Percival Puggina
25/02/2016
Estranhe não. Preferir a versão ao fato e a mentira à verdade não é opção incomum. Muitas vezes é o mais conveniente para quem faz a escolha. Negar verdade conhecida e desprezar fatos pode ser colo protetor onde consciências em conflito são acalentadas.
Por isso, entendo perfeitamente a atitude de quem, sem ser pago para tanto, prefere afirmar que nunca como nestes anos, o Brasil foi governado por seres tão generosos e movidos por tão virtuosas intenções. “Generosos que enriqueceram? Virtuosos que ocultaram suas reais intenções?”, perguntará o leitor já perdendo a paciência. E se fizer tais perguntas prepare-se para receber os rótulos de coxinha, golpista, fascista e inimigo dos pobres. Quem senta no colo da ilusão não está ali só pelo aconchego.
Escrevo estas linhas pensando no João Santana, publicitário do PT que acaba de ser preso. Existem publicitários que atuam em área protegida pelo direito do consumidor, cuja liberdade de criação está confinada pelos limites do que seja verdadeiro a respeito daquilo que promovem. Outros, porém, atuam na política, segmento de mercado não alcançado pelo direito à informação honesta. Mesmo assim, todos os profissionais sérios, que reconhecem ser a política mais importante do que o marketing eleitoral, têm como parte relevante de sua tarefa trabalhar o cliente para que ele faça o melhor de si mesmo.
Há publicitários assim, eu os conheço. E há o João Santana, marqueteiro do PT, muito bem sucedido na arte de vender lebre e entregar bichano. Em 2006, depois que a oposição optou por deixar o “Lula sangrar” até a eleição, o João estancou a hemorragia, suturou os cortes, refez a imagem e entregou Lula ao eleitor, puro como cristal da Boêmia. Em 2010, João (contando não se acredita!), convenceu a maioria dos eleitores de que Dilma era uma grande gestora, braço direito de Lula, estadista qualificada, mãe do PAC, padroeira do pré-sal. Em 2014, quando poucos ainda levavam a sério essa descrição, fez tudo de novo. Foi a simbiose instalada entre o marqueteiro João e o PT, a grande vitoriosa das três últimas eleições presidenciais brasileiras.
Estamos falando, aqui, de um talento a serviço do desastre nacional. E também falamos de um partido político que, ao montar um discurso, ao elaborar uma peça publicitária, como vimos há poucos dias, deixa de lado a verdade, os fatos, aponta para todos os lados e jamais – jamais! – em circunstância alguma, aponta para o próprio e comprometido peito. Perigoso, muito perigoso!
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
22/02/2016
Ontem à noite assisti a um vídeo exibido há pouco mais de um ano, durante a última campanha eleitoral. Nele, Lula e Dilma conversam, em um jardim, sobre as maravilhas do país que ambos estão construindo. Lula afirma não haver no mundo lugar de oportunidades tão esplêndidas quanto o Brasil. Dilma se exclama ante a conduta da oposição, descrente, pessimista e incapaz de reconhecer tudo que o pré-sal, já no curto prazo, significaria para o desenvolvimento social e econômico do país. Postei o vídeo no meu site (www.puggina.org/videos).
O caráter dos dois mandatários que o PT vendeu como bons à carente e inculta sociedade brasileira já é objeto de uma certificação histórica. Dá para levar a ficha ao cartório, receber carimbo e colocar um selo. Nada que digam merece credibilidade porque todos os seus atos funcionam como jogo de cena ou cortina de fumaça. Visam a iludir ou a dissimular. Têm uma utopia para vender e uma realidade, bem diferente, para ocultar. Têm malfeitos a refutar, adversários a quem os atribuir e delatores a delatar.
O Brasil foi ingerido e metabolizado - talvez devesse dizer colonizado - pelo Partido dos Trabalhadores, que o vê como coisa sua. A organização considera nosso país uma espécie de sítio em Atibaia, onde outros pagam para que os seus se regalem. Não importa que o Brasil se dê mal, contanto que os companheiros se deem bem. Um dia, sabe-se lá quando, nossa pátria será apenas um osso roído e sugado para quem dele ainda quiser se ocupar. Como não lidamos com um governo, no conceito político dessa palavra, os ocupantes só cuidam de seus próprios interesses, de suas defesas, de lidar com seus advogados e, como sempre, de comprar apoios. Tudo para manter a posse e a pose. E os brasileiros? Ora, os brasileiros que se danem.
