpeia as institui?s. O argumento principal ?empre o mesmo: O Congresso est?orrompido. Devemos fech?o. Temos de nos livrar dos congressistas, senadores, deputados, vereadores, enfim, das assembleias democr?cas. Essa gente n?presta!
A m?a oficial encarrega-se de apresentar os golpistas como patriotas, puros, intoc?is. Enviados dos deuses! Amigos dos pobres, dos negros, dos ?ios! Intang?is! Vacinados contra todas as tenta?s!
A surpreendente ideia de convocar um plebiscito, apresentada pelo senador do PDT, do partido de Brizola, faz honra ao seu fundador. Se o plebiscito for bem elaborado, bem manipulado e bem orientado pela rede oficial de comunica?s, fazendo insidiosa e permanente campanha de desmoraliza? dos parlamentares e endeusamento do atual presidente, certamente o povo vai querer ver-se livre do Congresso. Basta ler as manifesta?s dos leitores e eleitores, na imprensa e na internet. Vai ser dif?l defender a tese contr?a. Quem vai dizer que este Congresso ?ormado de santos e que eles n?merecem tal rep?? A maioria merece, sim! Mas eles merecem como indiv?os! Cada qual carregando a sua parcela pessoal de responsabilidade. A institui? n?faz nada sozinha. Desde o epis? do mensal? ela est?esmoralizada. Os esc?alos se repetem. O curioso ?ue fatos que j?correm h?uase um quarto de s?lo s?ora s?trazidos ?ona e postos na berlinda.
A impunidade dos autores do epis? do mensal?? radiografia mais fiel e cruel do nosso sistema pol?co e de governo. Mostrou como ?bsurdo manter o voto proporcional. Mostrou como ?bsurdo n?ter um Or?ento impositivo, para valer. Mostrou como ?err?l n?poder derrubar governos corruptos, ou ineptos, por meios legais, consagrados. Mostrou como o povo n?tem a menor for?depois que aperta o bot?da urna eletr?a. Mostrou a farsa das nossas Assembleias estaduais e a miragem de mais de 78% de nossas supostas prefeituras. Veio tudo ?ona. Veio tudo na imprensa livre, mas veio bem trabalhado na m?a oficial.
At?gora o povo estava acomodado. Feliz com algumas conquistas de ordem material: celular, TV a cores, DVD, carro em 60 presta?s, cr?to consignado para idosos, comida mais barata, viagens de avi?
Mas, como algumas nuvens escuras come? a rondar os c?, o tal plebiscito tem de ser feito j?Antes que o povo acorde. O primeiro passo j?oi dado: a s?a proposta feita por um senador que n??o PT. Boa jogada!
Se passar, s?mos uma sa?: lutar para que ele n?seja t?manipulado e falseado como os anteriores, que consagraram esse nosso presidencialismo podre, em que o Executivo julga, legisla e governa sem controles. Ser?ue teremos condi?s para enfrentar o rolo compressor da m?a oficial?
* Professora, jornalista, foi deputada federal constituinte, secret?a de Servi? Sociais no governo Carlos Lacerda, fundou e presidiu o BNH no governo Castelo Branco.