São duras estas palavras? Minha pergunta é outra: quais seriam então as palavras, diante do que vemos? Vocábulos gentis seriam compatíveis com a realidade nacional? O partido governante acabou com a política! Promoveu mutretas e agora apela às tretas, às milícias, com o objetivo de atemorizar a nação. Lembra, leitor, do "espetáculo do crescimento"? Estamos pagando a conta do roteirista, da iluminação, do som, dos fogos de artifício, da publicidade e dos efeitos visuais. Os atores do desastrado espetáculo, para não serem vaiados, só aparecem em ambiente cercado, para distribuir algum presente e dar a mão a beijar.
Em 1967, no III Festival da MPB, o cantor Sérgio Ricardo, após vários minutos de ininterruptas vaias, quebrou o violão e jogou-o ao público (ou no público). E foi embora. O governo brasileiro vive o apogeu do fracasso. Vaia sobre vaia. Tudo deu errado na Economia, na Educação, na Segurança, na Saúde. Em muitos indicadores, estamos recuando aos anos 90. Perdemos 13 anos em 13. E já não resta ao governo sequer aquele fragmento de dignidade que lhe imporia o dever moral de pedir desculpas, pegar o boné e tomar o rumo da porta.
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
20/02/2016A pergunta que me ocorre, nesse cenário em que uma luzidia presunção coletiva projeta as sombras de profundas insatisfações pessoais, é a seguinte: por que tantos e tantos renunciam à santidade, relegando-a ao patamar das coisas inatingíveis? Se somos tão aperfeiçoáveis em tudo, por que abdicamos à busca do Bem e da perfeição moral e espiritual? Quando se trata dessas dimensões do ser, apesar de sermos cobradores permanentes da perfeição alheia, costumamos afirmar que “somos como somos” e que “devemos aceitar nossa imperfeição”.
Vivemos num cenário de generalizada presunção. Ordenam-se, para o compor, vários fatores: as eficientes técnicas de marketing - demonstrando que a exaltação da qualidade de produtos e serviços gera dividendos empresariais - acabam induzindo todo mundo a fazer a mesma coisa; a velocíssima multiplicação das informações e do conhecimento que, saindo da escala humana e entregue ao ritmo de máquinas sofisticadas, nos acena com a possibilidade de sermos usufrutuários de todo esse manancial de dados; os métodos de auto-ajuda, que convertem em sucesso editorial qualquer livro cujo título proponha transformar em sofisticada porcelana a argila vulgar de que fomos feitos; a evidente qualificação dos instrumentos e da possibilidade de formação necessários para que se possa fazer de modo certo o que se tenha para fazer; a vertiginosa evolução da tecnologia de ponta e da quantidade de pontas da tecnologia, produzindo um crescente otimismo quanto à excelência das futuras condições da vida humana.
Em outras palavras, a humanidade se considera, como mínimo, o máximo. E não são poucos aqueles que, comparando o que o homem tem conseguido fazer com aquilo que Deus deixou feito, chegam à conclusão de que caminhamos para o empate técnico e já confundem o homem com o próprio Deus. É verdade que resta sempre um resíduo de limite pois cada conhecimento adquirido descortina vários mistérios novos, de modo que cada explicação propõe uma série de perguntas adicionais; e é verdade, ainda mais amarga, que o homem não conseguiu se desvencilhar da fatalidade da morte (embora, ainda neste caso, muitos creiam, como diagnosticou alguém, que nosso contemporâneo se vê como imortal, considerando apenas uma questão de tempo dar-se solução aos injustificáveis embaraços dos velórios).
Mas entre o orgulhoso devaneio de alguns, o pessimismo de outros para os quais tudo é ilusão (sendo o homem uma toupeira incapaz de reconhecer qualquer verdade) e a objetiva percepção da realidade, resta uma sólida evidência: é quase inesgotável nossa capacidade de aprimorar aquilo que fazemos. Tal observação se relaciona, numa perspectiva cristã, com a própria natureza humana - imperfeita mas aperfeiçoável.
Nascemos com o pecado original, desdentados e com um sorriso de insuperável inocência, usamos fraldas e engatinhamos lenta e desajeitadamente para superar as pequenas distâncias que nos separam de nossos objetivos. Em pouco tempo estamos correndo, nosso sorriso exibe dentes, vamos dominando os esfíncteres e perdendo a ingenuidade. Um pouco mais e nos tornamos homens do mundo, freqüentamos o dentista, nossos objetivos se afastam de nós, andamos de avião e sorrimos por conveniência sensual, social ou comercial.
Somos imperfeitos, sim, mas somos aperfeiçoáveis. Toda nossa “evolução” se faz perseguindo um nível de perfeição no qual se contêm eficiência, eficácia, qualidade do que produzimos, elevado grau de formação e informação e, em muitos casos, uma busca por beleza plástica que passa pelo espelho e se estende nas circunstâncias materiais de que nos rodeamos. À medida em que percebemos e compreendemos as possibilidades materiais e de gozo sensorial que costumam andar associados ao aperfeiçoamento e à busca da qualidade, passamos a nos conduzir pela vida como adolescentes que descobrem a relação existente entre o tempo dedicado à vaidade e o impacto produzido sobre o sexo oposto.
De uns tempos para cá, como resultado da abertura das economias nacionais, abandonado o modelo da auto-suficiência, as prateleiras das livrarias se encheram de livros sobre Qualidade Total e Excelência Empresarial. Investimentos realizados para adequar empresas a exigentes padrões de qualidade vêm se revelando altamente rentáveis. Governos se aplicam em estimular, nesse sentido, o setor privado, e as entidades empresariais se jogam na tarefa, muito mais difícil, de obter do setor público um correspondente empenho em se qualificar a si mesmo. A busca de aprimoramento afeta, assim, até mesmo os governos e a administração pública o que, convenhamos, é bem mais do que estamos habituados a conceber como conduta setorial.
O conteúdo desses manuais endereçados ao setor privado tem alguns denominadores comuns. Entre eles a descoberta de algo que o pensamento cristão - sob outro título e com outras motivações, vem ensinando há séculos: “Assim como a parte e o todo são em certo modo a mesma coisa, assim o que pertence ao todo pertence de alguma sorte a cada parte” (Santo Tomás, Sum. Teol. II-II, q. 61 a.1 ad 2). Donde se conclui que a qualidade que pertença ao todo de uma empresa ou organização se faz da qualidade das pessoas que a compõem; em nenhuma organização humana haverá qualidade que não esteja fundada na qualificação de seus membros, em todos os seus níveis. Eureka! A moderna administração descobriu, na porta do estabelecimento e na gaveta do caixa, o valor da pessoa humana. Terá aberto a janela para vislumbrar sua verdadeira dignidade?
A situação que estou descrevendo pode ser percebida em toda parte. Não tem outra explicação a corrida aos cursos de especialização, o grande número de trabalhadores que enfrentam, à noite, longas jornadas de estudo, os cuidados com a alimentação, o êxito comercial das academias de ginástica, a prosperidade dos cirurgiões plásticos e o sucesso de qualquer produto anunciado como capaz de devolver o topete aos calvos. Todos querem “fazer o melhor” de si mesmos.
Ora, esse extraordinário empenho coletivo por “qualidade” e “excelência” parece apontar para um inusitado ciclo histórico de aperfeiçoamento humano. Será mesmo? Estamos, de fato, nos tornando melhores a cada dia? Atingimos elevados padrões de conduta? As pessoas não costumam dar respostas afirmativas ou expressar otimismo quando tais indagações lhes são formuladas. Ao contrário, o que se ouve são manifestações de insatisfação com os rumos da sociedade e de sua instituição fundadora - a família - , empregando-se nessas avaliações palavras e expressões como “desorientação”, “perda dos valores de referência”, “egoísmo”, “individualismo”, “loucura generalizada”, “falta noção de limites”, “violência” e assim por diante. Enquanto isso, nos consultórios dos terapeutas da mente humana o extravagante se converte em rotina. E num mundo de sofisticadas satisfações a felicidade é um devaneio buscado em várias e rentáveis formas químicas de agressão ao sistema nervoso central.
A pergunta que me ocorre, nesse cenário em que uma luzidia presunção coletiva projeta as sombras de profundas insatisfações pessoais, é a seguinte: por que tantos e tantos renunciam à santidade, relegando-a ao patamar das coisas inatingíveis? Se somos tão aperfeiçoáveis em tudo, por que abdicamos à busca do Bem e da perfeição moral e espiritual? Quando se trata dessas dimensões do ser, apesar de sermos cobradores permanentes da perfeição alheia, costumamos afirmar que “somos como somos” e que “devemos aceitar nossa imperfeição”.
A propósito - e poderia dizer paradoxalmente - ainda não encontrei alguém que proclamasse, a respeito de seu trabalho e de sua atividade profissional, coisa do tipo “eu sou incapaz”, “só consigo fazer malfeitas as tarefas que me são atribuídas”, ou “não me peçam nada melhor porque só sei fazer, mesmo, essa droga que aí está”. Ora, se como regra geral somos caprichosos, se nos empenhamos na qualidade do que materialmente fazemos, se nos ocupamos em projetos de Qualidade Total e de Excelência Empresarial, donde vem esse abandono coletivo da perfeição pessoal e da santidade?
Nada contra a qualificação técnica, o zelo pelo que seja material e o empenho em produzir bens e serviços de elevado padrão (aliás, tudo a favor), pois há nisso um conteúdo ético importante que se expressa no respeito ao próximo (consumidor, cliente, colaborador, etc). Mas não me parece coerente que, no contrapelo, as pessoas se satisfaçam com muito menos do que isso quando se trata de valores e das virtudes que os exaltam. Principalmente porque não há outro caminho para a felicidade de todos e de cada um. Deveria ser - e é! - tão possível buscar a santidade quanto perseguir a qualidade em tudo que materialmente fazemos. A santidade é a ISO 9000 da alma humana, certificada, não por alguma instituição externa mas por uma profunda e justificada felicidade interior.
Suponho que a estas alturas o leitor atento deve estar-se indagando sobre as razões da contradição cujas evidências aponto. Julgo que elas possam ser assim resumidas: a) sociedade contemporânea acentuou e agravou a milenar confusão que o agir humano tende a estabelecer entre satisfação e felicidade; e b) a Igreja Católica parece, a muitos, identificar santidade com “privação”, “mortificação”, “sacrifício”, “penitência” e outros desprazeres que a natureza humana tende a repelir veementemente.
Quanto ao primeiro item recomendo a leitura da excelente obra de Paul Poupard, “Felicidade e Fé Cristã”, em boa hora editado pelo Instituto de Desenvolvimento Cultural. Há uma estreita relação entre os “goodfinders” de quem fala o autor (pessoas capazes de encontrar o bem noutras pessoas e situações da vida) e aqueles a quem eu, aventurando-me a um trocadilho em idioma estrangeiro, chamaria “godfinders” (pessoas pertinazes em buscar o Bem). Essa busca habitual e firme do Bem - que o Catecismo da Igreja Católica identifica como característica fundamental das virtudes humanas - é condição inafastável da felicidade e da santidade. E não é por coincidência! Fomos criados por Deus para as duas coisas, sendo impossível conceber, no Plano de Deus, uma Criação para a infelicidade e para o vício, ou que nela se possa encontrar a felicidade no vício ou, ainda, que nela coincidam a infelicidade e a virtude.
Tenho absoluta certeza de que essas últimas afirmações fazem absoluto sentido para qualquer leitor bem boa vontade. Como resulta difícil, mesmo assim, acionar os mecanismos internos que nos poderiam levar ao Reino “que já está entre nós”, desassociando felicidade de satisfação e compreendendo que a parafernália de confortos e prazeres de que nos podemos cercar são apenas “coisas boas” mas o Bem está noutra parte! Obviamente não basta entender que satisfação é o estado de espírito de quem encontrou ou usufruiu de alguma “coisa boa” (agradável aos sentidos) e que felicidade é o estado de espírito de quem encontrou o Bem; assim como não basta saber que nem tudo que é bom faz bem para que as pessoas passem, prudentemente, a evitar os males contidos em certos bens e a desfrutar com temperança dos prazeres da vida.
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
18/02/2016A prática do aborto remonta à antiguidade e tem, portanto, longa história. O primeiro relato de técnica abortiva data de 1550 a.C. e se encontra no Papiro Ebers, um documento médico do antigo Egito. Na Grécia clássica praticavam-se abortos. Hipócrates fazia abortos. Aristóteles recomendava abortamento em certos casos. Abortava-se em Roma. Abortava-se na Índia. Há mais de 4 mil anos faziam-se abortos na China. Certas culturas antigas o criminalizavam. Outras não. A Igreja o considerava pecado grave já durante a Idade Média. Ainda hoje, índios brasileiros matam bebês com deficiência física.
É irrecusável, portanto, que a atual defesa do aborto retoma a insuficiente informação própria das antigas civilizações. Recua nos passos de evolução das ciências. Assume como não sabido o que se tornou conhecido, para acolher uma prática que a informação proporcionada pela ciência fez com que fosse rejeitada. É uma curiosa inversão! Quando nem se pensava na genética, quando os mecanismos da concepção e da gravidez ainda eram desconhecidos, o aborto não envolvia qualquer juízo moral. No entanto, à medida em que o saber avançou e a genética evidenciou a natureza humana do feto, o aborto passou a ser objeto de interdição moral e legal. Os abortistas, porém, querem mandar a Ciência às favas e retornar à antiguidade em nome da modernidade!
Recentemente, enquanto seus convidados trocavam ideias sobre vírus Zika, microcefalia e aborto, uma apresentadora da Globo News lançou esta convocação: "Vamos ver se agora o Brasil começa a debater com seriedade a questão do aborto". Para aquela cabecinha "politicamente correta", debater com seriedade a questão do aborto é assumir a atitude reacionária de dar marcha-ré na história e no conhecimento científico. Por isso, digo: Aborto? Francamente!
Agora, querem submeter o assunto ao STF - ao cada vez menos douto e mais abelhudo Supremo Tribunal Federal, àquele que diz não estar legislando exatamente quando passa por cima do parlamento. E os abortistas querem levar o caso ao STF por um motivo especialmente imoral, ou seja, por um problema de saneamento básico. Ora, se o governo e as autoridades sanitárias não conseguem proporcionar condições adequadas de saneamento ao país, se a população não zela pelo próprio quintal, se o Estado não cuida dos seus fundilhos, se o mosquito zune nos ouvidos e zomba das autoridades, sacrifiquem-se os inocentes, porque queremos uma humanidade fisicamente perfeita, como naquele projetinho de Hitler e do Dr. Mengele.
Outro dia, li sobre médicos escandalizados com relato de mulheres abandonadas pelos maridos após o nascimento de bebês com microcefalia. Quanta perversidade desses genitores! Quanta debilidade moral! E o aborto, então, é o meio digno de resolver esse embaraço? Francamente!
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
15/02/2016
Recentemente, o deputado Raul Jungmann publicou o seguinte aforismo em sua página do Facebook: "Se a política não resolver a crise, a crise resolverá a política". A frase é boa e corresponderia a uma correta previsão não fosse o fato de que, nas atuais circunstâncias, a crise não pode resolver a política porque em nosso país, o governo é a política e a crise é o governo.
O que acabo de referir são duas das muitas consequências desse presidencialismo de prendas, prebendas, maracutaias e pixulecos, praticado no Brasil em intensidade crescente. Afinal, é o governo, e apenas ele, que tudo dirige. Seus apoios são cooptados com a mão enfiada em nossos bolsos, ou seja, mediante recursos públicos. É com pagamento em espécie, arrendamento das próprias estruturas e leilão de cargos na administração que o governo assegura permanência no poder, embora, há mais de um ano, seja aprovado por apenas 10% da população. Só o jornalismo militante e os poucos beneficiados dirão que isso é bom e democrático. A estes não falta coragem para acusar a oposição. Ora, a oposição é culpada, sim. Culpada de fazer muito menos do que deve!
Há poucos dias, em cálculo elaborado a partir da redução da taxa de poupança interna, a jornalista Mônica de Bolle estimou que o governo Dilma causou ao país uma perda de riqueza de R$ 300 bilhões. O economista Paulo Rabello de Castro, em artigo posterior, avaliou que se Dilma nada tivesse feito para atrapalhar, nossa economia teria crescido aqueles medíocres 2,5% ao ano, conforme vinha obtendo. E concluiu: até 2018, nossa presidente terá custado R$ 1 trilhão ao país.
Dilma é dispendiosa. No estresse desse cenário, sempre que posso, assisto às sessões das duas casas do Congresso. Durante uma inteira década, que já se tem como perdida, o governo se desfazia em escândalos e a economia descia aos trambolhões o despenhadeiro mencionado nos parágrafos anteriores. Nas mesas dos melhores analistas, as luzes de advertência eram substituídas por sirenes de alarme. E o que mais se via, até fins de 2014, nas tribunas da Câmara e do Senado, era congressistas do PT e do PCdoB preenchendo todos os espaços em exuberantes demonstrações da mais maliciosa soberba, ou da mais ruinosa ignorância. E a oposição? Pois é. Salvo poucas vozes, mantinha-se em indolente omissão, como se fosse delegação estrangeira, em visita de cortesia. Total indisposição para o confronto e absoluto desinteresse pela indispensável ação política de mobilização e formação da opinião pública para proteção do país.
Zero Hora, 14/02/2016
Percival Puggina
11/02/2016O grito pelo impeachment estava na garganta do povo brasileiro desde as últimas semanas de 2014. Quando ficou evidente que a campanha presidencial se desenrolara num ambiente de mistificação e ocultação da realidade, tipificando estelionato eleitoral, o impeachment passou a frequentar as redes sociais. Foi esse tema que motivou as duas primeiras manifestações populares, ainda em novembro de 2014. E foi ele que deu causa à histórica mobilização nacional do dia 15 de março de 2015. Enquanto análogas iniciativas aconteciam país afora, aqui em Porto Alegre, do alto de um carro de som, eu vi esse grito nascer. Como testemunha ocular e ativa dos fatos, certifico e dou fé: o impeachment foi e continua sendo, em primeiríssimo lugar, exigência do povo brasileiro.
Portanto, quando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em entrevista ao jornal O Globo (10/02), declara que o "impeachment foi desencadeado por vingança de Cunha", sei que estou diante de uma flagrante mentira, de uma notável desonestidade intelectual. E desonestidade intelectual, desonestidade é. Existem políticos tão pouco afeitos à verdade que não a reconheceriam mesmo se pingada em seus olhos como colírio. Em março de 2015, poucos dentre aqueles milhões de brasileiros que saíram às ruas sabiam o nome do presidente da Câmara dos Deputados. Raros, mais bem informados, tinham conhecimento de que ele chegara ao posto contra a vontade do Planalto. Raríssimos estavam cientes de que o sujeito não era trigo limpo. Confundir impeachment com Cunha não é esperteza. É mistificação e velhacaria.
Em fins de março de 2014, três dezenas de requerimentos pedindo a instauração do processo contra a presidente Dilma estavam empilhados sob a guarda do presidente da Câmara. E o que ele fez? Nada. Diante dessa omissão, o povo voltou às ruas, meio frustrado, no mês de maio. Qual a reação de Eduardo Cunha? Nenhuma. O povo voltou às ruas em agosto. E nada. Em outubro, um acampamento instalou-se, durante semanas, diante do Congresso. E mais uma vez, nada. Até que, em 2 de dezembro(!), Cunha despachou o requerimento que passou a tramitar.
Cabem, então, estas perguntas: durante todo o período descrito, alguém ouviu um discurso de Eduardo Cunha a favor do impeachment? Concedeu ele uma entrevista favorável? Emitiu qualquer gesto de apoio, ao longo desses oito meses? Eduardo Cunha, leitores, atrapalhou o processo o quanto pode, isto sim. Usou-o para maquinações de interesse pessoal. E permitiu que ele se contaminasse com as revelações surgidas em torno de seu nome. Rindo do descosido Cunha, o roto PT tentou desacreditar o sonoro clamor nacional.
Por tudo isso, bem ao contrário da inversão que o ministro Cardozo tenta promover nos fatos para servi-los como lhes convém, não hesito em afirmar que Eduardo Cunha e Luís Roberto Barroso do STF são os dois maiores inimigos do impeachment. Cunha por tudo que não fez. Barroso pelo que fez ao, maliciosamente, confirmar o STF como puxadinho do PT.
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
09/02/2016A lista dos que chegaram a Brasília de ônibus e passaram aos jatinhos tem o tamanho do cordão dos puxa-sacos. Quem ainda é pobre nesse governo?
O PT seguiu, mais no instinto do que no texto, o script dos países comunistas, cujos dirigentes ocupavam os pavimentos privilegiados de um curioso edifício social em que os indigentes subsolos eram para o povão e as coberturas para a elite. Postão para a turba, Sírio Libanês para a nomenklatura. É isso que torna as revoluções sociais e o comunismo tão atraentes a certos indivíduos. Ninguém - ninguém mesmo! - milita em revolução para continuar trabalhando no chão da fábrica, se me faço entender. No mínimo, o sujeito mira a cadeira do diretor. Nesse esquema, não é o proletariado que sobe. O proletariado serve apenas para catapultar os revolucionários e sua visão generosa de mundo às cobiçadas coberturas, não é assim Lula?
Aliás, quando nosso ex-presidente diz que não tem pecado e risca o chão ao lado dos homens mais virtuosos do Brasil, está expressando o que, de fato, pensa de si mesmo. Os critérios morais segundo os quais nós o julgamos nada significam para quem se olha no espelho com incomparável orgulho do que conseguiu ser. Daí a angustiante inconformidade ante as nuvens carregadas que descem sobre seu destino. Lula sempre se sentiu credor do direito de ser patrocinado. Desde que engavetou sua Carteira do Trabalho, sempre houve alguém que lhe pagasse as contas, fosse como líder sindical, dirigente político, congressista, presidente do partido, presidente ou ex-presidente da República.
Hoje, enquanto um frio lhe corre pela espinha a cada imagem do japonês da Federal, ele deve estar lembrando de outro japonês do PT, amigo das horas certas e incertas, o compadre Okamoto, que passou parte da vida cuidando de suas despesas.
Esse hábito de não responder pelos próprios gastos deforma o caráter. Dispensa um treinamento pelo qual quase todos passamos, a partir da primeira mesada que nos toca administrar. Lula, se um dia aprendeu, a marcha para o poder o levou a desaprender. Há muitos anos instalou-se, para ficar, na rubrica dos custos de manutenção do PT.
Diante desse perfil psicológico, se entende o esforço do Instituto Lula, seus advogados e porta-vozes do petismo em afirmar que o triplex de Guarujá e o sítio de Atibaia não estão registrados em nome de Lula. E daí? Sob o ponto de vista moral, sob uma lanterna como a de Diógenes, pouca diferença há entre ser dono dos frutos ou dos usufrutos. Ser proprietário dos bens ou deles se servir como se fossem seus. Principalmente quando favores de tais proporções provêm de empresas que mantêm negócios vultosos e criminosos com o governo de seu partido. Recusar insolentemente a gravidade disso dá causa a muitos dos escândalos que chegam ao conhecimento público.
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
05/02/2016
Transcrevo pequeno trecho de um "necrológico" maior, publicado em site brasileiro (1) sobre os primeiros movimentos do governo Macri na Argentina. A leitura é muito instrutiva sobre essa disfunção mental que leva os esquerdistas a virarem a realidade pelo avesso como se fosse um par de meias.
"O eleitorado argentino deu um prêmio quase inesperado à direita mundial, os capitais internacionais, os banqueiros, as transnacionais e, muito em particular, aos Estados Unidos. Mas, em menos de 30 dias já suspeita que deu um tiro no pé. A república macrista fantástica que se prometia em Clarinlândia era mentira, como a maioria do que vende Clarín, e vendeu gato por lebre. Macri está destruindo a Argentina para dentro do país, e para fora, entregando-a de mão beijada. A democracia presente na Argentina é atingida de forma violenta e ícones e símbolos da malha social e pensante do país sofrem a perseguição diária, simbólica e prática, por parte desta espécie de “ditadura democrática” que encarnam Macri e sua equipe. Não se salva ninguém, nem sequer o Parlamento, nada. A buldozzer macrista não descansa.
A soberania monetária foi atingida na linha de largada. A moeda argentina foi desvalorizada com relação ao dólar um 40%. O passo imediato foi atingir a Lei de Meios que durante mais de 20 anos o povo argentino procurou com debates setoriais e populares ao longo do país. Um agrado especial ao CEO do Grupo Clarín, Héctor Magnetto, capo da campanha de toda e qualquer direita argentina, especialmente das ditatoriais. O seguinte foi uma agressão não muito bem explicada à Sede da Rádio das Mães de Praça de Maio, com apedrejamento e agressão a um funcionário da emissora. Dias depois foram liberados da prisão cinco militares da repressão. Depois veio o anúncio da demissão em massa de 2.035 trabalhadores do Senado argentino e, a repressão social, a proibição de trabalhar aos médicos formados em Cuba, e um ar de ameaças de clausura contra o Centro Cultural Néstor Kirchner além de demissões de 85% dos trabalhadores. Essas são as ações na linha de largada imputáveis a este governo antipopular e conservador que votaram os argentinos."
O autor do texto acima tem todo o direito de chorar a derrota da esquerda e de se lamuriar diante das medidas tomadas por Macri (nem todas as alinhadas pelo jornalista são decorrentes de ordens expedidas pelo novo governo). No entanto, o que se observa é que ele critica o governo por seus méritos, convencido de que o contribuinte argentino tinha deveres idênticos aos que o PT impôs aos pagadores de impostos no Brasil: custear servidores públicos desnecessários, pagar ao governo cubano um overhead de 80% por seus médicos de meia receita e sustentar os "símbolos da malha social pensante do país" instalados em estruturas onerosas para fazerem, ali, a militância política da esquerda e do partido do governo.
Obviamente, porém, não é pela Argentina que choram os viúvos brasileiros da Era K.. O que lhes arranca suspiros e gemidos é o que vêm no próprio horizonte com os estertores do lulopetismo em nosso país.
(1) Desacato.info (Raul Fitipaldi)
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.
Percival Puggina
03/02/2016Engana-se quem supõe que o desastre da pedagogia marxista se dá apenas na sala de aula onde estão os alunos mais vulneráveis, aqueles que Paulo Freire chamava "oprimidos" e aos quais dedicou uma pedagogia que os oprime para o resto da vida. O aluno que recebe dos professores, ano após ano, uma carroça cheia de materialismo histórico, dualismos e conflitos em sociedade de classes, sai da escola pronto para coisa alguma - ou para as "lutas sociais". Jamais para ganhar a vida, que isso é coisa de neoliberal. Mas não é somente ali que se prepara o desastre. Idêntico problema se derrama sobre todo o sistema de ensino, transmitindo aos estudantes uma visão de sociedade e de Estado incapaz de estimular o desenvolvimento individual e, consequentemente, o desenvolvimento social e econômico do país.
Os calouros da Faculdade de Serviço Social (SeSo) da UERJ contam-se entre prováveis novas vítimas da pedagogia marxista. O Centro Acadêmico dessa faculdade criou um legítimo trote para os novatos da primeira turma de 2016. A todos foi sugerido (felizmente não é imposto) que suas páginas no Facebook - ora vejam só! - sejam encimadas por uma "capa" onde, ao lado da imagem de Marx, se lê: "Sou calouro do SeSo e não viro à direita".
É razoável presumir que o jovem, feliz por ingressar numa faculdade estatal gratuita, que lhe vai garantir o futuro canudo, receberá essa sugestão como animada declaração de princípios, norma técnica a ser replicada e preservada ao longo do curso. E a tal "capa" proposta para as páginas dos alunos pode ser compreendida como dístico no umbral de um espaço acadêmico em que o marxismo - supõem-se - seja a chave que abre as portas ao conhecimento e à interpretação da realidade.
Não é assim? Pois se não for assim, que reajam com firmeza calouros e demais alunos! Com essas coisas não se brinca. Graças a tais desgraças, tolerâncias e omissões, as políticas sociais do Brasil são de estagnação, de cristalização na miséria, de manutenção do IDH na mesma posição relativa no ranking mundial. Poucos sabem (esse dado, quando divulgado, irritou Lula profundamente) que o governo petista, devidamente "virado à esquerda" como pretendem os acólitos marxistas da SeSo, tem resultados bem piores do que seus antecessores na melhoria do IDH nacional. Eis o que revelou o relatório de 2014 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud):
"Entre 2000 e 2013, o crescimento do IDH brasileiro foi de 0,67% ao ano, em média - abaixo da média mundial, de 0,74%. Entre 1990 e 2000, o índice havia sido de 1,1%. Na década anterior, de 1,16%. Desde 2008, o Brasil perdeu quatro posições - não porque teve uma redução no IDH, mas porque outros países cresceram mais rápido: Irã, Azerbaijão, Sri Lanka e Turquia, especificamente. Na América Latina, o país ficou atrás de Argentina, Uruguai, Chile e (pasmem!) Venezuela" (1).
Contra todas as evidências, porém, os seguidores de Marx têm no alemão uma fé que faz inveja aos fieis de qualquer religião. Ela não é do "tamanho de um grão de mostarda", como Jesus dava por mais do que suficiente para produzir milagres, mas do tamanho de uma semente de abacate. Só que não serve para coisa alguma, exceto angariar militantes do atraso.
(1) http://www12.senado.gov.br/emdiscussao/edicoes/pacto-federativo/realidade-brasileira/agenda-social-avancou-mas-desigualdades-persistem
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.